{"id":5139,"date":"2011-07-25T14:02:08","date_gmt":"2011-07-25T14:02:08","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=5139"},"modified":"2011-07-25T14:02:08","modified_gmt":"2011-07-25T14:02:08","slug":"por-dentro-de-um-shopping-popular","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/07\/25\/por-dentro-de-um-shopping-popular\/","title":{"rendered":"Por dentro de um shopping popular"},"content":{"rendered":"

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Como v\u00e1rios centros urbanos pelo Brasil, Santa Maria, no cora\u00e7\u00e3o do Rio Grande do Sul, tem o seu com\u00e9rcio informal: centenas de pessoas vendendo produtos de maneira improvisada, muitas vezes sem nota fiscal e sem um lugar apropriado pra isso. De alguns anos pra c\u00e1, uma forma de organizar os camel\u00f4s<\/a> e concentr\u00e1-los num mesmo ambiente ganhou for\u00e7a em v\u00e1rias cidades brasileiras, e foi nessa onda que Santa Maria, h\u00e1 pouco mais de um ano, ganhou o seu “centro de compras popular”.<\/p>\n

Passado este primeiro per\u00edodo de adapta\u00e7\u00e3o, a mudan\u00e7a dos camel\u00f4s das ruas centrais de Santa Maria para o Shopping Independ\u00eancia<\/a>, mesmo com um aparente alto movimento<\/a>, ainda n\u00e3o est\u00e1 est\u00e1vel. As opini\u00f5es dos comerciantes se dividem quanto \u00e0 situa\u00e7\u00e3o. As pequenas dimens\u00f5es das bancas de 2mx2mx2,70m, a aus\u00eancia de um sistema de ar e ventila\u00e7\u00e3o, e a falta de visibilidade para os produtos s\u00e3o os pontos negativos mais comentados. Entre os positivos, s\u00e3o citadas a limpeza, a organiza\u00e7\u00e3o e a seguran\u00e7a.<\/p>\n

A desmontagem do camel\u00f3dromo ocorreu em 25 junho de 2010, conforme o edital<\/a>, sendo uma a\u00e7\u00e3o efetuada pela atual gest\u00e3o da prefeitura com o objetivo de \u201crevitalizar\u201d a avenida Rio Branco, uma das vias mais movimentadas da cidade. O custo do projeto \u00e9 or\u00e7ado em R$ 1, 63 milh\u00f5es<\/a>. Para abrigar os trabalhadores, foi reformado o pr\u00e9dio do antigo Cine Independ\u00eancia [leia um pouco da mem\u00f3ria do cinema santamariense, aqui<\/a>] no centro, h\u00e1 poucos metros do local de origem.<\/p>\n

Foi feito um acordo da prefeitura com uma administradora, prevendo que esta cuide da seguran\u00e7a, da sinaliza\u00e7\u00e3o e da administra\u00e7\u00e3o do condom\u00ednio (\u00e1gua, luz, telefone, internet e taxa de uso de elevadores). Em troca, a empresa tem o direito de alugar o \u00faltimo piso para prestadoras de servi\u00e7os. A parceria tem dura\u00e7\u00e3o de dez anos, prorrog\u00e1veis por igual per\u00edodo.<\/p>\n

O tema do com\u00e9rcio informal, que j\u00e1 tratamos de rasp\u00e3o aqui no Baixa<\/a>, foi o escolhido por nosso correspondente em Santa Maria Marcelo De Franceschi<\/a> para iniciar um novo tipo de “g\u00eanero” de posts por aqui: o ensaio fotogr\u00e1fico. Marcelo fez v\u00e1rias visitas ao Shopping Popular de Santa Maria na semana passada para fotografar e produzir os textos que voc\u00ea v\u00ea logo abaixo.<\/p>\n

Antes de fazer as fotos, Marcelo requisitou autoriza\u00e7\u00e3o \u00e0 empresa CPC Administradora Ltda, respons\u00e1vel pelo recinto. O gerente, \u00c9rico Abreu Rodrigues, apenas pediu para n\u00e3o haver imagens de CDs e DVDs, cuja queixa crime independe de den\u00fancia; nem de \u00f3culos e rel\u00f3gios, que dependem de uma representa\u00e7\u00e3o. O Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal e Estadual j\u00e1 recebeu den\u00fancias<\/a>, e recomendou \u00e0 prefeitura a fiscaliza\u00e7\u00e3o de mercadorias. De nossa parte, tamb\u00e9m pedimos licen\u00e7a em cada box e conversamos com os vendedores.<\/p>\n

