{"id":8840,"date":"2012-08-10T17:50:23","date_gmt":"2012-08-10T17:50:23","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=8840"},"modified":"2012-08-10T17:50:23","modified_gmt":"2012-08-10T17:50:23","slug":"um-guia-para-usuarios-do-detournement-1","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/08\/10\/um-guia-para-usuarios-do-detournement-1\/","title":{"rendered":"Um guia para usu\u00e1rios do d\u00e9tournement (1)"},"content":{"rendered":"
Os situacionistas, voc\u00ea sabe<\/a>, foram um bando de doidos te\u00f3ricos-pr\u00e1ticos-pol\u00edticos que assaltaram o status quo<\/em> reinante do final dos 1950 e nos 1960 com suas ideias de que “a arte \u00e9 revolucion\u00e1ria, ou n\u00e3o \u00e9 nada<\/em>“.<\/p>\n Guy Debord e\u00a0Raul Vaneigem<\/a>\u00a0foram seus, talvez, principais nomes. Debord, muito tageado por aqui<\/a>, \u00e9 o autor do ultra-citado e pouco lido “A Sociedade do Espet\u00e1culo<\/a>“, livro essencial at\u00e9 como leitura nas faculdades de comunica\u00e7\u00e3o brasileiras.<\/p>\n Em 1956, Debord e Gil J. Wolman<\/a>, outro situacionista franc\u00eas, publicaram\u00a0um “guia para um poss\u00edvel usu\u00e1rio\u00a0do\u00a0d\u00e9tournement”\u00a0<\/em>numa revista surrealista belga chamada\u00a0Les L\u00e8vres Nues<\/em>\u00a0#8. Nesse texto, introduziam, conceituavam e abusavam da pr\u00e1tica citada \u2013 claro que com muito sarcasmo e ironia, talvez a fim de que ningu\u00e9m levasse totalmente a s\u00e9rio aquilo que eles diziam.<\/p>\n A<\/em>s duas leis fundamentais do detournament\u00a0apontadas inicialmente<\/a>\u00a0seriam\u00a01) a perda de import\u00e2ncia de cada elemento \u201cdetourned\u201d<\/em>\u00a0(ou \u201cdetunado\u201d, numa tradu\u00e7\u00e3o literal para o portugu\u00eas), que pode ir t\u00e3o longe a ponto de perder completamente seu sentido original, e, ao mesmo tempo,\u00a0a 2) reorganiza\u00e7\u00e3o em outro conjunto de significados que confere a cada elemento um novo alcance e efeito.<\/em><\/p>\n No “guia”, s\u00e3o apresentados dois\u00a0tipos\u00a0principais: os “menores<\/em>“,\u00a0onde \u00e9 feito um desvio de um elemento que n\u00e3o tem import\u00e2ncia pr\u00f3pria, e que portanto toma todo seu significado do novo contexto onde foi colocado; e os \u201cenganadores<\/em>\u201c, onde \u00e9 feito o desvio de um elemento intr\u00ednsecamente significativo, o qual toma um dimens\u00e3o diferente a partir do novo contexto.<\/p>\n Debord e sua gangue situacionista<\/p><\/div>\n Publicamos a seguir o “guia”. Dividimos em duas partes, para facilitar a frui\u00e7\u00e3o, porque sabemos que a leitura longa na tela costuma ser mais dispersa e dif\u00edcil que no papel (at\u00e9 quando?).<\/p>\n Por que publicar esse texto aqui no BaixaCultura?\u00a0<\/em>N\u00e3o sabemos bem. Acreditamos que ele, em diversos aspectos, \u00e9 um dos precursores te\u00f3ricos mais interessantes do que hoje chamamos de remix, remistura, remezcla, etc. Lembre-se: o texto foi escrito em 1956, h\u00e1 imensos 56 anos atr\u00e1s, mais ou menos na mesma \u00e9poca que William Burroughs e Bryon Gisin experimentavam com o cut-up<\/a>.