hackers – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Wed, 14 Sep 2022 04:26:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg hackers – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Iniciativas tecnopolíticas feministas para conhecer e inspirar https://baixacultura.org/2021/03/08/iniciativas-tecnopoliticas-feministas-para-conhecer-e-inspirar/ https://baixacultura.org/2021/03/08/iniciativas-tecnopoliticas-feministas-para-conhecer-e-inspirar/#comments Mon, 08 Mar 2021 14:43:21 +0000 https://baixacultura.org/?p=13427 No 8 de março de 2018 fizemos um pequeno mapeamento de projetos & textos feministas e/ou com uma perspectiva feminina sobre cultura livre, direitos digitais, cultura hacker, tecnologia e ciberativismo. Três anos depois, também no 8M, atualizamos esse mapeamento (com também mais textos, artigos, ensaios) com o objetivo de pesquisa, engajamento e apoio às iniciativas de mulheres e também de expressar o lugar de reinvindicação desta data de luta e mobilização pelos direitos conquistados e pelo fim da violência contras as mulheres.

PROJETOS

       

1– 
Um projeto de TEDIC, organização que defende os direitos digitais e promove o uso de tecnologias livres, o Cyborgfeministas é um recurso para quem deseja compreender e explorar o ponto que liga questões de gênero com as tecnologias.
           

2-
Economia femini(s)ta é uma organização que nasceu em maio de 2015 com o objetivo de tornar visível a desigualdade de gênero por meio da divulgação de dados, estatísticas, conteúdo acadêmico e produção original voltada para todos os públicos.
           

3-
Genderit é um projeto do Programa de Direitos das Mulheres da Association for Progressive Communications. O site é um think tank de e para os direitos das mulheres, sexualidade, direitos sexuais e ativistas dos direitos da Internet, acadêmicos, jornalistas e defensores. Levam artigos, notícias, podcasts, vídeos, quadrinhos e blogs sobre políticas e culturas da Internet a partir de uma perspectiva feminista e interseccional, privilegiando vozes e expressões da África, Ásia, América Latina, países de língua árabe e Europa Oriental.
           

4-  
Marialab: “Somos feministas interessadas em cultura hacker e os conhecimentos que unem política, gênero e suas tecnologias. Pautamos a interseccionalidade nas nossas ações, não toleramos machismo, homofobia, transfobia, misoginia, lesbofobia, xenofobia e racismo. Nosso objetivo é semear conhecimento, autonomia com corresponsabilidade e caminhos de mudanças sociais. Somos uma coletiva hackerfeminista”
       

5- 
A Vedetas é uma servidora feminista produzida a partir de algumas integrantes do MariaLab. Ela existe para ajudar grupos feministas nas suas atividades online e aumentar a segurança e autonomia de mulheres na internet. Também há bastante material sobre cultura hacker, segurança da informação e feminismo.
                               


6
– 
O Guia Prática de Estratégias e Táticas para a Segurança Digital Feminista foi construída pela Universidade Livre Feminista, o CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), Marialab e Blogueiras Negras e SOS Corpo (Instituto Feminista para a Democracia). A proposta é provocar o debate sobre mudança de comportamento no espaço virtual e no uso de ferramentas e dispositivos que acessam a internet visando a proteger mulheres das violências sofridas na rede.
         

7-
 A PyLadies  é um grupo de mentoria com foco em ajudar mais mulheres a se tornar participantes ativas e líderes na comunidade open source Python. Sua missão é promover, educar e promover uma comunidade Python diversificada através de divulgação, educação, conferências, eventos e encontros sociais. No Brasil organiza diversas atividades e tem núcleos em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Campinas e Fortaleza, entre outras cidades.
           

8-
A Django Girls é uma organização sem fins lucrativos e uma comunidade que capacita e ajuda as mulheres a organizar oficinas de programação gratuitas, de um dia, fornecendo ferramentas, recursos e suporte. “Somos uma organização de voluntariado com centenas de pessoas contribuindo para levar mulheres mais incríveis ao mundo da tecnologia. Estamos tornando a tecnologia mais acessível criando recursos projetados com empatia.” Durante cada um dos eventos, entre 30 e 60 mulheres criam sua primeira aplicação web usando HTML, CSS, Python e Django.
             

9-
A GenderHacker é um “un estado de eterna transición y negación del binarismo extremo por el que el cuerpo indeciso debe transitar de una de las dos identidades permitidas a la otra y nunca quedarse en medio”. Site com diversos projetos, obras e trabalhos da artista e ativista trans Diego Marchante.
           

10 –
I am the Code é um movimento puxado por iniciativas da África para mobilizar governos, empresas e investidores para apoiar mulheres jovens em STEAMD (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes, Matemática e Design), especialmente em comunidades mais vulneráveis.
         

11-
Minas Programam é uma iniciativa que promove oportunidades de aprendizado sobre programação para meninas e mulheres, priorizando negras e indígenas para desfazer estereótipos de gênero e de raça que influenciam as relações com as áreas de ciências, tecnologia e computação.
             

12-
Mundo Negro é um dos primeiros portais de informação feitos para negros no Brasil, organizado e dirigido pela jornalista Silvia Nascimento, ajudou na criação de uma série de vídeos no youtube como nome #falesemmedo ligados à pagina do Mundo negro.
         

13-
Organizado a parti de Olabi, organização social que trabalha para democratizar a produção de tecnologia, o PretaLab é um projeto que foca sobre a necessidade e a pertinência de incluir mais mulheres negras na inovação e na tecnologia.
           

14-
O PrograMaria tem como objetivo empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia. Acredita que é preciso rever essas narrativas culturais que dizem o que a mulher pode ou não fazer, além de oferecer ferramentas e oportunidades para que elas aprendam.
           

15-
Mulheres na computação, iniciativa organizada por Camila Achutti, tem como missão ajudar outras meninas a ter suas vidas transformadas pela tecnologia.
           

16-
A Reprograma é uma iniciativa de impacto social que foca em ensinar programação para mulheres cis e trans que não têm recursos e/ou oportunidades para aprender a programar.
           

17-
A InfoPreta é uma empresa que tem por objetivo inserir pessoas negras, LGBTQI+ e mulheres no mercado de tecnologia, tendo como serviço principal a manutenção de hardware e softwares de computadores de todas as marcas. Também recebe lixo eletrônico para efetuar o descarte correto.
           
18- A InspirAda na Computação é um espaço de comunicação colaborativa para fortalecer a voz das mulheres na computação, ciência e tecnologia.

TEXTOS & ENTREVISTAS & RELATÓRIOS

(com links de acesso livre)
                               

1-

Relatório produzido pela organização Derecho Digitales sobre gênero, internet e feminismo na América Latina. Detalha vários projetos na área, alguns que já listados aqui, outros não. Vale acessar o texto completo, de 30 páginas.

