guerrilha da comunicação – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Wed, 14 Sep 2022 04:26:17 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg guerrilha da comunicação – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Charlatanismo Revolucionário e a destruição do estado https://baixacultura.org/2019/09/06/charlatanismo-revolucionario-e-a-destruicao-do-estado/ https://baixacultura.org/2019/09/06/charlatanismo-revolucionario-e-a-destruicao-do-estado/#respond Fri, 06 Sep 2019 12:24:46 +0000 https://baixacultura.org/?p=12965

Há algumas semanas chegou em nosso email uma mensagem, de autor anônimo, perguntando se gostaríamos de publicar um pequeno livro sobre a mentira como estratégia de guerrilha contra o poder (mais precisamente, o Estado). Junto do e-mail, criptografado, veio dois anexos: um texto resumindo a obra, com o sugestivo nome “texto para blog” e o livro em PDF, intitulado “Uma Ode à Mentira para Destruição do Estado”. Achamos curioso; costumamos receber sugestões de pauta, pedidos para esclarecer algumas dúvidas (a maioria técnicas), fazer contatos, pedir zines, informações sobre os cursos, ou simplesmente comentários aleatórios criticando ou nos elogiando, mas nunca um email não assinado com um material completo para publicação.

Fomos ler o livro em anexo e nos pareceu interessante; bem diagramado, curto (70 páginas), havia uma série de referências à guerrilha da comunicação que trabalhamos em oficinas, cursos e textos para esta página, como Wu Ming, The Yes Men e Luther Blisset, e outras tantas citações ótimas, como de Malatesta, Chomsky, Ranciere e até Dairan Paul, que defendeu uma monografia sobre Luther Blisset já comentada por aqui. Havia ideias um tanto confusas (propositadamente?), mas outras sacadas e citações deveras interessantes; apêndices com um ótimo conto popular russo do século XX e outro conto de um escritor anarquista espanhol do século XIX. De autoria, algumas pistas: se tratava de um trabalho final de uma graduação, em artes visuais, de alguém que mora em São Paulo – percebe-se pelos agradecimentos da obra – e dois nomes: Patrik e Berth Pool, tido como autores da obra e que também assinava o outro arquivo enviado como anexo, “texto para blog”. Na rede, nenhuma referência a estes nomes, juntos ou separados.

Resolvemos publicar. Segue, abaixo, o conteúdo deste arquivo; ao final, a obra para download, de onde também tiramos as imagens que ilustram esse post.

“A partir da observação da capacidade do Estado em cooptar todas as formas de artes contra-hegemônicas para delimitar sua segurança, notou-se que uma das ações que as classes dominantes e o governo mais praticam é o ato de mentir. A mentira do Estado sustenta os ideais de nacionalismo, mascara o racismo e ilude o consumidor através da publicidade.

Diante do quadro de ascensão das forças neoliberais e fascistas no mundo na atualidade, e reconhecendo a necessidade de encontrar novas formas de ação contra essas potências – pois alguns métodos tradicionais de luta já são, em certo ponto, facilmente interrompidos pelo Estado – o livro enxerga na utilização da mentira pelos dissidentes desse sistema, uma capacidade de provocação ácida das autoridades.

Esse recurso abre caminho para a infiltração de outras ações rebeldes que miram a destruição do Estado. Portanto, parte da ideia do livro, não coloca como fim e tampouco pinta como salvadora a utilização da mentira como ação contra-hegemônica, mas ela resgata na história do mundo ações individuais e coletivas de natureza semelhante e estimula a exaltação da criatividade por uma perspectiva da rebeldia.

É importante ressaltar que a valorização da mentira neste livro se dá pelo viés de manifestação artística, onde os mentirosos são possíveis performers e suas mentiras podem se materializar em qualquer que seja a linguagem mais adequada para fazê-las explodir. É nesse ponto que se conclama a inversão do objetivo usual do ofício do charlatão – mentia anteriormente para manipular consumidores; agora, mente para desmascarar as mentiras do capitalismo.
Em um segundo momento do livro, reconhece-se a importância do ofício do contador de histórias nos processos educativos em espaços configurados ou não como instituições de ensino. O contador conta ficções, farsas, mentiras, mas isso não confere para suas narrativas uma problemática antiética, sendo que muitas vezes os contos carregam valores morais e éticos nesse ambiente lúdico propositalmente instaurado. As histórias são potentes. As mentiras também.

Sendo assim, a mentira pode ser reconfigurada pelos educadores – e aqui atribui-se uma reverência ao contador de histórias – a fim de se criarem ensejos de uma sociedade que não corresponda aos critérios do capitalismo. As mentiras podem inventar causos exemplares de reação dos oprimidos ao Estado e incitar a subversão criativa rumo a libertação dos povos, e serem contempladas seguramente por uma perspectiva da esfera da Educação.