<\/p>\n Publicamos aqui tamb\u00e9m para dar sequ\u00eancia a ideia de fazer circular a linda biblioteca rizom\u00e1tica<\/a>, de onde a tradu\u00e7\u00e3o para o portugu\u00eas desse texto foi pescada, feita por Railton Sousa Guedes, do Arquivo Situacionista Brasileiro\/Projeto Periferia (e revisada por n\u00f3s, que tamb\u00e9m colocamos alguns links). A tradu\u00e7\u00e3o \u00e9 a partir do texto em ingl\u00eas de Ken Knabb<\/a>, que, por sua vez, traduziu do franc\u00eas original<\/a>. Ou seja, estamos falando mais de uma outra edi\u00e7\u00e3o do que propriamente de uma tradu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Guy Debord e Gil J. Wolman<\/em><\/p>\n Toda pessoa razoavelmente atenta em nossos dias est\u00e1 alerta ao \u00f3bvio fato de que a arte j\u00e1 n\u00e3o pode mais ser considerada como uma atividade superior, ou nem mesmo como uma atividade compensat\u00f3ria \u00e0 qual algu\u00e9m honradamente poderia dedicar-se. A raz\u00e3o para esta deteriora\u00e7\u00e3o \u00e9 o claro aparecimento de for\u00e7as produtivas que necessitam de outras rela\u00e7\u00f5es de produ\u00e7\u00e3o e de uma nova pr\u00e1tica de vida. Na atual fase da guerra civil em que estamos engajados, e em \u00edntima conex\u00e3o com a orienta\u00e7\u00e3o que estamos descobrindo para certas atividades superiores por vir, acreditamos que todos os meios conhecidos de express\u00e3o ir\u00e3o convergir para um movimento geral de propaganda que ter\u00e1 que abarcar todos os aspectos eternamente interrelacionados da realidade social.<\/p>\n H\u00e1 v\u00e1rias opini\u00f5es contradit\u00f3rias sobre as formas e at\u00e9 mesmo sobre a verdadeira natureza da propaganda educativa, essas opini\u00f5es geralmente refletem uma ou outra variedade do reformismo pol\u00edtico da moda. Basta-nos dizer que, em nossa vis\u00e3o, as premissas para revolu\u00e7\u00e3o, tanto no aspecto cultural como no estritamente pol\u00edtico, n\u00e3o apenas est\u00e3o maduras como come\u00e7aram a apodrecer.<\/p>\n N\u00e3o se trata aqui de voltar ao passado, o que \u00e9 reacion\u00e1rio; at\u00e9 mesmo os \u201cmodernos\u201d objetivos culturais s\u00e3o em \u00faltima an\u00e1lise reacion\u00e1rios na medida em que dependem de formula\u00e7\u00f5es ideol\u00f3gicas de uma sociedade passada que prolongou sua agonia de morte at\u00e9 o presente. A \u00fanica t\u00e1tica historicamente justificada \u00e9 inova\u00e7\u00e3o extremista. A heran\u00e7a liter\u00e1ria e art\u00edstica da humanidade \u00e9 usada para prop\u00f3sitos de propaganda partid\u00e1ria. \u00c9 claro que \u00e9 necess\u00e1rio ir al\u00e9m de qualquer id\u00e9ia meramente escandalosa. A oposi\u00e7\u00e3o \u00e0 no\u00e7\u00e3o burguesa da arte e do g\u00eanio art\u00edstico tornou-se um chap\u00e9u roto. O bigode que Duchamp rabiscou na Mona Lisa n\u00e3o \u00e9 mais interessante que a vers\u00e3o original daquela pintura. Temos agora que empurrar este processo ao ponto de negar a nega\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Bertolt Brecht<\/a> revelou em uma recente entrevista no “Fran\u00e7e-Observateur<\/em>” que ele fez cortes em cl\u00e1ssicos do teatro de forma a torn\u00e1-los mais educativos – nesse aspecto ele est\u00e1 mais pr\u00f3ximo que Duchamp da orienta\u00e7\u00e3o revolucion\u00e1ria que proclamamos. \u00c9 necess\u00e1rio destacar, contudo, que no caso de Brecht tais salutares altera\u00e7\u00f5es s\u00e3o estreitamente limitadas por seu infeliz respeito \u00e0 cultura definida pelos par\u00e2metros da classe governante \u2014 aquele mesmo respeito, ensinado tanto nos jornais dos partidos oper\u00e1rios como tamb\u00e9m nas escolas prim\u00e1rias da burguesia, que induz at\u00e9 mesmo os distritos oper\u00e1rios mais vermelhos de Paris a sempre preferir “El Cid<\/em>” \u00e0 “M\u00e3e Coragem<\/em>” [de Brecht].