{"id":5746,"date":"2012-02-02T17:18:47","date_gmt":"2012-02-02T17:18:47","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=5746"},"modified":"2012-02-02T17:18:47","modified_gmt":"2012-02-02T17:18:47","slug":"estamos-vencendo-e-a-resistencia-global-no-planeta","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2012\/02\/02\/estamos-vencendo-e-a-resistencia-global-no-planeta\/","title":{"rendered":"Estamos Vencendo: resist\u00eancia global no Brasil e no Mundo"},"content":{"rendered":"

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Bem antes de Charlie Shen adotar o lema “Winning<\/a>” ou de Mark Zuckerberg pensar em criar o Facebook, um movimento prof\u00e9tico se rebelava contra a fal\u00eancia de um sistema (financeiro, pol\u00edtico) em pleno cora\u00e7\u00e3o do capitalismo.<\/p>\n

Este movimento – que no subterr\u00e2neo existe desde sempre, seja nas m\u00e3os dos anarquistas, do movimento estudantil ou dos punks, situacionistas e outras redes culturais – tomou de “assalto” as ruas da capital grunge, Seattle, em 30 de novembro de 1999, na reuni\u00e3o da\u00a0OMC<\/a>\u00a0(Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio), no que foi conhecido como a “Batalha de Seattle<\/a>“.<\/p>\n

Isso tudo tu j\u00e1 deve saber, pois explicamos brevemente neste texto<\/a>. O que n\u00e3o falamos \u00e9 que Seattle foi a ponta de lan\u00e7a de um movimento subversivo –\u00a0\u00a0anticapitalismo, anti-globaliza\u00e7\u00e3o, ou o nome que se queira dar \u2013 que se espalhou pelo mundo nos anos seguintes. Especialmente no per\u00edodo de 2000 a 2003, cidades como Washington, nos EUA, G\u00eanova, na It\u00e1lia, Praga, na Rep\u00fablica Tcheca, Quebec no Canad\u00e1, e S\u00e3o Paulo, no Brasil, foram palco de manifesta\u00e7\u00f5es contra as m\u00faltiplas facetas autorit\u00e1rias\/ mal\u00e9ficas que a $$, o preconceito e o individualismo podem trazer para a sociedade.<\/p>\n

No Brasil, uma das melhores refer\u00eancias para entender o que aconteceu \u00e9 o livro “Estamos Vencendo! – Resist\u00eancia Global no Planeta<\/a>“, de Pablo Ortellado e Andr\u00e9 Ryoki, publicado pela Conrad em 2004 na linda Cole\u00e7\u00e3o Baderna. Ele documenta, atrav\u00e9s das fotos do historiador Andre Ryoki<\/a>, e reflete, com um texto do hoje professor da USP\u00a0Pablo Ortellado<\/a>, como se deram as manifesta\u00e7\u00f5es\u00a0“antiglobaliza\u00e7\u00e3o” em terras brasileiras, especialmente aquelas que ocorreram em S\u00e3o Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba.<\/p>\n

S\u00e3o as fotos do livro que tu encontra mais abaixo nesse post, colocadas em uma galeria do Picasa para facilitar a visualiza\u00e7\u00e3o. Clicando em cada foto, voc\u00ea \u00e9 direcionado para o Picasa e poder\u00e1 ver as fotos e as legendas originais que est\u00e3o no livro.<\/p>\n

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Cartaz do Adbusters, que esteve em Seattle 1999 e Wall Street 2011<\/p><\/div>\n

Qualquer semelhan\u00e7a de protestos no “cora\u00e7\u00e3o” do sistema financeiro que foi (\u00e9) Occupy Wall Street<\/a> n\u00e3o \u00e9 mera coincid\u00eancia. Como escrevemos anteriormente, existe (pelo menos) um elo que une estes dois momentos hist\u00f3ricos: o\u00a0Adbusters<\/a>, revista\/movimento anticonsumo com sede no Canad\u00e1,\u00a0que\u00a0esteve nas manifesta\u00e7\u00f5es de Seattle em 1999 e\u00a0convocou o Occupy Wall Street<\/a>\u00a0em 2011. [E que, em breve, vai ganhar mais destaque por aqui; aguarde<\/em>].<\/p>\n

Mas tamb\u00e9m h\u00e1 diferen\u00e7as bem claras. Naomi Klein, escritora\/ativista e autora de “No Logo<\/a>” (traduzido aqui como “Sem Logo- A tirania das marcas em um planeta vendido<\/a>“), livro essencial para entender o mundo hoje, fez um discurso no parque Zucotti, em Wall Street, em que ressaltou estas diferen\u00e7as de alvo, t\u00e1tica e contexto – n\u00e3o sem antes afirmar que “amava” os manifestantes que ali acampavam. Publicamos o discurso na \u00edntegra<\/a>, em tradu\u00e7\u00e3o do professor Idelber Avelar<\/a>, e reproduzimos aqui os trechos em que ela tra\u00e7a o paralelo entre as diferen\u00e7as entre os dois movimentos:<\/p>\n