2- A Revista Pillku, focada em cultura livre e procomún, trouxe como tema de sua edição de dez 2017 o ciberfeminismo. A edição fala desde “la resistencia, las identidades disidentes, la interseccionalidad, disputamos el acceso universal a internet, con deseos de inundar la red con contenidos feministas y descolonizar los medios digitales”.
3- Menstruapps é uma reportagem especial criado pela Coding Rights que documenta os aplicativos que monitoram a menstruação (e ganham dinheiro com isso). Reportagem, design e infográfico feito por mulheres, a partir de uma organização também com ênfase no ciberfeminismo.
4- A Radios Libres é um projeto latino-americano que pretende ser um “espaço de formação e debate em torno das tecnologias livres e da cultura livre”. Em Por una internet feminista, entrevistaram a Loreto (Maka) Bravo, da Red de Radios Comunitarias y Software Libre y Palabra Radio, que explicou como o feminismo e as tecnologias livres são ferramentas que permitem lutar contra o patriarcado.
5- Ciencia, Cyborgs y Mujeres: La Reinvención de la Naturaleza” é um livro de ensaios da antropóloga Donna Haraway. “O trabalho de Donna Haraway é uma verdadeira encruzilhada. Reúne diferentes disciplinas acadêmicas (Biologia, Antropologia, História), várias tecnologias (Fotografia, Manipulação Genética, Agricultura) e várias formas de construção de experiência (Turismo, Partidos Políticos). Seus ensaios são simultaneamente história da ciência, análise cultural, pesquisa feminista e posição política. Eles são escritos com a intenção de que aqueles que os abordem a partir de uma dessas perspectivas se encontrem caminhando pelos outros, já que nenhum deles é suficiente para capturar as nuances de textos polifônicos.”
6- A antropologia do ciborgue: As vertigens do Pós-humano” é um livro que contém 4 textos que questionam a matéria de que somos feitos. A subjetividade humana entrelaçada à imagem do ciborgue. Contém um dos textos mais famosos de Donna Haraway, “Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo socialista no finaldo século XX”.
7- O artigo “Ih, vazou!”: pensando gênero, sexualidade, violência e internet nos debates sobre “pornografia de vingança” de Beatriz Accioly Lins  tem  como  objetivo  refletir  sobre  alguns  aspectos  das  discussões  acerca  da  “pornografia  de  vingança”  (divulgação/exposição não autorizada, geralmente pela internet, de conteúdos íntimos contendo nudez e/ou sexo), categoria que vem sendo mobilizada por militantes feministas, em notícias veiculadas pela mídia e em iniciativas legislativas levadas ao Congresso Nacional.
8- O artigo “Feminismos em movimento no ciberespaço” de Fabiana Martinez discute a relação histórica entre mulheres e redes sociais e o conjunto de discursos e manifestações feministas que eclodiram em 2015.
9- O artigo “Como vencer uma eleição sem sair de casa: a ascensão do populismo digital no Brasil“, de Letícia Cesarino, é baseado em dez meses de pesquisa online em redes sociais bolsonaristas. O estudo avança sobre o conceito de populismo digital para pensar as particularidades e efeitos da digitalização contemporânea do mecanismo populista clássico descrito por Ernesto Laclau e Chantal Moufe, articulando-o com noções da cibernética, teorias de sistemas e teoria antropológica. 
10- Esse texto de Claudia Pereira Ferraz, “Ciborgue e Ciberfeminismos no Tecnocapitalismo“, aborda estudos sobre os movimentos ciberfeministas a partir das seleção das amostras em páginas feministas. Utiliza-se da metáfora ciborgue para abordar a potência das tecnologias da comunicação no tecnocapitalismo. Pressupõe que o tecnocapitalismo ainda opera com os certos espectros do colonialismo, onde as relações técnicas são privilegiadas em relação às humanas. Demonstra os ciberfeminismos mapeados no conceito de multidão, constituindo frentes de defesas contra os valores patriarcais da base do Império tecno-capitalista, em suas ações nas redes e ruas. 
11- O artigo de Joan Pujolv e Marisela Montenegro “Technology and Feminism: A Strange Couple” “constituye un prolífico programa de investigación que compara las diferencias entre mujeres y hombres en el acceso a las Tecnologías de Información y Comunicación. Las perspectivas socio-constructivistas feministas, sin embargo, abogan por la necesidad de prestar atención no sólo al “acceso”, sino también al “diseño”, y consideran las relaciones sociales como elementos codificados en el interior los artefactos tecnológicos”.
12- O artigo de Judy Wajcman “Tecnologia de produção: fazendo um trabalho de gênero” avalia o impacto das tecnologias de produção sobre as divisões sexuais na esfera do trabalho pago. A análise centra-se na observação das relações de gênero no local do trabalho. O argumento principal é que as tecnologias são moldadas a partir de relações sociais específicas, incluindo aqueles referentes a gênero.
13- O livro de Judy Wacman “Feminismo confronts technology” discute mais abertamente sobre a relação de trabalho das mulheres na cultura da tecnologia, abordando também como o feminismo discute a área da tecnologia.
14- O livro de Judy Wajcman “El Tecnofeminismo” aborda os principais debates das ciências sociais sobre tecnologia com uma perspectiva feminista: as mudanças tecnológicas em homens e mulheres, desde métodos contraceptivos, automóveis, armas e suas relações de identidade de gênero. Explora também as hierarquias na ciência e tecnologia da informação a partir de teorias feministas.
15- Paul Preciado, no livro “Manifesto contrasseuxual: Práticas subversivas de identidade sexual“, aborda temas em torno das técnicas suberversivas e tecnologias do sexo.
16- O artigo de Andyara Letícia de Sales Correia “Cibertecnologia, ciberfeminismo e tecnofeminismo: um novo olhar sobre a filosofia da tecnologia” tem por objetivo analisar formas de reconhecimento a partir do aporte teórico de Nancy Fraser e Donna Haraway, explanando a relação entre cibertecnologia e as relações de poder.
17- O “Bots como agentes de expressão: regime de visibilidades e o poder de criar redes“, de Lorena Lucas Regattieri, retoma um estudo de caso das eleições presidenciais de 2014 sobre o uso de bots no Twitter como agentes de expressão. Ao coletar dados digitais do Twitter, partiu-se de uma técnica quali e quantitativa de análise das redes sociais para cartografar as estratégias de computacionais de propaganda. Sob efeito dos bots, as modulações produzidas da interação entre atores humanos e não humanos fornecem novos parâmetros para compreender fenômenos políticos-comunicacionais.
18- O artigo “Perfis Ciborgues: humanos-robôs e robôs-humanos nos ecossistemas de informação online“, de Lorena Lucas Regattieri, trata do banco de dados de perfis ciborgues em condensação na rede e de como perfis humanos e não-humanos se organizam pelos algoritmos. Faz isso a partir de uma análise dos eventos mais populares durante a disputa eleitoral de 2014 pelo uso das redes sociais.

19- A edição da Revista Themis chamada “Novas Tecnologias Sociais no enfrentamento à violência contra as mulheres” se dedida à luta pela não violência contra as mulheres, pela igualdade de gênero e pelo fortalecimento das insituições e construções de politicas públicas afirmativas.

 

20-Acesso negado: Propriedade intelectual e democracia na era digital” da Maria Caramez Carlotto, Edições Sesc Digital, 2019.
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A curiosa história de um roteador adorado por hackers https://baixacultura.org/2021/02/24/a-curiosa-historia-de-um-roteador-adorado-por-hackers/ https://baixacultura.org/2021/02/24/a-curiosa-historia-de-um-roteador-adorado-por-hackers/#respond Wed, 24 Feb 2021 11:45:11 +0000 https://baixacultura.org/?p=13398

Kai Hendry/Flickr

Texto publicado originalmente na Vice, por Ernie Smith, traduzido e adaptado livremente para o BaixaCultura.

Como um firmware licenciado em software livre transformou um roteador da Linksys num dispositivo lendário para hackers

Em um mundo onde nossos roteadores se parecem cada vez mais com aranhas de cabeça para baixo do que com coisas que você gostaria de ter em sua sala de estar, há apenas um punhado de roteadores que podem ser considerados “famosos”.

Os esforços de Steve Jobs para vender o AirPort – principalmente usando um bambolê durante uma demonstração do produto – definitivamente merecem destaque nesta categoria. Os roteadores mesh feitos pelo Eero, de propriedade da Amazon, provavelmente também.

Mas um certo roteador da Linksys, apesar de ter quase 20 anos, leva o prêmio principal de roteador “famoso” – e tudo por causa de um recurso que inicialmente não foi documentado e, depois, se mostrou extremamente popular em uma base de usuários específica.

Estamos falando do ícone azul e preto do acesso sem fio, o Linksys WRT54G, o roteador sem fio que mostrou ao mundo o que um roteador sem fio pode fazer.

*

1988 foi o ano em que a Linksys foi formada por Janie e Victor Tsao, dois imigrantes taiwaneses nos Estados Unidos. De acordo com um perfil da Linksys na rede InC., a empresa começou como uma forma de conectar inventores com fabricantes no mercado taiwanês, mas logo mudou-se para o próprio negócio de hardware, no início dos anos 1990, chegando finalmente às então nascentes redes domésticas – um campo que, no início dos anos 2000, a Linksys passou a dominar.

Hoje, não costumamos parar muito para pensar quando precisamos comprar um roteador; você vai a uma loja (ou na internet) e compra um simples por a partir de R$100. Mas no final dos anos 1990 não era assim. O mercado de roteadores não estava no radar de muitas empresas de hardware porque a necessidade se limitava ao uso em escritórios, o que significava que instalar um roteador em casa era extremamente caro e estava fora do alcance de pessoas “normais”. É a oportunidade perfeita para um tipo de empresa não muito grandes para brincar com os “peixes grandes” do mercado.

Durante sua primeira década de existência, Janie e Victor Tsao aproveitaram essas oportunidades, usando as mudanças de mercado para ajudar a posicionar melhor seu hardware de rede. No início dos anos 90, o hardware Linksys ainda precisava vir com seus próprios drivers. Mas quando o Windows 95 da Microsoft apareceu, os drivers de conexão à rede vieram junto – e isso significava que uma grande barreira para a participação de mercado da Linksys repentinamente desapareceu da noite para o dia.

Com os modems dial-up em vias de sair, houve uma necessidade imediata. “À medida que o uso da Internet de banda larga doméstica começou a florescer no final dos anos 90, com custos muito mais altos do que para conexões dial-up, Victor percebeu que as pessoas iriam querer conectar todos os seus pequenos escritórios ou computadores domésticos a uma linha dessas”, disseram Janie e Victor na InC. “Para fazer isso, eles precisariam de um roteador, um divisor de cabos de alta tecnologia que permite que vários computadores se conectem a um único modem.”

As empresas com as quais a Linksys estava competindo estavam focadas em um mercado em que os roteadores custam quase tanto quanto um computador. Mas Victor encontrou o ponto ideal: um roteador de $ 199 que vinha com um software fácil de configurar e razoavelmente compreensível para meros mortais. E tinha o design distinto pelo qual a Linksys se tornou conhecida – uma mistura de plásticos azuis e preto, com uma série de minúsculas luzes LED na frente. Em uma análise do roteador EtherFast Cable / DSL, a PC Magazine observou que a Linksys fez muito mais do que o que era solicitado à época. “Um preço de US $ 200 seria uma inovação para um roteador de porta Ethernet dupla, mas a Linksys agregou ainda mais valor no pacote de 1,8 por 9,3 por 5,6 polegadas (HWD)”, escreveu Craig Ellison. O roteador, que podia lidar com velocidades de até 100 megabits, tinha quatro portas – e poderia, teoricamente, lidar com centenas de endereços IP. Talvez não fosse tão confiável quanto alguns de seus concorrentes mais caros, mas tinha um preço razoável para residências, o que o tornava uma proposta atraente para o mercado.

O resultado foi que o roteador se tornou um tremendo sucesso, que ajudou a Linksys ter participação de mercado muito maior que seus concorrentes. O sucesso chamou a atenção da Cisco, gigante do hardware de rede, que adquiriu a Linksys em 2003 por $500 milhões. A aquisição ocorreu em um momento em que a empresa criada por Janie e Victor estava ganhando meio bilhão de dólares por ano e crescia rapidamente no mundo, em grande parte devido ao sucesso de seus roteadores.

**

Surgido relativamente no início da história do roteador sem fio, a série de roteadores WRT54G mostrou uma flexibilidade muito além do que seu criador pretendia para o dispositivo. Ele estava basicamente em toda parte, nas prateleiras de residências e em pequenos negócios ao redor do mundo. O WRT54G, apesar do nome assustador, era o roteador sem fio que as pessoas que precisavam de um primeiramente comprariam.

Mas a razão pela qual a série WRT54G resistiu por tanto tempo, apesar de usar um protocolo sem fio que se tornou obsoleto há 12 anos, pode se resumir a um recurso que inicialmente não estava documentado – e que apareceu em meio a todas as complicações de um grande fusão, como foi o caso da compra da empresa pela Cisco. Intencionalmente ou não, o WRT54G estava escondendo algo fundamental no firmware do roteador: um software baseado em Linux.

