{"id":6220,"date":"2012-01-24T14:08:18","date_gmt":"2012-01-24T14:08:18","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=6220"},"modified":"2012-01-24T14:08:18","modified_gmt":"2012-01-24T14:08:18","slug":"ativismo-digital-em-conexao-global","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/01\/24\/ativismo-digital-em-conexao-global\/","title":{"rendered":"Ativismo (digital) em Conex\u00e3o Global"},"content":{"rendered":"
O ano \u00e9 1999.<\/p>\n O mundo pop assiste ao moment\u00e2neo desaparecimento do rock das paradas, que s\u00e3o tomadas por boy e girls band insossas. O planeta econ\u00f4mico vive um de seus auges do livre-com\u00e9rcio, mercado regulando a tudo e a todos e “s\u00f3” desfavorecendo quem n\u00e3o pode entrar nesse jogo – 99% da popula\u00e7\u00e3o global.<\/p>\n Nos Estados Unidos, a OMC<\/a> (Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio), todo poderoso org\u00e3o do livre-mercado, escolhe Seattle como mais uma de suas reuni\u00f5es anuais. Em 30 novembro de 1999<\/a>, data da reuni\u00e3o, um inesperado levante de pessoas – entre 40 e 100 mil, estudantes, anarquistas, trabalhadores, pacifistas, dentre outros tantos – paralizam as ruas da cidade ber\u00e7o do grunge. Os manifestantes bloquearam os cruzamentos de Seattle de modo a n\u00e3o deixar os delegados dos governos chegaram ao local de encontro da OMC. A pol\u00edcia responde com viol\u00eancia e o encontro \u00e9 cancelado.<\/p>\n Quem imaginaria que, exatamente no momento em que o tal “poder” estava mais certo de que vencera a tudo e todos, eles apareceriam? Seattle se torna a vitrine de um movimento subversivo – anticapitalismo, anti-globaliza\u00e7\u00e3o, ou o nome que se queira dar – que, nas palavras do soci\u00f3logo franc\u00eas Edgar Morin<\/a>, inaugura o s\u00e9culo XXI.<\/p>\n Corta para 2011. A primavera \u00e1rabe,\u00a0Occupy WallStreet<\/a>\u00a0e os ocupes que se espalharam pelo mundo,\u00a0os\u00a0Indignados da #spanishrevolution<\/a>.\u00a0“Cad\u00ea aquela juventude de t\u00e3o saud\u00e1vel apatia?” N\u00f3s somos os 99%. De novo: quem imaginaria que, exatamente no momento em que o “poder” estava mais certo de que vencera a tudo e todos, eles apareceriam?<\/p>\n Apareceram. E com uma arma que, l\u00e1 em 1999, ainda engatinhava em suas potencialidade de uso: a internet.<\/p>\n O\u00a0Conex\u00f5es Globais<\/a>, que\u00a0come\u00e7a amanh\u00e3 (25\/01) na\u00a0Casa de Cultura M\u00e1rio Quintana<\/a>\u00a0em Porto Alegre, tenta fazer uma ponte entre estas duas datas (e realidades) importantes. O Conex\u00f5es est\u00e1 dentro da programa\u00e7\u00e3o do\u00a0F\u00f3rum Social Tem\u00e1tico<\/a>, vers\u00e3o 2012 para o\u00a0F\u00f3rum Social Mundial<\/a>\u00a0criado em 2001, tendo por sede inicial Porto Alegre – e, por uma das inspira\u00e7\u00f5es, os movimentos do 30N de 1999 em Seattle.<\/p>\n [O F\u00f3rum e o\u00a0Adbusters<\/a>, movimento anti-consumo que esteve nas manifesta\u00e7\u00f5es de Seattle em 1999 e\u00a0convocou o Occupy Wall Street<\/a>\u00a0em 2011, s\u00e3o os poss\u00edveis elos perdidos entre os dois per\u00edodos<\/em>.]<\/p>\n Mesmo que fazer a tal ponte n\u00e3o seja o objetivo declarado do evento, o paralelo \u00e9 inevit\u00e1vel: as movimenta\u00e7\u00f5es de Seattle em 1999 trouxeram novamente para a pauta do dia (e da “grande m\u00eddia”) a revolta contra um sistema (pol\u00edtico, econ\u00f4mico) que tinha como principal produto a desigualdade (social, econ\u00f4mica).