{"id":5209,"date":"2011-08-01T14:21:48","date_gmt":"2011-08-01T14:21:48","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=5209"},"modified":"2011-08-01T14:21:48","modified_gmt":"2011-08-01T14:21:48","slug":"tramas-urbanas-a-segunda-leva","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/08\/01\/tramas-urbanas-a-segunda-leva\/","title":{"rendered":"Tramas Urbanas: a segunda leva"},"content":{"rendered":"


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Lembra da Cole\u00e7\u00e3o Tramas Urbanas<\/a> sobre a qual falamos um ano atr\u00e1s? Sabia que uma continuidade dela foi disponibilizada para download n\u00e3o faz muito? Essa nova leva vem tamb\u00e9m com o nome “Cole\u00e7\u00e3o Literatura de Periferia<\/a>“, mas a proposta de dar visibilidade \u00e0 reflex\u00e3o sobre fen\u00f4menos s\u00f3cio-culturais e est\u00e9ticos em curso nas periferias das grandes cidades brasileiras continua.<\/p>\n

Dessa vez,\u00a0 s\u00e3o dez novos livros com diferentes assuntos como profiss\u00f5es, bandas, literatura e biografias que se mixam com hist\u00f3rias do movimento Hip-Hop e de projetos sociais de m\u00fasica e de teatro.<\/p>\n

Em uma entrevista de 2009<\/a>, a professora Helo\u00edsa Buarque de Hollanda<\/a>, curadora da cole\u00e7\u00e3o, dizia como surgiu a ideia: “A for\u00e7a, o impacto e o poder de interpela\u00e7\u00e3o dessa produ\u00e7\u00e3o \u00e9 para mim o fen\u00f4meno mais importante da virada do s\u00e9culo. Entretanto, esse material sempre vinha a mim j\u00e1 com interpreta\u00e7\u00f5es, teses, releituras. Senti como imperioso que os protagonistas e co-protagonistas desses movimentos culturais contassem e avaliassem sua hist\u00f3ria<\/em>.”<\/p>\n

Outro pronunciamento significativo da pesquisadora foi sobre a est\u00e9tica da periferia<\/a>, que independe de territ\u00f3rio e de materialidade a partir do manuseio das novas tecnologias e assim “ganham nova visibilidade, uma vez que as tecnologias, em seu car\u00e1ter rizom\u00e1tico, destitu\u00edram a hegemonia de algumas express\u00f5es est\u00e9ticas em favor da multiplicidade de est\u00e9ticas<\/em>“.
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[Ali\u00e1s, Hel\u00f4 liberou no come\u00e7o de julho<\/a> tr\u00eas de seus livros para baixar: “Impress\u00f5es de Viagem<\/a>“,\u00a0 “P\u00f3s-Modernismo e Pol\u00edtica<\/a>“, e “Tend\u00eancias e Impasses<\/a>“. Em janeiro, ela tamb\u00e9m disp\u00f4s<\/a> sua autobiografia intelectual “Escolhas” em .pdf<\/a>, e em 2009 organizou o site “ENTER” – Antologia Digital<\/a>.]<\/p>\n

Patrocinada pela Petrobras, a Aeroplano Editora continua a publicar todos\u00a0 os exemplares, que podem ser encomendados no site da editora<\/a>. O projeto gr\u00e1fico tamb\u00e9m ainda \u00e9 responsabilidade dos designers cariocas do Cub\u00edculo,<\/a> em cujo curr\u00edculo figuram revistas, pe\u00e7as de teatro, cds e festas.<\/p>\n

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Bagun\u00e7a\u00e7o<\/a> (Joselito Crespim<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

Conta a trajet\u00f3ria do Grupo Cultural Bagun\u00e7a\u00e7o<\/a>, fundado em 1991 na favela soteropolitana Alagados [conhecida pelas palafitas<\/a> e citada na hom\u00f4nima m\u00fasica<\/a> dos Paralamas]. O projeto \u00e9 uma entidade civil sem fins lucrativos que ajuda jovens a construir instrumentos de percuss\u00e3o com o uso de latas usadas, al\u00e9m de dar acesso a uma biblioteca e a aulas de cidadania. O autor Joselito Crispim \u00e9 criador e coordenador do grupo, e em 2001<\/a> j\u00e1 dizia: “Identificando a identidade da comunidade, d\u00e1 para trabalhar sua auto-estima. E s\u00f3 assim a comunidade ser\u00e1 dona de sua pr\u00f3pria hist\u00f3ria.”<\/p>\n

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Coletivo Canal Motoboy [ainda sem link no site da Aeroplano] (Eliezer Muniz dos Santos) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

