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BaixaCultura

17 anos de BaixaCultura

Seguindo a tradição, todo 15 de setembro esquecemos de comemorar nosso aniversário. Ano pasado, nos 16, começamos essa tradição de assumir o esquecimento. Em 2023, nos 15 anos, fizemos um texto um mês depois. Os 14, em 2022, foi um raro ano com um texto na data certa – apenas porque lançamos o site novo nesse mesmo período. Em 2021, não fizemos nada. Em 2020, no auge da pandemia, só lembramos de mencionar um breve comentário em uma newsletter semanas depois. 2019 nada, mas 2018 foi um ano inédito: fizemos uma pequena comemoração presencial, quando ainda estávamos em Porto Alegre, chamado “BaixaCultura 10 anos – História Aberta”.

Anterior à tradição de comemorar atrasado nosso aniversário é o de lembrar o primeiro post do site: Cópia Boa, Cópia Má – ou o início. A grande discussão em 2008 era o download livre e suas consequências para o direito autoral, a indústria cultural, o acesso ao conhecimento (e à informação) – daí o nome BaixaCultura. Dizíamos (eu e Reuben da Rocha, co-fundador) que a lógica industrial da cultura dominante ao longo do século 20 foi baseada num esquema feroz de controle autoral (o copyright), e que, naquele momento, a tecnologia digital dificultava esse controle e tornava os lucros cada vez menores nesta indústria, mesmo com os esforços (hoje até engraçados) das campanhas antipirataria promovidas sobretudo pelos estúdios de Holywood e as grandes gravadoras. A pretexto do documentário “Good Copy, Bad Copy”, endossávamos o sampler – “numa sociedade entupida de informação, a utilização de materiais pré-existentes pode ser bem mais subversiva do que produzir a partir dum vago princípio de originalidade” – a cópia livre, o acesso à cultura como elemento central na qualidade de uma democracia, o dub, o rap, o trabalho “criminoso” do Dj Danger Mouse, a contra-indústria do tecnobrega do Pará e a Nollywood nigeriana.

Desnecessário dizer que muita coisa mudou de lá pra cá. Podemos dizer que fomos ingênuos em acreditar no potencial transformador de uma internet livre. Ou talvez não: a transformação ocorreu, mas para pior. 17 anos atrás – como 20, ou 25 anos – parecia uma boa tática liberar informações da forma de propriedade. Mckenzie Wark disse, em 2023, no prefácio à edição brasileira de “Um Manifesto Hacker”, – e nós não poderíamos endossar mais – que “as forças de produção, neste caso as forças de produção de informação, ultrapassaram as relações de produção existentes”. A produção de informação livre surgiu como uma prática a partir da qual se cria uma produção autônoma de conhecimento. O que para nós era uma prática de vanguarda rapidamente, e de forma independente, tornou-se um movimento social: o movimento pela informação livre. À medida que a internet se tornou uma forma de comunicação mais popular, todos começaram a compartilhar. Como diz a tese 126 de “Um Manifesto Hacker”: “a informação quer ser livre, mas está acorrentada em todos os lugares”. (Uma frase que é um desvio de Rousseau e do teórico utópico da internet John Perry Barlow). Parecia que poderíamos abrir a forma-mercadoria da informação em favor de uma espécie de economia de dádiva (gift) abstrata.”

Mas como segue dizendo Wark, “A resposta da classe dominante ao movimento social pela informação livre foi a criação de uma forma de propriedade ainda mais abstrata”. A classe dominante dominante, que ela chama de classe vetorialista, recuperou a energia do movimento popular pela informação livre transformando-a em trabalho não remunerado. Este ciclo foi acelerado em escala ainda maior com a popularização dos sistemas de Inteligência Artificial Generativa, já que, como temos acompanhado, estes sistemas foram treinados no vasto tesouro de informações livres que criamos para nós mesmos, muitas vezes querendo (ou pensando que) estas informações poderiam ser bens comuns (commons). O que a classe vetorialista está tentando fazer agora, segundo Wark, é a substituição da classe hacker por máquinas capazes de fabricar a diferença – e achamos que tem conseguido, não?

