{"id":9818,"date":"2014-02-26T16:00:11","date_gmt":"2014-02-26T16:00:11","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=9818"},"modified":"2014-02-26T16:00:11","modified_gmt":"2014-02-26T16:00:11","slug":"a-sutileza-poetico-ativista-poro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2014\/02\/26\/a-sutileza-poetico-ativista-poro\/","title":{"rendered":"A sutileza po\u00e9tico-ativista PORO"},"content":{"rendered":"

\"perca-tempo-panfleto\"<\/a><\/p>\n

Fazia tempo que quer\u00edamos conversar um pouco com PORO e eis que neste fevereiro de 2014 isso foi poss\u00edvel. Por qu\u00ea?<\/p>\n

Bem, vamos por partes. A primeira coisa a dizer sobre eles, antes de qualquer explica\u00e7\u00e3o, e caso voc\u00ea n\u00e3o os conhe\u00e7a, \u00e9: v\u00e1 ao site<\/a> e flaneie pelas interven\u00e7\u00f5es urbanas e a\u00e7\u00f5es ef\u00eameras, projetos, publica\u00e7\u00f5es, v\u00eddeos, fontes (sim, eles produzem fontes!). N\u00e3o se esque\u00e7a de ir na se\u00e7\u00e3o de downloads, cheia de material para baixar e espalhar por a\u00ed.<\/p>\n

Foi?<\/p>\n

Ent\u00e3o a segunda coisa que vamos dizer aqui \u00e9 que eles s\u00e3o uma dupla mineira – Br\u00edgida Campbell e Marcelo Ter\u00e7a-Nada. A terceira \u00e9 que eles atuam desde 2002 em “trabalhos que buscam apontar sutilezas, criar imagens po\u00e9ticas, trazer \u00e0 tona aspectos da cidade que se tornam invis\u00edveis pela vida acelerada nos grandes centros urbanos, refletir sobre as possibilidades de rela\u00e7\u00e3o entre os trabalhos em espa\u00e7o p\u00fablico e os espa\u00e7os \u201cinstitucionais\u201d, lan\u00e7ar m\u00e3o de meios de comunica\u00e7\u00e3o popular para realizar trabalhos, reivindicar a cidade como espa\u00e7o para a arte”, segundo a explica\u00e7\u00e3o que eles apresentam no site.<\/p>\n

Este belo doc aqui abaixo conta um pouco da trajet\u00f3ria do PORO.<\/p>\n

\u00a0 <\/p>\n

A quarta \u00e9 que lembramos deles neste fevereiro de 2014 por conta do lan\u00e7amento do ebook do livro deles “Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos<\/a>“. No trabalho, dispon\u00edvel pra download gratuito, est\u00e1 um panorama da produ\u00e7\u00e3o do grupo nos 14 anos de vida at\u00e9 hoje, relacionando a\u00a0produ\u00e7\u00e3o do Poro a uma discuss\u00e3o sobre a\u00e7\u00f5es art\u00edsticas que promovem a percep\u00e7\u00e3o sobre o espa\u00e7o p\u00fablico, cidade, patrim\u00f4nio, mem\u00f3ria, trabalho colaborativo, inser\u00e7\u00f5es art\u00edsticas e rela\u00e7\u00f5es entre arte e pol\u00edtica.<\/p>\n

Desde j\u00e1, \u00e9 uma obra de\u00a0refer\u00eancia sobre a produ\u00e7\u00e3o contempor\u00e2nea de arte p\u00fablica (public art) e suas conex\u00f5es com a m\u00eddia t\u00e1tica, apropria\u00e7\u00f5es midi\u00e1ticas, culture jamming, site specific, entre outros temas que volte e meia tamb\u00e9m tratamos por aqui. Recomendamos a compra do exemplar impresso (R$35), mas caso voc\u00ea n\u00e3o queira ou possa no momento, leia aqui abaixo, no Issuu:<\/p>\n

*<\/p>\n

O papo rolou por e-mail, com alguns complementos por chat. No final da entrevista, publicamos alguns cartazes e as capas dos panfletos de algumas interven\u00e7\u00f5es do PORO – que, lembrando sempre, voc\u00ea pode (e deve) baixar e sair espalhando por sua cidade.<\/p>\n

B:<\/strong> Vcs come\u00e7aram em 2002 a trabalhar com uma arte que n\u00e3o deixa de ser ativista (ou um ativismo que \u00e9 arte), e fazem isso at\u00e9 hoje. Como vcs chegaram a este modelo\/estrat\u00e9gia de “ativismo po\u00e9tico”? veio de um processo natural de inquieta\u00e7\u00e3o com as formas de arte ditas tradicionais?<\/em><\/p>\n

