antivigilancia – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Mon, 02 Aug 2021 14:16:38 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg antivigilancia – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Coleção Tecnopolítica (2): Manifestos Cypherpunks https://baixacultura.org/2021/08/02/manifestos-cypherpunks-criptografia-em-defesa-da-privacidade/ https://baixacultura.org/2021/08/02/manifestos-cypherpunks-criptografia-em-defesa-da-privacidade/#comments Mon, 02 Aug 2021 14:16:38 +0000 https://baixacultura.org/?p=13704

Os “Manifestos Cypherpunks” é a segunda publicação da coleção “Tecnopolítica”, coordenada pelo BaixaCultura e a Editora Monstro dos Mares. Depois do lançamento de “A ideologia Californiana”, texto seminal da crítica ao neoliberalismo tecnocrático do Vale do Silício feito em 1995 por Richard Barbrook e Andy Cameron, o segundo volume da coleção reúne alguns dos primeiros alertas contra a vigilância massiva na era da internet. São textos escritos na época que a rede mundial dos computadores ainda engatinhava, entre o final dos anos 1980 até meados dos 1990, por pessoas que conheciam a fundo alguns aspectos dos aparatos técnicos que faziam funcionar a rede e queriam nos fazer ficar atentos a eles.

Originários de uma vertente da cultura hacker mais afeita a ação política, em contraponto a outra mais ligada ao liberalismo empreendedor das startups do Vale do Silício, os cypherpunks surgem nos anos 1990 dizendo que a única maneira de manter a privacidade na era da informação é com uma criptografia forte. Mais de trinta anos depois de sua gênese, o ideal dos cypherpunks ainda é presente sobre gerações de criptógrafos, programadores e ativistas, entre eles os reunidos em tornos das criptofestas em diversos lugares do mundo, entre elas a CryptoRave, principal evento da área no Brasil. 

A publicação reúne:
_ Introdução “Criptografia em Defesa da privacidade”, que contextualiza a produção dos textos, escrito por Leonardo Foletto, organizador da publicação, editor do BaixaCultura, jornalista e pesquisador ;
_ “Por que eu escrevi o PGP”, de Philip R. Zimmermann (1991);
_ “Manifesto Criptoanarquista”, de Timothy C. May (1993);
_ “Manifesto Cypherpunk”, de Erick Hughes (1993),
Todos traduzidos do inglês pelo coletivo Cypherpunks e revisado por Victor Wolfenbüttel;
_ Posfácio “Retrospectiva e expectativa Cypherpunk”, escrito pelo pesquisador em criptografia e um dos fundadores do IP.Rec, André Ramiro, que recupera o histórico e a importância da discussão da criptografia para 2021;
_ Anexo, chamado “Cripto-Glossário”, escrito por Timothy C. May e Eric Hughes em 1992, documento histórico sobre os termos utilizados nos estudos e na prática da criptografia.

Como outros textos desse período de nascimento da internet, alguns trechos desses manifestos podem soar premonitórios do que viria a ocorrer. A perseguição da criptografia pelo Estado, o que de fato ocorre neste 2021 no Brasil e em outros países, é um exemplo que já consta no segundo texto desta coletânea, “O Manifesto Criptoanarquista” (1993), de Timothy C. May, engenheiro elétrico que se tornou um dos mais reconhecidos cypherpunks assim que saiu da Intel, em 1986. “O estado tentará, é claro, desacelerar ou deter a disseminação dessas tecnologias, citando preocupações com a segurança nacional, o uso da tecnologia por traficantes de drogas e sonegadores de impostos, e temores de desintegração social. Muitas dessas preocupações serão válidas; a criptoanarquia permitirá que segredos nacionais sejam vendidos livremente e permitirá que materiais ilícitos e roubados sejam comercializados. Vários elementos criminosos e estrangeiros serão usuários ativos da CriptoNet. Mas isso não vai parar a propagação da criptoanarquia.”

Como em May, também no terceiro texto desta publicação, “Manifesto Cypherpunk” (1993), de Eric Hughes, está presente um pensamento libertário, de desconfiança em relação ao Estado: “Não podemos esperar que governos, corporações ou outras organizações grandes e sem rosto nos concedam privacidade por benevolência. É para benefício próprio que falam de nós, e devemos esperar que eles vão falar. Tentar impedir a sua fala é lutar contra as realidades da informação. A informação não apenas quer liberdade, ela deseja ser livre”, ecoando nesta última frase o primeiro princípio da ética hacker. Matemático e programador, Hughes, assim como os outros dois autores dos textos aqui, são filhos da cultura hacker dos Estados Unidos que ajudou a originar a internet, desenvolveu e potencializou o software livre e buscou tornar mais aberto o processo de produção das tecnologias para ajudar a deixá-las mais livres e autônomas. Com isso, mesmo que não fosse explícita a intenção, acabaram por politizar as tecnologias – ainda que não a partir de um viés interseccional de gênero e raça, mas a partir de um ponto de vista branco e masculino, o que nos últimos anos tem trazido diversas discussões dentro do movimento hacker e do software livre e aberto.

A resposta à vigilância destes Manifestos Cypherpunks pode parecer até ingênua em 2021, segundo ano de pandemia do Novo Coronavírus, onde todos estamos mais necessitados de conexão e troca de dados para sobrevivermos ao isolamento necessário para não contrair a covid19. Mas, como você poderá ler no livro, as ideias presentes nos Manifestos Cypherpunks são, além de um alerta, um enfrentamento ao conformismo, que rejeita o “é melhor você se acostumar com o fim da privacidade” e acredita que o espalhamento da informação e do conhecimento sobre como funcionam os sistemas técnicos como a criptografia é ainda necessário para a transformação social. Também abordam a criptografia não apenas trazendo o uso de softwares como a grande solução para a defesa da privacidade, mas com uma discussão que envolve questões filosóficas sobre como podemos agir, o que queremos preservar no mundo e o que temos direito a esconder. Como diz Hughes no último manifesto dessa coletânea, “devemos defender nossa própria privacidade se esperamos ter qualquer uma”.

Em parceria com a editora Monstro dos Mares, lançamos o financiamento coletivo do “Manifesto Cypherpunks” no Catarse”. Batemos nossa primeira meta em menos de 24h e nossas duas metas estendidas em 4 dias, com mais de 100 apoiadores diferentes. Percebemos que há mais gente interessada no tema e nesses textos do que imaginávamos, então nosso próximo passo é atingir a terceira meta estendida, para conseguirmos aumentar nossa primeira tiragem para 400 exemplares, garantir recursos iniciais para a próxima publicação da coleção Tecnopolítica, “Declaração de Independência do Ciberespaço & outros textos”, de John Perry Barlow, a ser lançada em janeiro de 2022, remunerar os envolvidos na publicação e fortalecer os financiamentos coletivos do BaixaCultura e da Monstro dos Mares.

Quem apoiar, além do livro, pode ganhar recompensas como um pendrive com Tails, sistema operacional livre usado por Snowden no caso da NSA; o “A Ideologia Californiana“, de Richard Barbrook e Andy Cameron, 1º da nossa coleção Tecnopolítica, texto seminal (1995) e muito atual de crítica ao Neoliberalismo tecnocrático nascido no Vale do Silício; “A cultura é livre: uma história da resistência antipropriedade“, que recupera e amplia a discussão em torno da propriedade intelectual através dos tempos, com foco na cultura livre potencializada a partir do compartilhamento na internet e em perspectivas não ocidentais sobre a ideia de propriedade intelectual; “Segurança Holística: um manual de estratégias para defensores de Direitos Humanos” publicado originalmente pelo coletivo Tactical Technology, traduzido em 2018 pelo coletivo anarcotecnológico Mar1sc0tron.