<\/p>\n O mundo de 2012 \u00e9 outro. O ano passado trouxe novamente para a pauta do dia a movimenta\u00e7\u00e3o e a revolta contra um sistema (econ\u00f4mico, social, pol\u00edtico) que, como dizem os indignados espanh\u00f3is, “n\u00e3o nos representa”. Mas agora h\u00e1 a diferen\u00e7a de que a “grande m\u00eddia” n\u00e3o \u00e9 mais aquela que escolhia\u00a0sobre o qu\u00ea<\/em>\u00a0todos deveriam falar. Com a rede e os computadores, todos n\u00f3s, descontentes ou n\u00e3o com a imprensa, podemos noticiar e divulgar o que quisermos – e, t\u00e3o importante quanto, temos a infinita possibilidade de escolher o que ver.<\/p>\n A internet ta\u00ed, a diluir as barreiras do on e offline e a favorecer a diferen\u00e7a. \u00c9, enfim, a mais poderosa arma para realmente fazer crer o slogan do F\u00f3rum:\u00a0um outro mundo \u00e9 poss\u00edvel<\/em>.<\/p>\n O Conex\u00f5es Globais<\/a> traz, em sua programa\u00e7\u00e3o, palestras, desconfer\u00eancias, oficinas, shows e di\u00e1logos sobre ativismo, comunica\u00e7\u00e3o e cultura digital. Os\u00a0Di\u00e1logos Globais<\/a>\u00a0(quarta a s\u00e1bado,\u00a0das 16 e 18h15), estabelecer\u00e3o conex\u00f5es diretas entre os presentes em Porto Alegre e participantes de movimentos ativistas em voga hoje, como a Primavera \u00c1rabe, os Indignados da Espanha, o Occupy em Nova York e Londres.<\/p>\n Al\u00e9m da presen\u00e7a de ativistas que participaram dos movimentos acima, alguns dos destaques da programa\u00e7\u00e3o s\u00e3o Javier de la Cueva<\/a>\u00a0–\u00a0advogado espanhol, especialista em direitos digitais, defensor do\u00a0Ladinamo<\/a>\u00a0(primeira senten\u00e7a que reconheceu o\u00a0Copyleft), na quarta, \u00e0s 16h15; Gilberto Gil, \u00e0s 18h15 da mesma quarta, num painel com Olga Rodr\u00edguez<\/a>, jornalista que acompanhou a movimenta\u00e7\u00e3o da Primavera \u00c1rabe;\u00a0\u00a0<\/strong>St\u00e9phane M. Grueso<\/a>, diretor do doc\u00a0\u201c\u00a1Copiad, malditos!<\/a>\u201d, primeiro ducument\u00e1rio exibido pela TVE (Televis\u00e3o Espanhola) com licen\u00e7as Creative Commons, na quinta \u00e0s 18h15; Domenico de Siena<\/a>, urbanista italiano que pesquisa o urbanismo e as cidades open codes, dos mais ativos atores no 15 M na Espanha; dentre outros participantes nacionais conhecidos na \u00e1rea da cultura digital, como S\u00e9rgio Amadeu, Ivana Bentes, Rodrigo Savazoni, Claudio Prado, Giuseppe Cocco, dentre outros.<\/p>\n [A programa\u00e7\u00e3o completa do evento, que vai ser transmitido por streaming, voc\u00ea <\/em>v\u00ea aqui<\/em><\/a>].<\/p>\n O Conex\u00f5es acontece numa hora movimentada para o ativismo digital planet\u00e1rio, principalmente pelos acontecimentos da semana passada. S\u00f3 um pequeno balan\u00e7o dos principais fatos da semana passada j\u00e1 rendem alguns par\u00e1grafos. Vejamos:<\/p>\n \n _Blecaute ao SOPA<\/strong>:\u00a0Um grande n\u00famero de sites aderiu ao bleucate, nos Estados Unidos e no Brasil.\u00a0Nos pa\u00eds de Obama, o protesto n\u00e3o contou com os grand\u00f5es da NetCoalition<\/a>,\u00a0Facebook e Google [que chegou a colocar uma tarja preta na homepage de seu site americano e, depois, postou, abaixo da linha de busca, o link “Diga ao Congresso: Por favor, n\u00e3o censure a internet!<\/em>“], mas foi\u00a0liderado pela Wikipedia<\/a>, que em sua vers\u00e3o em ingl\u00eas mostrava apenas a p\u00e1gina acima quando se realizava alguma busca.