Por fim, adverte-se aos interessados que este livro foi escrito para a consagração do ritual de formação de um curso de graduação em Artes Visuais. Sustentado pela descrição de performances mentirosas e literatura duvidosa, a pretensão da queda do Estado é reduzida metodologicamente à própria composição literária deste trabalho para efeitos comparativos a cargo do leitor. Nesse contexto, também não deixa de se fazer uma autocrítica ao reconhecer as limitações da mentira no espectro da transformação social, mas assente sobre sua capacidade de inflamação do espírito revolucionário entre os dissidentes do capitalismo.

Patrik e Bert Pohl


Uma Onde à Mentira como Destruição do Estado.

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Tecnopolítica e contracultura: um experimento em ação https://baixacultura.org/2019/02/18/tecnopolitica-e-contracultura-um-experimento-em-acao/ https://baixacultura.org/2019/02/18/tecnopolitica-e-contracultura-um-experimento-em-acao/#comments Mon, 18 Feb 2019 15:42:26 +0000 https://baixacultura.org/?p=12728

Terminou na última quarta-feira, 13 de fevereiro, a primeira edição do curso “Tecnopolítica & Contracultura”, um passeio pelo pensamento e ação de autonomistas, anarquistas, hackers e outrxs rebeldes. Durante três dias, propomos – este que cá escreve, Leonardo Foletto, e Leonardo Retamoso palma – uma jornada por ideias, conceitos, práticas, ações e referências em busca da retomada de um pensamento tecnopolítico que bebe muito na fonte dos autonomismo e operaísmo italiano da década de 1960 para encontrar saídas de análise e ação dessa “ressaca da internet” que nos metemos neste final de década de 2010. Um público muito diverso, de cerca de 30 pessoas nos 3 dias, aceitou nossa proposta e embarcou no passeio: de recém saídos do Ensino Médio a professores pós-doutores de universidades, passando por artistas, programadores, designers, jornalistas e arquitetas, nos tornamos uma potente multidão em busca de abrir as caixas-pretas da tecnologia e entender como se dá essa louca composição que nos causa esperança e sofrimento, depressão e euforia, liberdade e prisão.

O autonomismo italiano serviu como um primeiro recorte histórico de um movimento/período/grupo que, além de tomar ruas, fábricas e universidades, criou suas próprias tecnologias (como a Rádio Alice, pioneira rádio livre criada em 1977 e com boa parte de seu acervo nesse site) e não se furtou a disputar a tecnologia em vez de demonizá-la – ou idolatrá-la como a salvação para os problemas da humanidade, esquecendo do elemento humano e político em sua construção. Depois, os fabulosos 1990 trouxeram altermundistas, zapatistas, ciberativistas, hackers e militantes do software livre a compor uma poderosa frente contra o capital global que buscava (e ainda busca) a decomposição em busca da dominação. A criatividade, expressa na guerrilha da comunicação/artivismo, foi essencial nesse período, com os teatros midiáticos coletivos de Luther Blisset e Wu Ming, bem conhecidos de quem frequenta esse espaço virtual; os protestos pacíficos dos Tute Bianche, que iam para o front (mesmo) dos protestos com chamativas roupas e equipamentos de brinquedo para pontuar o ridículo do conflito armado; os sit-in virtuais em prol dos zapatistas, que interditavam sites estratégicos em prol de uma causa específica. Com esses e outros diversos exemplos, trouxemos a discussão para o presente e identificamos como a arte, quando formada pelo encontro ingovernável de corpos eróticos, é fundamental na mudança de perspectiva sobre ruas, computadores, governos, instituições e nós mesmos.

Por fim, trouxemos os hackers e sua ética de liberdade e transparência, fundamental para a construção da internet livre como a conhecíamos até pouco tempo atrás. Pontuamos no debate os princípios contraculturais da ética hacker (aqui tem bastante material sobre isso, feito para minhas aulas de Cultura Hacker e Jornalismo), mas ouvimos o feedback que, por menos discriminatórios que sejam alguns dos princípios hackers, a prática nos diz que muitos hackers e programadores endossam o machismo e a misoginia. Para reverter esse processo é fundamental o trabalho de iniciativas que relacionam as questões feministas e LGBTQ com as tecnologias digitais e a cultura hacker, como muitas das que divulgamos nesse post no 8 de março de 2018, hackerspaces como MariaLab, grupos como Mulheres na Tecnologia e iniciativas recentes como o portal Acoso Online, que trata de trazer informações sobre publicação sem consentimento de imagens e vídeos íntimos por meios eletrônicos.