No dia 26/8, ocorre também a “Retrospectiva e expectativa Cypherpunk”. Leonardo Foletto, organizador de “Manifestos Cypherpunks”, conversa com André Ramiro, pesquisador em criptografia e um dos fundadores do IP.Rec, autor do posfácio da edição. A proposta é conversar um pouco sobre os três manifestos presentes no livro, seu contexto de produção e sua atualidade para 2021. A conversa ocorre no canal do Youtube do BaixaCultura, às 19h,  dentro do #criptoagosto, uma série de eventos, debates e atividades para falar da importância da criptografia, organizado pela Coalizão Direitos na Rede.

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BaixaCharla ao vivo #8: Racismo Algorítmico https://baixacultura.org/2021/07/14/baixacharla-8-racismo-algoritmico/ https://baixacultura.org/2021/07/14/baixacharla-8-racismo-algoritmico/#respond Wed, 14 Jul 2021 20:15:53 +0000 https://baixacultura.org/?p=13694

A oitava BaixaCharla ao vivo, quinta de 2021, vai falar sobre racismo algorítmico a partir de  “Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: Olhares Afrodiaspóricos“, organizado pelo nosso convidado da conversa, Tarcízio Silva, que é pesquisador, produtor cultural e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, doutorando em Ciências Humanas e Sociais na UFABC, onde estuda imaginários sociotécnicos de resistência, e Tech + Society Fellow pela Fundação Mozilla, atuando em promoção de segurança digital e defesa contra danos algorítmicos. Também atua como curador na Desvelar, entre outras atividades que podem ser conferidas em seu currículo.

Editado em 2020 pela Literarua, “Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: Olhares Afrodiaspóricos” busca relacionar raça, racismo, negritude e branquitude com os estudos de tecnologias digitais, especialmente algoritmos, mídias sociais e comunidades online. Reúne 14 artigos de pesquisadores/as provenientes do Brasil, países da Afrodiáspora e África, como Congo, Etiópia, Gana, Nigéria, Colômbia, Estados Unidos e Reino Unido. É uma publicação que, com sua diversidade de perspectivas, tenta suprir uma lacuna nos estudos acadêmicos brasileiros na área. 

No prefácio, Emicida escreve que “se a essência das redes sociais é a conectividade, está para nascer uma que cumpra seu papel com mais eficácia do que um tambor”. É importante  desnaturalizar a ideia de que “tecnologia, storytelling, minimalismo e ideias que visam ampliar a percepção do que significa ser humano sejam apenas invenções do vale do silício”, diz o rapper, que cita Paulina Chiziane, “às vezes sinto que nos oferecem algo que já era nosso antes deles chegarem”. 

O capítulo de abertura é de Ruha Benjamin, autora de “Race After Technology: Abolitionist Tools for the New Jim Code” (2019), ativista e professora da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Nesse texto, Ruha incentiva um compromisso de incorporar abordagens raciais críticas no campoos Estudos de Ciência e Tecnologia – Science and Technology Studies (STS), no inglês.  Como ela escreve: “seja na arquitetura de máquinas (…) ou na arquitetura de  tecnologias legais, os pesquisadores de STS devem treinar nossas ferramentas analíticas sobre as diferentes formas de “correção racial” que sustentam uma forma perniciosa de construção do conhecimento”. A tecnologia é um dos muitos meios pelos quais as formas anteriores de desigualdade são atualizadas, por isso, ela explica, a necessidade vital de se fazer um balanço rotineiro também das ferramentas conceituais que são usadas para entender a dominação racial.

Nos outros 12 textos, o livro colabora com a crescente complexificação do pensamento sobre a comunicação digital e internet resultante da diversificação dos olhares e falas nos espaços acadêmicos. “Da matemática na divinação Ifá ao ativismo político, os temas e objetos dos capítulos passam por transição capilar, blackfishing, afroempreendedorismo, Black Twitter, contra-narrativas ao racismo e métodos digitais de pesquisa apropriados à complexidade das plataformas, algoritmos e relações de poder incorporadas nas materialidades digitais racializadas”, como escreve Tarcízio na apresentação.

É do nosso convidado da BaixaCharla o artigo no livro que complexifica o tema em voga no debate: “Racismo Algorítmico em plataformas digitais: microagressões e discriminações em código”. Para ele, o racismo online é um “sistema de práticas contra pessoas racializadas que privilegiam e mantém poder político, econômico e cultural para os brancos no espaço digital” (citando Tynes, Lozada, Smith & Stewart, 2019). Nos ambientes digitais, especialmente plataformas de publicidade (Facebook), de nuvem e computação (Amazon Web Services, Microsoft Azure, etc), de produto (como Zipcar etc), plataformas lean (Uber, AirBnB), o desafio se torna mais profundo na medida em que o racismo adentra os processos automatizados “invisíveis” como recomendação de conteúdo, reconhecimento facial e processamento de imagens. 

Nesse cenário em que a tecnologia cada vez mais é tanto mediação das atividades humanas quanto interação interpessoal e negociação de serviços e comércio, os casos de identificação de racismo algorítmico passam a ser somados por diversas pesquisadoras, ativistas e desenvolvedores – entre eles o próprio Tarcízio, com sua Linha do tempo do racismo algorítmico, projeto paralelo de sua pesquisa no doutorado (intitulado provisoriamente de “Dados, Algoritmos e Racialização em Plataformas Digitais”) que incorpora casos de 2010 a partir da pergunta: “Como as plataformas digitais, mídias sociais, aplicativos e inteligência artificial reproduzem (e intensificam) o racismo nas sociedades?”

O artigo também fala de chamadas “microagressões”,  “ofensas verbais, comportamentais e ambientais comuns, sejam intencionais ou não intencionais, que comunicam desrespeito e insultos hostis, depreciativos ou negativos contra pessoas de cor” (Sue, 2010a, p. 29). São expressões, consciente ou não, usadas para manter “aqueles à margem racial em seus lugares” e que mostram como o racismo é sistemático em nossa sociedade. No texto, o pesquisador identifica sete tipos dessas microagressões: Suposição de Criminalidade; Negação de Realidades Raciais/Democracia Racial; Suposição de Inferioridade Intelectual; Patologização de Valores Culturais; Exotização; Estrangeiro na Própria Terra / Negação de Cidadania; Exclusão ou Isolamento.

Outro tema em voga na discussão sobre racismo e plataformas digitais são as tecnologias baseadas em inteligência artificial para ordenação e vigilância de cidadãos no espaço público. Conhecidas como “tecnologias de reconhecimento facial”, elas ganharam mercado nos últimos anos tanto a partir do lobby das big techs quanto pelo avanço de ideologias de extrema-direita. Por conta disso, têm sido usadas (ou contratadas para serem) em polícias de diversos lugares, entre eles o Brasil; um estudo do Intervozes afirma que “dentre os 26 prefeitos de capitais empossados em janeiro de 2021, 17 apresentaram propostas que, de algum modo, preveem o uso das tecnologias de informação e comunicação na segurança pública”. Publicamos em nossas redes uma notícia da Folha de S. Paulo nesta semana que conta que 20 estados brasileiros, das cinco regiões do Brasil, utilizam ou estão implementando a tecnologia de reconhecimento facial na segurança pública local. 