Isso era um problema porque significava que a Linksys seria obrigada a liberar o código-fonte de seu firmware sem fio sob a GNU General Public License, que exige a distribuição do software derivado nos mesmos termos do software que o inspirou. Andrew Miklas, um contribuidor da lista de e-mail do kernel do Linux, explicou que havia entrado em contato pessoalmente com um membro da equipe da empresa e confirmado que o software era baseado em Linux. “Eu sei que algumas empresas sem fio hesitam em lançar drivers de código aberto porque temem que seus hardwares possam ficar fora das especificações”, escreveu ele. “No entanto, se os drivers já foram escritos, haveria alguma razão técnica para que eles não pudessem ser simplesmente recompilados para o hardware Intel e lançados como módulos binários?”

Em uma coluna de 2005 para o Linux Insider, Heather J. Meeker, uma advogada focada em questões de propriedade intelectual e software de código aberto, escreveu que teria sido uma tarefa difícil para a Cisco descobrir o software livre por conta própria:

“A primeira lição desse caso é a dificuldade de fazer diligência suficiente no desenvolvimento de software em uma era de desintegração vertical. A Cisco nada sabia sobre o problema, apesar de provavelmente ter feito diligências de propriedade intelectual na Linksys antes de comprar a empresa. Mas, para confundir as coisas, a Linksys provavelmente também não sabia do problema, porque a Linksys estava comprando chipsets da Broadcom, e a Broadcom provavelmente também não sabia, porque, por sua vez, terceirizou o desenvolvimento do firmware do chipset para um desenvolvedor estrangeiro. Para descobrir o problema, a Cisco teria que fazer diligência em três níveis de integração de produto, que qualquer pessoa no comércio de fusões e aquisições pode dizer que é praticamente impossível.”

Bruce Perens, um “capitalista de risco” (venture capitalist), defensor do código aberto e ex-líder do projeto para a distribuição Debian Linux, disse à LinuxDevices que a Cisco não foi culpada pelo que aconteceu. “Os subcontratados em geral não estão fazendo o suficiente para informar os clientes sobre suas obrigações sob a GPL”, disse Perens.

No entanto, as informações sobre o roteador com o firmware de código aberto estavam lá, e a postagem de Mikas rapidamente ganhou atenção na comunidade de entusiastas. Uma postagem do Slashdot já indicava possibilidades: “Isso pode ser interessante: pode fornecer a possibilidade de construir um firmware de ponto de acesso super-legal com IPsec e suporte nativo a ipv6 etc etc, usando essas informações!” Cerca de um mês após a postagem no Slashdot, a Linksys lançou seu firmware de código aberto.

Jay Gooby/Flickr

Para os hackers, essa informação abriu um mundo de oportunidades. Desenvolvedores terceirizados rapidamente adicionaram recursos ao hardware original que nunca foram planejados. O WRT54G era essencialmente um roteador comum que, agora, poderia ser “hackeado” para emitir um sinal sem fio mais poderoso – em desacordo com a Comissão Federal de Comunicações – desenvolvido em um servidor SSH ou VPN para sua rede doméstica – ou, ainda, poderia ser transformado no cérebro de um robô. O WRT54G também provou ser a raiz de alguns firmware de código aberto úteis na forma de OpenWrt e Tomato, entre outros, o que significava que havia toda uma infraestrutura para ajudar a estender seu roteador além do que o fabricante queria que você fizesse. A Cisco foi compelida pela ameaça de ação legal para lançar o firmware baseado em Linux sob a licença GPL, mas, embora tenha ficado impressionada ao ver que o dispositivo estava sendo usado para objetivos muito mais além do que a caixa dizia, não o fez.

Como a Lifehacker disse em 2006, era a maneira perfeita de transformar seu roteador de $60 em um roteador de $600, o que, provavelmente, significava que estava custando dinheiro à Cisco ter um dispositivo tão bom no mercado. Como resultado, a empresa “atualizou” o roteador de uma forma que era efetivamente um downgrade, removendo o firmware baseado em Linux e substituindo-o por um equivalente proprietário, reduzindo assim a quantidade de RAM e armazenamento que o dispositivo usava, o que tornava difícil substituir o firmware por algo criado por terceiros.

Isso irritou os usuários finais, e a Cisco (aparentemente percebendo que havia estragado tudo) lançou uma versão Linux do roteador, o WRT54GL, que restaurou as especificações removidas. Esse é o modelo que você ainda pode encontrar na Amazon hoje e ainda mantém uma página de suporte no site da Linksys – e apesar de atingir o máximo de 54 megabits por segundo por meio sem fio, um número irrisório considerando o que roteadores modernos com o mesmo preço podem fazer , ainda está à venda. Toda a confusão sobre a GPL piorou anos depois que a supervisão do firmware foi descoberta pela primeira vez – a Cisco acabou pagando um acordo para a Free Software Foundation. Hoje, a empresa vende uma linha inteira de roteadores preto e azul que mantêm suporte para firmware de código aberto. (Eles custam muito mais do que o WRT54G jamais custou.)

“Queremos que este livro expanda o público da plataforma WRT54G e o uso de dispositivos incorporados como um todo, revelando o potencial que esta plataforma tem a oferecer.”

Essa é uma passagem da introdução de “Linksys WRT54G Ultimate Hacking” de 2007, um livro que explora o fato do WRT54G ser um sistema embarcado que pode ser hackeado e usado de várias maneiras, tanto usos práticos quanto por pura diversão. A maioria das pessoas que comprou uma variante do WRT54G na Best Buy provavelmente não se importou que o firmware fosse de código aberto. Mas este fato criou uma espécie de culto em torno do dispositivo, tornando-o hackeável e capaz de fazer mais coisas do que se imaginaria – hackear este dispositivo se tornou tão comum que existe um livro inteiro de 400 páginas dedicado a isso.

Um texto do Ars Technica de 2016 revelou que o roteador, na época, ainda ganhava milhões de dólares por ano para a Linksys, que naquela época já havia sido vendido para a Belkin. Apesar de não ser nem de longe tão poderoso quanto as opções mais caras, o WRT54GL – sim, especificamente aquele com Linux – manteve seu público em sua segunda década porque foi percebido como sendo extremamente confiável e fácil de usar. “Vamos continuar a construí-lo porque as pessoas continuam comprando”, disse na época o gerente de produtos globais da Linksys, Vince La Duca, afirmando que o fator que mantinha o roteador à venda era que as peças continuavam a ser fabricadas.

Apesar de sua idade, o roteador continuou a vender bem por anos após sua data de validade e continua, ainda hoje, sendo amado por muitos hackers – em grande parte devido à sua dependência de drivers de código aberto. Se a sua base de usuários está dizendo para você se manter fiel a algo, continue.

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Tecnopolítica & Contracultura em Porto Alegre https://baixacultura.org/2019/09/30/tecnopolitica-contracultura-em-porto-alegre/ https://baixacultura.org/2019/09/30/tecnopolitica-contracultura-em-porto-alegre/#respond Mon, 30 Sep 2019 12:48:02 +0000 https://baixacultura.org/?p=13011

A terceira edição do curso”Tecnopolítica e Contracultura” chega a Porto Alegre em Outubro, no querido espaço da APPH (Associação de Pesquisas e Práticas em Humanidades), no centro da cidade. Serão três dias de intensas trocas sobre um pensamento tecnopolítico que atravessa os autonomistas italianos da década de 1970, passa pela explosão de criatividade (e otimismo) dos 1990, é alimentado pelas ideias e princípios hackers dos 1980, 1990 e 2000 e chega na encruzilhada do final desta década de 2010 buscando entender o que deu errado no mundo digital e o que pode (deve?) mudar para que possamos sair da “ressaca da internet” que tanto comentamos.

Atualizamos a bibliografia com novas leituras e organizamos melhor as referências do curso, que como os participantes das outras edições já sabem, disponibilizamos ao final (em PDF).

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Tecnopolítica e Contracultura: um passeio pelo pensamento de anarquistas, autonomistas, hackers e outros rebeldes
24, 25 e 26/10, na APPH, em Porto Alegre.
20 vagas. Inscrições aqui – Estudantes e apoiadores/as do BaixaCultura no Apoia.se ganham desconto.
Evento no Facebook.
Quer fazer o curso mas não tem como pagar agora? Nos escreva que conversamos: info@baixacultura.org
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Se nos anos 1990, com o casamento do digital com a internet, enxergávamos enormes possibilidades de libertação (da informação de grandes grupos midiáticos, de liberdade de falar o que bem quiser, de criar tecnologias e mundos novos), hoje parece que estamos a lidar com consequências nefastas, representadas em uma palavra na moda nestes tempos: distopia. Nos descuidamos – ou não conseguimos? – prestar atenção na ascensão de plataformas globais de tecnologia, que por sua vez construíram bolhas de informação que confirmam pontos de vista, espalham mentiras e criam realidades alternativas que em muitos casos não há informação comprovada que consiga mudar.

Como podemos compreender o contexto tecnopolítico hoje? Que caminhos podemos apontar para discutirmos e transformarmos a política que sempre está junto na construção de tecnologias? A proposta desse curso é buscar algumas respostas para estas perguntas olhando para o passado e o presente e passear por alguns pensamentos rebeldes sobre a tecnologia desenvolvidos na segunda metade do século XX até hoje. Começamos pelos autonomistas surgidos no ‘maio de 68’ italiano que durou mais de uma década, com foco especial em Antonio Negri, Franco “Bifo” Berardi, Paolo Virno e Mário Tronti. Passamos pela explosão de novidades da arte e do ativismo digital dos anos 1990, com Wu Ming, mídia tática, altermundistas, Critical Art Ensemble, zapatistas e autores como Pierre Levy, Manuel Castells, Bifo (novamente) e Richard Barbrook; continuamos com os hackers, “paranóicos visionários”, e seus princípios éticos de transparência, liberdade e autonomia com as tecnologias, a partir das ideias de Richard Stallman, Pekka Himanen, Sérgio Amadeu, Eric Raymond, César Rendueles, Aracele Torres, entre outres; e chegamos até hoje, com a ascensão das redes sociais como principais espaços de discussão pública nas redes digitais e o fim da internet como a conhecemos nos 1990 e 2000, no que chamamos de “ressaca da internet”, com autores como Jaron Lanier, Bifo (de novo!), Evgeny Morozov, Shoshana Zuboff, Jonathan Crary e Trebor Scholz.

