{"id":5396,"date":"2011-09-06T17:30:57","date_gmt":"2011-09-06T17:30:57","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=5396"},"modified":"2011-09-06T17:30:57","modified_gmt":"2011-09-06T17:30:57","slug":"uma-noite-para-a-cultura-digital-brasileira","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/09\/06\/uma-noite-para-a-cultura-digital-brasileira\/","title":{"rendered":"Uma noite para a cultura digital brasileira"},"content":{"rendered":"
Nesses tempos ultravelozes, comentar um evento de quase duas semanas atr\u00e1s n\u00e3o \u00e9 algo que se fa\u00e7a no jornalismo. Mas como n\u00e3o fazemos bem <\/em>jornalismo e fizemos\u00a0uma promessa [Antes de avan\u00e7ar, um pedido: entre nos links que colocamos acima de cada um dos debatedores. Eles foram selecionados com carinho e trazem muita coisa legal para entender TUDO<\/em>].<\/p>\n Depois da exibi\u00e7\u00e3o do “Remixofagia<\/a>“, foi Lessig que come\u00e7ou falando, com o seu j\u00e1 cl\u00e1ssico Mac na frente e, ao fundo, uma estranhamente familiar cortina azul. Sempre ponderado, chamou aten\u00e7\u00e3o desta vez pelo tom apaixonado com que, entusiasta da cultura digital brasileira, fez um apelo: \u201cVoc\u00eas no Brasil precisam pegar e nos mostrar o que pode ser feito dessa revolu\u00e7\u00e3o. Vamos deixar o Brasil liderar essa luta novamente<\/em>!\u201d. Todos aplaudiram, alguns surpresos com o j\u00e1 conhecido potencial brasileiro em lidar com o remix e, principalmente, com o reconhecimento externo \u00e0 esse dom antropof\u00e1gico – que, tu sabe, j\u00e1 t\u00e1 l\u00e1 no Good Copy, Bad Copy<\/a>, no RiP: A Remix Manifesto<\/a>\u00a0e em outros filmes e falas da d\u00e9cada de 2000.<\/p>\n O soci\u00f3logo Sergio Amadeu deu sequ\u00eancia ao debate. Com sua natural eloqu\u00eancia, sem rodeios ou floreios intelectual\u00f3ides, come\u00e7ou com uma provoca\u00e7\u00e3o precisa e direta: \u201cOs tempos mudaram: saiu Lula, entrou Dilma, saiu Gil, entrou Ana de Hollanda, saiu Creative Commons, entrou o Ecad<\/em>\u201c. Outra digna de nota foi: \u201cEu n\u00e3o sou um radical, pelo contrario, sou um conservador: quero conservar a internet livre, do jeito que foi constru\u00edda<\/em><\/em>\u201c.<\/p>\n Claudio Prado e Sergio Amadeu\u00a0num tete a tete antes do debate<\/p><\/div>\n Depois, Danilo Miranda falou pouco, ponderado como manda o figurino de um porta-voz da maior (e melhor) programadora cultural do Estado de S\u00e3o Paulo, o SESC. Justificou sua presen\u00e7a talvez pela informa\u00e7\u00e3o que rolava nos bastidores: a ades\u00e3o, em partes e de maneira inicial,\u00a0dos produtos da rede SESC ao Creative Commons<\/a>.<\/p>\n No meio de tanta gente boa pra falar, \u00e9 not\u00f3rio que, mesmo que deveras produtivo, o debate acabou tendo seus altos e baixos. Alguns dos altos que vale citar: Gil e sua risada amalucada dando n\u00f3s na nossa compreens\u00e3o de cultura livre (\u201cpirataria tamb\u00e9m \u00e9 desobedi\u00eancia civil\u201d\u00a0<\/em>foi a sua frase mais citada nos jornais e blogs do dia seguinte);\u00a0<\/em>Ronaldo Lemos sempre claro e preciso em suas explana\u00e7\u00f5es sobre o copyright e o princ\u00edpio da neutralidade da rede (“\u201cQuerem transformar a internet em uma grande TV a cabo\u201d);\u00a0<\/em>a deputada Manuela, no alto de seus 29 anos (fez 30 na semana passada<\/a>), falando com clareza sobre as dificuldades das pautas da cultura (digital) no congresso (\u201cQuando ir\u00edamos pensar dez anos atr\u00e1s que a cultura seria pauta de uma enorme crise no governo<\/em>?