{"id":6457,"date":"2012-07-09T09:15:27","date_gmt":"2012-07-09T09:15:27","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=6457"},"modified":"2012-07-09T09:15:27","modified_gmt":"2012-07-09T09:15:27","slug":"wu-ming-e-um-maremoto-anticopyright","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/07\/09\/wu-ming-e-um-maremoto-anticopyright\/","title":{"rendered":"Wu Ming e um maremoto anticopyright"},"content":{"rendered":"
Damos sequ\u00eancia aqui ao trabalho iniciado neste post<\/a>, a saber: republicar os textos da excelente biblioteca do site Rizoma.net, editado pelo saudoso Ricardo Rosas.<\/p>\n O texto de hoje \u00e9 \u00a0do\u00a0coletivo italiano Wu Ming<\/a>. Os italianos, como j\u00e1 falamos por aqui<\/a>, s\u00e3o um grupo que desde meados da d\u00e9cada de 1990 milita sob a sigla do copyleft –\u00a0at\u00e9 1999 eles atendiam pelo nome de\u00a0Luther Blissett Project<\/a>.\u00a0<\/strong><\/p>\n <\/strong>Foram, provavelmente, um dos primeiros coletivos “organizados” a fazer a ponte do anarquismo\/punk da d\u00e9cada de 1980 para a cultura digital\/livre das d\u00e9cadas seguintes (e de hoje). [NE: O Wu Ming nos escreveu, via twitter, que n\u00e3o s\u00e3o anarquistas, mas sim marxistas libert\u00e1rios<\/em>].Fizeram isso em uma por\u00e7\u00e3o de a\u00e7\u00f5es e textos, dos quais destacamos o Notas sobre Copyright e Copyleft<\/a>, que j\u00e1 publicamos\/traduzimos em 2009.<\/p>\n Olha\u00ed: \u201cPartimos do reconhecimento da g\u00eanese social do saber. Ningu\u00e9m tem id\u00e9ias que n\u00e3o tenham sido direta ou indiretamente influenciadas por suas rela\u00e7\u00f5es sociais, pela comunidade de que faz parte etc. e ent\u00e3o se a g\u00eanese \u00e9 social tamb\u00e9m o uso deve permancer tal qual<\/em>\u201c.<\/p>\n *<\/p>\n As pr\u00e1ticas do Wu Ming [express\u00e3o chinesa que tamb\u00e9m significa ‘cinco nomes’, a depender da entona\u00e7\u00e3o com que se fala<\/em>] contra a l\u00f3gica da cultura oficial \u2013 monetarista, individualista, apoiada no mito da celebridade e do g\u00eanio criador, este personagem n\u00e3o exatamente falso, mas que serve de fundo ideol\u00f3gico pro ideal de originalidade que sustenta a ind\u00fastria do copyright \u2013 ocorrem em v\u00e1rias frentes.<\/p>\n N\u00e3o apenas os livros do grupo podem ser oficial e gratuitamente baixados e livremente copiados<\/a>,\u00a0como os 5 integrantes do coletivo trabalham de fato coletivamente, assinando como grupo a autoria de\u00a0v\u00e1rios de seus livros.\u00a0Entre eles est\u00e1 o\u00a0romance\u00a0Q \u2013 O ca\u00e7ador de hereges<\/a><\/strong><\/em>, que desafia\u00a0o argumento\u00a0de que a pirataria mata o artista de fome, dispon\u00edvel pra download h\u00e1 v\u00e1rios anos e em v\u00e1rias l\u00ednguas e ainda assim um best seller.<\/p>\n Mesmo os trabalhos individuais trazem a marca do grupo. O belo New Thing<\/strong>,\u00a0lan\u00e7ado<\/a>\u00a0no Brasil pela editora Conrad, \u00e9\u00a0assinado por\u00a0Wu Ming 1, mas a voz continua coletiva: o livro imita a edi\u00e7\u00e3o de document\u00e1rio, e toda a narrativa se desenrola atrav\u00e9s dos depoimentos dos personagens, apenas editados por um invis\u00edvel diretor. Al\u00e9m disso, esta que seria uma esp\u00e9cie de narrativa policial (misteriosos assassinatos envolvendo m\u00fasicos de jazz ocorrem na New York dos anos 60) traz toda a discuss\u00e3o em torno da cultura livre, desde o m\u00e9todo da colagem at\u00e9 a tecnologia P2P.