COMUNIDADE – >

Comunidade é a base de qualquer rede, inclusive a internet. Quando falamos em alternativas às Big Techs, sobretudo estamos falando sobretudo de ideias que pensam uma internet das pessoas, não das “coisas”; que ponham na equação final de seus produtos valores e preceitos humanos, de igualdade e fraternidade. Utopia?

É certo que o desligamento das ‘big techs” ou dos serviços corporativos pode não ser um movimento simples. Em algum momento, diante da necessidade “inevitável” de uso dessas plataformas massivamente utilizadas, o mal menor costuma ser priorizado: qual era a menos insegura? Qual violou menos nossos direitos? Talvez este momento histórico, em que mais pessoas conhecem os efeitos de uma modulação e manipulação em massa a partir de algumas redes sociais proprietárias voltadas somente ao lucro (como o Facebook), seja oportuno para pensar em fazer escolhas tecnológicas mais conscientes. Um momento para nos perguntar: quais são as iniciativas de base comunitária que estão construindo, hoje, alternativas tecnológicas na e com a internet? 

No futuro”, supõe-se que Bill Gates tenha dito recentemente em um memorando talvez não proprietário, mas ainda interno, “trataremos o usuário final como tratamos os computadores: ambos são programáveis”. Mas enquanto houver pessoas que sejam capazes de programar em vez de serem programadas, essa visão felizmente não terá futuro.”

Friedrich. A Kittler, “Science as Open Source Process“.

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Tem alguma sugestão de projeto e ideia para esse tema? nos escreva em info@baixacultura.org

Redes Mesh

As redes mesh são um modelo alternativo de infraestrutura para a construção de redes de internet. É composta de vários nós que passam a se comportar como uma única e grande rede, onde estes nós repetem o sinal de maneira descentralizada e as mensagens são transmitidas por diferentes caminhos. Oferece maior estabilidade à comunicação e também facilita sua expansão a áreas mais remotas, já que sempre é possível agregar novos nós à rede. A partir desta arquitetura surgem as redes livres, que funcionam como grandes redes sem fio abertas, montadas a partir de um grupo de roteadores conectados entre si que propagam o tráfego entre usuários e também emitem serviços em banda larga a partir de pontos conectados à internet. Estas redes costumam funcionar de duas maneiras: se não tem nenhum ponto conectado à internet, funcionam como grandes intranets, onde os usuários têm acesso a uma rede comunitária offline e podem se comunicar entre si da maneira que quiserem e usufruir serviços nesta rede. Se um dos pontos tem acesso a internet, então se tornam opções mais baratas de conexão à internet – o que propicia a criação de pequenos provedores comunitários estruturados, uma opção real especialmente para lugares de difícil acesso onde as operadoras de internet não vêem interesse em chegar ou chegam com serviços caros e ruins. 

Para estas redes funcionarem, não basta apenas instalar roteadores e antenas (a parte “técnica”), mas garantir a manutenção e a gestão das redes pelas comunidades onde funcionam. Por isso, iniciativas de redes livres como as da Coolab, no Brasil, Altermundi, na Argentina, Rhizomática, no México, ou a Guifi.Net, na Catalunha, funcionam a partir de uma metodologia de construção colaborativa, que inclui formação local para que os moradores operem a infraestrutura. Nas redes mais antigas, como a Guifi.net, um ecossistema se estabelece com a criação de pequenos provedores, empresas e coletivos de usuários que, em alguns casos, recebe apoio dos órgãos públicos locais e estaduais, que investem e potencializam as redes também como ferramenta de autonomia das comunidades.

As redes livres comunitárias emergem com o duplo propósito de garantir o direito ao acesso à internet e, ao mesmo tempo, que as comunidades sejam criadores de seu próprio “pedacinho de internet” de maneira autogestionada, colaborativa e de acordo com suas tradições.