Na Linha do Tempo citada há diversos casos de erros dessas tecnologias. Há, por exemplo, situações em que os sistemas de reconhecimento facial da Amazon e da IBM erram mais em imagens de mulheres negras, assim como sistemas de biometria visual costumam falhar de 10 a 100 vezes mais com imagens de pessoas negras ou asiáticas. Por conta dessas falhas que ajudam a perpetuar o racismo algorítmico, pesquisadores têm defendido o seu banimento; nos Estados Unidos, há decisões como a de Minneapolis, cidade onde Geroge Floy foi morto, onde Câmara Municipal vetou o uso da tecnologia pela polícia, por sinais de que a I.A. é tendenciosa contra negros e outros grupos raciais. Na Europa, o Comitê Europeu de Proteção de Dados (EDPB) e a Autoridade Europeia para a Proteção de Dados (EDPS), apresentaram opinião conjunta que sugere o banimento do reconhecimento de pessoas em espaços públicos.

Tarcízio recentemente participou do podcast Tecnopolítica em que conversou com Sueli Carneiro (e Sérgio Amadeu, âncora do podcast) sobre o tema, resgatando inclusive o questionamento à neutralidade da ciência moderna – Sueli lembrou de como a ciência tem origem racista, tendo por base um pensamento universal europeu colonizador que excluía os povos africanos e as diversas cosmologias ameríndias e asiáticas. 

O pesquisador também escreveu em seu blog sobre 10 razões para as tecnologias de reconhecimento facial serem banidas. Estão entre eles o reconhecimento facial e visão computacional são técnicas altamente imprecisas, em especial sobre pessoas racializadas; de como as tecnologias digitais vistas como “neutras” ou “objetivas” favorecem ainda mais excessos de policiais, e no espaço público pressupõe e fortalecem uma sociedade vigilantista. Também é fator para defender o banimento o fato de que não podemos pressupor boa-fé de corporações de tecnologia, como exemplifica casos como o impacto do Facebook no Brexit e nas eleições americanas, do extremismo digital no YouTube e do lobby da Google no Conselho Administrativo de Defesa Econômica, entre muitos outros. 

No aspecto econômico, mesmo o custo-benefício para captura de condenados não justifica a coleta massiva, como exemplifica a milionária implementação de reconhecimento facial em Londres, onde bases reuniam fotos de mais de 2.400 suspeitos que geraram apenas 8 prisões. Dados proporcionais ainda piores foram reportados no Brasil, onde gigantesca infraestrutura de reconhecimento facial foi implementada na Micareta de Feira de Santana, Bahia, coletando e vulnerabilizando 1,3 milhões de rostos para o cumprimento de apenas 18 mandados.

Para debater o livro e os temas citados, Leonardo Foletto e Tatiana Balistieri, do BaixaCultura, conversam com Tarcízio Silva no dia 22 de julho, às 19h, no canal do Youtube do BaixaCultura, onde as outras charlas já estão disponíveis. Nas próximas semanas ela também vira podcast, que pode ser escutado aqui e nas principais plataformas de streaming. Essa é a última charla do ciclo de 2021 que discutiu diferentes perspectivas dos estudos das tecnologias de comunicação no Brasil e no mundo. 

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Você pode assistir aqui, em áudio e vídeo (YouTube).

]]> https://baixacultura.org/2021/07/14/baixacharla-8-racismo-algoritmico/feed/ 0 Privacidade na rede: táticas e técnica de segurança digital https://baixacultura.org/2019/03/07/privacidade-na-rede-taticas-e-tecnica-de-seguranca-digital/ https://baixacultura.org/2019/03/07/privacidade-na-rede-taticas-e-tecnica-de-seguranca-digital/#comments Thu, 07 Mar 2019 11:54:06 +0000 https://baixacultura.org/?p=12749

Alexandre Kupac / FISL

Desde pelo menos as primeiras denúncias de Edward Snowden sobre a NSA, em junho de 2013, já sabemos que os governos e as empresas vigiam nossas comunicações digitais na rede. O cerceamento da internet por um pequeno apanhado de empresas privadas – Google, Facebook, Amazon e Apple – tornou ainda mais fácil a vigilância.

Em troca de acesso “grátis” a serviços e sites da internet, oferecemos dados valiosos sobre nossa vida: o que comemos, onde moramos, que lugares frequentamos, quem são nossas amigas, quais nossas artistas favoritas, por onde nos deslocamos pelo mundo, em quem votamos, que causas somos a favor ou contra, entre outras milhares de informações que fornecemos nas redes sociais, nos aplicativos de nossos smartphones e em nossas navegações diárias na internet.

Nesse cenário, como os indivíduos podem proteger minimamente sua privacidade de grandes empresas que controlam ainternet e também de governos? Faremos, na próxima terça-feira 12/3, das 14 às 18h, uma oficina de “Privacidade na rede: táticas e técnica de segurança digital“, no CPF-SESC, em São Paulo. A proposta é conversar sobre como lidamos com nossos rastros digitais, quem nos rastreia, onde isso é feito e porquê. O objetivo também é apresentar estratégias, ferramentas e formas de navegar na web e usar seu smartphone de forma segura, para evitar ou minimizar o rastreamento.

Serão mostradas ferramentas de navegação anônima e antivigilância, aplicativos de trocas de mensagens instantâneas seguros e uma introduçãobásica à criptografia, de modo que qualquer pessoa, sem conhecimento aprofundado da internet e da tecnologia, possa se proteger minimamente nas redes digitais.

Inscrições aqui. Depois contamos aqui como foi e mostramos o material utilizado na oficina.

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A oficina teve a presença de 20 pessoas e foi uma conversa guiada sobre o assunto, organizada em dois momentos:

1. CONTEXTO: COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI?

Ressaca da Internet, espírito do tempo;:

Capitalismo de dados/vigilância, economia da atenção; redes sociais modulando nossas emoções;
_ A Sociedade de Controle: Manipulação e modulação nas redes digitais. Joyce Souza, Rodolfo Avelino, Sérgio Amadeu da Silveira (2019, Hidra);
_ Capitalismo de Vigilãncia, Shoshana Zuboff:
“A direção através de mais e mais extração de dados e analise. / O desenvolvimento de novas formas contratuais usando monitoramento computacional e automação / O desejo de personalizar e customizar os serviços oferecidos para os usuários de plataformas digitais / O uso de infraestrutura tecnológica para executar experimentos futuros em seus usuários e consumidores”.
_ O que é privacidade hoje?
Público X privado; dados pessoais X dados sensíveis;

2. E AGORA?

Resistir ou re-existir na rede?
Outra forma de usar a rede. Proteção de dados pessoais. Meus dados, minhas regras. Regulação? GDPR
Direito à privacidade: fundamental para garantir articulação dos mais frágeis diante dos grupos de poder;
Transparência nos algoritmos. Software Livre (“como orgânico”). Autonomia.

SEGURANÇA DIGITAL: de quem nos proteger? Estado, empresas, outras pessoas?
FreeNet.

Programa básico
Signal – Tor – Servidores de e-mail alternativos – criptografia –
compartimentalização de identidades: uma estratégia eficiente é, aos poucos, irmos criando perfis diferentes, de acordo com nossos usos das redes, de modo que pelo menos seja mais difícil ligar os pontos para montarmos nossa identidade principal. Se vivemos em um mundo ultra-fragmentado, porque também não fragmentamos nossa identidade na rede? Quel tal sermos outrxs, diversos e múltiplos?
DATA DETOX

Aqui o pad com o roteiro da oficina completa.