Finalizamos, nas duas horas finais das 12h de curso, com algumas inquietações, sugestões de ações e trechos de textos que nos convidam a agir.
Abrir as caixas-pretas, da tecnologia e dos sistemas políticos, econômicos e institucionais, em busca da transparência desses sistemas é um objetivo sempre em vista.
Que a urgência desse momento de tantos retrocessos e conservadorismo global seja uma inquietação para agir, não para se desesperar; há muito o que se construir, se unir e (re) lembrar afinal porque somos humanos e porque o conhecimento que produzimos pode servir para a busca de justiça social e redução das desigualdades.
Que, na aceleração da infoesfera que nos entope de informação, limitar (ou organizar) os muitos estímulos vindo de todos lados é não somente razoável como necessário para agir.
Que é importante politizar o mal-estar, como nos fala Amador Fernandez-Savater; que esse mal-estar geral que vivemos em torno dos retrocessos e ascensão de práticas relacionadas ao que chamamos de fascismo pode ser elaborado enquanto força afirmativa de transformação e de construção de possibilidades e modos de viver. Não deixar o choro e o sofrimento em casa, mas sim trazê-los, junto com o mal-estar, para o debate (hay que vir llorado de casa!) e falar sobre ele. Mesmo que não se saiba onde essa discussão vai dar: no caminho podem ocorrer mudanças que nos tiram do imobilismo da crítica pela crítica. Aprender a viver a partir e com a crise é um primeiro passo para sair dela, o que inclui não negar o subjetivo e os afetos na política, mas unir estes afetos, destrinchá-los e trabalhar com eles, compartilhando vulnerabilidades – situações como a dos três dias de curso que propomos são algumas das possíveis de fazer essa discussão.

“A ação da multidão não é outra coisa que esta proliferação contínua de experiências vitais que têm em comum a negação da morte, a recusa radical e definitiva do que paralisa o processo da vida”. (Antonio Negri)]

[A ‘deserotização’ da vida cotidiana é o pior desastre que a humanidade pode conhecer…é que se perde a
empatia, a compreensão erótica do outro…” (Franco Berardi, Bifo)]

[“A ação … diz respeito, antes de mais nada, ao sentir. Agir significa modificar a maneira de sentir junto…” (Maurizio Lazzarato)]

[“Refiro-me à multidão de festa, à multidão de alegria, à multidão espontaneamente amorosa, embriagada apenas pelo prazer de se reunir por se reunir.” (Gabriel Tarde)]

[“… o mais profundo é a pele…” (Paul Valéry)]

“Tecnopolítica e Contracultura” é um experimento disparador de ideias e ações que visam a nos tirar da letargia do “não há nada a fazer”. Como tal, segue em outros locais e com outras pessoas; nas próximas semanas vamos avisando os próximos passos e datas. Aqui está o material guia utilizado no curso. Adelante!

 

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Um panorama de Enfrenta! https://baixacultura.org/2017/06/23/um-panorama-de-enfrenta/ https://baixacultura.org/2017/06/23/um-panorama-de-enfrenta/#respond Fri, 23 Jun 2017 14:40:35 +0000 https://baixacultura.org/?p=10906 Projeto de mapeamento de coletivos que realizamos na Espanha no início deste 2017, Enfrenta! surgiu como um projeto ligado a nós, mas feito para andar sozinho. Nesta postagem, apresentamos um pouco do que descrevemos em nosso diário de viagem, das cidades que passamos e dos coletivos e pessoas que entrevistamos: o link de cada tópico leva para para o relato completo no site do projeto. Estamos neste final de 1º semestre de 2017 na 2º fase de Enfrenta!, que consiste em elaborar produtos a partir do material que trouxemos, entre eles as mais de 30 entrevistas que fizemos durante a viagem. No 2º semestre traremos mais informações sobre o livro, primeiro material a sair do projeto.

DERIVA POR LAVAPIÉS

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Chegamos em Madrid em pleno dia 25 de dezembro – mas no caminho do Aeroporto de Barajas ao centro só o comércio nas propagandas do metrô nos lembrou que era natal. Nos instalamos em Lavapiés, bairro da região central de Madrid, para ficarmos uns dias antes de uma viagem a Portugal. Por lá é que derivamos uns dias: bairro multicultural de Madrid, Lavapiés tem africanos, paquistaneses, indianos (ou seriam de Bangladesh?) que dominam as calles estreitas com seus restaurantes, mercados, lojas e em conversas acaloradas em diversos idiomas pelas esquinas do Bairro. Ouve-se menos o espanhol que o árabe ou alguma das diversas línguas do continente africano ou da Índia.

ZEMOS, ENREDA & ALAMEDA: SEVILLA

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A capital da Andaluzia foi nossa 2º parada da viagem espanhola. Ficamos uma semana, encontramos o Zemos98, coletivo parceiro neste intercâmbio, andamos por boa parte do Casco Antigo, um dos três mais antigos e extensos da Europa, entrevistamos o Enreda, uma cooperativa de soluções tecnológicas ativa há mais de 8 anos na Espanha. Alameda de Hércules foi o lugar que mais frequentamos na cidade, muito por conta de estarmos instalados há duas quadras dela, no hostel La Caja Habitada (que, aliás estava tendo durante os dias que lá estivemos um interessante encontro de peças curtas artísticas chamado Encuentros Concentrados).

