{"id":5056,"date":"2011-08-19T16:57:56","date_gmt":"2011-08-19T16:57:56","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=5056"},"modified":"2011-08-19T16:57:56","modified_gmt":"2011-08-19T16:57:56","slug":"caiu-na-rede-virou-apocrifo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/08\/19\/caiu-na-rede-virou-apocrifo\/","title":{"rendered":"Caiu na rede virou ap\u00f3crifo"},"content":{"rendered":"
Caiu na rede \u00e9 peixe, \u00e9 pixel, \u00e9 texto “lan\u00e7ado ao alto-mar das futuras combina\u00e7\u00f5es” como completaria o poeta Roberto Piva<\/a>. Tantas recombina\u00e7\u00f5es que algumas vezes, intencionalmente ou n\u00e3o, alteram a atribui\u00e7\u00e3o ao primeiro mentor e redator do conjunto de ideias expressado. Caiu na Rede, o livro da capa a\u00ed acima, se lan\u00e7ou nesse alto-mar das combina\u00e7\u00f5es infinitas com uma divertida tarefa:\u00a0 compilar e discutir 67 textos ap\u00f3crifos<\/a>, aqueles de autenticidade dilu\u00edda, repaginada ou mesmo roubada que certamente tu j\u00e1 deve ter tido contato via e-mail ou republicado em blogs e f\u00f3runs.<\/p>\n Na maioria das vezes, s\u00e3o cr\u00f4nicas singelas, indignadas, bem humoradas ou reflexivas, que n\u00e3o raro trazem uma “mensagem” que convida o leitor a passar adiante. N\u00e3o demora muito e os atribu\u00eddos autores negam a responsabilidade da escritura – ou outros v\u00eam reinvindic\u00e1-la. Um exemplo mais recente \u00e9 o texto “A Vergonha<\/a>” dado como de Lu\u00eds Fernando Ver\u00edssimo<\/a>, que refugou a ben\u00e7\u00e3o<\/a>.<\/p>\n A organizadora do livro, a jornalista Cora R\u00f3nai<\/a>, tenta ir al\u00e9m da mera compila\u00e7\u00e3o de textos. Divide-os em oito t\u00f3picos, e em cada um deles produz um texto dando conta de entender como se d\u00e1 o fetiche da transmuta\u00e7\u00e3o de autores em cada agrupamento de casos. Duas justificativas para o fen\u00f4meno da troca de autor s\u00e3o ditos logo em “Os Ver\u00edssimos falsos”, o texto de apresenta\u00e7\u00e3o do livro: <\/strong><\/p>\n 1\u00ba<\/strong>) a busca de um maior impacto pela adora\u00e7\u00e3o ao autor<\/strong>, pois deseja-se que a mensagem sej\u00e1 espalhada atrav\u00e9s da credibilidade<\/strong>; \u00c9 claro que essa subjetividade de escolhas do leitor, potencializada agora aos milh\u00f5es com a internet, n\u00e3o \u00e9 coisa nova. J\u00e1 em 1968, Roland Barthes, no ensaio “A Morte do Autor<\/a>“, diz que um texto \u00e9 feito de m\u00faltiplos textos e escritos, vindos n\u00e3o s\u00f3 de uma cultura, mas de diversas outras misturadas, relacionadas – e que\u00a0essa multiplicidade se re\u00fane n\u00e3o no autor, mas no leitor<\/strong>.<\/p>\n “O leitor \u00e9 o espa\u00e7o exato em que se inscrevem, sem que\u00a0 nenhuma se perca, todas as cita\u00e7\u00f5es de que uma escrita \u00e9 feita; a unidade\u00a0 de um texto n\u00e3o est\u00e1 na sua origem, mas no seu destino<\/strong>“. Seriam alguns desses textos do livro dispens\u00e1veis da autoria fixa, como leis e textos publicit\u00e1rios? O corintiano Washington Olivetto apresenta nessa entrevista uma teoria<\/a> discut\u00edvel: “O autor d\u00e1 muito certo quando certas coisas teoricamente ‘desaparecem’: a\u00ed todo mundo quer saber quem fez, e voc\u00ea fica conhecido”.<\/p>\n Uma constata\u00e7\u00e3o do livro \u00e9 de que n\u00e3o h\u00e1 solu\u00e7\u00e3o pros leitores nem pros autores: “O meio-de-campo da internet est\u00e1 t\u00e3o embolado, e os ap\u00f3crifos se espalham com tal velocidade, que qualquer tentativa de descobrir ou estabelecer autorias \u00e9, praticamente, uma batalha perdida<\/em>“, diz R\u00f3nai nas primeiras das 158 p\u00e1ginas, muitas delas dispon\u00edveis no Google Books<\/a>. Mas h\u00e1 tentativas de esclarecer, e ela mesmo indica o blog Autor Desconhecido<\/a>, que depois migrou para um site<\/a>, e a comunidade do orkut “Afinal, quem \u00e9 o autor?”