Assistir fora do Youtube: https://invidious.osi.kr/watch?v=JsAwZ3yXXTU

Software Livre. Debian

O software livre poderia estar em qualquer um dos eixos propostos. Na prática, o software livre é a base de vários exemplos que vamos dar aqui. É através dele que o usuário tem a autonomia de abrir a caixa de Pandora: se apropriar da tecnologia, conhecer exatamente o que se passa dentro do código, alterá-lo, melhorá-lo, adaptar para uma necessidade específica, torná-lo mais seguro etc. A maioria dos softwares livres tem, por trás, comunidades pulsantes de entusiastas que dão suporte para os usuários, propõe mudanças e melhorias nos sistemas e corrigem falhas de segurança e privacidade que podem surgir. 

CódigoSUR 2019, MilpaDigital
CódigoSUR 2019, MilpaDigital

O Debian é um sistema operacional universal baseado no Linux e provavelmente tem a maior comunidade de usuários de Linux. Diferencia-se das demais distribuições Linux porque possui um contrato social firmado por seus desenvolvedores de que o sistema nunca será privatizado e sempre manterá os interesses de seus usuários e do software livre em primeiro lugar. O sistema é universal porque busca servir a todos os tipos de computador, ou seja, desde servidores industriais até computadores de uso pessoal. Por conta disso, o Debian é uma das distribuições mais populares do Linux – é especialmente recomendada por ter uma comunidade participativa que dá suporte e fornece informações diversas para quem quer fazer sua instalação (ou modificação, ou resolver algum problema no seu sistema).

Assistir fora do Youtube: https://invidious.osi.kr/watch?v=pH1tkTYm9rg

CódigoSUR 2019, MilpaDigital
CódigoSUR 2019, MilpaDigital

Mastodon. Gnu Social. Hubzilla

Mastodon é uma rede social de microblogs (similar ao Twitter) descentralizada e de código aberto. Ao contrário das redes sociais habituais, que possuem um servidor centralizador de dados, o Mastodon se divide em comunidades (chamadas “federações”) que se segmentam por temas ou regiões. O seu perfil é visível para todos os membros do Mastodon, porém, é possível encontrar mais facilmente pessoas com interesses parecidos se você entrar em uma federação temática. A rede social é gratuita e sem anúncios, sendo mantida apenas por doações de apoiadores.

Assim como o Mastodon, Hubzilla e GNU Social também são redes sociais descentralizadas baseadas em servidores distribuídos em vários locais diferentes. Se o Mastodon é mais parecido com o Twitter, pode-se dizer que estas têm funções bem variadas, como a discussão em fóruns e threads, wikis, etc.

Assistir fora do Youtube: https://invidious.osi.kr/watch?v=6xXPqGfUJpQ

Open Street Maps

Open Street Map é uma plataforma colaborativa de dados geográficos de licença livre – similar ao Google Maps, mas sem estar atrelado a fins comerciais de qualquer empresa. Os dados são atualizados pela comunidade usuária, que conta com mais de 2 milhões de pessoas (usuários registrados), as quais alimentam a base com mais de 20 mil atualizações mensais nos mapas. Para acessar o Open Street Map, é possível também utilizar aplicativos como o uMap

Criado em 2004 na Inglaterra, foi inspirado na Wikipédia – e como esta, também tem uma fundação, a OpenStreetMap Foundation, que dá suporte estrutural para as operações da plataforma e de sua comunidade.

Assistir fora do Youtube: https://invidious.osi.kr/watch?v=tojADNJD9Ps

PRIVACIDADE – >

O cerceamento da internet por um pequeno apanhado de empresas privadas – Google, Facebook, Amazon e Apple – tem tornado fácil a vigilância de nossas comunicações digitais na rede. Em troca de acesso “grátis” a serviços e sites da internet, oferecemos dados valiosos sobre nossa vida: o que comemos, onde moramos, que lugares frequentamos, quem são nossas amigas, quais nossas artistas favoritas, por onde nos deslocamos pelo mundo, em quem votamos, que causas somos a favor ou contra, entre outras milhares de informações que fornecemos nas redes sociais, nos aplicativos de nossos smartphones e em nossas navegações diárias na internet. 