CONHECENDO VALENCIA

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Das cidades que escolhemos para o mapeo de Enfrenta! em Espanha, Valencia, nossa 3º parada, era a que menos informações tínhamos de partida, apesar de ser a terceira maior do país, com 790 mil habitantes (e 1,5 milhão na região metropolitana). Ao final dos quatro dias que passamos na cidade, foi se descortinando uma Valencia menos convencional e de mais resistência ao status quo, em especial contra a gentrificação – esse ubíquo mal moderno – de alguns espaços públicos locais. Ajudou a enxergarmos isso a entrevista que fizemos com Irene Reig Alberolla e Laura Murillo Paredes, da La Factoria Cívica, organizada por integrantes do estúdio Carpe Via e com apoio da rede internacional Civic Wise, e localizada num interessante espaço na Marina de Valencia. A ainda a fala com Daniel Alvaréz e David Pardo, ambos professores da Universidade de Valencia e do espaço Hackers Cívicos da cidade.

BARCELONA LIVRE, HACKER, ATIVISTA & CRIATIVA

Barcelona foi, ao lado de Madrid, a cidade que mais dias permanecemos. Isso signfica que deu pra entender razoavelmente bem o que é e como funciona a cidade, apesar dos dias chuvosos e do frio que nos perseguiram por lá. Fizemos três postagens em nosso diário de viagem na cidade. A primeira dedicamos a uma questão política-urbanista, assunto da vez em janeiro de 2017 por lá: o PEUAT, plano de regulação de turismo proposto por Ada Colau e o Barcelona en Comú. A ideia é regular o crescimento de hotéis em áreas que estão saturadas de turistas, como na região em torno de La Rambla, Raval, Sagrada Família, Ciutat Vella, Barceloneta. Em algumas regiões não se poderão construir novos espaços para abrigar turistas nem mesmo quando fecharem outros; em outras, mais afastadas do centro, será permitido. Se pra alguns lugares turismo é sinônimo de cultura, $$ e “desenvolvimento”, em Barcelona também é de gentrificação: 15% do espaço da cidade tem mais de 50% das vagas de hospedagem, o que faz com que em alguns bairros tenha mais turistas que moradores.

A segunda tratou do catalão, essa língua peculiar pra nós, brasileiros, que às vezes remete a um português “errado”, fora do que se chama “norma culta” no Brasil, enquanto em outras parece mais um francês. E a terceira falou dos coletivos e pessoas que entrevistamos na cidade. Barcelona é uma cidade especial para o “enfrentamento” ao status quo: há um ecossistema de cooperativas, ativismo criativo & cultura livre que se reconhece e age em sintonia sem (muito) esforço. Há um histórico de décadas com (poucos) retrocessos grandes no âmbito político institucional, e essa continuidade, somada à uma efervescência cultural e de busca de autonomia que a cidade carrega há pelo menos um século, explica um pouco a quantidade de gente a buscar alternativas econômicas/políticas/de vida ao “capitalismo” que encontramos na cidade. Deixamos a Catalunya com uma certa alegria de ter vivido e registrado bons momentos, pensamentos e sensações.

BILBAO, DONOSTIA E O PAÍS BASCO COLABORATIVO

O quarto lugar de parada de #enfrenta pela Espanha foi o País Basco, mais precisamente Bilbao, maior cidade da região, 349 mil habitantes (na região em torno, 910 mil). Como na Catalunha (e até com mais peso histórico), o País Basco é um estado com autonomia relativa em relação à Espanha, um idioma (o milenar – nasceu antes do latim! – e curioso euskera) e um movimento separatista, que já foi mais forte com o ETA (em português, Pátria Basca e Liberdade) e hoje está menos intenso. Lá tivemos uma excelente conversa com Ricardo, um dos integrantes do coletivo Colaborabora e figura atuante na cena “procomún” da Espanha. Também demos uma breve passeada por Donostia (também chamada de San Sebastián), cidade cerca de 1h30 de Bilbao famosa pelas belas praias e por um conhecido festival de cinema internacional. Mas olhando de perto, com uma outra perspectiva, sempre se acha algo mais do que aquilo pelo qual uma cidade é famosa.

PELA MADRID DO COMUM

Dois meses, 7 cidades espanholas percorridas e algo em torno de 500 gigas de material gravado (vídeo, áudio e foto): encerramos a 1º fase de #enfrenta, a de viagem e coleta de material. Voltamos para o Brasil devendo o relato da última cidade que visitamos, Madrid, e um mês e umas merecidas férias depois encerramos o diário da viagem trazendo um pouco do que vimos e fizemos na capital espanhola, cidade em que mais permanecemos na Espanha – e que, por conta disso, mais material juntamos. Estamos agora organizando esse material para a produção de um livro, o que contamos mais em um próximo post.