<\/a>.<\/p>\n Na \u00e9poca de lan\u00e7amento do livro (2005), foi criado tamb\u00e9m um blog<\/a> para divulgar o conte\u00fado, que continha alguns dos textos publicados. De l\u00e1 pra c\u00e1 pouca coisa mudou e todos eles continuam sendo republicados, como se pode ver a\u00ed embaixo, com os textos linkados e separados pelos temas, incluindo poesia, tal qual o livro.<\/p>\n At\u00e9 hoje surge gente trocando Jabores com Borges, Medeiros com Lispectors, Ver\u00edssimos com Drummonds de Andrade. E n\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o que essa confus\u00e3o cesse, por que como bem diz Godard<\/a>, “com os celulares e tudo o mais, hoje todo o mundo \u00e9 autor”. Ou seria que, sendo todo mundo autor, o autor est\u00e1 morto?<\/p>\n **<\/p>\n Caiu na rede<\/strong> (\u00edndice com textos do livro) L\u00edngua Cotidiano Celebridades Moralizantes Amor A Vida, o Universo e tudo mais Poesia Dos ap\u00f3crifos [Marcelo De Franceschi]<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Caiu na rede \u00e9 peixe, \u00e9 pixel, \u00e9 texto “lan\u00e7ado ao alto-mar das futuras combina\u00e7\u00f5es” como completaria o poeta Roberto Piva. Tantas recombina\u00e7\u00f5es que algumas vezes, intencionalmente ou n\u00e3o, alteram a atribui\u00e7\u00e3o ao primeiro mentor e redator do conjunto de ideias expressado. 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<\/del><\/p>\n
\n2\u00ba<\/strong>) \u00e9 meio que o contr\u00e1rio do 1\u00ba), ou seja, um decaso com o autor<\/strong>, tanto o An\u00f4nimo quanto o Desconhecido, pois o que vale \u00e9 a mensagem<\/strong>.<\/p>\n<\/a><\/p>\n
\n<\/strong><\/p>\n
\nO direito ao palavr\u00e3o<\/a>
\nMinha iNgUInor\u00e2ncia \u00e9 problema meu<\/a>
\nTipo Assim<\/a><\/p>\n
\nThe summer is tragic!<\/a>
\nMam\u00e3e executiva<\/a>
\nNa hora de cantar<\/a>
\nUm dia de merda<\/a>
\nAlguns motivos pelos quais os homens gostam tanto de mulheres!<\/a>
\nMulheres empres\u00e1rias<\/a>
\nUm dia de modess<\/a>
\nPedido de amigo<\/a>
\nOrgasmo trif\u00e1sico<\/a>
\nQuem n\u00e3o tem namorado<\/a>
\nA verdade sobre Romeu e Julieta<\/a>
\nCasamento Moderno<\/a>
\nPromessas matrimoniais<\/a>
\nDesabafo de um marido<\/a>
\nMarte e V\u00eanus<\/a>.<\/p>\n
\nNingu\u00e9m mais<\/a> namora as deusas<\/a>
\nBaba, Kelly Key<\/a>
\nDuas vidas
\nNo trabalho, e chocada<\/a>
\nDiga n\u00e3o \u00e0s drogras<\/a>.<\/p>\n
\nFaz parte<\/a>
\nPrecisa-se de mat\u00e9ria-prima para construir um pa\u00eds<\/a>
\nOde aos ga\u00fachos<\/a>
\nBrasil e o mundo podem prejudicar a sua sa\u00fade<\/a>
\n Por que no Brasil n\u00e3o h\u00e1 terrorismo<\/a>.<\/p>\n
\nA impontualidade do amor<\/a>
\nSobre o amor<\/a>
\n\u00c0s vezes<\/a>
\nPrecisando de amor<\/a>
\nAs raz\u00f5es que o amor desconhece<\/a>
\nAt\u00e9 a rapa<\/a>
\nA dor que d\u00f3i mais<\/a>
\nPot-pourri de assuntos<\/a>.<\/p>\n
\nMulher, sua origem e seu fim<\/a>
\nBunda dura<\/a>
\nNada como a simplicidade<\/a>
\nO vel\u00f3rio<\/a>
\nDez coisas que levei anos para aprender<\/a>
\nOra\u00e7\u00e3o dos Estressados<\/a>
\nQuase<\/a>
\nMarionete<\/a>
\nEntrevista com Deus<\/a>
\nVida<\/a>
\nFelicidade realista<\/a>
\nEnvelhecer<\/a>
\nSolid\u00e3o<\/a>
\nO que faz bem \u00e0 sa\u00fade<\/a>
\nComo conseguimos sobreviver?<\/a>.<\/p>\n
\nN\u00e3o te amo mais<\/a>
\nTrilogia sobre a arte de dar<\/a>
\nA Morte Devagar<\/a>
\nNo caminho, com Maiak\u00f3vski<\/a>
\nA pessoa errada<\/a>
\nH\u00e1 momentos<\/a>
\nA orgulhosa<\/a>
\nInstantes<\/a><\/p>\n
\nPrecisa-se de mat\u00e9ria-prima para construir um pa\u00eds<\/a>
\nEm trilha de paca, tatu caminha dentro<\/a>
\nEu n\u00e3o escrevi “Bunda dura”<\/a>.
\nQuem copia <\/a>o rabo amplia<\/a>
\nVaidade<\/a>
\nClonagem de textos<\/a>
\nPresque<\/a>
\nAp\u00f3crifos<\/a><\/p>\n