Abaixo tem uma foto do oficineiro tirada por Jean Paz, jornalista do Sesc (que tb fez a oficina).

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https://baixacultura.org/2019/03/07/privacidade-na-rede-taticas-e-tecnica-de-seguranca-digital/feed/ 1
Feminismo, tecnologia e hackers em Charla https://baixacultura.org/2018/11/08/feminismo-tecnologia-e-hackers-em-charla/ https://baixacultura.org/2018/11/08/feminismo-tecnologia-e-hackers-em-charla/#respond Thu, 08 Nov 2018 02:00:34 +0000 https://baixacultura.org/?p=12454

A BaixaCharla #7 teve como convidada Fernanda Monteiro, hacker, programadora e integrante da MariaLab, coletiva hackerspace feminista que por quatro anos esteve itinerante, mas que desde abril de 2018 ocupa um espaço na casa coletiva chamada Ateliê do Bixiga.

Fernanda falou de sua entrada no software livre, a partir dos primeiros contatos com servidores – como você deve saber, boa parte dos servidores dos sites que você acessa rodam softwares livres. À época da entrevista, março de 2018, Fernanda ainda trabalhava na Coordenadoria de Convergência Digital da Secretaria de Inovação e Tecnologia (SMIT) de São Paulo junto à rede de Fablabs livres e públicos da cidade – a entrevista foi realizada em um dos 12 da rede, o da Galeria Olido, centrão da cidade.

Ativista hacker, ela falou também de sua atuação junto ao InfoPreta, primeira empresa de reparos e serviços tecnológicos que conta apenas com mulheres negras, LGBT, transexuais e travestis no Brasil. Depois de sair da Prefeitura, continua trabalhando como consultora para diversos projetos, entre eles o Guia Prática de Estratégias e Táticas para a Segurança Digital Feminista e a Vedetas, servidora feminista (além das diversas ações que o MariaLab realiza – oficinas diversas, debates, formações, sites, serviços e outros vários encontros.

Gravação, foto e edição: Sheila Uberti

 

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Como pesquisar na web anonimamente https://baixacultura.org/2018/10/24/como-pesquisar-na-web-anonimamente/ https://baixacultura.org/2018/10/24/como-pesquisar-na-web-anonimamente/#respond Wed, 24 Oct 2018 15:40:26 +0000 https://baixacultura.org/?p=12599

A internet é tão intrínseca ao dia-a-dia moderno que esquecemos de observar a sua estrutura, o espaço que habitamos dentro dela. É como andar de carro: nós nunca prestamos atenção do que são feitas as paredes internas e o forro. O problema é quando o forro pode ser ruim para você. Pra ser claro o bastante, vou começar descrevendo o grande cenário e então ampliar um ponto específico, fazendo um verdadeiro zoom in em câmera lenta, pra que possamos entender a importância da coisa toda.

GRANDE CENÁRIO: O ACESSO À INTERNET

A forma como navegamos na internet está mudando. Desde o ano passado, os brasileiros acessam mais a rede pelo celular do que pelo computador. 49% das pessoas hoje em dia não usam mais computador. [1] No mundo, 99,6% dos smartphones têm como sistema operacional o Android ou iOS, sendo que 81,7% disso é só o Android. [2]

Ou seja: atualmente, o Android é o meio de acesso à internet mais popular que existe no Brasil.

A página oficial do Android é essa. [3] Pra quem não sabe, esse é um sistema operacional de código aberto, que pode ser modificado pelo usuário. É desenvolvido pelo Google. Ele está disponível de forma gratuita para que possa ser usado por qualquer pessoa ou empresa que queira colocar um sistema operacional no seu dispositivo móvel.

É como se metade do serviço já estivesse resolvido de largada. Basicamente o que todas as empresas desenvolvedoras de smartphone fazem hoje em dia é o seguinte: se debruçam sobre a concepção do aparelho – seu processador, memória, design da tela, câmera, alto falante, resistência à água, etc. Depois entram no site que referenciei, baixam o Android e instalam no aparelho, fazendo pequenas modificações pra parecer personalizado pela empresa. Assim o usuário tem a impressão que tem um celular da LG que não é igual, e ter a leve ilusão de que é um sistema melhor do que, o seu antigo aparelho da Samsung, ou qualquer empresa que seja.

Ok, agora entra a dúvida econômica: o que o Google ganha por disponibilizar um sistema operacional inteiro e completo pra que quase todo o mercado de telefones celulares do mundo se aproprie da coisa e não precise distribuir o seu próprio, se ele não cobra nada por isso?

AMPLIANDO (1): A EMPRESA GOOGLE E SEU MODELO DE NEGÓCIO

Resposta: informação.

O que ele ganha é pura e simples quantidade infinita e incalculável de informação provinda de bilhões de usuários que são obrigados a criar um cadastro, vinculando nome, email e senha, pra acessar o aparelho.

Percebam: tu comprastes um celular belíssimo, de até cinco mil reais, um verdadeiro milagre da tecnologia, capaz de tirar fotos que nenhum profissional já tenha visto em um aparelho tão compacto, capaz de reproduzir som como um rádio de parede faria nos anos 50, mas tu não pode usar ele, a menos que coloque o nome e o email na primeira tela do aparelho.

Você é obrigado a dividir suas informações se quiser usar o aparelho que você já comprou! É uma nova relação, totalmente inédita no capitalismo. Não basta você adquirir. Agora você é parte da coisa. Fica perceptível: o acesso ao sistema Android é um serviço não fornecido pelo aparelho celular que você comprou. O sistema Android é um serviço remunerado pelo usuário. Mas ele não é pago financeiramente. Ele é pago com informação: dados pessoais.

É genial a atitude de lançar um sistema operacional trabalhando como grande coletor de dados, e oferecer de graça para as fabricantes de telefone. O modelo de negócio do Google é baseado em monetizar dados de uso das pessoas. Esses dados se transformam em informação segmentadíssima para que as empresas possam direcionar seus anúncios. O Google vende o oposto de um outdoor: em vez de fazer um banner gigantesco visualizado por todos os tipos de públicos e torcer pra que as pessoas certas enxerguem o novo produto, o anúncio vai diretamente para aqueles que certamente têm algum tipo de vínculo com o produto novo. Quantos de nós já pesquisamos “Nike” no Google e passamos semanas visualizando anúncios de tênis da empresa, como se fosse mera coincidência? O usuário é considerado uma verdadeira ovelha no esquema, um consumidor passivo, e que não vai notar que está sendo caçado. E será que não deixamos de reparar nessas coisas, realmente?

Quem vai pagar para anunciar num outdoor ou num jornal quando uma empresa de tecnologia te promete enviar anúncios para as pessoas exatamente certas, por um preço menor e por menos trabalho? Por que por um preço menor e por menos trabalho: porque o Google coleta os dados de graça do usuário. Ele não precisa nem pedir, já estamos fornecendo instantaneamente a todo momento.

AMPLIANDO (2): OS DADOS COLETADOS PELO ANDROID

Diversos tipos de informação, como a sua localização ou quantos e quais aplicativos estão baixados, são acessáveis para o Google. Está nos termos de uso. O que se pode fazer sobre isso? A menos que se comece a utilizar outro sistema operacional, não baseado em algum login, nada. O mercado está bem centralizado entre ter uma conta Google ou uma conta do iCloud.