 

 

 

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Mídia tática: uma introdução https://baixacultura.org/2016/01/20/midia-tatica-uma-introducao/ https://baixacultura.org/2016/01/20/midia-tatica-uma-introducao/#respond Wed, 20 Jan 2016 18:56:13 +0000 https://baixacultura.org/?p=10587 the-yes-men-bbc-world


Em novembro de 2015, apresentei um artigo no II Congresso Internacional de Net-ativismo, em São Paulo, que retomava a ideia de mídia tática, hoje nem tão falada quanto na segunda metade dos 1990 e nos 2000, e a relacionava com a cultura hacker. Os usos táticos das mídias é um assunto que às vezes costuma passar por esta página; por conta disso, fiz uma versão do artigo também como forma de documentar algumas ações efêmeras realizadas nesse período que se perderam na rede. Segue abaixo a primeira, com um histórico do conceito e algumas ações da “era de ouro”, final dos 1990 e início dos 2000. [
Leonardo Foletto] 

*

Existem várias (in) definições possíveis para mídia tática, mas convém começar pelo início, 1993, quando acontece em Amsterdam, Holanda, o Next Five Minutes (N5M), festival sobre arte, política, ativismo e mídia com artistas e ativistas dos Estados Unidos, Europa e ex-URSS interessados em explorar as possibilidades dos aparelhos eletrônicos domésticos como meio para a mobilização social. O termo surgiu a partir da ampliação do conceito de “televisão tática”, tema central do 1º N5M, que teve por objetivo expor e debater vídeos independentes e produções audiovisuais de cunho político realizados durante a segunda metade do século XX. Discutido internamente, mídia tática viria a nomear a segunda edição do N5M, em 1996, e assim aparece definido na seção de perguntas e respostas do site do festival:

O termo “mídia tática” se refere a uma utilização crítica e teorização das práticas de mídia que recorrem a todas às formas de mídias, antigas e novas, ambas lúcidas e sofisticadas, para a realização de diversos objetivos não comerciais, impulsionando todos os tipos de questões políticas potencialmente subversivas (recuperado da dissertação de mestrado de Anne Clinio na UFRJ, em 2011, porque a fonte original saiu do ar)

Um ano depois vem a primeira referência como um conceito estruturado, quando Geert Lovink e David Garcia publicam o texto “O ABC da Mídia Tática” (aqui o original em inglês, e a versão traduzida por Ricardo Rosas publicada pelo CMI Brasil), que circula numa lista de emails chamada Nettime que agrupava pessoas com algum envolvimento no N5M (e ainda agrupa, sendo uma lista interessantíssima de acompanhar que disponibiliza todo seu acervo no site Nettime.org).

Mídias táticas são o que acontece quando mídias baratas tipo ‘faça você mesmo’, tornadas possíveis pela revolução na eletrônica de consumo e formas expandidas de distribuição (do cabo de acesso público à internet), são utilizadas por grupos e indivíduos que se sentem oprimidos ou excluídos da cultura dominante. A mídia tática não apenas noticia eventos, porque elas nunca são imparciais, elas sempre participam e é isto que mais do que qualquer outra coisa as separa da mídia mainstream.

n5m

Site da 2º edição do N5M, 1996, que ajudaria a espraiar o conceito de mídia tática mundo afora

n5m4

Anúncio do N5M4, em 2003, o último que ocorreu.

A partir daí, ocorreriam mais dois festivais de Mídia Tática, 1999 e 2003, e um no Brasil (do qual já falamos por aqui). O termo ganharia o mundo com movimentos ativistas, artísticos e políticos dos anos 1990 e início dos 2000 que se descolam dos fazeres políticos tradicionais e buscam acompanhar as revoluções tecnológicas e culturais como base de suas ações e debates, como diz Paulo José Lara (autor da primeira dissertação de mestrado sobre o assunto, em filosofia na Unicamp, 2008).

Alguns exemplos de ações, grupos e movimentos agregados a ideia de mídia tática nesse contexto são a atuação de ativistas dos movimentos altermundistas, também chamados de antiglobalização; a ação de ativistas que veiculam programas de rádio em transmissores de baixa potência ou daqueles que elaboram vídeos com câmeras digitais e distribuem sua produção numa Internet pré smartphones e redes sociais gigantescas; o trabalho de programadores de software livre e de código aberto; a arte midiática e a net-art; pesquisas sobre a política e a economia das tecnologias da informação, em especial no que se convencionou chamar de net criticism, uma perspectiva crítica em relação à estrutura da internet que pode ser posicionada na encruzilhada interdisciplinar entre as artes visuais, movimentos sociais, cultura pop, e pesquisas acadêmicas (Ver Geert Lovink, Dynamics of Critical Internet Culture 1994-2001).

Formulado na Europa, dentro de um ciclo de debates pós queda do muro de Berlim que envolvia principalmente artistas, teóricos da comunicação, jornalistas, hackers, ativistas políticos e cientistas sociais, o termo apresenta uma mescla de referências entre movimentos sociais e artísticos do século XX e experiências de “usos da cultura” – maneiras de apropriação dos objetos técnicos e sua realização para determinada ação.