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Branco por fora, a esterilidade do edif\u00edcio \u00e9 apenas superficial. Ao andar pelos corredores, entra-se num caleidosc\u00f3pio de produtos, pessoas e hist\u00f3rias. No total, s\u00e3o 208 bancas distribu\u00eddas em 106 no primeiro andar e 102 no segundo, com valores de alugu\u00e9is variando entre R$ 105 e R$ 490. H\u00e1 ainda o terceiro andar, com pra\u00e7a de alimenta\u00e7\u00e3o, cujo valor cobrado para montar um empreendimento \u00e9 de R$ 1500. O local abre todos os dias: de segunda a s\u00e1bado das 9h \u00e0s 21h, sem fechar ao meio dia e, nos domingos e feriados, das 11h \u00e0s 19h. Camel\u00f4s, ambulantes e artes\u00e3os se dividem em cada box, decorando o seu pequeno espa\u00e7o a sua maneira e como conseguem.<\/p>\n

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Paulo C\u00e9sar Marques Medeiros (foto acima, clique para ampliar<\/em>), pai de quatro filhos, trabalhou durante dez anos como ambulante, at\u00e9 que se fixou na forma\u00e7\u00e3o do camel\u00f3dromo de Santa Maria, em 1991. Sua principal reinvidica\u00e7\u00e3o \u00e9 a de seus direitos pol\u00edticos: “Cada um dos que estavam na Rio Branco tinha o seu pr\u00f3prio alvar\u00e1 de funcionamento. Agora que n\u00f3s pagamos aluguel, a CPC ficou encarregada da manuten\u00e7\u00e3o do pr\u00e9dio”. Ele explica que a empresa fez uma parceria p\u00fablico-privada<\/a> com a prefeitura de receber\u00a0 o aluguel em troca de reformar e cuidar do edif\u00edcio por dez anos.<\/p>\n

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Ela diz ter sido a primeira camel\u00f4 da cidade. Segundo Lu\u00edza Halm de Fraga, de 54 anos, ainda no fim dos anos 70, viu alguns brinquedos em promo\u00e7\u00e3o em supermercado da \u00e9poca e decidiu vend\u00ea-los na Rua do Acampamento. Hoje, a TV \u00e9 sua inspira\u00e7\u00e3o: “O que passa na TV eu vendo”, gaba-se. M\u00e3e de duas filhas, foi uma das poucas que queria a mudan\u00e7a para o Shopping. “Parecia uma favela l\u00e1 na Rio Branco”. Segundo ela, a maioria dos compradores do segundo andar, mesmo que em menor n\u00famero, gosta do atendimento, pois ali trabalham mais propriet\u00e1rios dos boxes, cujo atendimento \u00e9 melhor.<\/p>\n

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“Eu vendo meus enxovais para a 3\u00aa gera\u00e7\u00e3o de uma fam\u00edlia. Foi para av\u00f3, depois para filha, agora para a neta”, descreve Lenir Ziegler Leal, de 60 anos e 40 de casada. Com 17 anos como camel\u00f4, o que mais vende n\u00e3o s\u00e3o os bazares que a rodeiam, mas a prol\u00edfica produ\u00e7\u00e3o t\u00eaxtil. Numa manh\u00e3 faz uma toca, que vende por 10 R$; e em quatro dias faz um enxoval completo de beb\u00ea, vendido de 200 a 300 R$. Localizada no segundo andar, sua banca n\u00e3o possui identifica\u00e7\u00e3o; ela foi a \u00faltima a ser sorteada para se mudar para o Shopping, e diz que em breve vai providenciar a plaquinha de identifica\u00e7\u00e3o da banca.<\/p>\n

