{"id":5939,"date":"2011-12-06T19:51:48","date_gmt":"2011-12-06T19:51:48","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=5939"},"modified":"2011-12-06T19:51:48","modified_gmt":"2011-12-06T19:51:48","slug":"festival-cultura-digital-br-2-um-balanco-geral-e-subjetivo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/12\/06\/festival-cultura-digital-br-2-um-balanco-geral-e-subjetivo\/","title":{"rendered":"Festival Cultura Digital.br (2): um balan\u00e7o geral e subjetivo"},"content":{"rendered":"
Foi diferente do ano passado<\/a>. Nem melhor nem pior, mas diferente.<\/p>\n Em 2010, a Cinemateca, com sua beleza cuidada a p\u00e3o de l\u00f3, e S\u00e3o Paulo, com sua ordem e praticidade \u00e0s vezes fria, tornaram as coisas mais geom\u00e9tricas, para remixar a met\u00e1fora da Est\u00e9tica do Frio<\/a> de Vitor Ramil.<\/p>\n Este ano o palco do agora Festival Cultura Digital.br foi o Rio de Janeiro – mais precisamente o MAM, \u00e0s marges da ba\u00eda de Guanabara. E o Rio \u00e9 o clich\u00ea brasileiro: a malandragem, a desordem, a beleza incontest\u00e1vel e a espontaneidade convivendo juntas, as vezes num caos insuport\u00e1vel por sua inefici\u00eancia e as vezes num mesmo caos maravilhoso pela sua fric\u00e7\u00e3o – seguida de combust\u00e3o – criativa.<\/p>\n O Festival este ano teve um pouco desses dois lados do caos, embora o lado bom do n\u00e3o previsto se salientasse mais que o da bagun\u00e7a.\u00a0A seguir, um panorama geral e subjetivo em alguns par\u00e1grafos e fotos sobre os dias 2 e 4 de dezembro de 2011, no MAM-RJ.<\/p>\n *<\/p>\n P\u00e1tio do MAM-RJ \u00e0 noite<\/p><\/div>\n O local escolhido como sede do Festival se revelou uma boa surpresa – pelo menos para quem desconhecia o MAM<\/a>. Uma das principais obras modernistas do pa\u00eds, erguida em 1948 em projeto do arquiteto Afonso Reidy<\/a>, o museu \u00e9, na verdade, um grande parque aberto, com p\u00e1tio repleto de verde que se estende at\u00e9 a ba\u00eda de Guanabara.<\/p>\n Com seus metros e metros de gramas e sombras de \u00e1rvores para sentar debaixo, \u00e9 um lugar convidativo, que muitos cariocas costumam frequentar espontaneamente no final de semana. Aliado a isso o fato de que o MAM \u00e9 encravado no centro do Rio, a algumas quadras da Cinel\u00e2ndia, t\u00eam-se uma mudan\u00e7a quase radical de cen\u00e1rio para o evento no ano passado, a Cinemateca, espa\u00e7o deveras bonito mas ermo e fechado.<\/p>\n *<\/p>\n O \u00d4nibus Hacker<\/a> foi o grande xod\u00f3 do Festival – se tu preferir, foi o destaque “hype” da programa\u00e7\u00e3o, como bem apontou este infogr\u00e1fico<\/a> que circulou no O Globo sobre a programa\u00e7\u00e3o do evento.<\/p>\n [Caso tu ainda n\u00e3o conhe\u00e7a, a\u00ed vai: o\u00a0\u00f4nibus \u00e9 um projeto da comunidade Transpar\u00eancia Hackday<\/a> e \u00e9, neste 2011, um dos maiores cases de crowdfunding no Brasil, com quase R$60 mil arrecadados via Catarse<\/a><\/em>]<\/p>\n O bus\u00e3o teve sua chegada festejada na quinta<\/a> \u00e0 noite, promoveu oficinas e mini-cursos e, o principal de tudo, foi a atra\u00e7\u00e3o tur\u00edstica do Festival. Todos que l\u00e1 estiveram quiseram dar uma conferida nos seus interiores e ver de perto o que ali se passava. Inclusive Gilberto Gil, embaixador do Festival e que muito circulou pelos aposentos do MAM, acompanhado de Claudio Prado, Jorge Mautner e N\u00e9lson Jacobina, como mostra a foto abaixo.<\/p>\n Ainda que em fase embrion\u00e1ria, sem muitos apetrechos nos seus interiores, o\u00a0bus\u00e3o destacou-se tamb\u00e9m por sua versatilidade. Nele que foi projetado\u00a0a transmiss\u00e3o ao vivo dos jogos das rodada final do Brasileir\u00e3o 2011, auxiliado pela internet wifi de 10 gigabits oferecida pela RNP e a Proderj e por aqueles sites que sempre “pirateiam” a transmiss\u00e3o dos jogos de futebol no Brasil.