Querendo reverter a antipatia da maioria da popula\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o aos motoboys, o livro mostra o outro lado da moeda: o ser humano que est\u00e1 por tr\u00e1s do capacete. O livro fala do projeto Canal Motoboy<\/a>, em que 12 profissionais fazem fotos e videos de seus celulares em meio as manobras e as paradas na pequena metr\u00f3pole S\u00e3o Paulo. Iniciado em 2003 e implementado em 2007, o objetivo era mudar a imagem negativa conferida pela imprensa paulista \u00e0 categoria, conforme conta no pref\u00e1cio o idealizador Antoni Abad. Os textos narrados na primeira pessoa mostram ainda a cultura motoboy e o relacionamento com as motogirls.<\/p>\n

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Devotos 20 anos<\/a> (Hugo Montarroyos<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

Narra a hist\u00f3ria da banda pernambucana Devotos<\/a> e como eles, junto com toda uma cena underground formada em torno deles, revolucionaram a situa\u00e7\u00e3o social do bairro Alto Jos\u00e9 do Pinho<\/a>, Recife, antes palco da viol\u00eancia e marginalidade. Escrito pelo jornalista Hugo Montarroyos, que acompanha o trabalho da banda de hardcore desde o come\u00e7o da d\u00e9cada de 1990, a obra \u00e9 dividida em tr\u00eas partes ricamente ilustradas com fotos e cartazes.\u00a0 Uma delas descreve o nascimento da ONG Alto Falante<\/a>, cujo principal projeto \u00e9 a R\u00e1dio Alto Falante<\/a> e que realiza oficinas peri\u00f3dicas de capoeira, teatro, break, maracatu e software livre.<\/p>\n

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Enraizados os h\u00edbridos glocais<\/a> (Dudu de Morro Agudo<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

O rapper Fl\u00e1vio Eduardo, ou Dudu de Morro Agudo, e seu parceiro, o ator Luiz Carlos\u00a0Dumontt<\/a>, desenvolveram o Movimento Enraizados<\/a>, organiza\u00e7\u00e3o em torno do Hip Hop presente em quase todo o Brasil e em v\u00e1rios pa\u00edses do mundo. Nos quatro cap\u00edtulos, Dudu relata a aventura de criar o Movimento<\/a> em 1999 no bairro Morro Agudo, da cidade de Nova Igua\u00e7u<\/a>, Rio De Janeiro.\u00a0 Hoje, a rede faz parte do\u00a0Movimento Hip Hop Organizado do Brasil (MH2O<\/a>), e \u00e9 formada por organiza\u00e7\u00f5es que compartilham conhecimento e articulam a milit\u00e2ncia cultural nas periferias de v\u00e1rios estados e pa\u00edses, utilizando-se do audiovisual, das r\u00e1dios comunit\u00e1rias, do teatro e dos elementos do Hip Hop.<\/p>\n

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Guia Afetivo da Periferia<\/a> (Marcus Vin\u00edcius Faustini<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

O Rio de Janeiro \u00e9 o personagem \u201cperif\u00e9rico\u201d e ao mesmo tempo central do texto. Seu autor, o escritor e diretor teatral Marcus Faustini, nos guia pessoalmente atrav\u00e9s de relatos de sua inf\u00e2ncia e juventude. “Com qualidade liter\u00e1ria reconhecida no Brasil e no exterior, o romance vem sendo apontado como uma das grandes novidades da literatura brasileira, visto que apresenta um \u201cautorretrato\u201d da periferia, sem o tom muitas vezes melodram\u00e1tico presente na produ\u00e7\u00e3o de escritores que, com um olhar externo, criavam representa\u00e7\u00f5es das classes populares”, resenhou a jornalista<\/a> Alessandra Bizoni. Ou\u00e7a um pouco da paix\u00e3o pelas palavras do pr\u00f3prio Marcus aqui<\/a>.<\/p>\n

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Hip Hop: dentro do movimento<\/a> (Alessandro Buzo<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

Todas as d\u00favidas sobre o universo do Hip Hop s\u00e3o esclarecidas nesse que \u00e9 mais um livro de autoria do escritor, apresentador e cineasta Alessandro Buzo presente na cole\u00e7\u00e3o.\u00a0 Buzo mergulhou no assunto durante cinco meses e conversou por e-mail ou presencialmente com 62 pessoas atuantes, entre elas nomes de peso como Dexter, GOG, Tha\u00edde, Rappin Hood, Fernando Bonassi, Negra Li e a argentina Lucia Teninna. O resultado foi um livro de entrevistas e interpreta\u00e7\u00f5es do autor, e tamb\u00e9m com depoimentos de outros agentes. Como disse nas primeiras p\u00e1ginas e nessa entrevista<\/a>, Buzo acredita no 5\u00ba elemento do Hip Hop, o conhecimento: “Sem conhecimento as pessoas (do Hip-Hop ou n\u00e3o) andam em c\u00edrculo. Menos TV e mais livros para todos”.<\/p>\n