Há um vasto material sendo produzido nos últimos anos que fala de privacidade na rede; indicamos alguns ao final desse parágrafo. Nosso compêndio mescla algumas iniciativas, como navegadores, buscadores, mas também ideias, que de alguma forma expressam a máxima popularizada pelo Wikileaks, “Privacidade para os Fracos, Transparência para os fortes”, ao buscar defender a nossa privacidade das grandes empresas que controlam a internet e também de governos.

Alguns sites: https://www.internetsegura.br/
https://autodefesa.org/
https://datadetoxkit.org/pt/home

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Cypherpunks

O uso de senhas e sistemas criptografados de ponta-a-ponta é essencial para garantir que a privacidade do usuário seja mantida e quaisquer informações pessoais não sejam apropriadas para fins comerciais ou políticos indesejados. Os Cypherpunks surgiram como grupo entre os anos 80 e 90 nos EUA, e ganharam notoriedade por responderem a uma ameaça  – no caso, feita por mecanismos regulatórios da criptografia nos Estados Unidos. A união para problematizar legislações (e também atos vigilantes de governos e empresas) foi uma feliz ocasião para reunir grupos de pessoas que discutiam as implicações políticas das técnicas, especialmente aquelas relacionadas com a proteção da privacidade – naquela época já era possível prever muitas (senão todas) as implicações vigilantes de uma rede mundial de computadores como a internet.

“Originários de uma vertente da cultura hacker mais afeita a ação política, em contraponto a outra mais ligada ao liberalismo empreendedor das startups do Vale do Silício, os cypherpunks surgem nos anos 1990 dizendo que a única maneira de manter a privacidade na era da informação é com uma criptografia forte. Mais de trinta anos depois de sua gênese, o ideal dos cypherpunks ainda é presente sobre gerações de criptógrafos, programadores e ativistas, entre eles os reunidos em tornos das criptofestas em diversos lugares do mundo, entre elas a CryptoRave, principal evento da área no Brasil.“

Assistir sem Youtube: https://invidious.osi.kr/watch?v=TvFRJz0LS28

 

Senhas fortes

Não existem senhas 100% seguras. Por isso, é essencial administrá-las da melhor forma possível. Com o constante vazamento de informações em bases de dados, uma senha utilizada em mais de um serviço pode ocasionar em invasão de contas pessoais em diversos locais e ter consequências perigosas para o usuário. Com sistemas do tipo gerenciadores de senha, é possível controlar os acessos em diversos serviços e gerar senhas aleatórias com segurança máxima. Alguns exemplos de gerenciadores conhecidos são o LastPass, Kapersky, Passit.io e Keepass (gratuito e livre). Com um sistema deste tipo, basta gravar a senha de acesso dele mesmo, e as demais serão geradas aleatoriamente. 

Assistir sem Youtube: https://invidious.osi.kr/watch?v=NWlo_K4W_4g

Tor

Tor é a sigla para “The Onion Router” (“O roteador cebola”, em português), um software livre que permite a navegação anônima na internet a partir de uma rede com milhares de usuários descentralizados – e também uma ONG internacional que tem como missão levar segurança e privacidade para usuários da internet. Ao navegar pela internet usando Tor, a conexão entre usuário e site passa pelo computador de outros três usuários, de maneira que se torna muito difícil definir onde o usuário está. Para acessá-la, baixe o Navegador Tor para seu computador ou dispositivo móvel. 

Milpas Digitais sobre o Tor

Tails. Lineage.

Tails é um sistema operacional baseado na distribuição Debian Linux com objetivo de fornecer privacidade total ao usuário. O sistema roda dentro de um pendrive conectado ao computador, para evitar deixar rastros no HD e na memória da máquina. A navegação dentro do Tails é feita utilizando o protocolo Tor, que torna o usuário irrastreável dentro da internet. Ao desligar o computador e desconectar o pendrive, a sessão é completamente apagada e não é possível acessar qualquer histórico pelo computador. O software se tornou famoso depois de ser indicado por Edward Snowden. 