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Na loja 87, fica o Universo dos Adesivos, de Ant\u00f4nio de Almeida Pimentel. Antes de se fixar ali, foi andarilho\u00a0 por quase 30 anos. Vendia brinco, pulseira, ripa, artesanato, produtos de carpintaria, dentre outras coisas que aprendeu a fazer na estrada. H\u00e1 seis meses, tem seu carro chefe na venda de cartelas dos adesivos da fam\u00edlia, febre nacional de alguns anos pra c\u00e1, colocadas atr\u00e1s dos carros para “identificar” a fam\u00edlia que anda no ve\u00edculo. Sobre o shopping, um amigo que n\u00e3o quis se identificar comentou que \u201cvem bastante gente que n\u00e3o vinha antes, como fam\u00edlias passeando\u201d.<\/p>\n

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O box da J\u00fa fica no segundo andar, mas isso n\u00e3o lhe incomoda. J\u00falia Bonini Witzel, 58 anos, tem duas filhas e tr\u00eas netinhas e diz que suas vendas melhoraram 500% com a mudan\u00e7a de local. Sua estimativa de venda por dia est\u00e1 entre 15 e 18 bolsas. H\u00e1 casos de mulheres que fazem fila, esperando ela chegar de S\u00e3o Paulo com os mais novos lan\u00e7amentos da moda, que agora, segundo ela, \u00e9 cor de rosa e cor de berinjela. J\u00fa trabalhou 11 anos junto aos camel\u00f4s na Rio Branco e era uma das que n\u00e3o queriam se mudar para o shopping.<\/p>\n

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A banca mais cheirosa da cidade. Essa \u00e9 a de Eliane Souza, de 45 anos, com suas paredes abarrotadas de incensos indianos de todas as cores e cheiros poss\u00edveis, e cujas vendas ca\u00edram com o shopping: “Mesmo aqui embaixo, ainda \u00e9 pouco comparado ao que era na rua, com os objetos a vista de quem passava”, desabafa. Ela complementa a venda com pe\u00e7as de l\u00e3 encomendadas. De suas agulhas rosas saem blus\u00f5es, mantas, polainas, e tocas que disputam o espa\u00e7o\u00a0 padr\u00e3o com os espetos, murais, molduras e outros objetos de madeira feitos pelo marido.<\/p>\n

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\nO jovem Francisco Conrado Neto de 19 anos faz cursinho para prestar vestibular em Administra\u00e7\u00e3o. Nas horas vagas, trabalha para o pai, Jos\u00e9 Conrado, ajudando no sustento da m\u00e3e e de mais tr\u00eas irm\u00e3os. O boneco vestido do uniforme do\u00a0 Corinthians pendurado em um canto do box faz revelar que n\u00e3o s\u00e3o ga\u00fachos: vieram de Feira de Santana, Bahia, h\u00e1 20 anos. “Hoje trabalhamos mais com arma\u00e7\u00f5es, mas meu pai tinha lentes desde aquela \u00e9poca, e nunca ningu\u00e9m teve problema”, conta.<\/p>\n

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Laurize Gonzalez trabalha h\u00e1 oito anos para a padaria Chave de Ouro, hoje localizada no terceiro andar. Ela conta que servia almo\u00e7o no camel\u00f3dromo da Rio Branco. “O ambiente melhorou 100%, mas as vendas ca\u00edram 60, 70% “, avalia. Quando vendia na rua, da janela do carro o pessoal que passava pedia e comprava os alimentos. Segundo ela, o elevador do shopping vive pifando, o que a obriga a subir no bra\u00e7o o carrinho que empurra entre os andares, vendendo aos camel\u00f4s.<\/p>\n

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Ch\u00e1s e ervas s\u00e3o a especialidade de Aldori da Silva Militz, de 43 anos, h\u00e1 15 anos.\u00a0 Sua antiga localiza\u00e7\u00e3o era em frente a Catedral\u00a0de Nossa Senhora da Concei\u00e7\u00e3o<\/a>, na avenida Rio Branco, perto da atual morada. L\u00e1, por\u00e9m, suas vendas eram muito melhores, talvez pelo fato de ficar na cal\u00e7ada, pr\u00f3xima ao corre corre das pessoas: “Com o passar do tempo do Shopping, o movimento aumentou, mas ainda assim a venda nem se compara ao que era”. Dentre as que mais saem est\u00e3o Alcachofra, Marcela, Arnica, Cavalinha, e N\u00f3-de-Cachorro, al\u00e9m de xarope e mel. Mesmo com o pouco movimento, ele tem conseguido pagar o aluguel da banca, que para ele tem um bom tamanho.<\/p>\n

