{"id":6301,"date":"2012-02-15T22:14:00","date_gmt":"2012-02-15T22:14:00","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=6301"},"modified":"2012-02-15T22:14:00","modified_gmt":"2012-02-15T22:14:00","slug":"salve-a-contra-cultura-digital-brasileira","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/02\/15\/salve-a-contra-cultura-digital-brasileira\/","title":{"rendered":"Salve a (contra) cultura digital brasileira!"},"content":{"rendered":"
Alguns dizem que a internet \u00e9 um dos frutos da contracultura<\/a> norte-americana – do\u00a0Do It Yourself <\/em>e da livre express\u00e3o\/circula\u00e7\u00e3o\/pira\u00e7\u00e3o de mentes & informa\u00e7\u00f5es que os beats, o existencialismo de Sartre, Timothy Leary e o LSD, primeiramente, os Provos<\/a>, Beatles, happenings, Bob Dylan, o maio de 1968 e os hippies, para citar alguns poucos num 2\u00ba momento, trouxeram para as cabe\u00e7as jovens mundo afora – e da parceria improv\u00e1vel dessa contracultura com as redes fechadas militares e de universidades \u00e9 que a internet<\/a> nasceu e se propagou, j\u00e1 nos 1990.<\/p>\n A quest\u00e3o de que a internet surgiu como um desdobramento da contracultura me traz uma quest\u00e3o anterior: a contracultura nasceu mesmo na d\u00e9cada de 1960? Ali\u00e1s, o que \u00e9 contracultura? seria todos aqueles que contestam, de maneira articulada e reflexiva, a cultura dominante? Se for isso, a contracultura n\u00e3o seria anterior a 1960?<\/p>\n O\u00a0que dizer da cultura em torno do grande pensador grego S\u00f3crates, do ocultismo dos \u00e1rabes Sufis a partir do s\u00e9culo VIII (de quem o contempor\u00e2neo Hakim Bey<\/a> bebeu – e estudou – muito), dos trovadores her\u00e9ticos da Idade M\u00e9dia, dos trancendentalistas americanos<\/a> (Ralph Waldo Emerson, H. D. Thoureau), como aponta o livro Contracultura atrav\u00e9s dos Tempos<\/a><\/strong>, de Ken Gofman e Dan Joy, importante refer\u00eancia para quem quer entender o assunto?<\/p>\n N\u00e3o seriam os hippies e o que convencionou chamar de contracultura sessentista o ber\u00e7o da\u00a0contracultura jovem? <\/em>E o Tropicalismo, \u00edcone nacional da cultura dos 1960, seria o pai dessa express\u00e3o<\/em> da contracultura brasileira?<\/p>\n “ContraCultura Digital<\/a>” \u00e9 \u00a0um site e uma publica\u00e7\u00e3o coordenada por Tha\u00eds Brito<\/a>, jornalista e mestre em Ci\u00eancias Sociais pela UFBA.\u00a0O projeto aprovado<\/a> na Bolsa da Funarte\u00a0propunha “analisar o contexto contempor\u00e2neo de apropria\u00e7\u00e3o de tecnologias livres” e constava, como produto final,\u00a0a produ\u00e7\u00e3o de uma revista com textos sobre a nascente contracultura digital brasileira, de relatos de experi\u00eancias a ensaios filos\u00f3ficos, passando por manifestos, fic\u00e7\u00f5es, tradu\u00e7\u00f5es e outras coisinhas que o guarda-chuva do projeto entendia como pertinente.