LineageOS é uma distribuição do sistema operacional Android alternativa ao sistema que as empresas fabricantes de smartphones e o próprio Google disponibilizam em seus aparelhos. É uma boa alternativa para não se manter obrigatoriamente logado na sua conta Google à todo momento, e também continuar usando seu celular caso ele pare de receber atualizações do fabricante. 

DIVERSIDADE – >

Já não é mais novidade dizer que as tecnologias não são neutras, que carregam políticas trazidas por quem as constrói – geralmente homens brancos do norte global. Como podemos trazer diversidade na produção e no acesso de tecnologias digitais presentes em nosso dia a dia?

Trazemos aqui ao lado projetos e ideias que estão, hoje, trazendo mulheres, pessoas negras e LGBTQI+, historicamente sub-representadas na discussão tecnológica, para o centro do debate, seja através de processos de formação, observação ou de construção de conhecimento e objetos técnicos.

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Racismo Algorítmico

Num cenário em que a tecnologia cada vez mais é tanto mediação das atividades humanas quanto interação interpessoal e negociação de serviços e comércio, como as plataformas digitais, mídias sociais, aplicativos e inteligência artificial reproduzem (e intensificam) o racismo nas sociedades?

Para responder e analisar as respostas à partir dessa pergunta, o pesquisador brasileiro Tarcízio Silva organizou uma Linha do Tempo do Racismo Algorítmico, que incorpora casos de 2010 em diante. Nos ambientes digitais, especialmente plataformas de publicidade (Facebook), de nuvem e computação (Amazon Web Services, Microsoft Azure, etc), de produto (como Zipcar etc), plataformas lean (Uber, AirBnB), o desafio de mapear estes casos tem se tornado mais profundo na medida em que o racismo adentra os processos automatizados “invisíveis” como recomendação de conteúdo, reconhecimento facial e processamento de imagens. 

Outro tema em voga na discussão sobre racismo e plataformas digitais são as tecnologias baseadas em inteligência artificial para ordenação e vigilância de cidadãos no espaço público. Conhecidas como “tecnologias de reconhecimento facial”, elas ganharam mercado nos últimos anos tanto a partir do lobby das big techs quanto pelo avanço de ideologias de extrema-direita. Na Linha do Tempo há diversos casos de erros dessas tecnologias. Há, por exemplo, situações em que os sistemas de reconhecimento facial da Amazon e da IBM erram mais em imagens de mulheres negras, assim como sistemas de biometria visual costumam falhar de 10 a 100 vezes mais com imagens de pessoas negras ou asiáticas

Por conta dessas falhas que ajudam a perpetuar o racismo algorítmico, pesquisadores têm defendido o seu banimento; o mesmo Tarcízio também escreveu em seu blog sobre 10 razões para as tecnologias de reconhecimento facial serem banidas. Estão entre eles o reconhecimento facial e visão computacional são técnicas altamente imprecisas, em especial sobre pessoas racializadas; de como as tecnologias digitais vistas como “neutras” ou “objetivas” favorecem ainda mais excessos de policiais, e no espaço público pressupõe e fortalecem uma sociedade vigilantista. Também é fator para defender o banimento o fato de que não podemos pressupor boa-fé de corporações de tecnologia, como exemplifica casos como o impacto do Facebook no Brexit e nas eleições americanas, do extremismo digital no YouTube e do lobby da Google no Conselho Administrativo de Defesa Econômica, entre muitos outros. 

 

Gender.IT

Genderit é um projeto do Programa de Direitos das Mulheres da Association for Progressive Communications. O site é um think tank de e para os direitos das mulheres, sexualidade, direitos sexuais e ativistas dos direitos da Internet, acadêmicos, jornalistas e defensores. Levam artigos, notícias, podcasts, vídeos, quadrinhos e blogs sobre políticas e culturas da Internet a partir de uma perspectiva feminista e interseccional, privilegiando vozes e expressões da África, Ásia, América Latina, países de língua árabe e Europa Oriental. É uma referência fundamental para a discussão tecnopolítica feminista na rede.