Esta é terceira edição deste curso-experimento; a primeira foi realizada em 2/2019, em São Paulo, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc e a segunda em 6/2019 na UFSM, em Santa Maria-RS.

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Tecnopolítica & contracultura em Santa Maria https://baixacultura.org/2019/05/30/tecnopolitica-contracultura-em-santa-maria/ https://baixacultura.org/2019/05/30/tecnopolitica-contracultura-em-santa-maria/#comments Thu, 30 May 2019 22:11:02 +0000 https://baixacultura.org/?p=12842

 

Estamos orgulhosos de anunciar a segunda edição do nosso curso “Tecnopolítica e Contracultura: Um passeio pelo pensamento-ação tecnopolítico de anarquistas, autonomistas, hackers e outros rebeldes“, agora em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.

O curso teve sua primeira edição em fevereiro de 2019 no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc em São Paulo (confira como foi) e agora chega em uma versão condensada e de guerrilha em Santa Maria. Além de discutir, vamos trazer (e disponibilizar) uma bibliografia reunida de anos e , também, propor movimentos práticos para a ação.

O disparador são os conceitos que atravessaram a contracultura e chegaram até o universo hacker atual, e além. Partindo dos movimentos das décadas de 60, 70 e 80 do século XX focamos em conceitos e práticas ligados ao pensamento e ao universo sociotécnico. Demonstramos a atualidade desses termos para pensarmos o hoje e sairmos da paralisia contemporânea que está nos arrastando para pontos de catástrofe, de não retorno.

Assim, frente aos esgotamentos das formas de representação social e política e das formas clássicas de organização do social, das instituições da modernidade, do público e do privado, como pensar esses deslocamentos, com que ferramentas e que aberturas ou brechas é possível cartografar? É possível cartografar nuvens e fumaça?

Para tentar fazer melhores perguntas e aproximarmos de respostas que nos convoquem para ação, propomos esse curso: “Tecnopolítica e Contracultura“, conduzido por Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, jornalista e doutor em comunicação pela UFRGS, e Leonardo Palma, pesquisador independente, agitador cultural radicado em Santa Maria, ativista da Rede Universidade Nômade e um profundo conhecedor da obra dos autonomistas italianos a partir da década de 1970.

O passeio teórico-prático busca resgatar um pensamento tecnopolítico em quatro momentos:
1) os autonomistas italianos da década de 1970;
2) pós-operaísmo, altermundistas, Fórum Social Mundial e mídia tática dos 1990; 3)
hackers: paranóicos visionários, dos 1980, 1990 e 2000;
4) hoje, com a ascensão das redes sociais como principais espaços de discussão pública nas redes digitais e o fim da internet como a conhecemos nos 1990 e 2000.

Será realizado dias 6 e 7 de junho, das 14h às 18h30, no Auditório do Nesaf (prédio 44F), no campus em Camobi da UFSM, em Santa Maria [para chegar no 44F, desça em frente ao CAL – Centro de Artes e Letras (CAL), passe o CCCR 1 (prédio 42), o CCR2 (44); atravessa a rua e lá está o 44F CCR e dentro o Auditório].

Por conta do apoio do Programa de Pós Graduação em Extensão Rural e do Núcleo de Estudos e Extensão em Desenvolvimento Territorial (NEDET) da Universidade Federal de Santa Maria, o curso custa R$10 (para estudantes universitários ou secundaristas) e R$30 (público geral). Pagamento realizado na hora, presencial.

Inscrições: https://forms.gle/HyUWsoNYFLTimcQV9

SERVIÇO
Tecnopolítica e Contracultura
6 e 7 de junho, 14h às 18h30
Auditório do Nesaf (prédio 44F), Campus UFSM
Santa Maria, RS
R$10 (para estudantes universitários ou secundaristas) e R$25 (público geral)
Evento Facebook
Pagamento realizado na hora

Apoios

Programa de Pós Graduação em Extensão Rural e do Núcleo de Estudos e Extensão em Desenvolvimento Territorial (NEDET) da Universidade Federal de Santa Maria
Rede Sina
Baleiro das Artes
Ultra Produtora
Disco Voador
PhotoCópias

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Pela liberdade de Julian Assange e Ola Bini https://baixacultura.org/2019/04/15/pela-liberdade-de-julian-assange-e-ola-bini/ https://baixacultura.org/2019/04/15/pela-liberdade-de-julian-assange-e-ola-bini/#respond Mon, 15 Apr 2019 11:58:40 +0000 https://baixacultura.org/?p=12800

Julian Assange foi preso pela polícia britânica na quinta-feira 11 de abril, na Embaixada do Equador em Londres, onde o hacker australiano de 47 anos estava abrigado desde 2012. A polícia disse que prendeu Assange depois de ser “convidada a entrar na embaixada pelo embaixador, após a retirada do asilo pelo governo equatoriano”. Há muita coisa envolvida nessa prisão que vamos explicar (ou tentar) aqui nesse texto.

ACUSAÇÃO

Glenn Greenwald e Micah Lee, no The Intercept, explicam que o conteúdo da acusação contra Julian Assange, revelado pelo Departamento de Justiça dos EUA de Trump, “representa grande ameaça à liberdade de imprensa, não apenas nos EUA, mas em todo o mundo”. O documento de denúncia, acompanhado do pedido de extradição pelo governo dos EUA, que foi usado pela polícia do Reino Unido para prender Assange tão logo o Equador suspendeu oficialmente o asilo diplomático, pretende criminalizar diversas atividades que fazem parte da essência do jornalismo investigativo. Por exemplo: Assange é diretamente acusado de tentar ajudar Chelsea Manning a se conectar aos computadores do Departamento de Defesa empregando um nome de usuário diferente, para que ela pudesse manter seu anonimato enquanto fazia o download de documentos de interesse público e os encaminhava ao WikiLeaks para publicação. Na prática, é uma acusação que caracteriza como condutas criminosas ações como a proteção do anonimato, algo que os jornalistas não apenas podem, mas devem tomar para praticar uma atividade jornalística sensível na era digital.

Muitos veículos de mídia, explica o The Intercept, “repercutiram sem pensar a manchete do comunicado de imprensa do DOJ, que alegava que Assange estaria sendo acusado por condutas criminosas de “hacker”, muito embora a denúncia não contenha nenhuma acusação nesse sentido. Assange está sendo acusado simplesmente de tentar ajudar Manning a escapar da identificação. Isso não é “hackear”, é simplesmente uma obrigação fundamental do jornalismo.”

EXTRADIÇÃO

Continuam Greenwald e Lee: “O governo dos EUA está determinado a indiciar Julian Assange e o WikiLeaks pelo menos desde 2010, quando o grupo publicou centenas de milhares de documentos de guerra e telegramas diplomáticos que revelavam inúmeros crimes de guerra e outros atos de corrupção cometidos pelos EUA, pelo Reino Unido e por outros governos de todo o mundo. Para atingir esse objetivo, o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) do período Obama convocou um júri em 2011 e conduziu uma investigação aprofundada sobre o WikiLeaks, Assange e Manning. Em 2013, porém, o DOJ de Obama concluiu que não poderia acusar criminalmente Assange pela publicação dos documentos, porque não havia forma de distinguir o que o WikiLeaks fazia daquilo que o New York Times, o Guardian e diversos veículos de mídia do mundo inteiro fazem regularmente: a saber, trabalhar com fontes para publicar documentos confidenciais.

Com Trump, o DOJ não escondeu esforços para criminalizar o jornalismo em geral e foi assim, que, depois de dois anos de esforços em coagir o Equador a terminar com o asilo diplomático de Assange, conseguiu o que queria. Encontrou em Lenin Moreno, atual presidente equatoriano, um submisso aliado, e a partir daí não foi difícil encontrar motivos para tirar Assange da embaixada, o que permitiria que o Reino Unido realizasse a prisão sob acusações de descumprimento de intimação judicial em um processo em Londres. A acusação de abuso sexual que Assange tinha na Suécia foi encerrado não vale mais, , não por terem concluído que ele era inocente, mas porque passaram anos tentando extraditá-lo sem sucesso. Mesmo dizendo que não vai, o governo britânico pode acatar um pedido de extradição do governo dos EUA para deportá-lo para um país com o qual ele não tem relação (os EUA) para ser julgado pelos documentos vazados.

“Trata-se de um pedido de extradição para os Estados Unidos, com a possibilidade de Julian enfrentar muitos anos na prisão por ter publicado documentos que revelaram crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão”, diz em entrevista à Pública o editor-chefe do WikiLeaks, o jornalista islandês Kristinn Hrafnsson.”

Outra questão importante nesse caso foi levantada em reportagem da MotherBoard: Um membro da equipe que examinou as condições médicas de Julian Assange nos últimos dois anos disse a três grupos internacionais de direitos humanos que ele apresentava “efeitos negativos psicológicos e físicos”, de seus sete anos de detenção na embaixada equatoriana em Londres. A médica acredita que a “severidade acumulada da dor e sofrimento infligidos ao Sr. Assange – tanto físicos quanto psicológicos – é uma violação da Convenção Contra a Tortura de 1984”.