<\/p>\n Diga-se que o sinal n\u00e3o foi dos melhores, ca\u00eda nas horas mais importantes, mas serviu para juntar pelo menos umas 30 pessoas a volta e ecoar alguns gritos de torcida rivais – caso de Corinthians e Palmeiras, que tinham o maior n\u00ba por ali. A foto abaixo d\u00e1 um panorama geral da coisa.<\/p>\n Final do Brasileir\u00e3o 2011 live at Festival Cultura Digital.br<\/p><\/div>\n **<\/p>\n Sala onde ocorreu a Mostra de Experi\u00eancias<\/p><\/div>\n A\u00a0Mostra de experi\u00eancias\u00a0<\/strong>foi a \u00fanica atividade no MAM realizada num lugar totalmente fechado – no caso, a Cinemateca do museu. \u00c9 a que teve o maior n\u00famero de projetos do exterior, de China a Holanda, passando por Estados Unidos, Col\u00f4mbia, Inglaterra, Fran\u00e7a, Jap\u00e3o, Est\u00f4nia, M\u00e9xico, al\u00e9m de projetos de in\u00fameros locais do Brasil.<\/p>\n Funcionava de um modo semelhante aos congressos acad\u00eamicos, com cada pessoa\/grupo apresentando sua experi\u00eancia em 15 minutos, s\u00f3 que sem o espa\u00e7o para o debate, j\u00e1 que as experi\u00eancias eram muitas e o tempo para isso pouco.\u00a0Nessa estrutura, a mostra era como um grande mosaico de coisas, em que o p\u00fabico assistia e, se gostasse muito ou quisesse trocar uma ideia com \u00a0o palestrante da vez, procurava a pessoa em quest\u00e3o ao final da apresenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n No \u00faltimo post apontamos alguns projetos que nos pareceram interessantes, e foi uma pena que conseguimos ver apenas alguns dos citados e falar com alguns dos envolvidos. Boa parte dos projetos apresentados merecem um post a parte, e \u00e9 por isso que deixaremos para as pr\u00f3ximos semanas para comentarmos um pouco mais de cada um deles. Enquanto isso, tu pode ter mais uma no\u00e7\u00e3o do que ali ocorreu nesse relato de Daniel Castro<\/a>, monitor do streaming do lugar. Ali\u00e1s: em breve, todos os v\u00eddeos deste espa\u00e7o (que foram transmitidos ao vivo pela rede) estar\u00e3o dispon\u00edveis no site do culturadigital.org.br<\/a>.<\/p>\n ***<\/p>\n Fachada do Odeon na abertura oficial do Festival, na sexta 2 de dezembro<\/p><\/div>\n O Cine Odeon, maravilhoso cinema incrustado em plena Cinel\u00e2ndia, foi palco das Palestras, reservados aos nomes conhecidos da cultura digital, da literatura e da cultura em geral. \u00a0N\u00e3o estivemos na maioria dos debates do Odeon, e, confessamos, tamb\u00e9m ouvimos pouco falar deles; das pessoas com quem conversamos, ouvimos \u00f3timos coment\u00e1rios do velho conhecido Kenneth Goldsmith<\/a>, do UbuWeb<\/a> e de Hughes Sweeney, do National Film Board of Canada<\/a>, que realiza os document\u00e1rios interativos mais fant\u00e1sticos do planeta, auxilados por uma estrutura que, infelizmente, s\u00f3 pa\u00edses como o Canad\u00e1 parecem ter condi\u00e7\u00f5es de ter hoje.<\/p>\n [Sweeney organizou alguns v\u00eddeos no Festival para a chamada Mostra Tudo, e a Revista Select compilou alguns desses num post. Olha l\u00e1<\/a><\/em>]<\/p>\n Assim como a Mostra de Experi\u00eancias, as Palestras ser\u00e3o subidas para o site oficial, e esperamos v\u00ea-las para sacar o que rolou de legal nelas. Particularmente, queremos entender o que Paulo Coelho falou de pirataria e se ele, assim como o pessoal do Festival no guia de programa\u00e7\u00e3o, tamb\u00e9m confundiu pirataria com copyleft, uma falha infelizmente comum.<\/p>\n Momento vergolha alheia na abertura do festival<\/p><\/div>\n A Sergio Mamberti, do MInC, coube ler a carta de Ana de Hollanda<\/p><\/div>\n A palestra de Abertura do Festival, na noite de sexta-feira, merece um coment\u00e1rio \u00e0 parte. Iniciou com algum atraso, o que deixou impaciente o p\u00fablico que lotava os mais de 500 lugares do Odeon. E come\u00e7ou mal, com uma mesa composta de representantes da Petrobras, RNP, MAM, Secretaria de Cultura do RJ, MinC, al\u00e9m de Rodrigo Savazoni<\/a>, diretor geral do Festival, e Ivana Bentes<\/a>, professora da UFRJ (mas que n\u00e3o se sabe porqu\u00ea esteve ali, ainda mais sendo a primeira a apresentar o Festival). Uma politicagem que, ainda que compreens\u00edvel pelos arranjos feitos para a realiza\u00e7\u00e3o do Festival, se mostrou longa e desnecess\u00e1ria para a abertura de um evento.