Recentemente, uma investigação da Associated Press demonstrou que o Google rastreia sua localização através do GPS do celular, mesmo que a opção “localização” esteja desativada. [4] Estão armazenados nos servidores da empresa na Califórnia, nos Estados Unidos, exatamente todos os lugares que tu frequentas levando o celular no bolso.

Seria melhor começar a deixar ele na gaveta. Mas como parar de usar o Android? Meio difícil, já que ele é a única opção popular no mercado além do iOS, oferecido pela Apple pra quem compra um iPhone.

AMPLIANDO (3): COMO SE NÃO BASTASSE O ANDROID, AINDA TEMOS OS APLICATIVOS DO GOOGLE

Perceba: os dados que eu comentei são aqueles adquiridos apenas pelo Android. Devemos levar em consideração ainda os dados que são enviados para o Google através dos aplicativos da empresa que estão nativamente no aparelho, e possivelmente são usados pelo usuário.

Sim, porque ao usar o Chrome, o buscador Google, o Youtube, o Play Música, o Fotos, o Tradutor, e diversos outros aplicativos da empresa, esse acesso é vinculado ao seu email e sua conta Google, e enviado para os bancos de dados da empresa. É possível criar a identidade da pessoa através do uso do celular. O Google pode saber quando você ficou solteiro, se localizar o momento que você adquiriu e instalou o Tinder no seu celular, por exemplo.

Recentemente, o Google recebeu uma multa de 19 bilhões de dólares da União Europeia, pelo que foi considerada uma atitude monopolista de mercado [5]: o buscador do Google e o navegador Chrome vêm como ferramentas padrão do sistema, favorecendo os próprios produtos. A empresa se comprometeu a mudar essa configuração, como resposta à multa. Nas próximas atualizações do Android, então, apesar dos aplicativos certamente continuarem instalados, eles não vão ser mais os “programas padrão”.

O efeito dessa medida é relativo, porque nada impede do usuário de transformar tanto o navegador quanto o buscador em padrões novamente, já que esses são os mais famosos e mais naturalizados dentro da cabeça das pessoas.

E a menos que tu não se importe nem um pouco de ser explorado por uma empresa e não ache que o livro 1984 termine tão mal assim, é importante pensar em formas de diminuir o sequestro de seus dados pessoais.

Então entra a parte menos entristecida desse texto: se não há muitas opções sobre o que fazer para não ser rastreado, pelo menos podemos mitigar o problema, e atuar positivamente em direção a outros serviços, que não baseiam seu modelo de negócios em utilizar dados do usuário, e valorizar essas empresas.

AMPLIANDO: UMA SUGESTÃO DE APLICATIVO PARA DIMINUIR O SANGRAMENTO DE DADOS

De dentro do Android, infelizmente ainda não temos soluções de saída. Mas podemos buscar alternativas para os aplicativos da empresa que são usados com naturalidade pelo usuário.

Nesse artigo quero apresentar uma das possíveis opções para vários serviços do Google. Uma alternativa à solução do Google mais clássica de todas – e que fez a empresa ser a gigante bilionária que é hoje: o buscador.

Talvez um ou outro usuário da internet mais aventurado já tenha ouvido falar no DuckDuckGo, mas acredito que a maioria não. Por isso acho tão importante apresenta-lo: o buscador do pato já existe há dez anos e se tornou relativamente famoso pela sua política avessa ao Google.

O DuckDuckGo foi criado em 2008 e divulgado primeiramente para usuários do Reddit. Pouco menos de um ano depois de entrar no mercado, eles aderiram à política de não rastrear o usuário, e se tornaram conhecidos pelo ousado outdoor lançado em 2011, na estrada californiana que leva à sede do Google, em que anunciam: “O Google te rastreia. Nós não.”.

Entrando em duckduckgo.com, é muito fácil de assimilar os conceitos da empresa: logo é sugerido que seja instalada uma extensão no navegador que bloqueia os anúncios e rastreadores do Google espalhados pela internet. (Sim, eu nem cheguei a mencionar isso, mas o Google não só coleta informações através de pesquisas no navegador e o uso direto dos aplicativos deles, mas também com rastreadores em até 75% dos sites da internet.)

A empresa tem como principal bandeira a privacidade do usuário. No seu blog, chamado Spread Privacy (Espalhe Privacidade, em português), eles dão dicas de como navegar com segurança online. Ao entrar no seu site pela primeira vez, é sugerido que torne o DuckDuckGo o navegador padrão, e use a ferramenta de bloquear os rastreadores do Google.

“Mas nenhuma empresa seria benevolente à toa. O que eles ganham com isso? Se anúncios dão dinheiro através da coleta dos dados, como eles podem se sustentar?” Você pensa, cético, questionador. E tem razão. Nós sempre devemos desconfiar ao adotar sugestões, especialmente de empresas digitais, que hoje em dia trabalham todas com informação.

Talvez eu me prove errado em algum momento futuro, mas a verdade é que o modelo de negócios do DuckDuckGo não envolve a personalização dos anúncios e resultados de busca. A empresa ganha dinheiro através de cliques em anúncios também, mas não aqueles baseados nos seus interesses, e sim naquilo que foi pesquisado. A segunda fonte de receita da empresa é uma parceria com Amazon e Ebay: os resultados de busca para esses sites apresentam códigos personalizados do DuckDuckGo. Caso você compre em algum desses sites através da pesquisa feita no DDG, eles ganham uma comissão.

Como eu sei que o buscador é seguro? Porque ele não tem nenhum tipo de login. Perceba: a forma das empresas vincularem os dados coletados à alguma pessoa é através do email e senha que são cadastrados no início do uso. Isso serve pra todos os aplicativos. Justamente por isso eu evito instalar aplicativos que pedem login, e quando não tenho alternativo, uso um email “falso”, que serve só pra esse tipo de cadastro, especialmente em aplicações muito específicas, que se tornam inúteis fora daquela função que eu preciso naquele momento.

Outro fato que valida a integridade da ferramenta de busca é o fato de ter se tornado, recentemente, o buscador padrão do navegador Tor, o mais seguro da internet.

AMPLIANDO: COMO INSTALAR E UTILIZAR O DUCKDUCKGO

Acho que quanto à instalação, não precisamos esticar muito. Baixando o aplicativo no celular, ele te sugere que se transforme no buscador padrão, e você ainda pode acessá-lo diretamente colocando na sua tela inicial e clicando em cima.

No navegador, ao entrar no site duckduckgo.com, ele te sugere instalar a extensão que transforma o DuckDuckGo em buscador padrão e também bloqueia os rastreadores do Google. Caso não queira fazer isso, também é possível torná-lo apenas buscador padrão, mexendo nas configurações do navegador. Nesse caso, siga o passo a passo de Rodrigo Ghedin no jornal Gazeta do Povo. [6]

Usar o DuckDuckGo é diferente do Google especialmente nos resultados. O usuário estranha no início a falta de personalização, mas eu considero os resultados impessoais melhores e mais interessantes.. No caso do usuário estar buscando uma comodidade do dia-a-dia, como, por exemplo, “chaveiro”, é possível que os resultados não sejam úteis, caso tu não descreva a cidade em que está. O DuckDuckGo não possui nenhuma forma de saber a sua localização, e nesse sentido ele não pode ajudar. Então, em vez de escrever só “chaveiro”, é melhor escrever “chaveiro (nome da cidade)”.

