Informática do Oprimido, de Rodrigo Ochigame, explora algumas narrativas alternativas à visão dominante da tecnologia e que desafiam a pretensa universalidade dos modelos técnicos ocidentais. Como seria, por exemplo, nossas bibliotecas digitais, plataformas de busca e sistemas de catalogação se o “modelo cubano” descrito por Setién Quesada neste livro tivesse se tornado o paradigma dominante da ciência da informação? E se, em vez de redes sociais centralizadas em servidores corporativos, tivéssemos desenvolvido plataformas inspiradas nessas práticas de intercomunicação dos oprimidos, onde a topologia da rede refletisse as relações éticas e políticas que desejamos construir?
A segunda parte do livro, Propostas para infraestruturas digitais democráticas, avança para a proposição ao trazer sua experiência com movimentos sociais e redes de pesquisadores no Sul Global para apresentar sete propostas concretas para infraestruturas digitais orientadas ao interesse público e sob controle democrático.
Da recuperação histórica de alternativas tecnológicas do passado à imaginação de possibilidades concretas para o futuro, este livro nos lembra sempre que a tecnologia não é – nem nunca foi, nem nunca será – neutra. Seus códigos, algoritmos e interfaces são campos de batalha onde valores, visões de mundo e projetos de sociedade disputam hegemonia. E é precisamente no reconhecimento dessa não-neutralidade que reside nossa capacidade de resistir e recriar.
Este é o segundo livro da coleção <âncoras do futuro>, criada pela Funilaria em parceria com o BaixaCultura, que busca tentar politizar o mal-estar que nos acomete hoje sobre os rumos da internet e das tecnologias.
SOBRE O AUTOR
Rodrigo Ochigame é um historiador e antropólogo que estuda computação e inteligência artificial sob uma perspectiva crítica. É professor na Universidade de Leiden (Holanda) e doutor pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
DO ILUSTRADOR
As colagens do livro foram produzidas por Léo Daruma, que é artista visual, ilustrador e designer gráfico. Dedica-se à colagem analógica/mixed media e aos fanzines, sempre com trabalhos voltados para o onírico, os filmes B, o caos, a inquietação e o surrealismo.
COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO
“O que Rodrigo Ochigame faz neste texto é defender uma informática a favor da emancipação, dos oprimidos, com seus limites e possibilidades, a partir de uma experiência concreta, que vem de longe. O tema é de extrema atualidade e relevância, e a posição de Paulo Freire está muito presente hoje quando se discute a regulamentação das redes sociais e o avanço crescente da inteligência artificial.”
Instituto Paulo Freire, no prefácio do livro.
“Ao trazer à luz experiências do Sul global, especialmente da América Latina, Informática do oprimido nos convida a questionar a história única da tecnologia e a perceber que outros futuros tecnológicos foram não apenas imaginados, como também efetivamente construídos, mesmo que por breves períodos ou em circunstâncias adversas. As redes de solidariedade e comunicação popular desenvolvidas pelos movimentos de base ligados à Teologia da Libertação, também descritas neste livro, nos oferecem outro vislumbre dessas possibilidades: comunidades eclesiais que criaram sistemas de comunicação horizontal e participativa, muito antes da internet, antecipando aspectos fundamentais da teoria de redes distribuídas. As tecnologias sociais que emergiram dessas experiências — nas quais meios analógicos, como rádios comunitárias, boletins mimeografados e redes de mensageiros, se entrelaçavam para formar uma infraestrutura de comunicação resiliente à repressão — nos mostram como uma tecnologia de fato libertadora não está necessariamente atrelada à última inovação de software ou hardware, mas à forma como suas arquiteturas de rede incorporam e amplificam valores de reciprocidade, proteção mútua e construção coletiva de saberes”.
Leonardo Foletto e Caio Valiengo, na apresentação do livro
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