{"id":6243,"date":"2012-01-30T15:25:20","date_gmt":"2012-01-30T15:25:20","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=6243"},"modified":"2012-01-30T15:25:20","modified_gmt":"2012-01-30T15:25:20","slug":"compartilhamento-jornalismo-com-o-pirate-bay","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/01\/30\/compartilhamento-jornalismo-com-o-pirate-bay\/","title":{"rendered":"Compartilhamento & jornalismo com o Pirate Bay"},"content":{"rendered":"

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Quase um ano depois, o Pirate Bay<\/a>\u00a0volta a ser assunto nesta p\u00e1gina. E, n\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 porqu\u00ea agora o maior tracker de bit torrrent do mundo lan\u00e7ou uma plataforma de divulga\u00e7\u00e3o de artistas, a PromoBay<\/a>. Muito menos por conta de Paulo Coelho estar inaugurando este novo espa\u00e7o, figurando na Home do PB<\/a>\u00a0e logo aqui em cima.<\/p>\n

O assunto aqui \u00e9, como no texto de Eliane Fronza de quase um ano atr\u00e1s<\/a>, uma pesquisa acad\u00eamica de fim de curso.\u00a0O jornalista capixaba, anarco-individualista e cao\u00edsta autodidata Filipe Siqueira<\/a>\u00a0resolveu pesquisar a forma com que dois ve\u00edculos jornal\u00edsticos v\u00eaem o compartilhamento na rede. Para isso, escolheu acompanhar a cobertura do j\u00e1 lend\u00e1rio caso do processo contra o Pirate Bay, que foi pauta frequente em 2009, tando dos cadernos que cobrem tecnologia e cultura digital (raros) quanto de blogs, como foi o nosso caso.<\/p>\n

Filipe teve a irresponsabilidade de nos escolher como um desses ve\u00edculos – embora at\u00e9 hoje n\u00e3o saibamos se \u00e9 jornalismo o que aqui se encontra – o que nos deixou, de qualquer forma, muito honrados. Ao nosso lado, o capixaba estudou O Estado de S\u00e3o Paulo<\/a>. Seria f\u00e1cil imaginar que a nossa cobertura do caso e a do Estad\u00e3o tenha sido\u00a0beeeem<\/em> diferente, dada \u00e0s tradi\u00e7\u00f5es “republicanas” e “conservadoras” do di\u00e1rio paulista e o nosso total descompromisso com estes dois “palavr\u00f5es”. Al\u00e9m, \u00e9 claro, da gritante diferen\u00e7a de tamanho das duas estruturas, que n\u00e3o vamos nem comentar.<\/p>\n

Mas a coisa n\u00e3o foi beeeem<\/em>assim. O melhor \u00e9 ler o trabalho, intitulado “Compartilhamento e Jornalismo: Um estudo do Pirate Bay no jornal Estado de S\u00e3o Paulo e no blog BaixaCultura<\/strong>“,\u00a0ao\u00a0final desse post, para entender a que conclus\u00e3o ele chegou.<\/p>\n

Antes, como \u00e9 de praxe por aqui, o pr\u00f3prio Filipe apresenta o trabalho e as motiva\u00e7\u00f5es que o levaram a estudar o assunto.<\/p>\n

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Sou de uma gera\u00e7\u00e3o que levou o ato de Compartilhar at\u00e9 \u00e0s \u00faltimas consequ\u00eancias. Se essa habilidade potencialmente poderosa nos humanos foi um dos motivos mais primordiais por tr\u00e1s de nossa evolu\u00e7\u00e3o, a partir da reta final do s\u00e9culo passado, com o desenvolvimento de ferramentas digitais, ela deu origem a um embate cada vez mais entranhado nas decis\u00f5es corporativas e governamentais. Siglas como o ACTA e SOPA s\u00e3o nomenclaturas de entidades ditatoriais que crescem cada vez mais para abocanhar uma das principais caracter\u00edsticas da Internet: a liberdade de Compartilhamento.<\/em><\/p>\n

Essa guerra foi o principal gatilho na escolha do tema da minha Monografia – do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Espirito-Santenses (FAESA). J\u00e1 tinha escrito v\u00e1rias mat\u00e9rias sobre a treta em volta do Pirate Bay para meu blog, o Nerds Somos Nozes<\/a>, e considerava que j\u00e1 tinha uma certa base para cair de cabe\u00e7a em uma pesquisa acad\u00eamica.<\/em><\/p>\n