No mais, os resultados diferentes são muito bons para abrir a mente do usuário. Normalmente, a primeira página de resultados do Google é sempre igual, e direciona para os mesmos sites: o Youtube, alguns sites de notícias mais famosos, etc. Para encontrar conteúdo baixável, por exemplo, é muito melhor usar o DDG. No Google, devido à restrições de direito autoral, os resultados são quase sempre uma busca infrutífera.

DESVIANDO: CONSIDERAÇÕES SOBRE PRIVACIDADE

O objetivo aqui não é apresentar o DuckDuckGo como uma ferramenta final capaz de te salvar da exploração de dados feita na internet atualmente. Acho que isso fica claro especialmente pela limitação do uso: a empresa atua somente como ferramenta de busca (e bloqueador de rastreadores, caso seja baixada a extensão). Esse é um dos serviços fundamentais que usamos na internet, mas muitos outros continuam a nos rapinar, em níveis muito mais básicos de acesso, como o que foi mencionado sobre o Android.

Edward Snowden já falou muito mais e melhor sobre isso do que eu. Nenhuma ferramenta sozinha garante privacidade na internet. [7] Estamos cercados pelo sequestro de informação, especialmente porque se tornou parte do modelo de negócios de várias empresas.

A apresentação do DuckDuckGo que faço tem como objetivo específico convencer o leitor a mudar de buscador. Mas tenho esperança no objetivo geral demonstrar algo maior que isso: mudar o pensamento relacionado ao consumo de ferramentas e aplicativos. Depois do escândalo Cambridge Analytica, foi amplamente difundida a frase “se o serviço é grátis, o produto é você”, que já circulava entre as iniciativas mais preocupadas com privacidade da rede. Apesar disso, a ponte para o usuário atravessar, o caminho para abrir mão dos serviços coletores de dados, ainda é espinhoso e pouco claro.

Basicamente, quando se utiliza algum serviço online, deve se observar a presença do cadastro e aceitação dos termos de uso: imagine que absolutamente tudo que é feito dentro da aplicação estará relacionado ao seu email, nome de usuário e senha.

O quanto daquilo que se faz dentro do aplicativo você quer que seja conhecido? Por exemplo: muita gente não se dá conta que acesso ao Google Chrome logado na conta Google, mas o faz, e todo seu histórico é salvo e relacionado à sua forma de utilizar a internet. E tudo isso conta na hora de desenhar o seu perfil e vendê-lo aos anunciantes.

Quanto à isso, podemos agir de forma positiva, procurando serviços que não se baseiam em coleta de dados para tornarem-se viáveis. E depois disso, podemos esperar pela ação capitalista: se as empresas de tecnologia e informação não conseguirem mais segmentar os usuários, anunciantes buscarão outros meios, e o modelo estará diminuído – até possivelmente encerrado.

CONCLUSÃO: O QUE INTERESSA À UMA EMPRESA

O DuckDuckGo defende que é possível uma organização se sustentar sem roubar os dados do usuário. Acho que você e eu poderíamos defender também.

Victor Wolffenbüttel

REFERÊNCIAS

[1] https://tecnoblog.net/252838/celular-principal-meio-acesso-a-internet-brasil-tic-domicilios-2017/

[2] https://www.theverge.com/2017/2/16/14634656/android-ios-market-share-blackberry-2016

[3] https://developer.android.com/

[4] https://tecnoblog.net/255495/google-privacidade-historico-localizacao/

[5] https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/uniao-europeia-multa-google-em-r-19-bi-por-pratica-anticompetitiva-com-android.shtml

[6] https://www.gazetadopovo.com.br/manualdousuario/trocar-google-duckduckgo/

[7] https://theintercept.com/2015/11/12/edward-snowden-explains-how-to-reclaim-your-privacy/

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https://baixacultura.org/2018/10/24/como-pesquisar-na-web-anonimamente/feed/ 0
Diálogos Abertos #4: internet livre e segura https://baixacultura.org/2018/09/17/dialogos-abertos-4-uma-internet-livre-e-segura-para-tods-e-possivel/ https://baixacultura.org/2018/09/17/dialogos-abertos-4-uma-internet-livre-e-segura-para-tods-e-possivel/#respond Mon, 17 Sep 2018 14:47:49 +0000 https://baixacultura.org/?p=12542  

A quarta edição do Diálogos Abertos, nosso “programa” de debates mensal que realizamos em parceria com a Casa da Cultura Digital Porto Alegre, discutiu, neste último sábado, a busca por uma internet livre e segura para tod@s. É possível?

Nos reunimos na sede da Amigos da Terra Brasil, núcleo brasileiro de uma organização internacional dedicada à proteção do meio ambiente e à promoção do desenvolvimento com sustentabilidade e justiça social, co-organizadora desta edição ao lado de integrantes da Marcha Mundial das Mulheres, que luta pelos direitos reprodutivos das mulheres.

Participaram da conversa integrantes do BaixaCultura, CCD POA, Amigos da Terra, Marcha Mundial das Mulheres e outras organizações e projetos, como a EITCHA, Escola Itinerante de Tecnologia Cidadã Hacker. Falamos sobre a garantia de direitos como a privacidade, a liberdade de expressão, o acesso à informação, a participação social e o direito à manifestação, nos contextos do Marco Civil da Internet e da Lei Geral da Proteção de Dados, e sobre formas de defesa – ou que pelo menos dificultem – a vigilância na rede por governos e grandes empresas.

Os slides guia da apresentação de algumas ferramentas, criada por Fabrício Solagna, está aqui. Também tem uma apresentação de Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, usada em sala de aula (PUCRS) sobre privacidade e antivigilância.

Algumas das ferramentas mostradas no Diálogos estão listadas aqui abaixo:

_ TOR, navegador anônimo da web;
_ Checa se o servidor do email é seguro, StarTTLS;
_ Algumas excelentes extensões para tornar seu navegador Firefox mais seguro;
_ Safer Nudes, guia para mandar seus nudes de maneira segura, produzido pela Coding Rights;
_ Fuzzyfyme, extensão para firefox e Chrome que ajuda a impedir anúncios direcionados no Facebook;
_ Safer Manas, dicas de segurança digital em GIFS;
_ MailVelope, plugin para criptografar seu email (Gmail, Yahoo, Hotmail e vários outros);
_ Você na Mira, extensão (Firefox e Chrome) que ajuda a saber qual “caixinha” você é direcionado nos anúncios políticos do Facebook;
_ Alternativas aos serviços do Google;
_ Clue, aplicativo menstrual com uma boa política de dados pessoais;

E o vídeo do evento, na íntegra (3h de duração):

 

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O TOR e a resistência a distopia da vigilância https://baixacultura.org/2018/05/10/o-tor-e-a-resistencia-a-distopia-da-vigilancia/ https://baixacultura.org/2018/05/10/o-tor-e-a-resistencia-a-distopia-da-vigilancia/#comments Thu, 10 May 2018 16:03:19 +0000 https://baixacultura.org/?p=12418

 

Isabela Bagueros, que logo assume como Diretora executiva do TOR (sua foto já está no blog do projeto), fez uma fala potente na abertura da #CryptoRave2018 lotada, ao ar livre, no deck da Cinemateca Brasileira. Afirmou que as empresas de tecnologia tomaram a internet e fazem do nosso comportamento uma commodity, abusando de práticas no mínimo controversas, como bloquear acessos a serviços para forçar a criação de novas contas, compartilhar (e não vazar, como alega o Facebook) dados dos usuários com terceiros sem avisar, fazer os termos de serviço escrito naquelas letrinhas miúdas que raramente se lê… Ela defende que o modelo de negócio da internet baseado na comercialização dos nossos dados de uso tem que mudar. “Não podemos mais aceitar a comercialização abusiva dos nossos dados. A privacidade tem que ser padrão, não exceção”, disse, no que nós concordamos, embora saibamos também que essa é uma batalha MUITO difícil e que estamos no centro dela neste momento.