Nesse contexto, dialogam com a mídia tática vários movimentos e ações desviantes ao longo do século XX, como os (já citados por aqui) trazidos por Stewart Home em sua história da (anti) arte deste período, Assalto à Cultura, de 2005 (só disponível em sebos e raras livrarias hoje); o détournament dos situacionistas franceses; os happenings dos provos holandeses e dos integrantes do Fluxus (George Maciunas, John Cage, Nam June Paik, Yoko Ono e cia); a mail art o do it yourself punk dos anos 1970; o neoísmo dos fakes e nomes coletivos dos 1980; e o culture jamming dos 1980 pra cá. Também conversam com a mídia tática conceitos próximos como os de guerrilha da comunicação e guerrilha midiática, proposto por Luther Blisset: “a realização de um jogo de artimanhas recíprocas, uma forma de envolvimento da mídia em um trama impossível de se captar e de se entender, uma trama que provoca a queda da mídia, vítima de sua própria prática. Arte marcial pura: utilizar a força (e a estupidez) do inimigo, voltando-se contra ele” (em Guerrilha Psíquica, editado pela Conrad em 2001). Conceitos que, por sua vez, são desdobramentos de, entre outras referências, os estudos semióticos de Umberto Eco, que apontava a guerrilha semiótica como uma tática que se aproveita “de uma margem de indeterminação e em uma modificação das circunstâncias nas quais as mensagens são recebidas, sendo possível uma escolha nos modos de interpretação” (Umberto Eco em A Theory of Semiotics, 1976, traduzido por Paulo José Lara em sua dissertação).

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Mas a fonte mais presente no conceito original é, sem dúvida, Michel de Certeau e A Invenção do Cotidiano. Publicado originalmente em 1980, o livro examina as maneiras de fazer criativas com que as pessoas individualizam e se apropriam da cultura de massa, de objetos cotidianos até planejamentos urbanos e rituais, leis e linguagem. No capítulo 3, o autor francês traz a distinção entre tática e estratégia que é essencial para o entendimento da mídia tática. Ele define como estratégia “o cálculo (ou a manipulação) das relações de forças que se tornam possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder (uma empresa, um exército, uma cidade, uma instituição científica) pode ser isolado” (na 20º edição, de 2013, p.93).

As táticas seriam, em oposição, procedimentos que “jogam com os mecanismos da disciplina e não se conformam com ela a não ser para alterá-los” (p.94). Assim, enquanto as estratégias seriam gestos típicos de uma modernidade militar e científica, que valoriza as estruturas e o lugar, as táticas seriam ações típicas de uma pós (ou pré-modernidade), que valorizariam o movimento e o tempo – ou “às circunstâncias que o instante preciso de uma intervenção transforma em situação favorável”, como diz o autor francês na p.96. Os usos que consumidores (usuários, segundo o autor) fazem de textos e objetos que os rodeiam são diferentes dos esperados ou imaginados por aqueles detentores do poder estabelecido ou de posse dos objetos; são usos táticos, rebeldes, “ações de apropriação e engano que desobedecem ao pré estabelecido, truques engenhosos, astúcias de caçadores, mobilidades nas manobras, operações polimórficas, achados alegres, poéticos e bélicos”, como diz o autor francês na p.98. Ao identificar a distinção estratégia e tática analisando a cultura popular, De Certeau, segundo o “ABC da Mídia Tática”, transferiu a ênfase das representações para os usos das representações. A partir daí ele sugeriria algumas maneiras de pensar práticas cotidianas – como o habitar, circular, falar, ler – que estabeleceriam um vocabulário complexo que identificaria as maneiras que a cultura popular buscaria romper com o que lhe é imposto pelas estruturas do poder ou de consumo. Aquilo que se chama de “vulgarização” ou “degradação” de uma cultura seria, então

“um aspecto, caricaturado e parcial, da revanche que as táticas utilizadoras tomam do poder dominador da produção. O consumidor não poderia ser identificado ou qualificado conforme os produtos jornalísticos e comerciais que assimila: entre eles (que deles se serve) e esses produtos (indícios da “ordem” que lhe é imposta), existe o distanciamento mais ou menos grande do uso que se faz deles. Deve-se, portanto, analisar o uso por si o mesmo”. (DE CERTEAU, 2013, p.90)

Inicialmente pensadas por De Certeau no auge da cultura de massa um-muitos dos anos 1970, a ideia de tática foi reapropriada em um cenário de proliferação da internet e do desenvolvimento dos dispositivos digitais do início dos anos 1990 por Lovink, Garcia e outros. A internet anunciava a possibilidade da convivência do modelo massivo um-muitos com a do muitos-muitos, e os artistas e ativistas reunidos em torno do N5M viram como os usos das mídias poderiam se tornar táticos – porque criativos e rebeldes aos pré estabelecidos – e assim tanto subverter a ordem política quanto dar voz a grupos grupos e indivíduos que se sentiam oprimidos ou excluídos da cultura dita dominante.