<\/p>\n Os protestos conseguiram um primeiro objetivo: adiar a vota\u00e7\u00e3o. O\u00a0\u00a0deputado republicano Lamar Smith, autor da lei, decidiu adiar a vota\u00e7\u00e3o do projeto at\u00e9 que “haja amplo acordo sobre uma solu\u00e7\u00e3o”, segundo informa\u00e7\u00f5es do Terra<\/a>. O\u00a0Protect IP Act (PIPA), projeto semelhante em andamento no Senado que seria votado hoje (24\/01), tamb\u00e9m n\u00e3o foi votado. O senador Harry Reid afirmou que adiou em virtude dos “recentes acontecimentos”.<\/p>\n Mas n\u00e3o se engane: o lado de l\u00e1 est\u00e1 se reorganizando. E vai voltar \u00e0 carga em breve, “pois o que se conseguiu at\u00e9 aqui foi parar o trator, mas n\u00e3o impedir \u2013de uma vez por todas- a demoli\u00e7\u00e3o das bases sobre as quais usamos a rede”, como escreveu o professor S\u00edlvio Meira em sua coluna no Terra<\/a>.<\/p>\n _\u00a0Fechamento do Megaupload<\/a>:\u00a0um dos maiores sites de compartilhamento online do mundo, o Mega foi desativado pelo FBI na \u00faltima quinta-feira (19\/01).\u00a0O fundador do site, o gigante alem\u00e3o\u00a0Kim DotCom<\/a>, e tr\u00eas executivos da empresa foram presos na Nova Zel\u00e2ndia a pedido das autoridades norte-americanas.\u00a0A acusa\u00e7\u00e3o diz que o site lesou propriet\u00e1rios de direitos autorais em mais de US$ 500 milh\u00f5es [Quer\u00edamos entender como o c\u00e1lculo que chega a este n\u00famero \u00e9 feito<\/em>] ao abrigar conte\u00fado pirateado, particularmente filmes e m\u00fasicas.<\/p>\n A a\u00e7\u00e3o aconteceu um dia depois do blecaute contra o\u00a0SOPA e PIPA, que estavam em discuss\u00e3o no Congresso dos Estados Unidos<\/p>\n Rea\u00e7\u00e3o do Anonymous<\/strong>: Em retalia\u00e7\u00e3o ao fechamento do MegaUpload, o Anonymous pegou os discos e filmes da Sony\/Universal – um dos principais conglomerados de entretenimento que apoia o SOPA – e disponibilizou tudo para download\u00a0neste site<\/a>, em torrents ou em outros sites que hospedam arquivos na rede, como o Deposit Files.<\/p>\n Al\u00e9m de uma bela jogada pol\u00edtica, a a\u00e7\u00e3o do Anonymous facilitou e muito o acesso ao belo acervo da Universal, organizando-o todo em ordem alfab\u00e9tica. Ali tem desde toda a discografia do Pink Floyd<\/a>\u00a0a do Michael Jackson<\/a>, para ficar s\u00f3 em dois nomes cl\u00e1ssicos do rock\/pop, at\u00e9 diversos filmes recentes do bra\u00e7o de cinema da Universal, divididos por ano de lan\u00e7amento (de 2001 a 2011; corra at\u00e9 o fim da p\u00e1gina para ver os links).<\/p>\n N\u00e3o foi s\u00f3 isso que o Anonymous andou aprontando: no mesmo dia 19\/1, quinta-feira passada, eles derrubaram temporariamente sites de grupos como a Warner at\u00e9\u00a0\u00f3rg\u00e3os ligados ao governo norte-americano, como o\u00a0FBI e o Departamento de Justi\u00e7a dos Estados Unidos, e da Fran\u00e7a, como o site do Hadopi, nefasta lei<\/a> que pode cortar o acesso a rede para quem baixar conte\u00fado supostamente protegido por copyright no pa\u00eds do Asterix.<\/p>\n Sites que o Anonymous “derrubou” em 19\/01<\/p><\/div>\n Ser\u00e1 o in\u00edcio de uma guerra digital global?<\/p>\n A ver.<\/p>\n P.S:<\/strong> Nas pr\u00f3ximas semanas, iniciaremos uma s\u00e9rie sobre os protestos em Seattle 1999 e os que vieram a ocorrer inspirados por este.\u00a0<\/em><\/p>\nCr\u00e9ditos fotos: 1 (Andr\u00e9 Ryoki, Estamos Vencendo!<\/a>); 2 (OccupyWallStreet<\/a>); 4 (Wikipedia Blackout<\/a>); 5 (Anonymous<\/a>) e 6 (sites derrubados pelo Anonymous<\/a>)<\/address>\n \n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" O ano \u00e9 1999. 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