<\/p>\n A identidade do autor n\u00e3o \u00e9 um segredo, e nem a de seus pares.\u00a0Wu Ming 1 nasceu\u00a0Roberto Bui \u2013 Wu Ming 2 \u00e9 Giovanni Cattabriga, Wu Ming 3 \u00e9 Luca de Meo, Wu Ming 4 \u00e9 Federico Guglielmi e Wu Ming 5, Riccardo Pedrini. O coletivo\u00a0contra-explica: \u201cquem, ainda hoje, continua dizendo frases do tipo: \u2018os 5 escritores que se escondem por tr\u00e1s do pseud\u00f4nimo coletivo \u2018Wu Ming\u201d ou \u2018que sentido faz n\u00e3o assinarem seus verdadeiros nomes, se na realidade todos sabem como eles se chamam?\u2019 est\u00e1 convidado a efetuar as seguintes substitui\u00e7\u00f5es: \u201997\u2032 no lugar de \u20195\u2032; \u2018m\u00fasicos\u2019 no lugar de \u2018escritores\u2019; \u2018London Symphony Orchestra\u2019 no lugar de \u2018Wu Ming\u2019\u201d. T\u00e1 bom assim?<\/p>\n No site do Wu Ming [na China, uma assinatura bastante comum entre os dissidentes que lutam por democracia e\u00a0liberdade de express\u00e3o<\/em>], como era de se esperar, h\u00e1 (al\u00e9m dos livros) diversos textos dispon\u00edveis pra download. No blog em ingl\u00eas e espanhol<\/a>, tamb\u00e9m. A grata surpresa est\u00e1\u00a0aqui<\/a>, v\u00e1rios desses textos dispon\u00edveis em portugu\u00eas, que v\u00e3o desde colabora\u00e7\u00f5es e entrevistas concedidas \u00e0 imprensa brasileira at\u00e9 ensaios e textos sobre cultura livre e pirataria – que \u00e9 o caso do texto que republicamos aqui, copyright e maremoto.<\/strong><\/p>\n Apesar de escrito no in\u00edcio da d\u00e9cada passada (2001, 2002), copyright e maremoto<\/strong> \u00e9 um texto deveras importante hoje. Primeiro porque faz, de forma did\u00e1tica, um balan\u00e7o daquilo que j\u00e1 falamos por aqui faz tempos: “durante dezenas de mil\u00eanios a civiliza\u00e7\u00e3o humana prescindiu do copyright<\/strong>“. Obras como\u00a0Gilgamesh, o Mahabharata e o Ramayana, a Il\u00edada e a Odiss\u00e9ia jamais exisitiriam se naquela \u00e9poca o copyright estivesse valendo.<\/p>\n Segundo porque fala sabiamente que “terminou para sempre uma fase da cultura<\/strong>“. \u00a0A “cultura de massas” da era industrial (centralizada, normatizada, un\u00edvoca, obsessiva pela\u00a0atribui\u00e7\u00e3o do autor, regulada por mil sofismas) est\u00e1 cedendo lugar a uma outra “cultura” (livre, de nichos?) que tem afinidade com a cultura popular (exc\u00eantrica, disforme, horizontal, baseada no “pl\u00e1gio”, regulada pelo menor\u00a0n\u00famero de leis poss\u00edvel). Ta\u00ed uma rela\u00e7\u00e3o importante (cultura livre\/cultura popular) de ser feita para compreender o mundo hoje, cada vez mais globo-perif\u00e9rico<\/a>.<\/p>\n Fizemos pequenas altera\u00e7\u00f5es no texto, suprimindo exemplos ligados ao contexto italiano e desatualizados. Tai:<\/p>\n Copyright e maremoto<\/em><\/strong><\/p>\n Wu Ming<\/em><\/p>\n Fonte: Site da cole\u00e7\u00e3o Baderna (e-book Rizoma: Recombina\u00e7\u00e3<\/a>o).<\/em><\/p>\n Atualmente existe um amplo movimento de protesto e transforma\u00e7\u00e3o social\u00a0em grande parte do planeta. Ele possui um potencial enorme, mas ainda\u00a0n\u00e3o est\u00e1 completamente consciente disso. Embora sua origem seja antiga,\u00a0s\u00f3 se manifestou recentemente, aparecendo em v\u00e1rias ocasi\u00f5es sob os\u00a0refletores da m\u00eddia, por\u00e9m trabalhando dia a dia longe deles. \u00c9 formado por\u00a0multid\u00f5es e singularidades, por ret\u00edculas capilares no territ\u00f3rio. Cavalga as\u00a0mais recentes inova\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas. As defini\u00e7\u00f5es cunhadas por seus\u00a0advers\u00e1rios ficam-lhe pequenas. Logo ser\u00e1 imposs\u00edvel par\u00e1-lo e a repress\u00e3o\u00a0nada poder\u00e1 contra ele.