{"id":6375,"date":"2012-03-09T15:28:40","date_gmt":"2012-03-09T15:28:40","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=6375"},"modified":"2012-03-09T15:28:40","modified_gmt":"2012-03-09T15:28:40","slug":"a-biblioteca-rizomatica-de-ricardo-rosas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/03\/09\/a-biblioteca-rizomatica-de-ricardo-rosas\/","title":{"rendered":"A biblioteca rizom\u00e1tica de Ricardo Rosas"},"content":{"rendered":"

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Ricardo Rosas foi uma das figuras mais proeminentes do ciberativismo brasileiro pr\u00e9-populariza\u00e7\u00e3o das redes sociais. Em 2002, quando Mark Zuckerberg rec\u00e9m entrava em Harvard e o Twitter n\u00e3o era nem ideia, o cearense de Fortaleza criou o Rizoma.net<\/strong>, um site que, ao longo de sete anos de exist\u00eancia, abrigou o melhor acervo nacional de artigos sobre hackativismo, contracultura e interven\u00e7\u00e3o urbana.<\/p>\n

Em 2003, Rosas fincaria de vez sua import\u00e2ncia na cultura digital brasileira ao ser um dos organizadores do M\u00eddia T\u00e1tica Brasil<\/a>, hist\u00f3rico encontro inspirado no holand\u00eas\u00a0Next5Minutes<\/a>,\u00a0realizado na Casa das Rosas e no SESC, em plena Av. Paulista, entre 13 e 16 de mar\u00e7o, que reuniu Gilberto Gil, John Perry Barlow<\/a>, Richard Barbrook<\/a>, Peter P\u00e1l Pebart<\/a>,\u00a0Giuseppe Cocco, Andr\u00e9 Lemos, Be\u00e1 Tibiri\u00e7\u00e1,\u00a0Gilson Schwartz, Hernani Dimantas, Lucas Bambozzi, Suely Rolnik<\/strong>, dentre outras tantas figuras e coletivos interessantes e representantivos da cultura digital da \u00e9poca. Foi um dos\u00a0primeiros encontros no pa\u00eds a aproximar artistas, hackers, aficcionados por tecnologia e ativistas pol\u00edticos.<\/p>\n

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Capa do site do M\u00eddia T\u00e1tica 2003<\/p><\/div>\n

Al\u00e9m disso, o M\u00eddia t\u00e1tica de 2003 \u00e9 considerado por muitos o ber\u00e7o das pol\u00edticas de cultura digital<\/a> no MinC brasileiro. Foi ali que, segundo conta Claudio Prado, ele e Gilberto Gil – que mediou a mesa de abertura com John Perry Barlow, Richard Barbrook, Danilo Santos de Miranda (diretor regional do SESC), Be\u00e1 Tibiri\u00e7\u00e1 (na \u00e9poca, coordenadora do Governo Eletr\u00f4nica da Prefeitura de SP) e Ricardo Rosas – tiveram o primeiro papo acertando os pontos para o trabalho com cultura digital no mist\u00e9rio. Gil j\u00e1 estava antenado no assunto, muito alimentado pelo antrop\u00f3logo Hermano Vianna<\/a>.<\/p>\n

A mesa de abertura do M\u00eddia T\u00e1tica foi uma fa\u00edsca s\u00f3. Dizem aqueles que l\u00e1 estiveram que foi um momento hist\u00f3rico: Barbrook, \u00a0professor da universidade de Westminster nos EUA (e que \u00e9 comunista) detonou Barlow, vice-presidente da Electronic Freedom Foundation<\/a>\u00a0(e que j\u00e1 foi\u00a0do partido Republicano); ambos tinham (ainda tem?) vis\u00f5es diferentes de mundo e, tamb\u00e9m, de cultura digital.<\/p>\n

[Para os que ficaram curiosos, os arquivos desse debate podem ser baixados, parte 1<\/a> e parte 2<\/a>; agrade\u00e7o ao Felipe Fonseca<\/a> pelos links<\/em>].<\/p>\n

A partir do M\u00eddia T\u00e1tica, Claudio Prado<\/a> encontraria Jos\u00e9 Murilo Jr<\/a>,\u00a0\u00a0que ate hoje \u00e9 o coordenador de cultura digital do MinC, Uir\u00e1 Por\u00e3<\/a>, S\u00e9rgio Amadeu<\/a> e outras figuras que seriam alguma das principais respons\u00e1veis por colocar na cabe\u00e7a do governo, via Gil, os conceitos de software livre, inclus\u00e3o digital e copyleft – ideias que, hoje, sabemos que andam amplamente esquecidas pela ministra Ana de Hollanda.<\/p>\n

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Capa de Anarquitextura, do Rizoma<\/p><\/div>\n

Ricardo faleceu em\u00a011 de abril de 2007<\/a>, em sua cidade natal, Fortaleza, por problemas de sa\u00fade.\u00a0A relev\u00e2ncia de seu trabalho tamb\u00e9m fez com que fosse homenageado em Fortaleza dando nome ao\u00a0pr\u00eamio de arte e cultura digital da cidade<\/a>.<\/p>\n