O TOR, é claro, é um elemento central nessa batalha por privacidade na rede. Isabela fez uma apresentação geral da ferramenta (o vídeo abaixo desenha como ele funciona), que tem 63 mil servidores (voluntários) espalhados pelo mundo e uma estimativa de 2 milhões de usuários, e falou do ecossistema por trás do software: uma ONG, que tem cerca de 30 pessoas trabalhando remuneradas, o conselho administrativo, os voluntários e os contribuidores – o Tor é um software livre, portanto é possível contribuir para seu aprimorar seu código ou mesmo detectar falhas de segurança. Afirmou que a forma de financiamento do TOR é baseada em doações, sendo menos da metade de governos (EUA, Suécia, Alemanha), e a outra parte vem de fundações (Mozilla, por exemplo), empresas privadas e pessoas de todos os lugares do mundo.

Os serviços Onion – sites que só podem ser acessados pelo TOR e compõe boa parte do que as pessoas chamam de “Deep Web” – também foram tema da keynote, Aliás, sobre isso Isabela deu uma declaração que, se houvesse jornalistas da mídia tradicional na Cryptorave, seria muito problematizada: “Não existe deep web ou dark web, isso é invenção da mídia. Na verdade a chamada deep web são os serviços onion, que permitem distribuição de conteúdos de forma anônima, o que é importante na nossa sociedade”.

Um dos focos do TOR hoje, e que vai ser uma das pautas tocadas por Isabela na Diretoria Executiva da organização, é a diversidade. “Precisamos ter servidores rodando em vários lugares, de diversos tipos, pessoas diversas, sistemas operacionais diversos. Isso fortalece a rede”, afirmou ela. Quanto mais pessoas e computadores diversos usarem TOR, menos a possibilidade de você ser o único da sua rua-bairro-cidade a usar o Tor para navegar anonimamente na rede – e talvez ser discriminado e perseguido por isso. Aliás, se o Tor é censurado em algum país, entre neste site e você tem todas as informações para continuar navegando anonimamente.

Outro foco é OONI, um aplicativo que que ajuda a detectar censura e vigilância na internet de vários lugares do mundo. Você executa o app e tem acessos a uma série de dados sobre os sites que são bloqueados e em que lugares, além de detectar a velocidade da rede que você acessa, entre outras funções ainda em desenvolvimento. Já dá pra baixar na Play Store e na F-Droid (a loja de aplicativos livres).

Assista a íntegra da palestra de Isabela no canal da TV Drone no Youtube:

_ O Coletivo Encripta, um dos co-organizadores da CryptoRave, fez um excelente tutorial em português chamado “Conhecendo e Desmistificando o Tor“.
_ Confira as matérias na MotherBoard, da Vice, que tratam do TOR ou de algum assunto que ele é relacionado.

 

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Diálogos Abertos #1: O Caso facebook https://baixacultura.org/2018/05/01/dialogos-abertos-1-o-caso-facebook-por-que-devemos-nos-preocupar-com-isso/ https://baixacultura.org/2018/05/01/dialogos-abertos-1-o-caso-facebook-por-que-devemos-nos-preocupar-com-isso/#comments Tue, 01 May 2018 14:46:45 +0000 https://baixacultura.org/?p=12398

Junto com o Hackerspace Matehackers e a Casa da Cultura Digital Porto Alegre, começamos na última quinta-feira, 26 de abril,  uma série de debates sobre temas ligados à cultura digital, tecnopolítica, direitos digitais, cultura livre, ética hacker e outros do nosso cotidiano digital. Nosso intuito foi, e continuará sendo com os próximos, dissecar esses temas num momento em que a internet que conhecemos está acabando, e que novas “internets” estão sendo construídas, num campo em ferrenha disputa que acontece hoje.

O primeiro assunto dos Diálogos Abertos não poderia deixar de ser o recente caso envolvendo o Facebook, que supostamente vazou (compartilhou, melhor dizendo) dados de cerca de 87 milhões de pessoas para a empresa de marketing político Cambridge Analytica por meio de testes de personalidade. A situação levou o criador da rede social, Mark Zuckerberg, a defender sua empresa no Congresso dos Estados Unidos e despertou um sonoro “eu já sabia” nos meios do ciberativismo de proteção de dados e antivigilante, além de queda do valor das ações da empresa na Bolsa de Valores e alterações na política de proteção de dados da rede social, que vão afetar os mais de 1 bilhão de pessoas com perfis no Facebook.

A conversa realizada no miolo do Vila Flores, condomínio cultural criativo que abriga o Matehackers, girou em torno desse e outros temas correlatos, e teve a condução de Janaína Spode, integrante da CCD POA, produtora cultural e ciberativista nas lutas pelos avanços políticos para reforçar os Direitos Humanos no mundo digital;  Fabricio Solagna, doutorando em sociologia pela UFRGS com pesquisa focada em governança da Internet e Marco Civil na Internet e que já realizou projetos de participação digital no governo do RS e na presidência da República; e Leonardo Feltrin Foletto, doutor em comunicação pela UFRGS, integrante do Matehackers, da CCD POA e editor desta página.

Diálogos Abertos marcou também o lançamento da Newsletter quinzenal CCD POA + BaixaCultura (inscrição e todas as infos aqui), e da campanha de financiamento contínuo do BaixaCultura no Apoia.se. Teve a presença de cerca de 20 pessoas e outras tantas online, na transmissão que fizemos no YouTube e que está disponível aqui abaixo. As fotos são de Sheila Uberti. A 2º edição será realizada em maio.

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Uma newsletter quinzenal https://baixacultura.org/2018/04/17/agora-temos-uma-newsletter-quinzenal/ https://baixacultura.org/2018/04/17/agora-temos-uma-newsletter-quinzenal/#comments Tue, 17 Apr 2018 14:58:35 +0000 https://baixacultura.org/?p=12370

Nos reunimos com a CCD POA para organizar, embasar e ir mais fundo nas informações que todos os dias postamos nas nossas redes sociais e plataformas como este site. Daí nasceu a nossa Newsletter em conjunto, para informar e debater temas como tecnopolítica, direitos digitais, privacidade, cultura livre, remix e (contra) cultura digital – e também informar as atividades que realizamos por aí e organizar uma agenda de eventos nessas áreas. Mais uma newsletter, vocẽ pode pensar: e é, sim, mais uma newsletter, e ao mesmo tempo não é: nosso objetivo é trazer um conteúdo diverso, aprofundado, olhando para o que acontece no presente e sobre as transformações que a internet está passando e nos fazendo passar enquanto sociedades. Mas também queremos olhar para trás, para lembrar de textos, fatos e histórias que nos ajudam a entender esse frenético cotidiano de hoje, por isso em todos os envios vamos resgatar algum texto ou acontecimento passado que, no mar de informações compartilhadas todos os dias, acaba por se perder.

Se inscreva a nos acompanhe! O 1º envio é nessa quinta, 19/4, e os próximos serão sempre às quintas, a cada 2 semanas, salvo em ocasiões especiais.