LIBERDADE É ESCRAVIDÃO

Slavoj Zizek, filósofo esloveno, fez um texto certeiro sobre a prisão de Assange. Escreve ele: “Agora podemos ver porquê Assange precisou ser silenciado: depois do escândalo da Cambrigde Analytica vir à tona, todos os esforços dos que estão no poder se voltaram a reduzir o caso a um “mau uso” particular, de algumas empresas privadas e partidos políticos. (…) Hoje sabemos que não foram hackers russos (com Assange) que empurraram o povo para Trump. Em vez disso, eles foram impulsados por próprias agências ocidentais de processamento de dados, que se uniram a forças políticas”. Algo que Assange, o Wikileaks e diversos outros hackers e criptopunks chamados de paranóicos denunciam faz mais de uma década.

“A maior conquista do novo complexo cognitivo-militar”, continua Zizek, “é que a opressão direta e óbvia não é mais necessária: os indivíduos podem ser muito melhor controlados e orientados na direção desejada, quando continuam a se enxergar como pessoas livres e como agentes autônomos de suas próprias vidas. Esta é mais uma lição-chave do Wikileaks: nossa falta de liberdade é mais perigosa quando vivenciada como o próprio meio de nossa liberdade. O que poderia ser mais livre do que o incessante fluxo de comunicação que permite que cada indivíduo possa popularizar sua opinião e formar comunidades virtuais por vontade própria?. O que pode ser mais livre que nossa navegação irrestrita na rede?” Em nossas sociedades, permissividade e livre escolha foram elevadas a valores supremos. Por isso, o controle social e a dominação não parecem infringir a liberdade subjetiva. Aparecem (e são sustentadas) como a própria auto-experiência de indivíduos livres.

É por isso, finaliza o esloveno, “que se torna absolutamente imperativo manter as redes digitais longe do controle do capital privado e do poder do Estado”. Se não privado nem estatal, então comum? Taí: fortalecer a ideia de que as redes digitais e a internet tornem-se um comum, como chegaram a ser nos primeiros anos, onde quem organiza e controla são as próprias pessoas, a partir de diversas instâncias de participação e cuidado, é uma boa e difícil (aposta de) luta para os próximos tempos.

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Ola Bini, desenvolvedor de software livre e ativista pela liberdade na rede, foi detido no aeroporto de Quito, Equador, no mesmo 11 de abril em que Assange foi preso, quando embarcava para o Japão. Após mais de 24 horas sem direito a acesso a intérprete, advogado e sem notificar o seu país de origem (Suécia), a detenção foi convertida em prisão preventiva, que pode chegar até 90 dias. Sem uma acusação concreta, as autoridades do Equador anunciaram que o caso seria de um ‘hacker ligado ao Wikileaks’ e divulgaram em redes sociais o que seriam as evidências apreendidas em sua casa: laptops, tablets, celulares, hds e livros como “Cyber War” de Richard A. Clarke… Equipamentos que muitos profissionais da área da segurança da informação usam no dia a dia.

Desde 2015 Ola Bini participa como palestrante e apoiador da Cryptorave. Na sexta edição, que vai ocorrer 3 e 4 de maio deste ano, ele participaria com uma atividade sobre desenvolvimento de software com segurança por padrão. Familiares, colegas de trabalho, amigos e ativistas ao redor do mundo estão organizando uma rede por sua liberdade e um site: FreeOlaBini. Abaixo uma carta do próprio:

Carta de Ola Bini da prisão de El Inca, Equador

1. Primeiro, quero agradecer a todas as pessoas que estão me apoiando aí fora. Me contaram da atenção que este caso despertou no mundo todo e isso é algo que agradeço mais do posso expressar com palavras. A minha família, meus amigos, a todos os que estão próximos, mando todo meu amor. Tenho sempre em meus pensamentos.

2. Acredito firmemente no direito a privacidade. Sem privacidade não é possível agir e sem agir, somos escravos. Por isso dediquei a minha vida a esta luta. A vigilância é uma ameaça para todos nós, e nós devemos pará-la.

3. Os líderes do mundo estão promovendo uma guerra contra o conhecimento. O caso contra mim é baseado nos livros que eu tenho lido e da tecnologia que eu tenho. Isso é algo Orwelliano – uma Crimideia. Não podemos deixar que isso aconteça. O mundo se fechará mais e mais ao nosso redor até que não nos reste mais nada. Se o Equador pode fazer isso, outros também podem. Temos que parar essa ideia agora, antes que isso seja tarde demais.

4. Eu tenho confiança que será óbvio que não há substância para esse caso, e que isso acabará em nada.

5. Não posso evitar de falar algo sobre o sistema penal equatoriano. Eu estou sendo detido nas melhores circunstâncias e ainda assim é terrível. É necessário uma séria reforma. Meus pensamentos vão para todos os demais presos no Equador.

Ola Bini

 

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Tecnopolítica e contracultura: um experimento em ação https://baixacultura.org/2019/02/18/tecnopolitica-e-contracultura-um-experimento-em-acao/ https://baixacultura.org/2019/02/18/tecnopolitica-e-contracultura-um-experimento-em-acao/#comments Mon, 18 Feb 2019 15:42:26 +0000 https://baixacultura.org/?p=12728

Terminou na última quarta-feira, 13 de fevereiro, a primeira edição do curso “Tecnopolítica & Contracultura”, um passeio pelo pensamento e ação de autonomistas, anarquistas, hackers e outrxs rebeldes. Durante três dias, propomos – este que cá escreve, Leonardo Foletto, e Leonardo Retamoso palma – uma jornada por ideias, conceitos, práticas, ações e referências em busca da retomada de um pensamento tecnopolítico que bebe muito na fonte dos autonomismo e operaísmo italiano da década de 1960 para encontrar saídas de análise e ação dessa “ressaca da internet” que nos metemos neste final de década de 2010. Um público muito diverso, de cerca de 30 pessoas nos 3 dias, aceitou nossa proposta e embarcou no passeio: de recém saídos do Ensino Médio a professores pós-doutores de universidades, passando por artistas, programadores, designers, jornalistas e arquitetas, nos tornamos uma potente multidão em busca de abrir as caixas-pretas da tecnologia e entender como se dá essa louca composição que nos causa esperança e sofrimento, depressão e euforia, liberdade e prisão.

O autonomismo italiano serviu como um primeiro recorte histórico de um movimento/período/grupo que, além de tomar ruas, fábricas e universidades, criou suas próprias tecnologias (como a Rádio Alice, pioneira rádio livre criada em 1977 e com boa parte de seu acervo nesse site) e não se furtou a disputar a tecnologia em vez de demonizá-la – ou idolatrá-la como a salvação para os problemas da humanidade, esquecendo do elemento humano e político em sua construção. Depois, os fabulosos 1990 trouxeram altermundistas, zapatistas, ciberativistas, hackers e militantes do software livre a compor uma poderosa frente contra o capital global que buscava (e ainda busca) a decomposição em busca da dominação. A criatividade, expressa na guerrilha da comunicação/artivismo, foi essencial nesse período, com os teatros midiáticos coletivos de Luther Blisset e Wu Ming, bem conhecidos de quem frequenta esse espaço virtual; os protestos pacíficos dos Tute Bianche, que iam para o front (mesmo) dos protestos com chamativas roupas e equipamentos de brinquedo para pontuar o ridículo do conflito armado; os sit-in virtuais em prol dos zapatistas, que interditavam sites estratégicos em prol de uma causa específica. Com esses e outros diversos exemplos, trouxemos a discussão para o presente e identificamos como a arte, quando formada pelo encontro ingovernável de corpos eróticos, é fundamental na mudança de perspectiva sobre ruas, computadores, governos, instituições e nós mesmos.

Por fim, trouxemos os hackers e sua ética de liberdade e transparência, fundamental para a construção da internet livre como a conhecíamos até pouco tempo atrás. Pontuamos no debate os princípios contraculturais da ética hacker (aqui tem bastante material sobre isso, feito para minhas aulas de Cultura Hacker e Jornalismo), mas ouvimos o feedback que, por menos discriminatórios que sejam alguns dos princípios hackers, a prática nos diz que muitos hackers e programadores endossam o machismo e a misoginia. Para reverter esse processo é fundamental o trabalho de iniciativas que relacionam as questões feministas e LGBTQ com as tecnologias digitais e a cultura hacker, como muitas das que divulgamos nesse post no 8 de março de 2018, hackerspaces como MariaLab, grupos como Mulheres na Tecnologia e iniciativas recentes como o portal Acoso Online, que trata de trazer informações sobre publicação sem consentimento de imagens e vídeos íntimos por meios eletrônicos.


Finalizamos, nas duas horas finais das 12h de curso, com algumas inquietações, sugestões de ações e trechos de textos que nos convidam a agir.
Abrir as caixas-pretas, da tecnologia e dos sistemas políticos, econômicos e institucionais, em busca da transparência desses sistemas é um objetivo sempre em vista.
Que a urgência desse momento de tantos retrocessos e conservadorismo global seja uma inquietação para agir, não para se desesperar; há muito o que se construir, se unir e (re) lembrar afinal porque somos humanos e porque o conhecimento que produzimos pode servir para a busca de justiça social e redução das desigualdades.
Que, na aceleração da infoesfera que nos entope de informação, limitar (ou organizar) os muitos estímulos vindo de todos lados é não somente razoável como necessário para agir.
Que é importante politizar o mal-estar, como nos fala Amador Fernandez-Savater; que esse mal-estar geral que vivemos em torno dos retrocessos e ascensão de práticas relacionadas ao que chamamos de fascismo pode ser elaborado enquanto força afirmativa de transformação e de construção de possibilidades e modos de viver. Não deixar o choro e o sofrimento em casa, mas sim trazê-los, junto com o mal-estar, para o debate (hay que vir llorado de casa!) e falar sobre ele. Mesmo que não se saiba onde essa discussão vai dar: no caminho podem ocorrer mudanças que nos tiram do imobilismo da crítica pela crítica. Aprender a viver a partir e com a crise é um primeiro passo para sair dela, o que inclui não negar o subjetivo e os afetos na política, mas unir estes afetos, destrinchá-los e trabalhar com eles, compartilhando vulnerabilidades – situações como a dos três dias de curso que propomos são algumas das possíveis de fazer essa discussão.