<\/p>\n \u00c9 aquilo que o poder econ\u00f4mico chama “pirataria”.\u00a0\u00c9 o movimento real que suprime o estado de coisas existente.\u00a0Desde que – a n\u00e3o mais de tr\u00eas s\u00e9culos – se imp\u00f4s a cren\u00e7a na propriedade\u00a0intelectual, os movimentos underground e “alternativos” e as vanguardas\u00a0mais radicais a tem criticado em nome do “pl\u00e1gio” criativo, da est\u00e9tica do\u00a0cut-up e do “sampling”, da filosofia “do-it-yourself”. Do mais moderno ao\u00a0mais antigo se vai do hip-hop ao punk ao proto-surrealista Lautr\u00e9amont (“O\u00a0pl\u00e1gio \u00e9 necess\u00e1rio. O progresso o implica. Toma a frase de um autor, se\u00a0serve de suas express\u00f5es, elimina uma id\u00e9ia falsa, a substitui pela id\u00e9ia\u00a0justa<\/em>“). Atualmente essa vanguarda \u00e9 de massas<\/strong>.<\/p>\n Durante dezenas de mil\u00eanios a civiliza\u00e7\u00e3o humana prescindiu do copyright,\u00a0do mesmo modo que prescindiu de outros falsos axiomas parecidos, como a\u00a0“centralidade do mercado” ou o “crescimento ilimitado”. Se houvesse\u00a0existido a propriedade intelectual, a humanidade n\u00e3o haveria conhecido a\u00a0epop\u00e9ia de Gilgamesh, o Mahabharata e o Ramayana, a Il\u00edada e a Odiss\u00e9ia, o\u00a0Popol Vuh, a B\u00edblia e o Cor\u00e3o, as lendas do Graal e do ciclo arturiano, o\u00a0Orlando Apaixonado e o Orlando Furioso, Gargantua e Pantagruel, todos\u00a0eles felizes produtos de um amplo processo de mistura e combina\u00e7\u00e3o, reescritura e \u00a0transforma\u00e7\u00e3o, isto \u00e9, de “pl\u00e1gio”, unido a uma livre difus\u00e3o e a\u00a0exibi\u00e7\u00f5es diretas (sem a interfer\u00eancia dos inspetores da Societ\u00e0 Italiana degli\u00a0Autori ed Editori)<\/p>\n At\u00e9 pouco tempo, as pali\u00e7adas dos “enclosures” culturais impunham uma \u00a0vis\u00e3o limitada, e logo chegou a Internet. Agora a dinamite dos bits por segundo leva aos ares esses recintos, e podemos empreender aventuradas excurs\u00f5es em selvas de signos e clareiras iluminadas pela lua. A cada noite e a cada dia milh\u00f5es de pessoas, sozinhas ou coletivamente, cercam\/violam\/recha\u00e7am o copyright. Fazem-no apropriando-se das \u00a0tecnologias digitais de compress\u00e3o (MP3, Mpge etc.), distribui\u00e7\u00e3o (redes telem\u00e1ticas) e reprodu\u00e7\u00e3o de dados (masterizadores, scanners). Tecnologias que suprimem a distin\u00e7\u00e3o entre “original” e “c\u00f3pia”.<\/p>\n Usam redes telem\u00e1ticas peer-to-peer (descentralizadas, “de igual para igual”) para compartilhar osdados de seus pr\u00f3prios discos r\u00edgidos. Desviam-se com ast\u00facia de qualquer obst\u00e1culo t\u00e9cnico ou legislativo. Surpreendem no contrap\u00e9 as multinacionais do entretenimento erodindo seus (at\u00e9 agora) excessivos ganhos. Como \u00e9 natural, causam grandes dificuldades \u00e0queles que administram os chamados “direitos autorais”.<\/p>\n N\u00e3o estamos falando da “pirataria” gerida pelo crime organizado, divis\u00e3o extralegal do capitalismo n\u00e3o menos deslocada e ofegante do que a legal pela extens\u00e3o da “pirataria” autogestionada e de massas. Falo da democratiza\u00e7\u00e3o geral do acesso \u00e0s artes e aos produtos do engenho, processo que salta as barreiras geogr\u00e1ficas e sociais. Digamos claramente: barreira de classe (devo fornecer algum dado sobre o pre\u00e7o dos CDs?).