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Em Seattle, em 1999, n\u00f3s escolhemos as c\u00fapulas como alvos: a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio, o Fundo Monet\u00e1rio Internacional, o G-8. As c\u00fapulas s\u00e3o transit\u00f3rias por natureza, s\u00f3 duram uma semana. Isso fazia com que n\u00f3s f\u00f4ssemos transit\u00f3rios tamb\u00e9m. Aparec\u00edamos, \u00e9ramos manchete no mundo todo, depois desaparec\u00edamos. E na histeria hiper-patri\u00f3tica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi f\u00e1cil nos varrer completamente, pelo menos na Am\u00e9rica do Norte.<\/em><\/p>\n

O Ocupar Wall Street, por outro lado, escolheu um alvo fixo.<\/strong> E voc\u00eas n\u00e3o estabeleceram nenhuma data final para sua presen\u00e7a aqui. Isso \u00e9 s\u00e1bio. S\u00f3 quando permanecemos podemos assentar ra\u00edzes. Isso \u00e9 fundamental. \u00c9 um fato da era da informa\u00e7\u00e3o que muitos movimentos surgem como lindas flores e morrem rapidamente. E isso ocorre porque eles n\u00e3o t\u00eam ra\u00edzes. N\u00e3o t\u00eam planos de longo prazo para se sustentar. Quando vem a tempestade, eles s\u00e3o alagados.<\/em><\/p>\n

Mas a grande diferen\u00e7a que uma d\u00e9cada faz \u00e9 que, em 1999, encar\u00e1vamos o capitalismo no cume de um boom econ\u00f4mico alucinado<\/strong>. O desemprego era baixo, as a\u00e7\u00f5es subiam. A m\u00eddia estava b\u00eabada com o dinheiro f\u00e1cil. Naquela \u00e9poca, tudo era empreendimento, n\u00e3o fechamento.<\/em><\/p>\n

N\u00f3s apont\u00e1vamos que a desregulamenta\u00e7\u00e3o por tr\u00e1s da loucura cobraria um pre\u00e7o. Que ela danificava os padr\u00f5es laborais. Que ela danificava os padr\u00f5es ambientais. Que as corpora\u00e7\u00f5es eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com voc\u00eas, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econ\u00f4mico baseado na gan\u00e2ncia era algo dif\u00edcil de se vender, pelo menos nos pa\u00edses ricos.<\/em><\/p>\n

Dez anos depois, parece que j\u00e1 n\u00e3o h\u00e1 pa\u00edses ricos. S\u00f3 h\u00e1 um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza p\u00fablica e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Rodrigo Savazoni tamb\u00e9m lembra o discurso de Naomi e a rela\u00e7\u00e3o Seattle 1999 Wall Street 2011 em um texto na revista Select<\/a> deste bimestre (que entra no site na pr\u00f3xima semana), que tamb\u00e9m vale a leitura.<\/p>\n

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Como diz o texto de divulga\u00e7\u00e3o de “Estamos Vencendo!”, “a<\/em>s fotos destacam tr\u00eas dimens\u00f5es constitutivas desse novo movimento: a a\u00e7\u00e3o direta das ruas, a criatividade auto-expressiva das manifesta\u00e7\u00f5es e a constitui\u00e7\u00e3o de um novo tipo de coletividade onde a massa homog\u00eanea \u00e9 substitu\u00edda pela diversidade individualizada da multid\u00e3o<\/em>“. A maioria delas est\u00e3o aqui abaixo, gentilmente cedidas por Andr\u00e9 Ryoki, a quem agradecemos imensamente. [O livro est\u00e1 em Copyleft].<\/span><\/p>\n

“Sobre a passagem de um grupo de pessoas por um breve per\u00edodo da hist\u00f3ria”, <\/strong>texto de Pablo Ortellado que abre o livro, contextualiza de forma interessant\u00edssima o que ocorreu nas ruas brasileiras daquele in\u00edcio de d\u00e9cada passada. Traz inicialmente uma breve explica\u00e7\u00e3o de onde e como surgiu o movimento antiglobaliza\u00e7\u00e3o no Brasil – “da converg\u00eancia de outros dois movimentos que surgiram ou re-emergiram nos anos 1980, o movimento estudantil independente e autogestion\u00e1rio e o movimento anarquista propriamente dito”.<\/p>\n