“A ação da multidão não é outra coisa que esta proliferação contínua de experiências vitais que têm em comum a negação da morte, a recusa radical e definitiva do que paralisa o processo da vida”. (Antonio Negri)]

[A ‘deserotização’ da vida cotidiana é o pior desastre que a humanidade pode conhecer…é que se perde a
empatia, a compreensão erótica do outro…” (Franco Berardi, Bifo)]

[“A ação … diz respeito, antes de mais nada, ao sentir. Agir significa modificar a maneira de sentir junto…” (Maurizio Lazzarato)]

[“Refiro-me à multidão de festa, à multidão de alegria, à multidão espontaneamente amorosa, embriagada apenas pelo prazer de se reunir por se reunir.” (Gabriel Tarde)]

[“… o mais profundo é a pele…” (Paul Valéry)]

“Tecnopolítica e Contracultura” é um experimento disparador de ideias e ações que visam a nos tirar da letargia do “não há nada a fazer”. Como tal, segue em outros locais e com outras pessoas; nas próximas semanas vamos avisando os próximos passos e datas. Aqui está o material guia utilizado no curso. Adelante!

 

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Mesa 4: como nos inserimos em um movimento global? https://baixacultura.org/2018/11/19/cultura-livre-como-nos-inserimos-em-um-movimento-global/ https://baixacultura.org/2018/11/19/cultura-livre-como-nos-inserimos-em-um-movimento-global/#respond Mon, 19 Nov 2018 14:21:47 +0000 https://baixacultura.org/?p=12621

Nascido enquanto movimento *mais ou menos* organizado a partir da pauta anticopyright, a cultura livre é, para a maior parte da população do sul (e do norte também) global, uma incógnita. Cultura livre é compartilhar cultura nas redes para todes? É acesso livre e gratuito à bens culturais? Se é isso, como se sobrevive disponibilizando obras de formas gratuitas? Como fica a remuneração dos autores? Se cultura livre é buscar práticas alternativas de remuneração à autorxs e produtorxs de conteúdo, quais são estas práticas? quem sobrevive disponibilizando suas obras gratuitamente? Se cultura livre implica uma crítica à propriedade intelectual que restringe e criminaliza o intercâmbio de cultura, qual a alternativa que propõe? Se é um movimento social “digital”, como se organiza? quais são as pautas? quem são os principais atores nessa história? Se é uma cultura feita de forma “livre”, sem amarras com movimentos, organizações e quaisquer outros fatores que tornam a cultura presa e fechada, como ela se manifesta na sociedade? quem produz essa cultura livre?

Para discutir como o *movimento* de cultura livre se organiza no sul global é que propusemos esta mesa. Se a cultura livre é tudo isso falado acima – acesso livre e gratuito, formas alternativas de remuneração e disponibilização de bens culturais, movimento social digital, uma forma de fazer cultura mais “livre” – como que ela vem se organizando no nosso sul global? Quem são nossos parceiros institucionais ao redor do mundo e, principalmente, no sul global? quais as principais redes que lutam no dia a dia pela cultura livre e o conhecimento aberto? Quem são os principais instituições, coletivos, pessoas e redes que tomam parte nas disputas travadas sobre os nossos princípios de atuação?

Por quê, se ainda não está claro, deveria: para fazer e propagar a cultura livre, precisamos colaborar e tecer redes. Se a cultura livre é um movimento que se diz contra o status quo dos monopólios do copyright capitalista patriarcal, de que forma podemos nos unir e tentar pequenos “hackeamentos” nesse sistema? Como fazemos para juntarmos forças e cuidarmos de nossas redes, nossos trabalhos, esforços e vidas? A provocação que fazemos para a discussão nessa mesa é: quais os desafios para tecer e sustentar redes locais e globais e quem podemos contar como parceiros, institucionais e pessoais, no para nossa atuação no sul global?

Para isso, teremos como participantes:

_ Constanza Belén Verón, que ocupa a função de “Encargada de comunidad” da Wikimedia Argentina, espaço local de uma das principais instituições que defende a cultura livre e o conhecimento aberto, responsável pela Wikipedia, este monumento à colaboração e a cultura livre na rede;
_ Juliana Guerra, ativista e participante de espaços coletivos feministas da América Latina;
_ Leonardo Sehn, colaborador do Centro de Tecnologia Acadêmica do Intituto de Física da UFRGS (CTA IF/UFRGS), espaço voltado ao desenvolvimento de tecnologias livres e para a integração de novos paradigmas de produção e disseminação do conhecimento, como tecnologias livres, recursos educacionais abertos e ciência aberta; responsável pela EITCHA!, Escola Itinerante de Tecnologia Cidadã Hacker que foi beneficiária do primeiro Mozilla Science Mini-Grants, e participante da comunidade do GOSH, Hardware para Ciência Aberta Global;
_ Marcela Basch, periodista, editora de El Plan C, portal de economia colaborativa e cultura libre da argentina e uma das organizadoras de Comunes, encontro de de cultura libre y economia colaborativa anual em sua 3º edição, realizado em Buenos Aires;
_ Rodrigo Savazoni; escritor, pesquisador e diretor executivo do Instituto Procomum, responsável pelo LabxSantista, laboratório de inovação cidadã situado em Santos, São Paulo.

Como mediadores, relatores e co-participantes da charla, teremos:
_ Leonardo Foletto jornalista, pesquisador e professor, doutor em comunicação UFRGS, editor do BaixaCultura e integrante da CCD POA, coletivo de direitos digitais baseados em Porto Alegre;
_Janaína Spode, produtora cultural e ciberativista na CCD POA;

A transmissão da mesa será realizada via streaming no canal do BaixaCultura, às 19h GMT – 16h em Uruguay/Argentina, 17h no Brasil e 20h na Espanha.

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Nacido como movimiento * más o menos * organizado a partir de la pauta anticopyright, la cultura libre es, para la mayor parte de la población del sur (y del norte también) global, una incógnita. ¿La cultura libre es compartir cultura en las redes para todos? ¿Es el acceso libre y gratuito a los bienes culturales? Si es así, ¿cómo se sobrevive ofreciendo obras de formas gratuitas? ¿Cómo queda la remuneración de los autores? Si la cultura libre es buscar prácticas alternativas de remuneración a autorxs y productores de contenido, cuáles son estas prácticas? ¿quién sobrevive ofreciendo sus obras gratuitamente? Si la cultura libre implica una crítica a la propiedad intelectual que restringe y criminaliza el intercambio de cultura, ¿cuál es la alternativa que propone? Si es un movimiento social “digital”, cómo se organiza? ¿Cuáles son las pautas? ¿quiénes son los principales actores en esa historia? Si es una cultura hecha de forma “libre”, sin amarras con movimientos, organizaciones y cualesquiera otros factores que hacen la cultura presa y cerrada, como ella se manifiesta en la sociedad? ¿quién produce esa cultura libre?

Para discutir cómo el *movimiento* de cultura libre se organiza en el sur global es que propusimos esta mesa. Si la cultura libre es todo esto hablado arriba – acceso libre y gratuito, formas alternativas de remuneración y disponibilización de bienes culturales, movimiento social digital, una forma de hacer cultura más “libre” – cómo se viene organizando en nuestro sur global? ¿Quiénes son nuestros socios institucionales alrededor del mundo y, principalmente, en el sur global? ¿Cuáles son las principales redes que luchan día a día por la cultura libre y el conocimiento abierto? ¿Quiénes son las principales instituciones, colectivos, personas y redes que toman parte en las disputas trabadas sobre nuestros principios de actuación?

Por qué, si aún no está claro, debería: para hacer y propagar la cultura libre, necesitamos colaborar y tejer redes. Si la cultura libre es un movimiento que se dice contra el status quo de los monopolios del copyright capitalista patriarcal, ¿de qué forma podemos unirnos e intentar pequeños “hackeamientos” en ese sistema? ¿Cómo hacemos para juntar fuerzas y cuidar de nuestras redes, nuestros trabajos, esfuerzos y vidas? La provocación que hacemos para la discusión en esta mesa es: ¿cuáles son los desafíos para tejer y sostener redes locales y globales y quién podemos contar como socios, institucionales y personales, para nuestra actuación en el sur global?

Para ello, tendremos como participantes:

_ Constanza Belén Verón, encargada de comunidad de Wikimedia Argentina, espacio local de una de las principales instituciones que defiende la cultura libre y el conocimiento abierto, responsable de Wikipedia, este monumento a la colaboración y la cultura libre en la red ;
_ Juliana Guerra, activista y participante en espacios colectivos feministas en América Latina;
_ Leonardo Shen, colaborador del Centro de Tecnología Académica del Instituto de Física de la UFRGS (CTA IF/UFRGS), espacio orientado al desarrollo de tecnologías libres y para la integración de nuevos paradigmas de producción y diseminación del conocimiento, como tecnologías libres, recursos educativos abiertos y ciencia abierta; responsable por EITCHA!, Escuela Itinerante de Tecnología Ciudadana Hacker que se ha beneficiado de la primera Mozilla Science Mini-Grants, y participante de la comunidad del GOSH, Hardware para Ciencia Abierta Global;
_ Marcela Basch, periodista, editora de El Plan C, portal de economía colaborativa y cultura libre desde Argentina y una de las organizadoras de Comunes, encuentro de cultura libre y economía colaborativa anual en su 3º edición, realizado en Buenos Aires;
_ Rodrigo Savazoni; escritor, investigador y director executivo de Instituto Procomum, responsable por LabxSantista, laboratorio de inovación ciudadana em Santos, São Paulo.