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/* Add your own MailChimp form style overrides in your site stylesheet or in this style block.
We recommend moving this block and the preceding CSS link to the HEAD of your HTML file. */

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Iniciativas feministas na cultura livre & ciberativismo #8M https://baixacultura.org/2018/03/09/iniciativas-feministas-na-cultura-livre-ciberativismo-8m/ https://baixacultura.org/2018/03/09/iniciativas-feministas-na-cultura-livre-ciberativismo-8m/#comments Fri, 09 Mar 2018 17:46:08 +0000 https://baixacultura.org/?p=12217 Compilamos aqui neste post uma pequena série de projetos & textos feministas e/ou com uma perspectiva feminina sobre cultura livre, direitos digitais, cultura hacker, tecnologia e ciberativismo que publicamos em nossas redes sociais neste último dia 8 de março, dia da mulher.

PROJETOS

_ Cyborgfeministas “es un recurso para quienes quieran entender y explorar el punto donde se cruzan el género y las tecnologías”. É uma iniciativa de TEDIC, uma organização que defende os direitos digitais e promove o uso de tecnologias livres.


_ Economía Femini(s)ta (EF) “es una organización que nació en mayo de 2015 con el objetivo de visibilizar la desigualdad de género a través de la difusión de datos, estadísticas, contenidos académicos y producción original orientadas a todo público”;

_ GenderIT.org é um projeto internacional que pretende ser um think tank DE e PARA direitos da mulher, direitos sexuais e ativistas de direitos da internet, acadêmicos, jornalistas e defensores de uma variedade de disciplinas e contextos. A organização oferece um espaço de reflexão, influência e advocacia na política e cultura da internet, para ajudar a atender às necessidades das mulheres e não infringir seus direitos:

_ “Somos feministas interessadas em cultura hacker e os conhecimentos que unem política, gênero e suas tecnologias. Pautamos a interseccionalidade nas nossas ações, não toleramos machismo, homofobia, transfobia, misoginia, lesbofobia, xenofobia e racismo. Nosso objetivo é semear conhecimento, autonomia com corresponsabilidade e caminhos de mudanças sociais. Somos uma coletiva hackerfeminista”. Conheça a MariaLab.

_ Vedetas é uma servidora feminista produzida a partir de algumas integrantes do MariaLab. Ela existe para ajudar grupos feministas nas suas atividades online e aumentar a segurança e autonomia de mulheres na internet. Também há bastante material sobre cultura hacker, segurança da informação e feminismo.

 

_ Guia Prática de Estratégias e Táticas para a Segurança Digital Feminista foi construída pela Universidade Livre Feminista, o CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), Marialab e Blogueiras Negras e SOS Corpo (Instituto Feminista para a Democracia). A proposta é provocar o debate sobre mudança de comportamento no espaço virtual e no uso de ferramentas e dispositivos que acessam a internet visando a proteger mulheres das violências sofridas na rede.

_ Mulheres na Tecnologia (MNT) é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é contribuir para o protagonismo feminino na construção de um mundo sustentável na era digital. Habilitam organizações para a jornada de promoção da equidade de gênero, conectam comunidades de mulheres em TI e organizam eventos, encontros e apoiam iniciativas de protagonismo feminino na tecnologia.

_ A PyLadies  é um grupo de mentoria com foco em ajudar mais mulheres a se tornar participantes ativas e líderes na comunidade open source Python. Sua missão é promover, educar e promover uma comunidade Python diversificada através de divulgação, educação, conferências, eventos e encontros sociais. No Brasil organiza diversas atividades e tem núcleos em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Campinas e Fortaleza, entre outras cidades.

_ A Django Girls é uma organização sem fins lucrativos e uma comunidade que capacita e ajuda as mulheres a organizar oficinas de programação gratuitas, de um dia, fornecendo ferramentas, recursos e suporte. “Somos uma organização de voluntariado com centenas de pessoas contribuindo para levar mulheres mais incríveis ao mundo da tecnologia. Estamos tornando a tecnologia mais acessível criando recursos projetados com empatia.” Durante cada um dos eventos, entre 30 e 60 mulheres criam sua primeira aplicação web usando HTML, CSS, Python e Django.

_GenderHacker é um “un estado de eterna transición y negación del binarismo extremo por el que el cuerpo indeciso debe transitar de una de las dos identidades permitidas a la otra y nunca quedarse en medio”. Site com diversos projetos, obras e trabalhos da artista e ativista trans Diego Marchante.

_ Fembot Collective é um coletivo fundado em 2009 na Universidade de Oregon, nos EUA, que edita a publicação aberta ADA sobre gênero, novas mídias e tecnologias. Produziram também a “Zen and the art of making tech work for you”, uma publicação de 2015 que trabalha com segurança da informação, privacidade e técnicas anti-vigilância para mulheres.

_ I am the Code é um movimento fundamental para mobilizar governos, empresas e investidores para apoiar mulheres jovens em STEAMD (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes, Matemática e Design), aprendendo a codificar, aprender criativos e problemas de cracking.

TEXTOS & ENTREVISTAS & RELATÓRIOS

_ Relatório produzido pela organização Derecho Digitales sobre gênero, internet e feminismo na América Latina. Detalha vários projetos na área, alguns que já listados aqui, outros não. Vale acessar o texto completo, de 30 páginas.

 

_ A Revista Pillku, focada em cultura livre e procomún, trouxe como tema de sua edição de dez 2017 o ciberfeminismo. A edição fala desde “la resistencia, las identidades disidentes, la interseccionalidad, disputamos el acceso universal a internet, con deseos de inundar la red con contenidos feministas y descolonizar los medios digitales”.

_ Menstruapps é uma reportagem especial criado pela Coding Rights que documenta os aplicativos que monitoram a menstruação (e ganham dinheiro com isso). Reportagem, design e infográfico feito por mulheres, a partir de uma organização também com ênfase no ciberfeminismo.

_ “Ciberfeminismo“, livro sobre o empoderamento feminino através da tecnologia, produzido pela editora Monstro dos Mares e organizado por Cláudia Mayer com textos de várias autoras.

_ “Que se calem as musas: por que o feminismo deve se opôr ao copyright” é um texto da ciberativista argentina Evelin Heidel (Scann) que foi traduzido para o ptbr por Sheila Uberti e publicado no site da Casa da Cultura Digital Porto Alegre.

__ A Radios Libres é um projeto latino-americano que pretende ser um “espaço de formação e debate em torno das tecnologias livres e da cultura livre”. Nessa semana, entrevistaram a Loreto (Maka) Bravo de la Red de Radios Comunitarias y Software Libre y Palabra Radio, que explicou como o feminismo e as tecnologias livres são ferramentas que permitem lutar contra o patriarcado;

_ “Ciencia, Cyborgs y Mujeres: La Reinvención de la Naturaleza” é um livro de ensaios da antropóloga Donna Haraway. “O trabalho de Donna Haraway é uma verdadeira encruzilhada. Reúne diferentes disciplinas acadêmicas (Biologia, Antropologia, História), várias tecnologias (Fotografia, Manipulação Genética, Agricultura) e várias formas de construção de experiência (Turismo, Partidos Políticos). Seus ensaios são simultaneamente história da ciência, análise cultural, pesquisa feminista e posição política. Eles são escritos com a intenção de que aqueles que os abordem a partir de uma dessas perspectivas se encontrem caminhando pelos outros, já que nenhum deles é suficiente para capturar as nuances de textos polifônicos.”

Gracias a Sheila Uberti, Janaína Spode e outras várias mulheres que contribuírem para a lista, ainda em processo. Sabe de mais projetos? Nos escreva: info@baixacultura.org

 

 

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