<\/p>\n<\/div>\n Ela cont\u00e9m 19 textos (muito) heterog\u00eaneos, dividos em tr\u00eas grandes guarda-chuvas: Experi\u00eancias<\/strong>, que busca uma conex\u00e3o com a realidade de pessoas\/projetos e grupos da cultura digital; Po\u00e9ticas<\/strong>, que, bem, trata-se de experi\u00eancias\u00a0p\u00f3eticas<\/em> envolvendo de algum modo o digital, seja atrav\u00e9s de relatos de viagem at\u00e9 poesia\/desenho em linguagem de programa\u00e7\u00e3o; e Filosofias<\/strong>, manifestos e ensaios mais te\u00f3ricos\/viajand\u00f5es sobre temas como o\u00a0Psico-Ativismo Neodarwinista<\/em> e a\u00a0Cultura Dialegital<\/em>\u00a0do Contra<\/em>.<\/p>\n Seria a cultura copyleft uma contracultura?<\/p><\/div>\n Ademais do hermetismo de certos textos, de alguns descuidos na revis\u00e3o (especialmente nas refer\u00eancias) e da edi\u00e7\u00e3o bruta, quase tosca, a revista \u00e9 um belo incentivo \u00e0 deriva pela nascente contracultura digital. Deriva aqui entendida na acep\u00e7\u00e3o que os situacionistas<\/a> nos despertaram nos 1960: andar sem rumo, para, assim, ser “estranhado” pelos passeios e atuar cr\u00edtica e conscientemente no aprofundamento\/revolu\u00e7\u00e3o de um cotidiano espec\u00edfico.<\/p>\n Neste caso, a publica\u00e7\u00e3o estimula passeios por quest\u00f5es, (n\u00e3o) lugares e ideias n\u00e3o t\u00e3o comentadas na cultura digital para, a partir da\u00ed, o leitor aprofundar (ou n\u00e3o) o seu interesse pelos assuntos abordados – e ent\u00e3o criar seus pr\u00f3prios “mapas” de interesses\/conex\u00f5es com os temas discutidos.<\/p>\n Destaco aqui seis textos da publica\u00e7\u00e3o (com o respectivo link para ver direto no site, quando h\u00e1 esta op\u00e7\u00e3o):<\/p>\n _ “SISTEMA FORTUITO (DES)ENCONTRO: Estrat\u00e9gia Hacker De Um Sistema Telem\u00e1tico<\/a><\/em>“, de Leonardo Galv\u00e3o, um relato detalhado sobre o projeto que d\u00e1 nome ao t\u00edtulo, uma\u00a0aplica\u00e7\u00e3o de estrat\u00e9gias de hackeamento\u00a0de um site de relacionamento via webcam e sua retransmiss\u00e3o por proje\u00e7\u00e3o no espa\u00e7o\u00a0arquitet\u00f4nico da cidade – arte digital pura.<\/p>\n _ “Azucrina Records : Relatos de uma experi\u00eancia com selos virtuais (netlabels)<\/a><\/em>“, uma investiga\u00e7\u00e3o sobre\u00a0comunidades online e sites de m\u00fasica eletr\u00f4nica n\u00e3o-comercial que disponibilizam downloads gratuitos. Ao final, h\u00e1 uma compila\u00e7\u00e3o de sites de netlabels\u00a0<\/em>realizada pelo Azucrina,\u00a0um circuito de experimenta\u00e7\u00e3o eletr\u00f4nica e sonora.<\/p>\n _ “Uma chamada ao Ex\u00e9rcito do Amor e ao Ex\u00e9rcito do Software<\/a><\/em>“, tradu\u00e7\u00e3o coletiva de um texto de Franco Berardi e Geert Lovink de 2011 (original aqui<\/a>) que finaliza com a prof\u00e9tica frase: “O intelecto geral e o corpo social er\u00f3tico devem se encontrar nas ruas e nas pra\u00e7as, e unidos ir\u00e3o\u00a0quebrar as cadeias do Finazismo<\/em>.” Finazismo, entenda-se, \u00e9 o nazismo financeiro.<\/p>\n _\u00a0“A-pr\u00f3pria-a\u00e7\u00e3o dos conceitos<\/a><\/em>“, escrito pela organizadora da revista Tha\u00eds Brito, uma esp\u00e9cie de editoral \u00e0s avessas (escrita no final da revista);<\/p>\n _ “Carta aos novos navegantes –\u00a0breve itiner\u00e1rio de uma Viagem<\/em>“, uma bela retrospectiva po\u00e9tica da cultura lado brasileira lado B, de Oswald de Andrade \u00e0s saudosas e finadas editoras Ci\u00eancia do Acidente<\/a> e Livros do Mal<\/a>, escrita por Leonardo Barbosa Rossato<\/a>, do Massa Coletiva<\/a>, de S\u00e3o Carlos. Curti o fim:\u00a0Oswald hoje faria mixtapes:`Tudo que n\u00e3o \u00e9 meu me pertence’ e estaria fazendo passeatas pelo<\/em>\u00a0matriarcado livre & a favor do \u00f3cio junto a Lautreamont, num free-style beleza: ‘A poesia deveria<\/em>\u00a0ser escritos por todos’.