Como mediadores y co-participantes de la charla, tenemos:
_ Leonardo Foletto, periodista, investigador y profesor, doctor en comunicación UFRGS, editor del BaixaCultura e integrante de la CCD POA, colectivo de derechos digitales basados ​​en Porto Alegre
_ Janaína Spode, productora cultural y ciberativista en la CCD POA;

La transmisión de la mesa será realizada vía streaming en el canal del BaixaCultura, a las 19:00 GMT – 16h en Uruguay / Argentina, 17h en Brasil y 20h en España.

 

 

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Articular a cultura livre desde o sul global https://baixacultura.org/2018/10/07/1o-encontro-de-cultura-livre-do-sul-21-22-e-23-de-novembro/ https://baixacultura.org/2018/10/07/1o-encontro-de-cultura-livre-do-sul-21-22-e-23-de-novembro/#respond Sun, 07 Oct 2018 17:56:28 +0000 https://baixacultura.org/?p=12584

O ENCONTRO

A cultura livre é jeito /maneira de produzir cultura que promove o compartilhamento e a continuidade de obras culturais como bens comuns da humanidade. Como ideia, existe desde que a cultura existe, mas, como proposta prática mais organizada, nasce inspirada no movimento do software livre e nas 4 liberdades por ele fundamentadas, ainda nos anos 1980 e 1990, e se espalha pelo mundo a partir da luta anticopyright do início dos 2000 e das licenças livres, das quais as mais conhecidas e bem sucedidas hoje são o Creative Commons (CC).

Com a transformação da internet nos últimos anos, como, em 2018, a ideia da cultura livre permanece? quais são as atuais discussões que envolvem a temática no sul global? Quais iniciativas, pessoas, projetos, coletivos, instituições que hoje defendem e atuam na cultura livre? Quais os desafios de sustentabilidade postos em iniciativas de cultura livre num mundo onde a internet está cada vez mais centralizada? Passados mais de 15 anos da criação das licenças CC, um marco na história recente da cultura livre, como está a discussão sobre as leis de direitos autorais hoje? Quais os bens culturais (publicações, filmes, músicas, artes visuais, tecnologias, sítios) produzidos em diálogo com a cultura livre?

Com essas provocações em mente, queremos realizar um encontro 100 % online para unirmos nós, xs autorxs, produtorxs e ativistas da cultura livre, com outras pessoas que buscam conhecer o movimento e se aproximar, informando-nos do “estado da arte” no sul global. Será nos dias 21, 22 e 23 de novembro de 2018, na internet, em diversos nós e páginas da internet que explicamos melhor mais abaixo.

A chamada para o encontro é aberta para todas aquelas pessoas que se identifiquem como pertencentes ao sul global. Sul aqui não é utilizado como estritamente geográfico, por isso não há impeditivo de país de origem. Para fins desse encontro entendemos sul como uma identificação cultural e geopolítica de vozes, territórios e corpos que historicamente foram calados, explorados, oprimidos, colonizados e/ou subjugados.

OBJETIVOS

_ Fomentar a discussão e a prática da cultura livre a partir da perspectiva do sul global; do planeta/terra;

_ Mapear e fortalecer as iniciativas de cultura livre do sul global, nesta edição em especial da Ibero América;

_ Dar a conhecer e divulgar as bases da cultura livre para públicos que ainda não a conhecem;

_ Criar canais, ferramentas e redes que facilitem o encontro de pessoas que trabalham com a cultura livre no sul global;

_ Discutir a sustentabilidade de projetos de cultura livre e articulações possíveis para fortalecimento de uma rede de apoio entre iniciativas.

PARTICIPANTES

Ativistas de cultura livre, artistas, professores, estudantes, pessoas dedicadas à gestão, mediação e articulação cultural.

COLETIVOS QUE ORGANIZAM O ENCONTRO

Mesa 1: Políticas públicas e reformas legais

O movimento da cultura livre nasceu em resposta ao avanço das leis de propriedade intelectual em todo o mundo. Desde então, ele questiona fortemente o papel do Estado em colocar barreiras e reprimir a livre circulação do conhecimento. Mas o movimento da cultura livre também propõe marcos normativos e políticas públicas para proteger os bens comuns, com o objetivo de socializar a produção e o acesso à cultura. Nesta mesa falaremos sobre as lutas atuais na região: reformas do direito autoral, leis de software livre e de repositórios institucionais abertos, políticas de digitalização do patrimônio e de produção cultural livre, e muitas outras propostas que vão desde a solução de problemas específicos até a mudança radical do sistema.

Coordena Ártica.

Mesa 2: Digitalização e acesso ao patrimônio cultural

Esta mesa de trabalho procura dar visibilidade às possibilidades de acesso às diversas manifestações culturais, nos mais variados formatos, através de plataformas livres e que consigam lograr o alcance do público-alvo interessado em cultura, bem como ser uma ferramenta de livre acesso para o público em geral. Na ocasião pretende-se também incluir a relação desses produtos com as licenças livres disponíveis e como reverberá os conteúdos e maneiras de salvaguardar o banco de dados para acessos futuros.

Coordena Rede das Produtoras Culturais Colaborativas.

Mesa 3: Laboratórios, hackerspaces e outros espaços de comunidades locais

Nas últimas décadas foram criados vários tipos de espaços comunitários, como laboratórios cidadãos e hackerspaces, por todo o planeta e também no sul global. Com diferentes formatos e objetivos, seus participantes em geral compartilham os valores da produção colaborativa e do uso de tecnologias livres. Inseridos em diferentes contextos, mais carentes ou mais abundantes, esses espaços têm sido polos irradiadores dos valores do conhecimento livre e da cultura livre. Mas como tem sido essa experiência? Quais suas potencialidades, limites e desafios? Essas são algumas das questões que esta mesa pretende abordar.

Coordenam Nodo Común e Em Rede.

Mesa 4: Redes internacionais. Como nos inserimos em um movimento global?

Para fazer e propagar a cultura livre, precisamos colaborar e tecer redes. Se somos um movimento que é contra o status quo capitalista patriarcal, de que forma podemos nos unir e tentar pequenos “hackeamentos” nesse sistema? Quem são nossos parceiros institucionais ao redor do mundo e, principalmente, no sul global? quais as principais redes que lutam no dia a dia pela cultura livre e o conhecimento aberto? Como fazemos para juntarmos forças e cuidarmos de nossos trabalhos, esforços e redes? Nesta mesa discutiremos como a cultura livre se insere num movimento global, quais os desafios para tecer e sustentar redes locais e globais e quem podemos contar como parceiros, institucionais e pessoais, no para nossa atuação no sul global.

Coordena Baixa Cultura.

Mesa 5: Produção cultural livre

Cada vez mais projetos culturais decidem apostar no paradigma da cultura livre e começam, por exemplo, a usar licenças livres e casas culturais de trabalho comum, entre outras metodologias colaborativas. um desenvolvimento conceitual muito elaborado, enquanto outros projetos têm uma sensibilidade ligada à cultura livre, mas desconhecem muitos detalhes importantes. A idéia desta mesa é mostrar diversas experiências de diferentes disciplinas culturais, aproveitando para falar sobre seus problemas relativos ao licenciamento livre, à propriedade intelectual, a constituição de catálogos ou pesquisas regionais de projetos culturais e coletivos culturais que trabalhem dentro do paradigma livre, entre outras questões. Um eixo transversal é como os diferentes projetos preveem a sustentabilidade.

Coordena Ediciones de la Terraza.

Mesa 6: Educação aberta e cultura livre

Talvez uma das áreas mais importantes em que a cultura livre é vital para o sul global seja a educação, onde a necessidade de materiais educacionais acessíveis, adaptáveis e reutilizáveis é um assunto urgente para uma educação verdadeiramente democrática e equitativa. O movimento de educação aberta e recursos educacionais abertos é, paradoxalmente, muito importante no norte, mas ainda não tem apoio e recursos suficientes nos países do sul. Nesta mesa, discutiremos as práticas educacionais abertas e as políticas que foram promovidas e que devemos promover para apoiá-las, na perspectiva do sul global.

Coordena Ártica.

METODOLOGIA

Modo 100% online: a participação será feita através da Internet, utilizando videoconferências ao vivo, publicações na web, documentos de texto, mapeamentos, curadorias e coberturas colaborativas, além de fóruns e chats.

Textos desencadeadores: para cada mesa, pediremos a uma pessoa que encaminhe um texto com provocações para pensar criticamente no marco da cultura livre. Essa pessoa também participará da moderação da mesa.

Chamada aberta: o encontro irá incorporar a possibilidade de participar com histórias de experiências, posts nos blogs dos participantes, bibliografia recomendada e mapeamento de experiências.

Videoconferências: durante cada um dos três dias do encontro, duas videoconferências serão realizadas por dia, de 1 hora a 1 hora e meia, com base nos textos de provocação. Em cada videoconferência, haverá pessoas convidadas a comentar e refletir, a partir de sua experiência ou perspectiva, o conteúdo dos materiais.

Espaços para debate: os textos serão publicados em espaços de debate online onde qualquer participante poderá fazer contribuições, perguntas e comentários. Esses espaços estarão abertos durante um período antes e depois das videoconferências, para dar tempo à participação. As ferramentas incluirão fóruns e chats, além de documentos com comentários e anotações.

Relatorias: cada mesa será documentada com um relatório que sintetizará os pontos discutidos, os acordos, desacordos, problemas pendentes e novos debates que permanecerão abertos.

Mapeamento: durante todo o encontro vamos mapear experiências e projetos atuais de cultura livre.

Curadorias da produção cultural livre: para acompanhar o debate na mesa de produção cultural, vamos fazer uma curar uma curadoria de produção editorial e artística recente, baseada em licenças livres.

Cobertura colaborativa: faremos uma chamada aberta para blogs para cobrir o encontro online de cultura livre do sul, através de posts relacionados às mesas do encontro.

PLATAFORMAS / ESPAÇOS

As mesas do encontro serão desenvolvidas nos sites dos coletivos que coordenam cada mesa. As videoconferências serão transmitidas ao vivo no YouTube. Nas redes sociais, vamos usar a hashtag #CulturaLS18.