O conceito de mídia tática despontaria, então, num contexto de renascença do midiativismo, misturando uma ação política de engajamento de artistas com as novas tecnologias. Por um lado ativista em relação a subversão, mesmo que temporária, da ordem política, e por outro lado artístico, porque criativo e de experimentação com as então novas mídias digitais da época.

***

Os primeiros trabalhos identificados enquanto mídia tática, originários do campo artístico e de uma postura crítica sobre a função da arte na sociedade contemporânea, ajudam a ilustrar esta compreensão das táticas como forma de resistência criativa e subversão das mensagens e das plataformas dominantes. Segundo Lovink num texto de 2011 (“Atualizando a mídia tática. Estratégias de midiativismo”, presente num dos capítulos do livro “Informação, Conhecimento e Poder: Mudança tecnológica e inovação social“), estes exemplos se situam na “era de ouro” da MT, que vai de 1993 a 1999, quando o acesso a equipamentos baratos e fáceis de usar fomentou um novo sentido de autonomia entre ativistas, programadores, teóricos, curadores e artistas que impulsionou experimentação de formas alternativas de narrativas. Alguns exemplos de ações e coletivos deste momento foram:

flood zapatistas

_ Flood net em apoio aos zapatistas, desenvolvido pelo Eletronic Disturbance Theater, uma estrutura ad hoc com os integrantes do coletivo Critical Art Ensemble. A tática realizada com maior destaque foi a do sit-in virtual, um tipo de ação direta contra um determinado site com o objetivo de torná-lo inacessível a partir da coordenação de acesso simultâneo por diversas pessoas à mesma página alvo. O grupo organizou ataques em dez datas significativas para o movimento Zapatista, depois registrada em abril de 1998. Para participar, as pessoas deveriam acessar determinada URL, clicar em um link e manter o navegador aberto durante o período programado para a ação; o aplicativo acionado recarregaria a mesma URL várias vezes por minuto impossibilitando o acesso à página, num tipo de ação, chamada Ataque de negação de serviço – DDoS, que seria muito utilizada pelo Anonymous e outros grupos hackativistas posteriormente.

gwbush

_ www.gwbush.com; desenvolvido pelo ®TMark, um coletivo conhecido por suas ações anticoporativas, era um site (inicialmente cópia do oficial) construído como tática para interferir na campanha eleitoral do então candidato à presidência dos Estados Unidos, George W. Bush, em 1999. Numa época em que desenvolver sites ainda era algo difícil e para poucos, gerou repercussão na mídia – em especial por conta de questionar a negação do consumo de cocaína por parte de Bush – confundiu eleitores e provocou pronunciamentos do candidato de que “deveria haver limite” à liberdade.

_ The Yes Men Project e o caso DowEthics.com; A dupla de ativistas Andy Bichlbaum e Mike Bonanno, do The Yes Men, é conhecida por ações de produzir danos a indivíduos e entidades que causam estragos sociais, econômicos e ambientais (crimes, no julgamento dos ativistas). São “correções de imagem” realizadas a partir da personificação dos representantes destas empresas. A de mais sucesso ocorreu em 2004, quando Andy concedeu uma entrevista para a rede de televisão britânica BBC como executivo da empresa Dow Chemicals (vídeo acima) e afirmou que, passados 20 anos do desastre químico causado na cidade indiana de Bhopal que matou 20 mil pessoas, a empresa assumiria a responsabilidade e indenizaria os atingidos em U$ 12 bilhões. Pro Brasil de 2016, seria como se um integrante de um coletivo de ativistas tivesse convencido a Globo de que era um executivo da Samarco, principal responsável pela tragédia em Bento Rodrigues – Mariana, e concedesse entrevista num programa como o Jornal da Globo assumindo que a empresa vai pagar uma indenização de bilhões de reais às famílias atingidas (o que, convenhamos, deveria ser o mínimo, não?).

Era um trote: Yes Men havia criado um site espelho da empresa, chamado dowethics.com, que os jornalistas da emissora britânica entraram em contato erroneamente para combinar uma entrevista. Durante duas horas, a entrevista circulou pela internet, foi repetida na mesma BBC e só então a empresa Dow Chemicals notificou a emissora que o entrevistado era um impostor. Como contra-ataque, a empresa solicitou o cancelamento do serviço de IPS (Internet Service Provider) para a empresa que hospedava o site falso. Segundo a dissertação de Anne Clinio (2011), quando o site se tornou offline, outros ativistas se mobilizaram pela causa defendida pelo Yes Men Project e criaram vários sites espelho para escapar da censura e oferecer fontes múltiplas para as informações divulgadas pela dupla. Mais detalhes da ação podem ser vistos na Wikipedia

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Protestos em 1999 no Brasil. Foto: André Ryoki

_ Independent Media Center (Indymedia); foi uma criação de diversas entidades no campo da época chamada mídia alternativa com o intuito de realizar a cobertura dos protestos de Seattle em razão da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 30 de setembro de 1999. Desenvolveram um site que oferecia diversos materiais – cobertura em tempo real, relatórios, fotos, vídeos e áudios – das manifestações num sistema de publicação aberto, ou seja, qualquer um poderia submeter seu material para publicação, sem filtros editoriais. A intenção era organizar uma cobertura de orientação alternativa àquela realizada na mídia tradicional, num contexto em que a publicação na internet não era acessível a qualquer pessoa: não havia redes sociais como as que conhecemos hoje, e os blogs recém iniciavam sua trajetória – o primeiro sistema gratuito e facilitado de publicação de conteúdo (CMS) a se tornar popular, o blogger, havia começado a funcionar também em 1999. Depois dos protestos em Seattle, uma rede internacional IndyMedia se constituiu e se mantém hoje em mais de 160 países.