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T\u00edmida mas muito simp\u00e1tica, Cleuza Machado, de 60 anos, n\u00e3o gosta de aparecer em p\u00fablico. Todavia, seus principais produtos s\u00e3o cosm\u00e9ticos, como perfumes e cremes. Seu pai j\u00e1 era camel\u00f4 antes da forma\u00e7\u00e3o do camel\u00f3dromo, quando possu\u00edam uma tendinha na antiga Rua 24 horas<\/a> [rua que, copiada da de mesmo nome em Curitiba, funcionou por pouco tempo em SM<\/em>]. Logo depois se mudar para a banca n\u00famero 82, deu o nome ao box de C\u00edntia e Cleuza Presentes, tendo de deixar de vender brinquedos e bazares, por causa das caixas grandes. Ap\u00f3s um tempo, devido ao aluguel cobrado, precisou dispensar a vendora que d\u00e1 outro nome a banca – C\u00edntia, sua sobrinha.<\/p>\n

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Debaixo da escada que leva ao segundo piso, o artes\u00e3o S\u00e9rgio Lima de Oliveira oferta cuias gravadas na hora, e tamb\u00e9m entalhadas, pintadas e modeladas em forma de bichos, como tatu, galinhas, pinguins, gatos e at\u00e9 casas de passarinhos. “Aqui \u00e9 complicado porque d\u00e1 impress\u00e3o que tu t\u00e1 preso, parece uma caverna”, relata. Ao inv\u00e9s de uma cortina de ferro, sua banca \u00e9 protegida apenas por um grosso vidro, deixando a produ\u00e7\u00e3o sempre \u00e0 mostra,\u00a0 mas ele diz confiar na equipe de seguran\u00e7a do Shoppping. Antigamente S\u00e9rgio trabalhava na Pra\u00e7a Saldanha Marinho. Hoje em dia, o que dificulta as vendas \u00e9 o local um tanto escondido.<\/p>\n

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Da banca Diferenza,\u00a0Jayne Nogues Gon\u00e7alves trabalha com todos os tipos de bijuteria. Sua antiga banca, tamb\u00e9m na pra\u00e7a Saldanha Marinho mas em outro local, era uma das mais conhecidas da regi\u00e3o – tinha uns pain\u00e9is violetas montados e desmontados todos os dias. Fazer isso por 15 anos chegou at\u00e9 a lhe render uma L.E.R.<\/a> no ombro. Naquela \u00e9poca, segundo ela, a venda era maior pela exposi\u00e7\u00e3o dos adere\u00e7os, mas o espa\u00e7o organizado e pr\u00e1tico de hoje ajuda bastante. S\u00f3 est\u00e1 pendente a falta de organiza\u00e7\u00e3o da administra\u00e7\u00e3o, que tem empurrado para a prefeitura a quest\u00e3o do ar-condicionado, que por sua vez repassa para a administradora.<\/p>\n

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O Miro, ou Claudiomiro Dias, vende acess\u00f3rios automotivos h\u00e1 20 dos seus 38 anos. Ele est\u00e1 satisfeito pela higiene do lugar, apesar do espa\u00e7o pequeno e do ar abafado: “a gente sente que o ar \u00e9 pesado aqui”. Iluminado pelo “Multilazer Flash”, um raio verde que chama a aten\u00e7\u00e3o de quem passa, ele conta que auto-falante \u00e9 o equipamento mais vendido, mas tamb\u00e9m saem muitos aparelhos, tweeters, cornetas. Tudo com nota h\u00e1 cerca de cinco anos. “Teve gente que veio para c\u00e1 e se legalizou. Isso n\u00e3o falam na imprensa”, diz.<\/p>\n

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Aos 70 anos, Sonia Shirlei Chagas, possui a banca batizada com o nome da filha de sua \u00fanica filha: a neta “Inara”. Com a experi\u00eancia de 40 anos como vendedora, diz que melhorou a seguran\u00e7a e a conserva\u00e7\u00e3o com a mercadoria. O que mais vende agora s\u00e3o os brinquedos cartelados e carrinhos eletr\u00f4nicos. Agora, porque a mercadoria \u00e9 trocada a cada esta\u00e7\u00e3o ou data. No ver\u00e3o, possui mais infl\u00e1veis, e no inverno roupas de l\u00e3. Pr\u00f3ximo ao Dia das Crian\u00e7as, \u00e9 claro, possui brinquedos; e no Dia dos Namorados, at\u00e9 flores.<\/p>\n