Minas Programam – e ensinam a programar

Minas programam é uma iniciativa que promove oportunidades de aprendizado sobre programação para meninas e mulheres, priorizando negras e indígenas para desfazer estereótipos de gênero e de raça que influenciam as relações com as áreas de ciências, tecnologia e computação.

Com uma proposta parecida, mas com o foco em mulheres, a Django Girls é uma organização sem fins lucrativos e uma comunidade que capacita e ajuda as mulheres a organizar oficinas de programação gratuitas, de um dia, fornecendo ferramentas, recursos e suporte. “Somos uma organização de voluntariado com centenas de pessoas contribuindo para levar mulheres mais incríveis ao mundo da tecnologia. Estamos tornando a tecnologia mais acessível criando recursos projetados com empatia.” Durante cada um dos eventos, entre 30 e 60 mulheres criam sua primeira aplicação web usando HTML, CSS, Python e Django.

A PyLadies  é um grupo de mentoria com foco em ajudar mais mulheres a se tornar participantes ativas e líderes na comunidade open source Python. Sua missão é promover, educar e promover uma comunidade Python diversificada através de divulgação, educação, conferências, eventos e encontros sociais. No Brasil organiza diversas atividades e tem núcleos em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Campinas e Fortaleza, entre outras cidades.

O PrograMaria tem como objetivo empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia. Acredita que é preciso rever essas narrativas culturais que dizem o que a mulher pode ou não fazer, além de oferecer ferramentas e oportunidades para que elas aprendam.

Mulheres na computação, iniciativa organizada por Camila Achutti, tem como missão ajudar outras meninas a ter suas vidas transformadas pela tecnologia.

Todas as letras

A falta de iniciativas para pessoas LGBTI+ motivou a criação desse projeto, em março de 2018, que busca ser um grupo de apoio para compartilhar vivências na área de tecnologia para pessoas LGBTI+. Ao longo dos últimos anos, os encontros passaram a ensinar conteúdos técnicos para alavancar as carreiras dos participantes. E, de evento em evento, tornaram o Todas as Letras o maior meetup LGBTI+ da América Latina.

ACESSO LIVRE – >

A internet potencializou o acesso à informação e tem ajudado a tornar o conhecimento livre. Mas no meio de um mar de desinformação, quais são as iniciativas que estão liberando o conhecimento científico, jornalístico e ou reconhecido por pares?

Aqui trouxemos repositórios, licenças (como as Creative Commons), bibliotecas livres integram o movimento por um conhecimento e uma cultura livre.

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Creative Commons

O Creative Commons Search é uma base de imagens disponibilizadas com licenças Creative Commons (CC), ou seja, que podem ser utilizadas sem necessidade de pagar pela propriedade intelectual. Ao iniciar a busca, é possível selecionar se quer utilizar para fins comerciais e/ou se quer modificá-la, e então o buscador filtra os resultados a partir do tipo de licença CC que foi atribuída pelo autor da imagem.

Saiba mais sobre as licenças Creative Commons nessa ótima cartilha produzida no âmbito do capítulo brasileiro do CC e nas “milpas” digitais produzidas pelo Código Sur abaixo:


Torrent

Torrent é um protocolo de comunicação utilizado para compartilhar arquivos em um sistema peer-to-peer, ou seja, de maneira descentralizada, onde vários computadores se encontram através da internet e copiam os arquivos desejados de uma máquina para a outra sem a necessidade de um servidor central. O nível de descentralização do Torrent é enorme e por isto, apesar de ser um sistema muito caçado pela indústria devido a pirataria, dificilmente pode ser derrubado. Para compartilhar arquivos através de torrent, deve-se baixar um software chamado cliente e então buscar os links magnéticos em sites de torrents, comunidades ou compartilhados com outros usuários. Clientes de torrent conhecidos incluem o qBittorrent, BitTorrent, e diversos outros.