<\/p>\n Na realidade, \u00e9 necess\u00e1rio eliminar todos resqu\u00edcios da no\u00e7\u00e3o de propriedade pessoal nesta \u00e1rea. O aparecimento das j\u00e1 ultrapassadas novas necessidades por obras \u201cinspiradas\u201d. Elas se tornam obst\u00e1culos, h\u00e1bitos perigosos. N\u00e3o se trata de gostar ou n\u00e3o delas. Temos que super\u00e1-las. Pode-se usar qualquer elemento, n\u00e3o importa de onde eles s\u00e3o tirados, para fazer novas combina\u00e7\u00f5es. As descobertas de poesia moderna relativas \u00e0 estrutura anal\u00f3gica das imagens demonstram que quando s\u00e3o reunidos dois objetos, n\u00e3o importa qu\u00e3o distantes possam estar de seus contextos originais, sempre \u00e9 formada uma rela\u00e7\u00e3o. Restringir-se a um arranjo pessoal de palavras \u00e9 mera conven\u00e7\u00e3o. A interfer\u00eancia m\u00fatua de dois mundos de\u00a0sensa\u00e7\u00f5es, ou a reuni\u00e3o de duas express\u00f5es independentes, substitui os elementos originais e produz uma organiza\u00e7\u00e3o sint\u00e9tica de maior efic\u00e1cia. Pode-se usar qualquer coisa.<\/p>\n Desnecess\u00e1rio dizer que ningu\u00e9m fica limitado a corrigir uma obra ou a integrar diversos fragmentos de velhas obras em uma nova; a pessoa pode tamb\u00e9m alterar o significado desses fragmentos do modo que achar mais apropriado, deixando os imbecis com suas servis refer\u00eancias \u00e0s \u201ccita\u00e7\u00f5es\u201d. Tais m\u00e9todos par\u00f3dicos foram freq\u00fcentemente usados para obter efeitos c\u00f4micos. Mas tal humor \u00e9 o resultado das contradi\u00e7\u00f5es dentro de uma condi\u00e7\u00e3o cuja exist\u00eancia \u00e9 tida como certa. Como o mundo da literatura quase sempre nos parece t\u00e3o distante quanto o da Idade da Pedra, tais contradi\u00e7\u00f5es n\u00e3o nos fazem rir. \u00c9 ent\u00e3o necess\u00e1rio conceber uma fase par\u00f3dica-s\u00e9ria onde a acumula\u00e7\u00e3o de elementos deturnados, longe de contribuir para provocar indigna\u00e7\u00e3o ou riso em sua alus\u00e3o a algum trabalho original, expresse nossa indiferen\u00e7a para com um inexpressivo e desprez\u00edvel original, e se interesse em fazer uma certa sublima\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Lautr\u00e9amont<\/a>\u00a0foi t\u00e3o longe nesta dire\u00e7\u00e3o que ele ainda \u00e9 parcialmente mal compreendido at\u00e9 mesmo pelos seus mais declarados admiradores. A despeito de suas \u00f3bvias aplica\u00e7\u00f5es deste m\u00e9todo na linguagem te\u00f3rica de\u00a0Poiesies<\/em>\u00a0\u2014 onde Lautr\u00e9amont (utilizando as m\u00e1ximas de Pascal e Vauvenargues, particularmente) se esfor\u00e7a por reduzir o argumento, atrav\u00e9s de sucessivas concentra\u00e7\u00f5es, t\u00e3o somente a m\u00e1ximas \u2014 um certo Viroux, tr\u00eas ou quatro anos atr\u00e1s, causou consider\u00e1vel espanto ao demonstrar conclusivamente que “Os Cantos de Maldoror<\/a>” \u00e9 um grande deturnamento de Buffon e de outras obras de hist\u00f3ria natural, entre outras coisas.<\/p>\n O fato dos pros\u00e9litos do Figaro, como o pr\u00f3prio Viroux, serem capazes de ver nisto uma justifica\u00e7\u00e3o para desacreditar Lautr\u00e9amont, e de outros acreditarem que tinham que defend\u00ea-lo elogiando sua insol\u00eancia, apenas testifica a senilidade destes dois agrupamentos de parvos em elegante combate. Um lema como \u00abo pl\u00e1gio \u00e9 necess\u00e1rio, o progresso o implica<\/em>\u00bb ainda \u00e9 pobremente compreendido, e pelas mesmas raz\u00f5es que a famosa frase sobre a poesia, que \u201cdeve ser feita por todos<\/em>\u201d.