<\/p>\n Esse processo est\u00e1 mudando o aspecto da ind\u00fastria cultural mundial, mas\u00a0n\u00e3o se limita a isso. Os “piratas” debilitam o inimigo e ampliam as margens\u00a0de manobra das correntes mais pol\u00edticas do movimento: nos referimos aos\u00a0que produzem e difundem o “software livre” (programas de “fonte aberta”\u00a0livremente modific\u00e1veis pelos usu\u00e1rios), aos que querem estender a cada\u00a0vez mais setores da cultura as licen\u00e7as “copyleft” (que permitem a\u00a0reprodu\u00e7\u00e3o e distribui\u00e7\u00e3o das obras sob condi\u00e7\u00e3o de que sejam abertas”),\u00a0aos que querem tornar de “dom\u00ednio p\u00fablico” f\u00e1rmacos indispens\u00e1veis \u00e0\u00a0sa\u00fade, a quem recha\u00e7a a apropria\u00e7\u00e3o, o registro e a frankeinsteiniza\u00e7\u00e3o de\u00a0esp\u00e9cies vegetais e seq\u00fc\u00eancias gen\u00e9ticas etc. etc.<\/p>\n O conflito entre anti-copyright e copyright expressa na sua forma mais\u00a0imediata a contradi\u00e7\u00e3o fundamental do sistema capitalista: a que se d\u00e1\u00a0entre for\u00e7as produtivas e rela\u00e7\u00f5es de produ\u00e7\u00e3o\/propriedade. Ao chegar a\u00a0um certo n\u00edvel, o desenvolvimento das primeiras p\u00f5em inevitavelmente em\u00a0crise as segundas. As mesmas corpora\u00e7\u00f5es que vendem samplers,\u00a0fotocopiadoras, scanners e masterizadores controlam a ind\u00fastria global do\u00a0entretenimento, e se descobrem prejudicadas pelo uso de tais\u00a0instrumentos. A serpente morde sua cauda e logo instiga os deputados para\u00a0que legislem contra a autofagia.<\/p>\n A conseq\u00fcente rea\u00e7\u00e3o em cadeia de paradoxos e epis\u00f3dios grotescos nos\u00a0permite compreender que terminou para sempre uma fase da cultura, e que\u00a0leis mais duras n\u00e3o ser\u00e3o suficientes para deter uma din\u00e2mica social j\u00e1\u00a0iniciada e envolvente.<\/strong> O que est\u00e1 se modificando \u00e9 a rela\u00e7\u00e3o entre produ\u00e7\u00e3o\u00a0e consumo da cultura, o que alude a quest\u00f5es ainda mais amplas: o regime\u00a0de propriedade de produtos do intelecto geral, o estatuto jur\u00eddico e a\u00a0representa\u00e7\u00e3o pol\u00edtica do “trabalho cognitivo” etc.<\/p>\n De qualquer modo, o movimento real se orienta a superar toda a legisla\u00e7\u00e3o\u00a0sobre a propriedade intelectual e a reescrev\u00ea-la desde o in\u00edcio. J\u00e1 foram\u00a0colocadas as pedras angulares sobre as quais reedificar um verdadeiro\u00a0“direito dos autores”, que realmente leve em conta como funciona a\u00a0cria\u00e7\u00e3o, quer dizer, por osmose, mistura, cont\u00e1gio, “pl\u00e1gio”. Muitas vezes,\u00a0legisladores e for\u00e7as da ordem trope\u00e7am nessas pedras e machucam os\u00a0joelhos.<\/p>\n A open source e o copyleft se estendem atualmente muito al\u00e9m da\u00a0programa\u00e7\u00e3o de software: as “licen\u00e7as abertas” est\u00e3o em toda parte, e\u00a0tendencialmente podem se converter no paradigma do novo modo de\u00a0produ\u00e7\u00e3o que liberte finalmente a coopera\u00e7\u00e3o social (j\u00e1 existente e\u00a0visivelmente posta em pr\u00e1tica) do controle parasit\u00e1rio, da expropria\u00e7\u00e3o e da\u00a0“renda” em benef\u00edcio de grandes potentados industriais e corporativos.