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ViraCasacas: BaixemCultura

Participei nesta semana de um dos podcasts mais conhecidos numa certa “bolha” progressista da internet brasileira: Viracasacas. O papo foi de Extinção da Internet à cultura hacker, passando por Mark Fisher, comuns, decrescimento, Napster e principalmente pela cultura livre e as implicações do download, do torrent e da pirataria na circulação da cultura no meio digital. Uma charla algo saudosista sobre como a internet era muito mais divertida, autônoma e livre antes da plataformização pode nos fazer lembrar de como ela ainda pode ser diferente. Segue abaixo o texto de divulgação do Viracasacas

“Saudações piratas! (“Abordar…navios mercantes…invadir, pilhar, roubar o que é nosso…”). Ou não, porque não há nada de errado – e tudo de muito certo – em liberar a cultura de amarras. Sobre as novas formas de trato com as guerras em função de uma cultura vista como propriedade material estática, e sobre como a internet virou uma vilã difusa nesse processo, trazemos Leonardo Foletto da Baixa Cultura, laboratório online que trabalha com documentação, pesquisa, formação e experimentação em cultura livre. O papo ficou fortíssimo, e com muita indicação de coisas para você conseguir grátis – como todas as outras coisas, aliás ;)”.

Dá pra escutar direto aqui abaixo e também nas principais plataformas de streaming.

Comment:

  • Ale Abdo

    Ni!

    Cadê o link pra baixar o podcast? ;D

    Naquele curso no CCSP onde nos conhecemos passou também uma aluna do Geert. Anos depois por intermédio dela eu encontrei o Geert no seu escritório em Amsterdam e trocamos uma ideia legal. Essa aluna é uma das pessoas mais interessantes e corajosas que já encontrei, e um fato revelador é que ela hoje vive numa fazenda no norte da Holanda, trabalhando com agricultura ecológica, ensino de permacultura, e hospedaria voltada para um público local ().

    Muito bom o episódio.

    Algumas dúvidas que eu tenho:

    – Não acho apropriado dizer que a rede mocambos seja mais sustentável do que grandes centros comerciais de dados. Tecnicamente é até possível que seja o contrário, pois há economias ambientais na centralização. Por outro lado há também uma economia ambiental ao não sobrecarregar os recursos de um único local. O ponto fundamental ao meu ver não é a arquitetura técnica, mas o fato de que uma grande parte do consumo ambiental das redes comerciais é para sustentar a maquinaria e processamento de dados que permitem a indução do consumo (doom scrolling etc, “uso induzido” em oposição a “uso interessado”) e o mercado de propaganda (“ads”), além de outros mecanismos de vigilância e controle comportamental. Aí está ao meu ver o maior benefício ambiental de uma internet comunitária, um ganho duplo, onde economiza-se enormes recursos ao evitar-se a implementação de um sistema nefasto.

    – Na minha lembrança era totalmente óbvio já na era do Napster que ele só existia por falta de visão das gravadoras para se organizarem e criar algo similar cobrando uma taxa. O próprio Napster reconhecia esse potencial e tentou legalizar o negócio fazendo acordos com gravadoras, mas não teve força à época. No final a coisa virou quando um ator apoiado pelo capitalismo financeiro-tecnofílico teve força para dobrar as gravadoras. Em termos de consumo cultural, o Spotify e o Netflix são exatamente o que o Napster queria ser. Ainda que a diferença tecnológica tenha consequências, por exemplo, é claro que poder armazenar as músicas de forma permanente reduz o impacto energético. A real alternativa seria uma transformação profunda do direito autoral, visão que mesmo nos círculos da Creative Commons não tem muitos amigos, que dizer dos usuários do Napster em geral.

    – Nisso, eu gostaria de ter escutado vocês discutirem mais a questão das assimetrias de poder. Pois enfim são os tech-bros os únicos que estão defendendo abertamente e conseguindo impor uma reforma profunda do direito autoral, ainda que para seus interesses privados. Se o direito autoral, pela ação acumulativa do capital, levou a uma propriedade cada vez mais concentrada da cultura, as big-techs estão revindicando a imperatividade de concentrar toda a cultura em uma única e monolítica propriedade: o “modelo de inteligência artificial”.

    Abraço!

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