Apesar desse cenário menos esperançoso que o de 17 anos atrás, seguimos por aqui. Também acreditando que podemos falar da cultura livre como liberdade positiva; tentando entender os meandros do colonialismo digital e as interferências das IAs nos direitos dos escritores; divulgando iniciativas para infraestruturas autônomas e comunitárias de tecnologias; recontando histórias de uma informática do oprimido latino-americana para soltar nossa imaginação sobre tecnologias alternativas, talvez como uma hiperstição aceleracionista – inventar futuros ficcionais para que eles possam se tornar reais. Seguimos documentando a cultura livre e entendendo as IAS de código aberto – mesmo que tenhamos muitas dúvidas se de fato o software livre possa derrotar as big techs. E buscando entender como a história da cópia e do desvio no século XXI pode dar luz sobre as práticas futuras de criação desviante – a cópia na era de sua proliferação técnica. Por fim, também achamos que para criticar e desconstruir artefatos complexos como os monopólios de IA, devemos fazer o trabalho meticuloso de desfazer – passo a passo, arquivo a arquivo, conjunto de dados a conjunto de dados, metadado a metadado, correlação a correlação, padrão a padrão – o tecido social e econômico que os constitui na origem. E que, para reagir e propor alternativas concretas, precisamos cada vez mais de uma cultura de invenção, concepção e planejamento que se preocupe com as comunidades e o coletivo, sem nunca ceder totalmente a agência e a inteligência à automação.

É por aí que seguiremos adelante.

Comment:

  • Ale Abdo

    Bem, não poderia não deixar um parabéns e ainda menos um parabéns mais atrasado ainda ;D

    Eu tenho questionado essa descrição da “classe dominante” ter “recuperado a energia”. Eu já era cético dessa ideia porque sempre me pareceu que o custo para o capital de pagar por equivalentes do que os comuns forncem seria mínimo. No caso do software, a Apple é um bom exemplo do que o capital é capaz sem se apoiar nos comuns. No caso da cultura, a Disney moderna é outro, com Marvel e Star Wars sucedendo os contos folclóricos.

    Se o capital se aproveita dos comuns por conveniência e para uma certa aceleração dos processos, a massificação das condições de existência construídas por ele não depende fundamentalmente das contribuições dos comuns. Estou convencido de que a realidade é muito mais simples e brutal: que o culturalivrismo é um navio pirata que não se deu conta que estava navegando para dentro de um tsunami.

    Estamos atualmente na posição dos hippies que experimentaram com o retorno ao campo sem antever a avalanche da agricultura industrial-maquinal que já estava em curso e que sucederia os breves sucessos do movimento. Nada do que os hippies fizeram ou deixaram de fazer realizou a industrialização-maquinificação da agricultura. E da mesma maneira o culturalivrismo foi pouco consequente para a industrialização-maquinificação da informação. Hoje entendo que esses processos de industrialização-maquinificação das sociedades-ecossistemas, cuja forma no plano político é o fascismo, são muito mais amplos e potentes do que qualquer consequência dos movimentos de contracultura.

    Apesar de terrível, essa análise ainda assim traz dois pontos positivos. Primeiro, que os movimentos de contracultura não foram assimilados e portanto derrotados. Ao contrário, suas conquistas seguem se acumulando e neste momento vivemos uma oportunidade e exigência de amadurecimento. Segundo, que os movimentos camponeses, das tecnologias autônomas, da cultura popular, são parte de uma mesma concepção de mundo humanista-ecossistêmica e antifascista. E são portanto ainda mais importantes e urgentes do que imaginávamos!

    Então, por mais 17 anos, um grande brinde e abraço 😀

    Ni!

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