<\/p>\n A for\u00e7a do copyleft deriva do fato de ser uma inova\u00e7\u00e3o jur\u00eddica vinda debaixo que supera a mera “pirataria”, enfatizando a pars construens* do\u00a0movimento real. Na pr\u00e1tica, as leis vigentes sobre o copyright (padronizadas\u00a0pela Conven\u00e7\u00e3o de Berna de 1971, praticamente o Pleistoceno) est\u00e3o sendo\u00a0pervertidas em rela\u00e7\u00e3o a sua fun\u00e7\u00e3o original e, em vez de obstaculariz\u00e1-la,\u00a0se convertem em garantia da livre circula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n O coletivo Wu Ming – do qual\u00a0fa\u00e7o parte – contribui a esse movimento inserindo em seus livros a seguinte\u00a0locu\u00e7\u00e3o (sem d\u00favida aperfei\u00e7o\u00e1vel): “Permitida a reprodu\u00e7\u00e3o parcial ou\u00a0total da obra e sua difus\u00e3o por via telem\u00e1tica para uso pessoal dos leitores,\u00a0sob condi\u00e7\u00e3o de que n\u00e3o seja com fins comerciais<\/em>“. O que significa que a\u00a0difus\u00e3o deve permanecer gratuita… sob pena de se pagar os direitos\u00a0correspondentes.<\/p>\n Eliminar uma falsa id\u00e9ia, substitu\u00ed-la por uma justa. Essa vanguarda \u00e9 um\u00a0saud\u00e1vel “retorno ao antigo”: estamos abandonando a “cultura de massas”<\/strong>\u00a0da era industrial (centralizada, normatizada, un\u00edvoca, obsessiva pela\u00a0atribui\u00e7\u00e3o do autor, regulada por mil sofismas) para adentrarmos em uma\u00a0dimens\u00e3o produtiva<\/strong> que, em um n\u00edvel de desenvolvimento mais alto,\u00a0apresenta mais do que algumas afinidades com a cultura popular<\/strong>\u00a0(exc\u00eantrica, disforme, horizontal, baseada no “pl\u00e1gio”, regulada pelo menor\u00a0n\u00famero de leis poss\u00edvel).<\/p>\n As leis vigentes sobre o copyright (entre as quais a preparad\u00edsima lei italiana\u00a0de dezembro de 2000) n\u00e3o levam em conta o “copyleft”: na hora de legislar,\u00a0o Parlamento ignorava por completo sua exist\u00eancia, como puderam\u00a0confirmar os produtores de software livre (comparados aos\u00a0“piratas”) em diversos encontros com deputados.\u00a0Como \u00e9 \u00f3bvio, dada a atual composi\u00e7\u00e3o das C\u00e2maras italianas, n\u00e3o se pode\u00a0esperar nada mais que uma diab\u00f3lica continuidade do erro, a estupidez e a\u00a0repress\u00e3o. Suas senhorias n\u00e3o se d\u00e3o conta de que, abaixo da superf\u00edcie\u00a0desse mar em que eles s\u00f3 v\u00eaem piratas e barcos de guerra, o fundo est\u00e1 se\u00a0abrindo. Tamb\u00e9m na esquerda, os que n\u00e3o querem agu\u00e7ar a vista e os\u00a0ouvidos, e prop\u00f5em solu\u00e7\u00f5es fora de \u00e9poca, de “reformismo” t\u00edmido (diminuir o IVA* do pre\u00e7o dos CDs etc.), podem se dar conta demasiado\u00a0tarde do maremoto e serem envolvidos pela onda.<\/p>\n *: Pars construens<\/em> \u00e9 uma express\u00e3o que desgina um “argumento construtivo” em algum debate, em contraponto ao “pars destruens<\/em>“. A distin\u00e7\u00e3o foi feita por Francis Bacon, ainda em 1620<\/a>.<\/p><\/blockquote>\nCr\u00e9ditos Imagens: 1 (Steve Workers, by We Are M\u00fcesli<\/a>), 3 (Wu Ming Blog<\/a>)<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Damos sequ\u00eancia aqui ao trabalho iniciado neste post, a saber: republicar os textos da excelente biblioteca do site Rizoma.net, editado pelo saudoso Ricardo Rosas. O texto de hoje \u00e9 \u00a0do\u00a0coletivo italiano Wu Ming. 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