No Brasil, o IndyMedia ajudou a formar o Centro de Mídia Independente (CMI), um coletivo de autopublicação que está na base do ativismo digital brasileiro. “A ideia foi fazer um site de mídia que mostrasse as nossas lutas. É diferente de montar um coletivo de mídia. Nós precisávamos do nosso próprio veículo”, conta Elisa Ximenes, membro do coletivo brasileiro, em entrevista à Tatiana de Mello Dias nesta boa reportagem (“CMI: o coletivo que fundou o ativismo digital“) na Galileu. De integrantes do CMI saiu também o Saravá, coletivo que mantém o principal servidor de iniciativas ativistas do Brasil e um dos mais destacados grupos tecnopolíticos brasileiros – se você se interessa pelo assunto, vá ler uma ótima entrevista com Sílvio Rhatto, um dos integrantes do grupo, em “Cartografias da Emergência”, lançado ano passado.

Na segunda parte do artigo falaremos das apropriações gambiarrísticas e hackers da mídia tática no Brasil.

Imagens: N5M e Tactical Media (fonte), De Certeau (fonte), protestos 1999 (fonte).

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https://baixacultura.org/2016/01/20/midia-tatica-uma-introducao/feed/ 0
Guerrilha da comunicação https://baixacultura.org/2015/11/29/guerrilha-da-comunicacao/ https://baixacultura.org/2015/11/29/guerrilha-da-comunicacao/#respond Sun, 29 Nov 2015 15:07:33 +0000 https://baixacultura.org/?p=10536 Seria a melhor subversão a alteração dos códigos em vez da destruição destes? Partindo dessa ideia, de algumas leituras e da documentação ao longo dos anos de ações “guerrilheiras” de comunicação aqui no Baixa, é que nasceu a oficina de Guerrilha da Comunicação. 

A ideia da oficina é a de apresentar teoria e prática de táticas de comunicação de guerrilha, dos nomes fake à produção de notícias falsas, passando pelo subvertising (propagandas anti­consumo com símbolos do capitalismo), cut­-up, happenings, eventos falsos e outras práticas agrupadas na ideia de artivismo.

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Realizamos uma primeira versão da oficina no Festival #Hashtag, em Ribeirão Preto – SP, em julho deste ano. Tratamos de apresentar ideias, exemplos e causos utilizados por coletivos que já falamos bastante por aqui, como osAdbusters, Wu Ming, Luther Blisset, Provos, BaixoCentro, e táticas como as de distanciamento, sobreidentificação, happenings, snipers (os franco-atiradores semióticos), nomes coletivos, fakes, entre outras. A partir de um fato da época na cidade, fizemos um happening chamado “Partida De Futebol Mais Rápida do Mundo”, registrado em imagens aqui e neste vídeo, editado pelos participantes da oficina.

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Fizemos (assim como na primeira, em parceira com o Fotolivre.org) uma segunda versão da oficina em novembro, junto ao Centro de Mídias Populares, com a equipe do núcleo de produção multimídia e para internet do Brasil de Fato. De menor tempo de duração, desta vez fizemos um apanhado das táticas apresentadas anteriormente e trouxemos mais exemplos, de situações mais cotidianas e fáceis (como os memes) à casos históricos do hackativismo, como o caso Dow Ethics, do Yes Men, e o Eletronic Disturbance Theater, ação do Critical Art Ensemble em apoio aos zapatistas.

Ao final, dividimos em grupo os cerca de 30 participantes dos mais variados países da américa latina (contamos gente de Cuba, Venezuela, Argentina, Uruguai, Colômbia, Bolívia e Chile) para propor ações guerrilheiras em suas realidades. A agilidade dos memes foi uma das táticas escolhidas e consta que alguns deles já estão circulando pelas redes… Confira abaixo fotos das oficinas e, por fim, o pdf (mais de 40 páginas!) com a apresentação utilizada na oficina.

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Apresentação Guerrilha SP

Referências teóricas da oficina:
BLISSET, Luther. Guerrilha Psíquica. Sao Paulo, Conrad, 2001.
BLISSET, Luther. BRÜNZELS, Sonja. Como acabar con el mal: manual de guerrila de la comunicación. Vírus Editorial; Barcelona, 2000.

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Imagens: Nike Boy (Adbusters), Subertising, Florian Riviere. 

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