IDIOMAS

Durante o encontro, nos comunicaremos indiscriminadamente em espanhol e português, promovendo o melhor entendimento possível entre os falantes das duas línguas.

DATA

As inscrições estão abertas até 31 de outubro de 2018.

O encontro dura 3 dias, de 21 a 23 de novembro de 2018, com instâncias anteriores e posteriores para considerar os tempos de participação online.

HORÁRIO

Dia 1: 21 de novembro

– 14 hs GMT | 11 hs AR/UY | 12 hs BR | 15 hs ES – Conferência de abertura

– 16 hs GMT | 13 hs AR/UY | 14 hs BR | 17 hs ES – Mesa 1: Políticas públicas e reformas legais

– 19 hs GMT | 16 hs AR/UY | 17 hs BR | 20 hs ES – Mesa 2: Digitalização e acesso ao patrimônio cultural

Dia 2: 22 de novembro

– 16 hs GMT | 13 hs AR/UY | 14 hs BR | 17 hs ES – Mesa 3: Laboratórios, hackerspaces e outros espaços de comunidades locais

– 19 hs GMT | 16 hs AR/UY | 17 hs BR | 20 hs ES – Mesa 4: Redes internacionais. Como nos inserimos em um movimento global?

Dia 3: 23 de novembro

– 16 hs GMT | 13 hs AR/UY | 14 hs BR | 17 hs ES – Mesa 5: Produção cultural livre

– 19 hs GMT | 16 hs AR/UY | 17 hs BR | 20 hs ES – Mesa 6: Educação aberta e cultura livre + final do encontro

INSCREVA-SE

O encontro é aberto e gratuito. Inscreva-se até 31 de outubro de 2018.

COMPLETE O FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

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https://baixacultura.org/2018/10/07/1o-encontro-de-cultura-livre-do-sul-21-22-e-23-de-novembro/feed/ 0
Diálogos Abertos #4: internet livre e segura https://baixacultura.org/2018/09/17/dialogos-abertos-4-uma-internet-livre-e-segura-para-tods-e-possivel/ https://baixacultura.org/2018/09/17/dialogos-abertos-4-uma-internet-livre-e-segura-para-tods-e-possivel/#respond Mon, 17 Sep 2018 14:47:49 +0000 https://baixacultura.org/?p=12542  

A quarta edição do Diálogos Abertos, nosso “programa” de debates mensal que realizamos em parceria com a Casa da Cultura Digital Porto Alegre, discutiu, neste último sábado, a busca por uma internet livre e segura para tod@s. É possível?

Nos reunimos na sede da Amigos da Terra Brasil, núcleo brasileiro de uma organização internacional dedicada à proteção do meio ambiente e à promoção do desenvolvimento com sustentabilidade e justiça social, co-organizadora desta edição ao lado de integrantes da Marcha Mundial das Mulheres, que luta pelos direitos reprodutivos das mulheres.

Participaram da conversa integrantes do BaixaCultura, CCD POA, Amigos da Terra, Marcha Mundial das Mulheres e outras organizações e projetos, como a EITCHA, Escola Itinerante de Tecnologia Cidadã Hacker. Falamos sobre a garantia de direitos como a privacidade, a liberdade de expressão, o acesso à informação, a participação social e o direito à manifestação, nos contextos do Marco Civil da Internet e da Lei Geral da Proteção de Dados, e sobre formas de defesa – ou que pelo menos dificultem – a vigilância na rede por governos e grandes empresas.

Os slides guia da apresentação de algumas ferramentas, criada por Fabrício Solagna, está aqui. Também tem uma apresentação de Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, usada em sala de aula (PUCRS) sobre privacidade e antivigilância.

Algumas das ferramentas mostradas no Diálogos estão listadas aqui abaixo:

_ TOR, navegador anônimo da web;
_ Checa se o servidor do email é seguro, StarTTLS;
_ Algumas excelentes extensões para tornar seu navegador Firefox mais seguro;
_ Safer Nudes, guia para mandar seus nudes de maneira segura, produzido pela Coding Rights;
_ Fuzzyfyme, extensão para firefox e Chrome que ajuda a impedir anúncios direcionados no Facebook;
_ Safer Manas, dicas de segurança digital em GIFS;
_ MailVelope, plugin para criptografar seu email (Gmail, Yahoo, Hotmail e vários outros);
_ Você na Mira, extensão (Firefox e Chrome) que ajuda a saber qual “caixinha” você é direcionado nos anúncios políticos do Facebook;
_ Alternativas aos serviços do Google;
_ Clue, aplicativo menstrual com uma boa política de dados pessoais;

E o vídeo do evento, na íntegra (3h de duração):

 

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A internet sob ataque cada vez mais forte https://baixacultura.org/2018/02/22/a-internet-sob-ataque-cada-vez-mais-forte/ https://baixacultura.org/2018/02/22/a-internet-sob-ataque-cada-vez-mais-forte/#respond Thu, 22 Feb 2018 13:11:07 +0000 https://baixacultura.org/?p=12168

Estamos sendo todos vigiados, a internet é uma máquina de controle quase perfeita, nossos dados são o “novo petróleo” para empresas digitais, o Marco Civil foi desfigurado no congresso e na prática: a internet está sob ataque, e você sabe disso. A ideia improvável que uniu hackers, hippies, acadêmicos, militares e empresas nos anos 1960, e que se tornou uma realidade mundial na década de 1990, não é mais o que prometia ser. E ninguém sabe ao certo o que ela poderá se tornar, mas pelo menos ter um panorama do que está sendo feito hoje, neste quase final da segunda década dos anos 2000.

Todos os temas do parágrafo acima estão de alguma forma debatidos na mini-série “XPLOIT – Internet sob Ataque“, produção da TVDrone em parceria com a Actantes, TVT e Henrich Böll Stiftung, em 2017. Os seis episódios da série abordam “uma guerra silenciosa que acontece longe dos PCs, laptops e dispositivos móveis mas cujo o resultado interfere diretamente em nossas vidas online e offline”, como diz o texto de apresentação. Contou com a fala de um grupo de entrevistados que vai de Richard Stallman ao jornalista James Bamford, passando pela advogada Flávia Lefèvre, a jornalista Bia Barbosa (do Intervozes), a cientista social Esther Solano e o sociólogo e ciberativista Sérgio Amadeu da Silveira, e tem o mérito de introduzir qualquer pessoa em alguns meandros das disputas políticas políticas e econômicas que trazem consequências diretas em nossos diretos essenciais, dentro e fora do mundo digital. A direção de XPLOIT é de Fabrício Lima e a produção Executiva de André Takahashi. Vale destacar também que, no finald e 2017, receberam o prêmio de “Melhor Série de Documentário” no festival Rio WebFest.

Confira aqui abaixo (e na nossa BaixaTV) os 6 episódios da série

EPISÓDIO 1: Democracia Hackeada

O “Hackeamento” do Marco civil pelos poderes que deveriam zelar pelo estado democrático de direito e suas consequências direito uma democracia é o foco central do episódio. Há entrevistas com Sérgio Amadeu, Veridiana Alimonti, Bia Barbosa, Cristiana Gonzalez e Flávia Lefévre.

EPISÓDIO 2: Força Bruta

Neste episódio, fala-se da perseguição aos ativistas a partir das plataformas digitais, “23 do Rio”, o caso Balta Nunes e os ataques nos espaços periféricos. Entrevistas com Camila Marques, Esther Solano, Guilherme Boulos, Leonardo Sakamoto, de novo Sérgio Amadeu e Silvio Rhatto.

EPISÓDIO 3: Colonialismo 2.0

Como a concentração da infraestrutura da internet nas mãos de alguns países e empresas e a monocultura das grandes aplicações acaba desenhando contornos que lembram o período colonial entre os séculos XVI e XX, impondo uma dependência para seu funcionamento e restringindo a pluralidade sonhada pelos seus pioneiros. Com Carla Jancz, Rodolfo Avelino, Marina Pitta e Carlos Cecconi.

EPISÓDIO 4: Big Brother Big Data

Informações pessoais são o novo commoditie. E para desfrutar desse mercado valioso, empresas em todos os setores realizam uma caça indiscriminada de dados particulares em todo o mundo com consequências reais nas vidas das pessoas mesmo fora do ambiente digital. Planos de saúde recusados, crédito pessoal negado e produtos mais caros estão diretamente ligados à “listas de risco” baseada em uso de aplicativos ou bancos de dados de serviços e a compra e venda de bancos de dados – inclusive de serviços públicos. Diante disso, o congresso nacional vai cedendo ao lobby das corporações e protelando há quase 10 anos uma lei fundamental de proteção de dados pessoais. Falas de Rafael Zanatta, Sérgio Amadeu e Marina Pitta.

EPISÓDIO 5: Da liberdade ao controle

No seu início a internet era um universo de possibilidades. O navegador era uma janela para múltiplos espaços, pensamentos e invenções. Mas o mundo que conhecemos antes da rede mundial de computadores ser criada, não pode permitir que nada exista sem controle. E para um mundo de regras rígidas e relações de poder constituídas inflexíveis não pode permitir que um outro mundo espelhado nele possa existir de uma forma diferente. Assim, tanto corporações quanto Estados nacionais foram se apropriando, amarrando, restringindo e moldando a Internet. Mas nem sempre a Internet esteve sob controle. Houve uma outra internet que muitos já nem se lembram. Neste episódio tem Richard Stallman, Leo Germani, Pegs, Carlos Cecconi e Sacha Costanza-Chock.

EPISÓDIO 6: Resistência

A internet de hoje consegue agregar os piores pesadelos dos Estados totalitários com o ultra-liberalismo econômico. Controle da inovação, restrição do fluxo de ideias, guerra cibernética e caça aos dados pessoais dos usuários. Mas diante desse panorama, é possível resistir? Como e porquê vamos resistir? Entrevistas com Richard Stallman, Pegs, Leo Germani, James Bamford e Sacha Costanza-Chock.

 

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