<\/em><\/p>\n Na revista, Cotidiano Sensitivo est\u00e1 apresentado em 24 p\u00e1ginas de muitos c\u00f3digos em linguagem de programa\u00e7\u00e3o. No meio deles, alguns textos em “portugu\u00eas”, que provocam o leitor que desconhece os termos usados a entender que diabos \u00e9 esse monte de coisa (aparentemente) sem sentido.\u00a0No final, ao observar todo o grande encadeamento de c\u00f3digos-fonte, tu pode ver alguns desenhos formados – uma aranha, uma \u00e1rvore, uma barata. Como diz o WordPress<\/a>:\u00a0Code is Poetry?\u00a0<\/em><\/p>\n *<\/strong><\/p>\n ContraCultura Digital<\/a> (org. Tha\u00eds Brito)<\/em> [Leonardo Foletto]<\/em><\/p>\nCr\u00e9ditos imagens: Seja Marginal<\/a>, \u00a0Cara y Se\u00f1al<\/a>\u00a0e o restante screeshot das p\u00e1ginas<\/address>\n\u00a0<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Alguns dizem que a internet \u00e9 um dos frutos da contracultura norte-americana – do\u00a0Do It Yourself e da livre express\u00e3o\/circula\u00e7\u00e3o\/pira\u00e7\u00e3o de mentes & informa\u00e7\u00f5es que os beats, o existencialismo de Sartre, Timothy Leary e o LSD, primeiramente, os Provos, Beatles, happenings, Bob Dylan, o maio de 1968 e os hippies, para citar alguns poucos num […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":7758,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[488,126],"tags":[454,1415,283,1416,400,636,1214,1417,508,1418,1419,173,1420,147,1421,652,1216,1050,1422,1350,1423,1424,331,1425,699,299,1426,1427,1428,1429,1430,1431,1432,1433,520,1434,1435,1436,1437,1438,1439,1440,1441,1442,1404,1443],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6301"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6301"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6301\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6301"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6301"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6301"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=6301"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}<\/a><\/p>\n
<\/a><\/p>\n
<\/a>
<\/a><\/p>\n
\n_ “Cotidiano Sensitivo<\/em>“<\/a>, inclu\u00eddo na se\u00e7\u00e3o Po\u00e9ticas. O projeto dos cientistas da computa\u00e7\u00e3o Ricardo Ruiz<\/a> e Ricardo Brasileiro<\/a>, tamb\u00e9m apresentado no\u00a0Festival CulturaDigital.br ano passado<\/a>, prev\u00ea 1) capta\u00e7\u00e3o de dados sinest\u00e9ticos (luminosidade, temperatura, freq\u00fc\u00eancia de sinais)\u00a0de alguns ambientes do nordeste brasileiro por\u00a0hardwares e softwares, 2) a cataloga\u00e7\u00e3o desses dados abstratos, 3) e a transforma\u00e7\u00e3o desses dados em formas de visualiza\u00e7\u00e3o na plataforma web<\/a> do projeto.<\/span><\/p>\n
\nDispon\u00edvel para Download\u00a0<\/a><\/em><\/p>\n