Estas duas vertentes, continua Pablo, “convergiram, mais ou menos casualmente, atra\u00eddas pelos fascinantes acontecimentos de Seattle. Mas o movimento, claro, n\u00e3o come\u00e7ou em Seattle, como dizia o slogan das manifesta\u00e7\u00f5es contra a ALCA em 2001. De fato, Seattle foi a vitrine midi\u00e1tica de um movimento que pode ter muitas origens, mas que, na sua vertente radical, remonta \u00e0 inspira\u00e7\u00e3o da revolta zapatista em 1994 e \u00e0 articula\u00e7\u00e3o dos dias de a\u00e7\u00e3o global em 1998.”\u00a0[Para um estudo aprofundado dessas origens, ler\u00a0Aproxima\u00e7\u00f5es ao movimento ‘antiglobaliza\u00e7\u00e3o’<\/a>“, <\/em>do pr\u00f3prio Pablo].\u00a0<\/em><\/p>\n

A partir dessa contextualiza\u00e7\u00e3o inicial, o doutor em filosofia e hoje professor da USP Ortellado prop\u00f5e reflex\u00f5es sobre o movimento em torno de sete eixos: autonomia, anticapitalismo, redes, lideran\u00e7a, auto-express\u00e3o, m\u00eddias e alternativas<\/strong>. S\u00e3o p\u00e1ginas que todo movimento de hoje deveria ler para se fortalecer enquanto movimento e, principalmente, para aprender com as experi\u00eancias anteriores, j\u00e1 que o texto \u00e9 bem sincero e cr\u00edtico quanto as agruras e maravilhas de se estar num conv\u00edvio com pessoas diferentes de forma horizontal.<\/p>\n

Na parte que trata das redes, por exemplo, ele as diferencia conceitualmente de outras formas semelhantes de organiza\u00e7\u00e3o e aponta caracter\u00edsticas dessa relativamente nova forma de se organizar que s\u00e3o as redes. Uma das caracter\u00edsticas aqui abaixo:<\/p>\n

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“As redes n\u00e3o precisam se desfazer e refazer a cada oportunidade, elas podem simplesmente adquirir diferentes formatos e composi\u00e7\u00f5es. Se num determinado momento, um grupo tem um desentendimento pontual, ele n\u00e3o precisa abandonar a rede, mas pode simplesmente n\u00e3o colaborar naquele ponto, da mesma forma que, em momentos espec\u00edficos, a rede pode incorporar a colabora\u00e7\u00e3o extraordin\u00e1ria de novos agentes que se interessam apenas por uma a\u00e7\u00e3o espec\u00edfica. Isso significa apenas levar o velho princ\u00edpio anarquista da livre-associa\u00e7\u00e3o at\u00e9 a sua conseq\u00fc\u00eancia l\u00f3gica: a livre dissocia\u00e7\u00e3o.”<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Por quest\u00f5es de espa\u00e7o (o texto de abertura tem 15 p\u00e1ginas!), n\u00e3o vamos publicar aqui a \u00edntegra. Pela mesma quest\u00e3o de espa\u00e7o, n\u00e3o publicamos tamb\u00e9m a cronologia que o livro faz dos acontecimentos da \u00e9poca. Mas todas estas partes que n\u00e3o s\u00e3o fotos e imagens do livro podem ser lidas, baixadas e compartilhadas neste link<\/a>.<\/p>\n

\u00c9 uma refer\u00eancia hist\u00f3rica importante para entendermos o ativismo do intenso 2011 que passou e do transformador 2012 que est\u00e1 come\u00e7ando.<\/p>\n

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DA NECESSIDADE DE CONTINUAR OCUPANDO AS RUAS<\/strong><\/p>\n

[Clique nas fotos para ver o restante da galeria.]<\/em><\/p>\n

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O31, 2002. No dia 31 de outubro de 2002, ministros dos pa\u00edses envolvidos com o projeto da ALCA reuniram-se em Quito, Equador, para mais uma rodada de negocia\u00e7\u00f5es. Houve manifesta\u00e7\u00f5es em todo o continente americano. Em S\u00e3o Paulo, os manifestantes organizaram uma passeata desde as escadarias da Casper L\u00edbero na Av. Paulista at\u00e9 o Largo do Patriarca, no centro da cidade. No final do percurso houve distribui\u00e7\u00e3o de feijoada vegan para o pessoal que sa\u00eda do trabalho.<\/p><\/div>\n

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SE EU N\u00c3O PUDER DAN\u00c7AR, N\u00c3O \u00c9 MINHA REVOLU\u00c7\u00c3O<\/strong><\/p>\n

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N9, 2001. Uma r\u00e1pida parada durante o McLanche Feliz.<\/p><\/div>\n


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MULTID\u00c3O<\/strong><\/p>\n

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J20, 2001<\/p><\/div>\n


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ANEXOS <\/strong>(documentos, panfletos e cartazes de algumas das manifesta\u00e7\u00f5es que ocorreram no per\u00edodo)<\/span><\/p>\n

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Cartaz de estudantes da USP chamando ao I F\u00f3rum Social Mundial em Porto Alegre.<\/p><\/div>\n

[Leonardo Foletto, Marcelo De Franceschi]<\/em><\/p>\n

Cr\u00e9dito da imagem: 1<\/a>\u00a0[we are winning]\u00a02<\/a> [adbusters]<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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