{"id":9910,"date":"2014-07-09T13:37:40","date_gmt":"2014-07-09T13:37:40","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=9910"},"modified":"2014-07-09T13:37:40","modified_gmt":"2014-07-09T13:37:40","slug":"eugene-e-a-tecnologia-inteligente","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2014\/07\/09\/eugene-e-a-tecnologia-inteligente\/","title":{"rendered":"Eugene e a tecnologia inteligente"},"content":{"rendered":"

\"eugene<\/a><\/p>\n

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Ano passado, no doutorado que fa\u00e7o em comunica\u00e7\u00e3o, cursei uma disciplina na p\u00f3s em computa\u00e7\u00e3o da UFRGS chamada “Mentes e M\u00e1quinas<\/a>“. Entre diversas conversas e leituras sobre o que de fato seria intelig\u00eancia, o “Teste de Turing” sempre aparecia como o cl\u00e1ssico paradigma da intelig\u00eancia artificial – quando que um computador teria a esperteza e a criatividade para enganar diversos seres humanos?<\/p>\n

[Criado pelo matem\u00e1tico\u00a0Alan Turing<\/a>, um dos “pais” da computa\u00e7\u00e3o, o teste funciona assim: um julgador humano entra em uma conversa, em linguagem natural, com outro humano e uma m\u00e1quina projetada para produzir respostas indistingu\u00edveis de outro ser humano. Todos os participantes est\u00e3o separados um dos outros. Se ao final a m\u00e1quina conseguir enganar os 30 avaliadores em 30% das intera\u00e7\u00f5es, num chat de 5 minutos, diz-se que ela passou no teste.]<\/p>\n

Pois bem, parece que no \u00faltimo 7 de junho, no anivers\u00e1rio de 60 anos da morte de Alan Turing, um computador chamado\u00a0Eugene Goostman<\/a>\u00a0passou no teste. Criado por um time russo, ele convenceu 33% dos ju\u00edzes que era humano, segundo disseram os pesquisadores da Royal Society da Inglaterra, onde o teste foi feito. Entre os que comentou sobre a vit\u00f3ria do rob\u00f4 russo estava Kevin Warwick, um dos maiores especialistas em cibern\u00e9tica do planeta, cara que j\u00e1 controlou um bra\u00e7o mec\u00e2nico com diversos eletrodos na cabe\u00e7a e escreveu sobre essa (e outras experi\u00eancias) num livro chamado “I, Cyborg<\/a>“.<\/p>\n

Existe ainda muita controv\u00e9rsia sobre o que, de fato, passar no teste significa – e se este foi realmente o primeiro caso na hist\u00f3ria a isso ter acontecido, como\u00a0afirmou a Universidade de Reading<\/a>. Muitos consideram que Eugene n\u00e3o “pensa” no sentido cognitivo dos seres humanos e \u00e9 “apenas” um chatbox, um simulador de conversa\u00e7\u00e3o rodado atrav\u00e9s de um script sofisticado. Critica-se tamb\u00e9m o fato de que os criadores do rob\u00f4 foram malandros ao fazerem Eugene como um adolescente de 13 anos, o que tornou mais “aceito” para os jurados que ele n\u00e3o respondesse tudo, ou respondesse dizendo que gosta de hamb\u00fargueres, livros, tem um pai ginecologista e ouve Eminem. “Our main idea was that [Eugene] can claim that he knows anything, but his age also makes it perfectly reasonable that he doesn’t know everything”,\u00a0respondeu Vladimir Veselov, um dos criadores do rob\u00f4<\/a>.<\/p>\n

Por essas e outras quest\u00f5es, muitos acreditam que o fato dele ter vencido o teste n\u00e3o responderia a quest\u00e3o “as m\u00e1quinas podem pensar?”, que estaria na base do exerc\u00edcio proposto por Alan Turing. Testaria, sim, a capacidade dos pesquisadores de desenvolver um sistema capaz de responder perguntas do que propriamente um sistema pensante. A revista Wired, por exemplo,\u00a0testou o sistema e deu nota F<\/a>\u00a0(equivalente a 0) para Eugene.<\/p>\n

Perguntado sobre o seu feito, Eugene\u00a0disse \u00e0 Independent<\/a>\u00a0que se sente tranquilo em bater o teste, que n\u00e3o \u00e9 “nada de mais”. Resposta t\u00edpica de um guri de 13 anos.<\/p>\n

[Leonardo Foletto]<\/strong><\/p>\n

P.s: Eugene voltou \u00e0 rede e\u00a0pode ser acessado<\/a>. Confira tamb\u00e9m\u00a0esta entrevista (em ingl\u00eas)<\/a>\u00a0com o guri.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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