Sobre o torrent, temos no BaixaCultura um tutorial de Como usar Torrent e baixar conteúdo compartilhado grátis; de Como Compartilhar Conteúdo e Fazer Backup por Torrent; entre diversos outros textos que o torrent, como elemento central da internet e do livre compartilhameno na rede, é destaque.

Internet Archive

O Internet Archive é um projeto de arquivamento de todas as páginas da Internet possíveis. Iniciado em 1996, eles mantém em sua base 588 bilhões de páginas web, 28 milhões de livros e textos, e 580 mil softwares, por exemplo, além de vídeos, áudios, etc. A atuação do Internet Archive é essencial para investigar páginas que possam ser depois excluídas, por exemplo, além de encontrar conteúdo grátis de toda web. É uma das maiores bibliotecas digitais de conteúdo em licenças livres e domínio público.

SciHub & OpenCulture

Scihub é um repositório de artigos científicos que os compartilha sem necessidade de pagamento. Apesar de ser perseguido por todas as grandes editoras do meio acadêmico (que cobram preços caríssimos para acessar cada artigo individualmente) e ser bloqueado em alguns países, o site se mantém no ar e é sustentado por doações de apoiadores. Pesquisadores de todos os países do mundo encontram artigos através do Scihub, e uma pesquisa de 2020 concluiu que artigos baixados no site são citados 1,72 vezes mais que artigos não baixados. Sua fundadora, a programadora Alexandra Elbakyan, é considerada a “Robin Hood da ciência moderna”. 

O site OpenCulture apresenta milhares de opções de cursos, livros, filmes, cursos de idiomas e demais produções que estão disponíveis online de graça.

EXTRA: A Biblioteca do Comum é uma biblioteca digital temática e de livre acesso dedicada à divulgação de obras intelectuais, autores e assuntos transdisciplinares, voltados à educação científica cidadã e ao fomento da imaginação social para o enfrentamento e superação das crises de nosso tempo. Dispõe de materiais de texto, imagens, áudios e vídeos, nas categorias: Cartilhas/Guias/Manuais, Manifestos, HQ, Livros, Mapas, Revistas, Relatórios, Teses & Dissertações, Vídeos.

AUTONOMIA – >

As empresas do chamado primeiro mundo, que dominam o mercado global de produção de tecnologias, tem cada vez mais provocado um chamado “colonialismo de dados”, em que dados produzidos nos países periféricos, principalmente do sul global, migram para o norte global. Essa medida tem afetado a soberania de muitos países, já que no mundo do big data os dados são cada vez mais fonte de riqueza. Como podemos construir alternativas autônomas de tecnologias no sul global? Como proteger nossos dados e a construção de conhecimento em nossas universidades, por exemplo, a partir de tecnologias que sejam transparentes e que respeitem os direitos humanos e a soberania dos nossos países?

Organizamos algumas ferramentas, iniciativas, projetos e grupos que estão a defender a nossa autonomia, como aquelas ligadas aos softwares e aos hardwares livres, que respeitem nossa privacidade, fomentem a construção de conhecimento local e produzam riqueza para os territórios em que são produzidos.

Tem alguma sugestão de projeto e ideia para esse tema? nos escreva em info@baixacultura.org

Cooperativismo de Plataforma

O Cooperativismo de Plataforma é uma proposta de organização onde os trabalhados de aplicativo são donos da própria plataforma em um modelo de cooperativo, para opor-se a exploração e precarização exercidas atualmente pelos grandes grupos de empresas. O Observatório do Cooperativismo de Plataforma, mantido pelo grupo de pesquisa DigiLabour e a Fundação Rosa Luxemburgo, busca expandir o conceito e apresentar alternativas que estão se desenhando para as cooperativas. A CoopCycle é uma federação de cooperativas que disponibiliza um software, o qual pode ser utilizado por quaisquer interessados em iniciar uma cooperativa de entregadores. Para garantir que o negócio não seja cooptado, a licença de utilização do software só é permitida para iniciativas que sigam o modelo cooperativo. Desta forma, buscam garantir que a tecnologia está nas mãos dos próprios entregadores cooperativados, uma decisão que retoma a posse dos dados e das tecnologias utilizadas.