<\/p>\n Aparte da obra de Lautr\u00e9amont \u2014 que bem \u00e0 frente de seu tempo foi em grande parte uma cr\u00edtica precisa \u2014 as tend\u00eancias para o deturnamento que podem ser observadas na express\u00e3o contempor\u00e2nea s\u00e3o em sua maior parte inconscientes ou acidentais. \u00c9 na ind\u00fastria da propaganda, mais do que na decadente produ\u00e7\u00e3o est\u00e9tica, onde est\u00e3o os melhores exemplos. Podemos em primeiro lugar definir duas categorias principais de elementos deturnados, levando em considera\u00e7\u00e3o se o ajuntamento vem ou n\u00e3o acompanhado por corre\u00e7\u00f5es inseridas nos originais. Temos aqui d\u00e9tournement<\/em> secund\u00e1rios e deturnamentos enganosos.<\/p>\n O d\u00e9tournement secund\u00e1rio<\/em> \u00e9 o deturnamento de um elemento que n\u00e3o tem nenhuma import\u00e2ncia em si mesmo e que tira todo seu significado do novo contexto em que foi colocado. Por exemplo, um recorte de jornal, uma frase neutra, uma fotografia comum.<\/p>\n O d\u00e9tournement<\/em>\u00a0enganoso<\/em>, tamb\u00e9m chamado d\u00e9tournement<\/em>\u00a0de proposi\u00e7\u00e3o-premonit\u00f3ria, \u00e9 em contraste o deturnamento de um elemento intrinsecamente significante que deriva de um diferente escopo de um novo contexto. Por exemplo, um slogan de Saint-Just ou um trecho de um filme\u00a0de Eisenstein. Obras extensamente deturnadas s\u00e3o usualmente compostas por uma ou mais s\u00e9ries de deturnamentos enganosos e secund\u00e1rios.<\/p>\n Notas:<\/strong>\u00a0A palavra francesa d\u00e9tournement significa desvio, divers\u00e3o,\u00a0reencaminhamento, distor\u00e7\u00e3o, abuso, malversa\u00e7\u00e3o, seq\u00fcestro, ou virar ao\u00a0contr\u00e1rio do curso ou prop\u00f3sito normal. \u00c0s vezes \u00e9 traduzida como \u00a0\u201cdivers\u00e3o\u201d, mas esta palavra gera confus\u00e3o por causa de seu significado\u00a0mais comum como entretenimento inativo. Como a maioria das outras\u00a0pessoas que de fato pratica o deturnamento, eu simplesmente preferi\u00a0aportuguesar a palavra francesa. (Nota do Tradutor) (a segunda parte vem t\u00e1 aqui<\/a>).<\/p><\/blockquote>\nCr\u00e9ditos: 1, 3, 4 daqui<\/a>; 2 (situacionistas<\/a>).<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Os situacionistas, voc\u00ea sabe, foram um bando de doidos te\u00f3ricos-pr\u00e1ticos-pol\u00edticos que assaltaram o status quo reinante do final dos 1950 e nos 1960 com suas ideias de que “a arte \u00e9 revolucion\u00e1ria, ou n\u00e3o \u00e9 nada“. Guy Debord e\u00a0Raul Vaneigem\u00a0foram seus, talvez, principais nomes. 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Um guia para usu\u00e1rios do detournament<\/strong><\/h2>\n
<\/a><\/p>\n
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\n<\/em>Nota do Rizoma:\u00a0Embora traduzido por Ra\u00edlton como \u201cdeturna\u00e7\u00e3o\u201d, optamos pelo uso\u00a0corrente, aqui neste site, do termo \u201cdeturnamento\u201d, j\u00e1 presente em outros\u00a0textos sobre o assunto.
\n<\/em>Nota do BaixaCultura: Preferimos usar, no t\u00edtulo, o termo franc\u00eas original “d\u00e9tournement”.<\/em><\/p>\n