N\u00e3o deu outra. No in\u00edcio imaginei fazer uma reportagem investigativa profunda para descobrir a motiva\u00e7\u00e3o de tais pessoas pelo ato de compartilhar. Mas ap\u00f3s conversas com a orientadora do meu projeto, decidir me debru\u00e7ar em um tema mais acad\u00eamico, com uma pesquisa que usasse a m\u00eddia como principal suporte de investiga\u00e7\u00e3o.<\/em><\/p>\n

O resultado foi selecionar o Estad\u00e3o e o blog BaixaCultura para servirem de ve\u00edculos analisados – e com naturezas, imaginava eu, completamente opostas. Depois escolhi – obviamente – as not\u00edcias e artigos do emblem\u00e1tico ano de 2009, quando os fundadores (e o colaborador financeiro) do site foram julgados e condenados na Su\u00e9cia, no fato mais importante para o compartilhamento desde 2006, para servirem como objeto de an\u00e1lise.<\/em><\/p>\n

Uma das inspira\u00e7\u00f5es \u00f3bvias foi outro trabalho aqui da Biblioteca do BaixaCultura, Jornalismo e Cultura Digital: um estudo de caso do The Pirate Bay na Folha de S. Paulo, de Eliane Fronza, que decidi homenagear (alguns diriam remixar) at\u00e9 no nome, que ficou Compartilhamento e jornalismo – um estudo do Pirate Bay no jornal Estado de S\u00e3o Paulo e no blog Baixacultura.<\/em><\/p>\n

Durante as pesquisas acabei por ir muito mais al\u00e9m do que achava que iria no in\u00edcio. Iniciei meu trabalho com um levantamento hist\u00f3rico do in\u00edcio das leis de direitos autorais e o motivo estritamente pol\u00edtico e protecionista delas. Logo depois tratei de contar o processo de cria\u00e7\u00e3o das modernas ferramentas de compartilhamento, a Internet e o ambiente social e contracultural da \u00e9poca. Sem grupos como os hackers, os hippies, os punks e os aditivos psicod\u00e9licos, provavelmente nunca ver\u00edamos uma Internet livre e vanguardista como a conhecemos.<\/strong><\/em><\/p>\n

Depois estudei a chamada Ind\u00fastria Cultural, seus m\u00e9todos e os efeitos do lobby representado por ela em governos. O resultado – nada surpreendente – termina por agrupar nas mesmas p\u00e1ginas o pioneirismo de Richard Stallman e a estrat\u00e9gia agressiva de grupos de tecnobrega, especialmente o Calypso. A lama dos m\u00e9todos usados por grupos extremamente protecionistas terminou por dar vida a iniciativas in\u00e9ditas que aproximou e democratizou o acesso do p\u00fablico de bens culturais.<\/strong><\/em><\/p>\n

Novidade? N\u00e3o! Mas acredite, a frieza do M\u00e9todo Cient\u00edfico pode dar vaz\u00e3o a coisas essencialmente bem constru\u00eddas e criativas – basta aplica-lo da forma correta. A reta final do meu trabalho consistiu em fazer um levantamento “completo” da hist\u00f3ria do Pirate Bay e do julgamento propriamente dito, reunido em pouco mais de 25 p\u00e1ginas.<\/em><\/p>\n

As not\u00edcias e artigos analisados numa compara\u00e7\u00e3o met\u00f3dica e explicada de forma completamente na reta final do trabalho guarda surpresas e uma s\u00e9rie de hip\u00f3teses intrigantes. Como n\u00e3o sou de estragar surpresas, deixo para cada um ler e entender por si mesmo.<\/em><\/p>\n

A banca me deu nota m\u00e1xima – com um “Com Louvor” ao lado – ap\u00f3s a apresenta\u00e7\u00e3o, e os professores \u00a0me convidaram a escrever um artigo cient\u00edfico de 15 p\u00e1ginas sobre minha pesquisa para facilitar a inscri\u00e7\u00e3o dela em confer\u00eancias de comunica\u00e7\u00e3o e outros eventos.<\/em><\/p>\n

Pra mim foi um passeio, al\u00e9m de ter realizado parcialmente de um dia escrever um livro – 217 p\u00e1ginas de Monografia (160, se excluirmos os anexos) podem ser considerados um livro de respeito, creio. Gostei mesmo de colocar no mesmo estudo autores que considero fundamentais, como Robert Anton Wilson, Hakim Bey, Timothy Leary, Lawrence Lessig e Jean Baudrillard.<\/em><\/p>\n

O estudo est\u00e1 a\u00ed abaixo, espero que curtam a viagem!<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Filipe Siqueira<\/em><\/p>\n

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Cr\u00e9ditos imagens: Reprodu\u00e7\u00e3o, Info<\/a>.<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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