De 2002 a 2009, o Rizoma.net abrigou um acervo significativo de artigos, tradu\u00e7\u00f5es, entrevistas sobre hackativismo, contracultura e interven\u00e7\u00e3o urbana. Parte desse acervo saiu do ar com o site, mas foi recuperado pelo\u00a0coletivo\u00a0CCR (Centro de Cria\u00e7\u00e3o de Ru\u00eddos)<\/a>, que\u00a0se disp\u00f4s a editorar em PDF os textos das se\u00e7\u00f5es do site. Num esfor\u00e7o conjunto com o V\u00edrgula-imagem e com Jesus – assim se identificou o volunt\u00e1rio que enviou as \u00faltimas contribui\u00e7\u00f5es por email, segundo conta a Select<\/a> – criou-se\u00a0uma p\u00e1gina onde est\u00e3o dispon\u00edveis todos os PDFs e links<\/a>.<\/p>\n

Tem muita coisa boa. S\u00e3o 18 PDFs disponibilizados para download e visualiza\u00e7\u00e3o no Issuu, em edi\u00e7\u00f5es intituladas “Neuropol\u00edtica<\/a>“, “Lisergia Visual<\/a>“, “Hierografia<\/a>“, “Desbunde<\/a>“, “Anarquitextura<\/a>“, “Recombina\u00e7\u00e3o<\/a>“, dentre outros. Todos s\u00e3o documentos importantes da contracultura, digital ou n\u00e3o, brasileira, e interessar\u00e3o muito aos curiosos sobre o assunto.<\/p>\n

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Capa de "Recombina\u00e7\u00e3o"<\/p><\/div>\n

Para se ater aquele tema que gostamos mais de falar por aqui, destacamos a edi\u00e7\u00e3o sobre “Recombina\u00e7\u00e3o<\/strong>“. S\u00e3o 153 p\u00e1ginas de artigos, entrevistas e tradu\u00e7\u00f5es em 37 textos que todos, sem excess\u00e3o, poderiam ser abordados em posts diferentes por aqui. Tem Critical Art Ensemble com “Pl\u00e1gio Ut\u00f3pico, Hipertextualidade e Produ\u00e7\u00e3o Cultural Eletr\u00f4nica<\/em>“, que re-plagiamos nos posts “Revalorizar o Pl\u00e1gio na Cria\u00e7\u00e3o<\/a>“; “Copyright e Maremoto<\/em>“, dos italianos do\u00a0Wu Ming<\/a>, ambos textos do coletivo Baderna.org, que organizou a maravilhosa cole\u00e7\u00e3o Baderna<\/a> da Conrad.<\/p>\n

Brasil? \u00a0Tem “Manifesto da Poesia Sampler<\/em>“, do C\u00edrculo de Poetas Sampler de S\u00e3o Paulo. “Por que somos contra a propriedade intelectual<\/em>“, de Pablo Ortellado<\/a>; “O que \u00e9 arte xerox<\/em>“, de Hugo Pontes”. “Entrevista o coletivo Re:Combo<\/em>“, por Giselle Beiguelman<\/a>. “A Cultura da Reciclagem<\/em>“, por Marcus Bastos.<\/p>\n

Tradu\u00e7\u00f5es de textos cl\u00e1ssicos? Tem “Montagem<\/em>“, de Sergei Einsenstein. “Um Guia para o usu\u00e1rio do Detournament<\/em>“, de Gil Wolman e Guy Debord (que j\u00e1 comentamos por aqui<\/a>). “O m\u00e9todo do cut-up<\/em>“, de William Burroughs.<\/p>\n

E muito mais coisas legais, que n\u00e3o vamos citar mais para n\u00e3o ficar cansativo. Melhor: vamos, nos pr\u00f3ximos meses, republicar algum desses textos, com uma apresenta\u00e7\u00e3o e\/ou ensaio cr\u00edtico – ou, caso precise, de alguma atualiza\u00e7\u00e3o. \u00c9 uma forma de divulg\u00e1-los mais amplamente e, tamb\u00e9m, homenagear o belo legado que o Rizoma e Ricardo Rosas deixaram.<\/p>\n

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Capa de "Afrofuturismo", do Rizoma<\/p><\/div>\n

Pra encerrar este post, vai uma compila\u00e7\u00e3o de textos que Rosas deixou, organizado por Marcelo Ter\u00e7a-Nada<\/a>, do V\u00edrgula-Imagem:<\/p>\n

_\u00a0\u00a0T\u00e1ticas de Aglomera\u00e7\u00e3o<\/a>\u00a0\u2013 Publica\u00e7\u00e3o do Reverbera\u00e7\u00f5es 2006
\n_\u00a0
Gambiarra: alguns pontos para se pensar uma tecnologia recombinante<\/a>\u00a0(PDF) \u2013 Caderno VideoBrasil
\n_\u00a0
Nome: coletivos | Senha: colabora\u00e7\u00e3o<\/a>\u00a0\u2013 FILE \/ Sabotagem
\n_\u00a0
Notas sobre o coletivismo art\u00edstico no Brasi\u00a0<\/a>\u2013 Tr\u00f3pico\/UOL
\n_\u00a0
Hibridismo Coletivo no Brasil: Transversalidade ou Coopta\u00e7\u00e3o?<\/a>\u00a0\u2013 F\u00f3rum Permanente\/Fapesp
\n_\u00a0
Alguns coment\u00e1rios sobre Arte e Pol\u00edtica<\/a>\u00a0\u2013 Canal Contempor\u00e2neo
\n_\u00a0
Hacklabs, do digital ao anal\u00f3gico<\/a>\u00a0(tradu\u00e7\u00e3o) \u2013 Suburbia
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The Revenge of Lowtech : Autolabs, Telecentros and Tactical Media in Sao Paulo<\/a>\u00a0(PDF) \u2013 Sarai.net<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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