{"id":93,"date":"2008-09-27T20:34:35","date_gmt":"2008-09-27T20:34:35","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=93"},"modified":"2008-09-27T20:34:35","modified_gmt":"2008-09-27T20:34:35","slug":"o-silencio-da-cidade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2008\/09\/27\/o-silencio-da-cidade\/","title":{"rendered":"O Sil\u00eancio da Cidade"},"content":{"rendered":"
A legitimidade das entidades representativas no \u00e2mbito da cultura \u00e9 uma entre tantas coisas que o contexto da cultura digital p\u00f5e em discuss\u00e3o, n\u00e3o necessariamente pela qualidade (ou falta dela) do trabalho que executam, mas pela coer\u00eancia mesmo de sua perman\u00eancia, e as condi\u00e7\u00f5es dessa perman\u00eancia num contexto cultural que no m\u00ednimo dificulta\u00a0as a\u00e7\u00f5es\u00a0a que se prop\u00f5em.<\/p>\n
No Brasil, o ECAD<\/a> talvez seja um dos grandes guardi\u00f5es da indistin\u00e7\u00e3o entre direito autoral<\/strong> e direito de lucro<\/strong> que confunde empres\u00e1rio e artista, ou o artista-buf\u00e3o e o m\u00fasico, ou, pra sair do meu pr\u00f3prio e tacanho racioc\u00ednio bin\u00e1rio, da indistin\u00e7\u00e3o que alicer\u00e7a certa rotina cultural herdada do s\u00e9culo 20.<\/p>\n Baseada num princ\u00edpio de regula\u00e7\u00e3o da execu\u00e7\u00e3o p\u00fablica<\/strong> das obras de seus filiados, a a\u00e7\u00e3o do ECAD talvez fa\u00e7a todo o sentido no contexto das r\u00e1dios comerciais, por exemplo, que por defini\u00e7\u00e3o fazem grana com a m\u00fasica alheia e t\u00eam mesmo \u00e9 que pagar algu\u00e9m por isso, de prefer\u00eancia os autores!<\/p>\n No entanto, no que extrapola\u00a0esse contexto e adentra a esfera mais din\u00e2mica<\/strong>, concreta<\/strong> e cotidiana<\/strong> da circula\u00e7\u00e3o de m\u00fasica pela simples frui\u00e7\u00e3o<\/strong>,\u00a0ocorre de\u00a0borrar-se a linha que\u00a0separa regula\u00e7\u00e3o<\/strong> de controle<\/strong>, com tudo de autoritarismo e arbitrariedade que a palavra cont\u00e9m.<\/p>\n Me diz tu\u00a0se\u00a0isso aqui<\/a> n\u00e3o \u00e9 abusivo.<\/p>\n Mesmo um entusiasmado entusiasta (!) do aperreio de institui\u00e7\u00f5es comerciais dos mais variados tipos como eu consegue perceber que esses pobres coitados n\u00e3o est\u00e3o exatamente lucrando com a execu\u00e7\u00e3o dos produtos culturais que veiculam. No caso das lojas, ainda lucram com os\u00a0aparelhos de execu\u00e7\u00e3o, mas no caso\u00a0dos bares e restaurantes a coisa \u00e9\u00a0puramente policialesca, um filme cyberpunk de mau gosto.<\/p>\n [E n\u00e3o deixe de reparar\u00a0na l\u00f3gica de Juiz Dredd<\/a> que se repete e repete ao longo da argumenta\u00e7\u00e3o dos homens-de-preto: ‘a lei est\u00e1 conosco, n\u00e3o h\u00e1 que se mexer na lei, h\u00e1 que se ajustar o mundo, sentimos muito, sentimos muito’.]<\/p>\n O que talvez devesse ser um mecanismo de media\u00e7\u00e3o entre os interesses de artistas, produtores, distribuidores e p\u00fablico, iniciativa da pr\u00f3pria sociedade no sentido de impedir o abuso e a explora\u00e7\u00e3o indevida da cultura que produz, termina por se mostrar t\u00e3o burocr\u00e1tico e autorit\u00e1rio quanto, sei l\u00e1, um juiz maluco do futuro, s\u00f3 que menos divertido.<\/p>\n \u00c9, amiguinho,\u00a0o controle de informa\u00e7\u00e3o<\/a> \u00e9 o declarado interesse do ECAD. E\u00a0de controles de quaisquer tipos dificilmente nascer\u00e1 algo\u00a0simp\u00e1tico \u00e0\u00a0criatividade.<\/p>\n S\u00f3 que,\u00a0apesar da tend\u00eancia geral das sociedades de manterem institui\u00e7\u00f5es\u00a0defuntas pela pura pr\u00e1tica do\u00a0saudosismo ou mera necessidade de manter empregos, as pessoas<\/a> continuam pensando<\/a>.<\/p>\n Mas isso j\u00e1 s\u00e3o cenas de cap\u00edtulos futuros. Espera\u00ea, vai.<\/p>\n [Reuben da Cunha Rocha.<\/strong>]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A legitimidade das entidades representativas no \u00e2mbito da cultura \u00e9 uma entre tantas coisas que o contexto da cultura digital p\u00f5e em discuss\u00e3o, n\u00e3o necessariamente pela qualidade (ou falta dela) do trabalho que executam, mas pela coer\u00eancia mesmo de sua perman\u00eancia, e as condi\u00e7\u00f5es dessa perman\u00eancia num contexto cultural que no m\u00ednimo dificulta\u00a0as a\u00e7\u00f5es\u00a0a que […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[136,122],"tags":[137,138],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/93"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=93"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/93\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=93"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=93"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=93"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=93"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}