Simpósios, seminários e entrevistas
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As discussões sobre a informação na era digital não dão folga essa semana. Tem três ocorrências bem importantes que parecem ter combinado de acontecer na mesma época, justamente a em que estamos com pouco tempo pra escrever. Hoje começa o Copyfight, seminário que discutirá por dois dias o tema Propriedade Intelectual e Pirataria. O evento é organizado pelo Pontão da ECO da UFRJ e é uma continuação do Fórum Livre de Direito Autoral, ocorrido em 2008 e divulgado por aqui. A programação consiste em laboratórios práticos de conhecimentos livres durante a parte da tarde e em palestras à noite. As incrições para as oficinas parecem ter se encerrado, mas pra quem mora longe dá para acompanhar os quatro interessantíssimos debates através da transmissão ao vivo, que segundo o site estará disponível lá, ou pela mala-direta e pelo grupo de e-mails do Pontão.
Um outro evento de debates que está acontecendo é o Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais, que como o nome explica, atenta para a digitalização de conteúdos de instituições brasileiras. Legislação, padrões, tecnologias e os projetos são as pautas dos quatro dias do evento, que começou segunda, dia 26, e termina amanhã, dia 29. Assim como o Copyfight, o Simpósio também tem transmissão ao vivo, mas pode ainda ser acompanhado pelo twitter “oficial” @culturadigital e pelos “extra-oficiais” @gabiagustini e @andredeak, dois dos jornalistas que integram a FLI multimídia, empresa que tem feito a cobertura jornalística no site oficial do evento. A Fli, vale dizer, integra a Casa de Cultura Digital, o simpático agrupamento mezzo-anárquico sediado na tranquila rua Vitorino Carmilo, na Barra Funda, São Paulo capital, que desde o início do ano tem estado a organizar eventos e propor discussões no âmbito da cultura digital e que, por conta disso, mui provavelmente, tem sido o mais atuante catalizador no que diz respeito à este(s) assunto(s) no Brasil.
A organização do simpósio está a cargo do Ministério da Cultura, do Projeto Brasiliana USP, que tem digitalizado e tornado possível o acesso à documentos e obras essenciais para se conhecer a história do país [e que já deveria ter sido mais comentado por aqui, aliás], e da Casa da Cultura Digital. Como o simpósio está em andamento, algumas boas discussões já foram travadas, mas menos mal que elas estão bem documentadas no site oficial. Em especial, destacamos o post que fala de Pablo Ortellado – historiador, pesquisador do Gpopai-USP – que defende a tese de que o direito autoral não faria sentido no contexto da produção/consumo de livros no Brasil de uma forma tão cartesiana e precisa que causa estranhamento, como é dito no início do texto do post; e o texto que trata da disponibilização (gratuita) para download de toda a poesia de Vinícius de Moraes, aquele que Drummond dizia ser o único poeta nacional que realmente viveu como poeta – olhe a aventuresca vida do poetinha que você entenderá o porquê.
Hoje e amanhã a programação continua com mais quatro mesas de debate [que, vale repetir, podem ser acompanhadas também do conforto do lar na transmissão ao vivo no site].
E o último acontecimento desses sete dias correntes foi a participação do nosso já conhecido Gerd Leonhard no Roda Viva (foto), o tradicional programa de entrevista que ocupa a grade de segunda-feira à noite na TV Cultura faz mais de 20 anos. A edição do programa foi gravada na última passagem do mediafuturist pelo Brasil , em 24 de fevereiro deste ano, quando o alemão residente da Suiça fez uma palestra sobre “o futuro da comunicação e midia social“. Aqui tem algumas fotos da entrevista – de onde retiramos essa aqui de cima, por sinal – e neste endereço será possível assistir alguns trechos do programa, daqui a dois longos meses. “Por ser um programa em outro idioma, o processo de edição é diferente. A íntegra estará disponível 2 meses após a exibição.” informou-nos o twitter do programa. Aproveitando a ocasião, Gerd lançou em seu blog a tradução para o português de uma carta aberta para a indústria fonográfica independente, que tem o grandioso título de “Carta aberta de Gerd Leonhard para a Indústria Fonográfica Independente – a música 2.0 e o Futuro da Música são seus – se você conseguir resistir a tentação de se tornar apenas outro cartel da música“.
A carta é interessante e algo polêmica. Defende uma boa ideia, a de que se tu (gravadora independente) parar com o compartilhamento tu vai acabar com o negócio da música. Ao final, traz aquilo que Gerd, por auto-instituído cargo, sabe fazer de melhor: previsões. Reproduzimos um trecho da carta aqui abaixo, que foi traduzida para o português por Juliano M. Polimeno e pode ser livremente distribuída, desde que para fins não comerciais e que seja feito a distribuição pela mesma licença creative commons. Recomendamos a leitura da original completa, nem que seja na busca de uma argumentação (contrária, até) mais consistente:
Dentro de 18 meses, em muitos territórios chave para a música ao redor do mundo, redes wireless de banda larga e redes específicas para conexão entre dispositivos irão conectar todos os aparelhos concebíveis entre si, assim como com um gigante depositório de conteúdo online – ou deveria dizer switch-boards – que conterá toda e qualquer música, filme ou programa de TV imaginável.
Se você pensa que o “compartilhamento” é um bom negócio agora, espere mais 2 anos – ele será 100 vezes mais rápido e disponível para todo e qualquer dispositivo (não só computadores). Três bilhões de celulares e um bilhão de tocadores irão se conectar perfeitamente entre si.
O acesso wirelless de banda larga e os dispositivos se tornarão tão baratos, super-rápidos e onipresentes que o compartilhamento de conteúdo será o padrão, em alta velocidade e com qualquer um que estiver próximo. Busque – Ache – Selecione – Troque. Clique e tenha.
Como você pode monetizar isso? Licenciando participação – e as redes e dispositivos que a permitem. Você terá que licenciar o uso de toda e qualquer música nestas redes, e fazer ofertas universais irresistíveis, irrefutáveis e imprescindíveis àqueles que a administram. Esses negócios de licenciamento devem ser conversas e não monólogos. Não um dedo apontado para os ISPs mas um grande, brilhante e atrativo incentivo.
[Leonardo Foletto, Marcelo De Franceschi]
Comments:
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baixacul
Tens razão San. No link, o programa ainda não está completamente disponível e, de fato, ele é alemão e mora em Bazel na Suiça.
Muito obrigado pelas correções.Abraço,
Marcelo.
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San
Fui uma felizarda da noite de segunda-feira. Nunca um zapping rendeu algo tão positivo. A entrevista do Gerd Leonhard, no Roda Viva, foi inspiradora. Pena que “peguei o bonde andando” e só vi a metade. Tentei o link que vocês indicaram, mas não encontrei o programa na íntegra (pode ter sido falta de habilidade da internauta aqui…)
A propósito, ele não é alemão?? E mora na suiça??