\u201d, perguntou).<\/p>\n Dos pontos baixos: a prolixidade da apresenta\u00e7\u00e3o da professora Ivana Bentes, ajudada pelo pouco tempo para explicar conceitos e experi\u00eancias relacionadas ao chamado “capitalismo cognitivo”.\u00a0Ainda assim, deu pra sacar da fala dela: “o precariado cognitivo tem deixado de ser exce\u00e7\u00e3o no mundo do trabalho atual, e fragmenta\u00e7\u00e3o e colabora\u00e7\u00e3o s\u00e3o caracter\u00edsticas intr\u00ednsecas dessa nova cultura digital” – algo que tem rela\u00e7\u00e3o s\u00e9ria com a ideia de que “N\u00e3o \u00e9 que o Brasil ia ser o grande pa\u00eds do futuro, mas o futuro que virou Brasil<\/em>“, de que falamos aqui<\/a>, (ins)pirados pela entrevista de Eduardo Viveiros de Castro ao livro CulturaDigital.br<\/a>.<\/p>\n A falta de interlocutores cr\u00edticos a ideia de cultura livre tamb\u00e9m pesou. Um Caetano Veloso ou um Greg Frazier (vice-presidente da MPAA, aquele que falou que “democratizar a cultura n\u00e3o \u00e9 nosso interesse<\/a>“), como bem\u00a0disse Aline Carvalho nesse post<\/a>\u00a0[De onde tamb\u00e9m recuperamos as falas do evento; obrigado Aline<\/em>!], poderiam atritar mais o debate – mas \u00e9 certo que n\u00e3o topariam fazer esse papel em terra inimiga, j\u00e1 que o Audit\u00f3rio estava, quase todo ele, aplaudindo feliz os apontamentos cr\u00edticos ao status quo do direito autoral de hoje.<\/p>\n Plateia quase lotou os 800 lugares do belo audit\u00f3rio projetado por Oscar Niemeyer<\/p><\/div>\n N\u00e3o vamos ser chatos e colocar como pontos negativos : 1) o amplo uso de Macs da Apple na mesa; 2) a utiliza\u00e7\u00e3o da trilha sonora autoral na abertura e fechamento da transmiss\u00e3o; 3) a Revista do Audit\u00f3rio [em breve voc\u00ea saber\u00e1 mais dela por aqui; enquanto isso, baixe-a<\/a><\/em>] distribu\u00edda na entrada estar protegida pela frase “\u00c9 proibido a reprodu\u00e7\u00e3o total ou parcial sem pr\u00e9via autoriza\u00e7\u00e3o do Instituto Audit\u00f3rio Ibirapuera<\/em>“; e 4) a tecnologia de streaming ter sido em software “propriet\u00e1rio”. Mas fica aqui o registro, sem querer ser uns “xiitas do GNU-Linux” nem nada, mas afirmar que, sim, o mundo e a cultura s\u00e3o feitos de (saud\u00e1veis) contradi\u00e7\u00f5es.\u00a0Afinal, como diz a famosa frase do Cr\u00e9ditos fotos: Francele Cocco<\/a>\u00a0<\/span><\/p>\n P.S: A prop\u00f3sito, Lessig foi entrevistado por Jotab\u00ea Medeiros, do Estad\u00e3o, antes de sua vinda pra c\u00e1. Vale ler<\/a>.\u00a0<\/em><\/p>\n<\/a><\/p>\n
irrespons\u00e1vel<\/del> em nosso Twitter<\/a>, falaremos aqui\u00a0um pouco sobre o grande “M\u00fasica: A Fronteira do Futuro \u2013 Criatividade, Tecnologia e Pol\u00edticas P\u00fablicas<\/em>“, debate que ocorreu dia 24 de agosto no Audit\u00f3rio Ibirapuera<\/a>, em S\u00e3o Paulo, e que contou com a presen\u00e7a de Gilberto Gil<\/a>, Danilo Miranda<\/a> (diretor regional do SESC S\u00e3o Paulo), Ronaldo Lemos<\/a>, S\u00e9rgio Amadeu<\/a>, Ivana Bentes<\/a>, a deputada federal Manuela D’Avila<\/a> e como provocador Claudio Prado<\/a> – al\u00e9m de Lawrence Lessig<\/a>, um dos criadores do Creative Commons e, como tu bem sabe<\/a>, uma das figuras mais proeminentes no planeta na defesa da cultura livre.<\/p>\n<\/a>
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grande poeta<\/del> Walt Whitman<\/a>, “Contradigo-me? Pois bem: contradigo-me. Sou amplo, contenho multid\u00f5es<\/em>“.<\/p>\n