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Tendo 15 de seus 50 anos como relojoeiro, Vanderlei Oliveira Lemos, ou s\u00f3 Lemos, trabalhava com um amigo numa banca da Rio Branco. De acordo com ele, devia haver mais organiza\u00e7\u00e3o da administradora do shopping popular. “Eu pago isso como se fosse um condom\u00ednio. Para mim, devia haver uma reuni\u00e3o com todo mundo para discutir e decidir o que deveria ser feito” afirma. Dessa forma, decis\u00f5es como fabrica\u00e7\u00e3o de crach\u00e1s para os vendedores, regimento do Shopping<\/a> e at\u00e9 a taxa de impress\u00e3o do boleto de pagamento do aluguel, seriam melhor definidas.<\/p>\n

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Maria de F\u00e1tima Andrade da Silva, de 50 anos, herdou do falecido marido a venda de vinis usados. J\u00e1 o ajudava na Rio Branco desde 2001. O grande p\u00f4ster na parede oposta a dos vinis a denuncia: \u00e9 f\u00e3 do Roberto Carlos, a ponto de dar o nome do cantor ao filho de 20 anos. Como se n\u00e3o bastasse, diz que de 1988 at\u00e9 hoje n\u00e3o perdeu um show do cantor em Porto Alegre e at\u00e9 possui uma tatuagem com o rosto do Rei no pulso direito. Os vinis de RC est\u00e3o entre os mais procurados. Mesmo vendendo outros produtos, ela prefere n\u00e3o aderir ao comercio de CDs ‘piratas’: “N\u00e3o, eu prefiro o original, que \u00e0s vezes vende, \u00e0s vezes n\u00e3o, mas tem o seu valor”, confessa.<\/p>\n

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Falida, financeiramente. Assim se considera Elaine Pinheiro Machado, camel\u00f4 h\u00e1 28 anos. Ela decidiu n\u00e3o investir na identifica\u00e7\u00e3o do box; ficaria invis\u00edvel aos visitantes, pois, assim como boa parte de seus produtos, seriam tapados por um pilar de sustenta\u00e7\u00e3o do pr\u00e9dio. Para manter a fam\u00edlia de tr\u00eas filhos, Elaine voltou a ser sacoleira e viaja de vez em quando para vender em outras cidades: “Em tr\u00eas dias em Quara\u00ed [na fronteira oeste do RS, divisa com o Uruguai<\/em>] eu ganho o equivalente do m\u00eas inteiro aqui”.<\/p>\n

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No terceiro andar, trabalhadores apontam as rachaduras e tamb\u00e9m as goteiras que surgem em dias de chuva forte. As rachaduras aumentaram com o tempo desde a chegada, h\u00e1 sete meses, de Marcus Botelho de Lima, dono de uma lan-house que j\u00e1 reclamou de supostas irregularidades na pra\u00e7a<\/a>. “S\u00f3 vai melhorar quando cair o terceiro andar em cima das bancas”, ele prev\u00ea. O teto tamb\u00e9m tem seus problemas. O pingamento vindo das rachaduras das telhas se agravam quando temporais ocorrem. “Al\u00e9m disso, muita gente j\u00e1 escorregou e caiu nos azulejos com o piso molhado”, dizem os donos de uma lancheria.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Como v\u00e1rios centros urbanos pelo Brasil, Santa Maria, no cora\u00e7\u00e3o do Rio Grande do Sul, tem o seu com\u00e9rcio informal: centenas de pessoas vendendo produtos de maneira improvisada, muitas vezes sem nota fiscal e sem um lugar apropriado pra isso. De alguns anos pra c\u00e1, uma forma de organizar os camel\u00f4s e concentr\u00e1-los num mesmo […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":7976,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[122,409],"tags":[854,855,856,857,177,858,859,159,860,861,862,106,863,864],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5139"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=5139"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/5139\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=5139"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=5139"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=5139"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=5139"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}