Sobre Cooperativismo de plataforma, vale ver nossa BaixaCharla sobre o tema, a partir do livro de mesmo nome de Trebor Scholz; a entrevista que fizemos com Nathan Schneider, autor do livro “Everything for Everyone: The Radical Tradition that Is Shaping the Next Economy“ e uma das pessoas que mais vem estudando e promovendo a ideia do cooperativismo de plataforma mundo afora; e esse texto de julho de 2020, que fala do breque dos apps e das alternativas ao trabalho digitalizado.

Matrix & Element

Matrix é um padrão de comunicação de código aberto utilizado para mensagens instantâneas, desenvolvido como protocolo de código aberto em 2014 baseado em HTTP (para facilitar as mensagens) e WebRTC (para facilitar as chamadas de voz; é possível combiná-lo com o sistema de videoconferências do Jitsi, outro software de código aberto). Parecido ao e-mail, funciona em um modelo descentralizado com qualquer cliente compatível, ou seja, não é necessário utilizar o mesmo programa que seu correspondente para conversar. Com isso, o usuário tem a liberdade e a segurança de não precisar aderir a uma plataforma para interação.  

O Element é um sistema (em software livre) de mensagens e colaboração baseado no Matrix, que permite o armazenamento de suas mensagens no local onde o usuário indicar, além de não possuir anúncios ou permitir a invasão e leitura das mensagens. Na opção Element One é possível trocar mensagens com todos os aplicativos privados (como Whatsapp e Telegram) – o que centraliza, de forma segura, a sua comunicação, e faz você não precisar mais instalar e manter uma dezena de aplicativos para se comunicar.

E-mails alternativos

Normalmente acessamos nosso serviço de e-mail gratuitamente (seja do Google, Microsoft etc.). No entanto, as correspondências eletrônicas são mantidas por servidores e se comunicam através da internet, em operações de infraestrutura gigantescas. Mas se elas não cobram pelo serviço, como pagam todas as despesas? Normalmente este serviço é associado com outros oferecidos por estas grandes empresas e servem como forma de identificar o consumidor.

Usar o e-mail do Google e todos os seus serviços implica o compartilhamento de informações e a invasão da privacidade do usuário. Existem diversos serviços alternativos de e-mail oferecidos por outras empresas ou projetos que descentralizam as informações do usuário e garantem mais privacidade; alguns deles são ProtonMail, Tutanota, Riseup (apenas por convite) e CódigoSur

RSS & EtherPad

RSS é um padrão de documento que apresenta as informações de um site de maneira simplificada. Utilizando um software do tipo leitor de RSS, é possível se inscrever no link RSS de um site e acompanhar o conteúdo deste de maneira independente, sem precisar acessar o layout original do site (e evitar cookies, anúncios, etc.). Através do RSS é possível acompanhar diversos sites num mesmo leitor, gerando um “feed” personalizado não controlado por algoritmo. Alguns leitores de RSS mais conhecidos são Feedly e Inoreader. Publicamos um texto em 2018 que explica tim tim por tim tim porquê, pra além da praticidade, usar RSS é um pequeno ato de rebeldia tecnopolítica.

Etherpad é um editor de texto colaborativo online. É possível editar o documento online com vários usuários na mesma página em tempo real, controlar alterações e restaurar versões passadas. Seu melhor atributo é ser muito fácil de usar: basta entrar no site, nomear o arquivo e ele cria um link para o documento, facilmente compartilhável com colaboradores. Os colaboradores não precisam fazer qualquer tipo de login para acessar o documento, o que aumenta a privacidade dos usuários. É uma alternativa ao Google Docs/Drive, mesmo que sem tantos recursos.