
Vale a pena ver de novo – Tudo Vigiado por máquinas de adorável graça (2012)
Quase 13 anos atrás, fizemos um texto no BaixaCultura falando do “Tudo Vigiado por Máquinas de Adorável Graça”, de Adam Curtis, grande documentarista inglês conhecido por seu estilo único e denso de contar histórias políticas e interessantes do século XX. O post reproduziu uma resenha de uma amiga do BaixaCultura de tempos, Aracele Torres, doutora e mestre em história social pela USP, autora da bela tese “A internet livre e aberta como ideologia: o debate da neutralidade da rede no Brasil e nos Estados Unidos” e do livro essencial “A Tecnoutopia do Software Livre”, baseado em sua dissertação e em seu trabalho de militante do software livre de muitos anos.
O belo e misterioso nome do documentário, “All Watched Over By Machines of Loving Grace” (no original), faz referência a um poema publicado em 1967 sob o mesmo nome, cujo o autor, Richard Brautigan, falava de uma sociedade onde os homens estavam livres de trabalho e a natureza tinha alcançado seu estado de equilíbrio, tudo graças ao avanço da cibernética.
”
All Watched Over By Machines Of Loving Grace
I like to think (and
the sooner the better!)
of a cybernetic meadow
where mammals and computers
live together in mutually
programming harmony
like pure water
touching clear sky.I like to think
(right now, please!)
of a cybernetic forest
filled with pines and electronics
where deer stroll peacefully
past computers
as if they were flowers
with spinning blossoms.I like to think
(it has to be!)
of a cybernetic ecology
where we are free of our labors
and joined back to nature,
returned to our mammal
brothers and sisters,
and all watched over
by machines of loving grace.
O documentário é uma crítica contundente à tradição tecno-utópica originada nos Estados Unidos, da ideologia californiana ao tecnosolucionismo. Você deve imaginar, por conta disso tudo, o quanto o filme está cada vez mais atual na Era Musk-Trump, por isso nossa recomendação de hoje.
Está dividido em 3 partes: “Amor e Poder“ mostra como o casamento entre a teoria de Ayn Rand e a crença no poder das máquinas produziu a ilusão de uma sociedade que prescinde, entre outras coisas, de políticos e que se autogovernava e se autoregulava com a ajuda dos computadores. ”O uso e abuso dos conceitos vegetais” apresenta o entrelaçamento entre a teoria da cibernética e a teoria do ecossistemas naturais, que produziu a crença de que a natureza era um sistema autorregulado e estável. Por fim, “O macaco dentro da máquina e a máquina dentro dos macacos“, encerra com a discussão em torno da teoria sobre o comportamento humano moldado por códigos matemáticos genéticos – o ser humano como uma máquina controlada por seus genes. Cada uma com cerca de uma hora de duração, todos disponíveis no Vimeo do BaixaCultura para assistir, legendados e de grátis, e aqui abaixo:
Há este e outros vídeos na nossa BaixaTV, canal com uma seleção de documentários, curtas, longas, programas de TV e vídeos variados sobre cultura livre, (contra) cultura digital e diversos temas ao redor disso, tanto produzidos por nós quando por outros e rearrajandos por nós. Acreditamos que organizar a informação de modo a facilitar o acesso permitirá que ela siga circulando.
Deixe um comentário