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Meu destino era o N\u00f3s do Morro<\/a> (Luciana Bezerra) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

O grupo teatral N\u00f3s do Morro<\/a> mostrado de dentro. Numa prosa autobiogr\u00e1fica, a autora relata sua mudan\u00e7a para o morro carioca Vidigal<\/a> em 1982. Dez anos depois come\u00e7aria a estudar no grupo fundado em 1986 pelo jornalista e ator Guti Fraga<\/a>. O N\u00f3s do Morro oferece cursos de forma\u00e7\u00e3o nas \u00e1reas de teatro (atores e t\u00e9cnicos) e cinema (roteiristas, diretores e t\u00e9cnicos). Luciana Bezerra, que\u00a0 passou por todas as fun\u00e7\u00f5es, agora coordena o N\u00facleo Audiovisual N\u00f3s do Morro, que tem duas produ\u00e7\u00f5es no Porta Curtas<\/a>. Recentemente ela dirigiu um dos epis\u00f3dios de ‘5x Favela – Agora por n\u00f3s mesmos<\/a>‘ e faz parte do projeto Por que a gente \u00e9 assim?<\/a> [ou\u00e7a ela falando sobre generosidade intelectual aqui<\/a>].<\/p>\n

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No Olho do Furac\u00e3o<\/a> (Anderson Quack<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

Come\u00e7ando na \u00e9poca que o diretor dos programas Aglomerado<\/a> e Espelho<\/a> do Canal Brasil, Anderson Quack, vendia picol\u00e9 aos nove anos e depois, aos 13, foi ser boy de macumba, auxiliando em cerim\u00f4nias religiosas, o enredo passa pela hist\u00f3ria da Central \u00danica das Favelas (Cufa<\/a>), da cria\u00e7\u00e3o da Cia. de Teatro Tumulto<\/a> e do Pr\u00eamio Hut\u00faz<\/a>. Temas como fam\u00edlia, amizade, amor, preconceito, viol\u00eancia policial, teatro, cinema, hip-hop, funk e samba permeiam a escrita de Quack. Ele exalta a Cidade de Deus<\/a> do Rio de Janeiro como sua terra e a Cufa como seu ponto de partida profissional e pessoal.<\/p>\n

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Traficando Conhecimento<\/a> (J\u00e9ssica Balbino<\/a>) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

\u00c9 a vida da jornalista J\u00e9ssica Balbino<\/a>, moradora da periferia de Po\u00e7os de Caldas<\/a>, Minas Gerais. As 504 p\u00e1ginas dizem muito sobre o envolvimento da autora com a cultura Hip-Hop e o consequente desenvolvimento de zines, blogs, oficinas e programas de r\u00e1dio. Tal qual Alessandro Buzo, o nome do livro \u00e9 refer\u00eancia ao que J\u00e9ssica acredita: \u201cconhecimento\u201d para apresentar a cultura como instrumento de transforma\u00e7\u00e3o em uma sociedade. Ela tamb\u00e9m \u00e9 co-autora do livro-reportagem “Hip-Hop \u2013 A Cultura Marginal”, resultado de seu Trabalho de Conclus\u00e3o de Curso e dispon\u00edvel no portal Overmundo<\/a>.<\/p>\n

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Vozes Marginais da Literatura<\/a> (\u00c9rica Pe\u00e7anha do Nascimento) [.pdf<\/a>]<\/p>\n

No mais acad\u00eamico dos livros dessa nova leva do Tramas, a antrop\u00f3loga Erica Nascimento<\/a> abordou, em sua disserta\u00e7\u00e3o de mestrado da USP<\/a> no ano de 2006, o tema literatura marginal produzida na periferia de S\u00e3o Paulo. ‘O que \u00e9 literatura marginal?’, ‘Como os autores perif\u00e9ricos estudados constroem sua atua\u00e7\u00e3o pol\u00edtico-cultural?’, ‘\u00c9 poss\u00edvel falar em cultura da periferia?’ s\u00e3o algumas das hip\u00f3teses da pesquisa. Ela analisa as tr\u00eas edi\u00e7\u00f5es especiais sobre Literatura Marginal da revista Caros Amigos e as carreiras de tr\u00eas escritores: do poeta S\u00e9rgio Vaz<\/a> [que j\u00e1 escreveu um livro na cole\u00e7\u00e3o<\/a>], do tamb\u00e9m compositor Ferr\u00e9z<\/a> e do ativista cultural Ademiro Alves de Souza [conhecido como ‘Sacolinha’].<\/p>\n

[Marcelo De Franceschi]<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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