Sim, podemos dizer que isso veio naturalmente a partir da soma natural de v\u00e1rios desejos: ocupar o espa\u00e7o p\u00fablico de forma cr\u00edtica e po\u00e9tica; refletir sobre as quest\u00f5es das cidades contempor\u00e2neas; atuar na esfera do simb\u00f3lico e do imagin\u00e1rio urbano; investigar o aspecto gr\u00e1fico das formas de comunica\u00e7\u00e3o popular; criar pequenos intervalos de sil\u00eancio e encantamento na malha urbana; experimentar possibilidades de uma arte expandida, para al\u00e9m do sistema institucional da arte (\u00e0s vezes criando di\u00e1logos e transbordamentos com esse sistema).<\/p>\n

Nunca tivemos nada contra as formas de arte mais \u201ctradicionais\u201d pelo contr\u00e1rio a gente se interessa do mesmo jeito, mas desde o in\u00edcio de nossa trajet\u00f3ria sentimos uma esp\u00e9cie de mal estar com as rela\u00e7\u00f5es institucionais que de alguma maneira burocratizam a arte. Da\u00ed foi que caminhamos para fazer uma trilha mais livre, mais solta, buscando experimenta\u00e7\u00f5es pl\u00e1sticas\/gr\u00e1ficas, buscando espa\u00e7os para ocupar\/atuar, tentando tecer redes de pessoas e grupos de v\u00e1rias partes do Brasil e buscando uma rede de produ\u00e7\u00e3o paralela \u00e0s institui\u00e7\u00f5es, baseada na amizade e no contato com pessoas que t\u00eam os mesmos desejos.<\/p>\n

E a cidade veio como um lugar tamb\u00e9m natural, onde era poss\u00edvel sentir a puls\u00e3o na nossa frente, e a nossa po\u00e9tica foi se estabelecendo a partir da vontade de interferir, mesmo que numa escala do sutil, nos modos como as cidades est\u00e3o se transformando. Talvez chegamos \u00e0s nossas t\u00e1ticas de atua\u00e7\u00e3o tentando responder \u00e0 pergunta: Como discutir a cidade de uma maneira po\u00e9tica e pr\u00f3xima aos contextos onde os problemas urbanos acontecem?<\/p>\n

B: <\/strong>Quais as principais dificuldades que vcs encontram pro trabalho? pol\u00edcia, financiamento, n\u00e3o-entendimento\/frui\u00e7\u00e3o do p\u00fablico?<\/em><\/p>\n

Tem dificuldade n\u00e3o! O trabalho de arte para n\u00f3s n\u00e3o deve ser algo dif\u00edcil, complicado. Pelo contr\u00e1rio deve ser prazeroso, f\u00e1cil de produzir e de circular. Talvez por sua simplicidade, o trabalho do Poro consegue estabelecer di\u00e1logos com diversas pessoas com os mais diferentes backgrounds, o que tem proporcionado circular nosso trabalho tamb\u00e9m fora do campo espec\u00edfico das Artes (com A mai\u00fasculo) e est\u00e1 por a\u00ed, na cidade, nas casas das pessoas, nas festas, nas prateleiras… Gostamos disso: das diversas formas de frui\u00e7\u00e3o e compreens\u00e3o do trabalho. Inclusive quando ele se mistura com outras coisas e \u00e0s vezes se torna \u201cn\u00e3o-arte\u201d, isso \u00e9 \u00f3timo!<\/p>\n

Acreditamos muito na filosofia do \u201cfa\u00e7a-voc\u00ea-mesmo\u201d e sempre produzimos com o que temos \u00e0 m\u00e3o. A quest\u00e3o \u00e9 fazer!
\nJ\u00e1 ganhamos alguns editais e pr\u00eamios onde foi poss\u00edvel produzir os trabalhos de maneira mais estruturada. Mas achamos que o artista n\u00e3o deve ficar dependendo disso, at\u00e9 porque quem tem a puls\u00e3o criativa n\u00e3o aguenta esperar!<\/p>\n

B: <\/strong>As a\u00e7\u00f5es de vcs s\u00e3o est\u00e3o muito ligadas a rua, ao espa\u00e7o urbano tomado como poss\u00edvel express\u00e3o po\u00e9tica da cidade. J\u00e1 pensaram em usar a internet como palco\/plataforma para apontar sutilezas e criar imagens po\u00e9ticas tamb\u00e9m no mundo digital?<\/em><\/p>\n