<\/p>\n O auge da coisa toda foi mostrar um v\u00eddeo de Eliane Costa, gerente de patroc\u00ednio da Petrobras. Ela comentou um pouco sobre a import\u00e2ncia do festival e, a certa altura, falou que n\u00e3o estava presente ali por ter ido \u00e0 Fran\u00e7a iniciar seu doutorado na Sorbonne. Perguntas de boa parte do p\u00fablico: que diabos eu tenho que ver com isso? Por que esse v\u00eddeo est\u00e1 sendo mostrado aqui, na abertura do festival, espa\u00e7o dos mais nobres?<\/p>\n Na sequ\u00eancia de Eliane, aconteceu o momento mais pol\u00eamico da noite. S\u00e9rgio Mamberti, atual secret\u00e1rio de Pol\u00edticas Culturais do MinC, leu uma carta de sua chefe, a ministra Ana de Hollanda – e por tudo que a gest\u00e3o de Ana fez com a cultura digital neste ano, era mais que esperado que \u00a0haveria vaias da plateia na simples men\u00e7\u00e3o de seu nome.<\/p>\n Em resumo bem simplificado, a carta lida por Mamberti dizia que a atual gest\u00e3o do MinC n\u00e3o “rompeu” com a cultura digital como alguns falam, e que ela, a cultura digital, teve avan\u00e7os sim em sua gest\u00e3o. A resposta\u00a0de uma parte da plateia foi “Ministra do ECAD<\/em>!”, seguida do coro “N\u00e3o, n\u00e3o nos representa!<\/em>“, o que causou algum constrangimento entre todos.<\/p>\n No fim das contas, h\u00e1 de se salientar a coragem de S\u00e9rgio Mamberti em ler at\u00e9 o fim a carta – justo ele, j\u00e1 um senhor de idade, muito simp\u00e1tico e mais alinhado aos avan\u00e7os digito-culturais do que a ministra Ana.<\/p>\n O poderoso Benkler solito no palco<\/p><\/div>\n … e num papo arretado com Gil<\/p><\/div>\n Depois da abertura oficial, l\u00e1 pelas 21h e pouco, iniciou a confer\u00eancia de abertura propriamente dita, de Yochai\u00a0Benkler<\/a>, um dos principais te\u00f3ricos do digital e autor de livros fundamentais como “The Wealth of Networks<\/a>” e “The Penguin and the Leviathan<\/a>“, que defendeu muito dos preceitos da internet livre e animou muita gente a fazer o mesmo.<\/p>\n Uma frase muito tu\u00edtada<\/a> proferida na palestra, dita em resposta ao revela\u00e7\u00e3o de entrevistador Gilberto Gil, deu o tom da fala: “Manteremos a liberdade na internet? Benkler: Not if we don’t fight<\/strong>“.<\/p>\n [Leonardo Foletto viajou ao festival para participar da cobertura colaborativa].<\/p>\n \n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Foi diferente do ano passado. Nem melhor nem pior, mas diferente. Em 2010, a Cinemateca, com sua beleza cuidada a p\u00e3o de l\u00f3, e S\u00e3o Paulo, com sua ordem e praticidade \u00e0s vezes fria, tornaram as coisas mais geom\u00e9tricas, para remixar a met\u00e1fora da Est\u00e9tica do Frio de Vitor Ramil. Este ano o palco do […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":7840,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[135,122],"tags":[454,1312,1313,1314,487,1244,1315,680,1316,1247,1248,207,1317,698,1216,1318,1250,1050,1319,327,1253,1016,1320,1039,911,1053,259,1321,895,171,1322,1296,423,1323,768,1324,1325,107,975,1326,1241,1327,1188],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5939"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=5939"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5939\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=5939"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=5939"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=5939"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=5939"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}<\/a><\/p>\n
<\/a><\/p>\n
<\/a>
<\/a><\/p>\n
<\/a><\/p>\n
<\/a><\/p>\n
<\/a>
<\/a>
<\/a>
<\/a><\/p>\n
<\/a>
<\/a>
<\/a>
<\/a>