Desde o in\u00edcio da nossa atua\u00e7\u00e3o, usamos a web como canal de difus\u00e3o de nossas a\u00e7\u00f5es, seja atrav\u00e9s da veicula\u00e7\u00e3o de registros das interven\u00e7\u00f5es, seja distribuindo as matrizes digitais dos panfletos\/adesivos\/carimbos, seja circulando proposi\u00e7\u00f5es para que as pessoas experimentassem realizar as interven\u00e7\u00f5es em suas cidades. Para isso j\u00e1 usamos as mais diversas t\u00e1ticas, como o que cham\u00e1vamos de panfletagem eletr\u00f4nica (via email) ou os convites para imprimir, xerocar e distribuir os trabalhos (a partir de nosso site).<\/p>\n

No caso da circula\u00e7\u00e3o dos registros das interven\u00e7\u00f5es, a produ\u00e7\u00e3o e edi\u00e7\u00e3o dos v\u00eddeos e fotos dos trabalhos passa pela cria\u00e7\u00e3o de novas narrativas sobre aquela interven\u00e7\u00e3o. Pois os registros v\u00e3o ressaltar determinados aspectos do trabalho e v\u00e3o ser fru\u00eddos em locais totalmente diferentes daqueles onde as interven\u00e7\u00f5es foram feitas. Isso cria novas camadas de percep\u00e7\u00e3o sobre os trabalhos e sobre o espa\u00e7o p\u00fablico.<\/p>\n

Vale ressaltar que a internet \u00e9 nossa grande aliada na \u201cperman\u00eancia\u201d de nossas obras. Explicando: como a maioria de nossos trabalhos s\u00e3o ef\u00eameros, ou muito sutis, passam muitas vezes despercebidos no espa\u00e7o urbano e os registro e sua circula\u00e7\u00e3o pela web provocam um outro tipo de dura\u00e7\u00e3o e significados.<\/p>\n

Inclusive convidamos os leitores para baixar um de nossos \u00faltimos trabalhos: a fonte digital PARKING.TTF (dispon\u00edvel em www.poro.redezero.org\/fonte<\/a>), uma fonte digital inspirada nos estacionamentos das grandes cidades. Bora fazer arte no editor de texto do seu computador!<\/p>\n

B:<\/strong> Em ano de Copa, mil holofotes apontados para o Brasil e outros tantas manifesta\u00e7\u00f5es previstas\/necess\u00e1rias, voc\u00eas planejam alguma a\u00e7\u00e3o espec\u00edfica? Uma pergunta\/desafio: como usar esse fardo gigantesco da copa pra dar luz a lugares\/pessoas esquecidas e fazer algo pra mudar essa rela\u00e7\u00e3o?<\/em><\/p>\n

Essa coisa toda \u00e9 super complexa. As paisagens das cidades est\u00e3o borradas, sem poesia. Temos participado deste processo todo de outras formas tamb\u00e9m, al\u00e9m da arte, participando das reuni\u00f5es e debates, protestos e mobiliza\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

Mas o movimento mais importante j\u00e1 est\u00e1 sendo feito: uma mudan\u00e7a na consci\u00eancia simb\u00f3lica das pessoas. Muita gente est\u00e1 manifestando, ou est\u00e1 em reuni\u00f5es de assembl\u00e9ias populares, conversando sobre pol\u00edtica, dormindo nas ocupa\u00e7\u00f5es, pulando catraca pela primeira vez… Isso \u00e9 incr\u00edvel e \u00e9 um aprendizado fant\u00e1stico, para n\u00f3s todos e especialmente para os mais jovens. A experi\u00eancia fica impregnada em quem participa. E todo mundo passa a entender a cidade de outra forma. Ampliando o olhar sobre as formas de viver e fazer pol\u00edtica. As pessoas est\u00e3o ocupando as cidades e esse sempre foi o nosso sonho!<\/p>\n

Ainda n\u00e3o realizamos um trabalho espec\u00edfico sobre a copa, mas temos algumas coisas em gesta\u00e7\u00e3o… fiquem de olho no nosso site e no Facebook do Poro<\/a>.<\/p>\n

B: <\/strong>Como voc\u00eas perdem tempo?<\/em>
\n
\n<\/strong>Lemos artigos no Baixacultura (que a gente adora).\u00a0E al\u00e9m daquelas 20 maneiras que publicamos nos panfletos da s\u00e9rie Perca Tempo, a gente tamb\u00e9m: anda de bicicleta, percorre paisagens, encontra os amigos, cuida de plantas, faz sucos experimentais de frutas, joga conversa fora, desenha, fotografa, faz in\u00fameras anota\u00e7\u00f5es em caderninhos, inventa moda, arruma problema\u2026 na verdade a gente n\u00e3o para quieto\u2026<\/p>\n

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