{"id":4882,"date":"2011-05-25T15:24:19","date_gmt":"2011-05-25T15:24:19","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=4882"},"modified":"2011-05-25T15:24:19","modified_gmt":"2011-05-25T15:24:19","slug":"um-remix-brasileiro-sim-senhor","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/05\/25\/um-remix-brasileiro-sim-senhor\/","title":{"rendered":"Um remix brasileiro sim senhor"},"content":{"rendered":"

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Saiu um novo v\u00eddeo sobre “essa coisa toda que t\u00e1 a\u00ed” que ora costumamos chamar de cultura digital, ora de cultura livre, ora ambas e outras coisas mais.<\/p>\n

Chama-se “Remixofagia – Alegorias de uma Revolu\u00e7\u00e3o” e foi produzido pela Casa da Cultura Digital<\/a>, remixado\/dirigido por Rodrigo Savazoni<\/a>\u00a0e pela produtora Filmes para Bailar<\/a>.<\/p>\n

A produ\u00e7\u00e3o come\u00e7ou no F\u00f3rum da Cultura Digital 2010<\/a>, e \u00e9 por isso que muitos dos depoimentos ali vistos tem aqueles tijolinhos bonitos da Cinemateca (local onde aconteceu o F\u00f3rum do ano passado) ao fundo. Entre os depoimentos, Pablo Capil\u00e9<\/a>, do Circuito Fora do Eixo (em momento fil\u00f3sofo Capil\u00e9 das Bolas), Pedro Markun, da Esfera<\/a> e tamb\u00e9m da Casa da Cultura Digital, o provocador da cultura digital\u00a0Cl\u00e1udio Prado<\/a>, Alfredo Manevy<\/a>, ex-secret\u00e1rio executivo do MinC, John Perry Barlow<\/a>, ativista e co-fundador da Eletronic Frontier Foundation, al\u00e9m dos ex-ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, entrevistados na Cinemateca mas numa sala sem os tijolinhos ao fundo, e diversos outros.<\/p>\n

Coment\u00e1vamos por aqui, e com os pr\u00f3prios produtores\/diretores do curta e diversas outras pessoas, que faltava um tipo de video que tentasse explicar o atual momento pela via da cultura digital brasileira. Nos ciclos copy, right? (primeiro<\/a> e no 2.0<\/a>), quase todos os filmes exibidos eram de outros pa\u00edses por conta dessa car\u00eancia – embora boa parte deles trouxessem casos brasileiros como exemplos. O \u00fanico nacional passado foi\u00a0Brega S\/A<\/a>, que, focado no criativo modelo de neg\u00f3cio do tecnobrega paraense, tangenciava a cultura digital sem tentar compreend\u00ea-la. Natural, pois n\u00e3o era esse o foco.<\/p>\n

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“Remixofagia” toca direto na quest\u00e3o da cultura digital pelo vi\u00e9s brasileir\u00edssimo-antrop\u00f3fogo de personagens como Macuna\u00edma – aqui na cara que acostumamos a v\u00ea-lo, como Grande Otelo no filme de Joaquim Pedro de Andrade<\/a> de 1969 – e por causos como o dos \u00edndios caet\u00e9s que, em 1556, comeram o bispo sardinha<\/a>, no “acontecido que fecundou a terra e deu origem ao esp\u00edrito do Brasil”, como diz as legendas no filme.<\/p>\n

A mesma Caet\u00e9s de onde saiu os comedores (literalmente) do Bispo Sardinha \u00e9 terra de outro “filho antrop\u00f3fogo” brasileiro: Lula. A partir de ent\u00e3o, \u00e9 o ex-presidente que guia o v\u00eddeo com suas falas, apari\u00e7\u00f5es e, principalmente, com o seu proclamado resgate da ideia de que a antropofagia \u00e9 a profiss\u00e3o de f\u00e9 do povo brasileiro – o que \u00e9 ilustrado com a presen\u00e7a de Gil, um tropicalista, no minist\u00e9rio da cultura.<\/p>\n

Entra a\u00ed o digital, a internet, vinda dos “outros”, dos “estrangeiros”, como um “presente” para o Brasil deglutir e fazer um “banquete” pr\u00f3prio – ilustrado na boa (v\u00e1 l\u00e1, partid\u00e1rios de todas as quer\u00eancias) met\u00e1fora da fala de Lula no FISL 2009<\/a>\u00a0sobre o porqu\u00ea da ado\u00e7\u00e3o do software livre no seu governo<\/p>\n

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n\u00f3s t\u00ednhamos que escolher: ou n\u00f3s \u00edamos para a cozinha preparar o prato que n\u00f3s quer\u00edamos comer, com os temperos que n\u00f3s quer\u00edamos colocar e dar um gosto brasileiro na comida, ou n\u00f3s ir\u00edamos comer aquilo que a Microsoft queria vender para a gente.\u00a0 Prevaleceu, simplesmente, a ideia da liberdade.<\/em><\/em>“<\/p>\n<\/blockquote>\n

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A 2\u00ba parte do v\u00eddeo foca naquela ideia que aqui falamos desde os prim\u00f3rdios: de que as corpora\u00e7\u00f5es correm atr\u00e1s do velho lucro e tentam impedir a cultura de ser livre<\/strong>. A\u00ed entram diversas falas para ilustrar os argumentos, especialmente dos defensores da cultura livre\/digital. Destaque para os dizeres sempre l\u00facidos\/viajantes de Gilberto Gil: “as corpora\u00e7\u00f5es come\u00e7am a se defrontar com o fantasma do custo zero, e a\u00ed o capitalismo entra em parafuso, onde \u00e9 que n\u00f3s vamos ganhar dinheiro?<\/em>“.<\/p>\n

E do p\u00f3s-tudo Cl\u00e1udio Prado:<\/p>\n

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O Brasil \u00e9 o remix total. Por isso que quando bateu aqui as pontas dessa nova realidade colaborativa que estava pra nascer no mundo, ela encontra um terreno extremamente f\u00e9rtil no Brasil, e por isso se explica a demanda por uma pol\u00edtica p\u00fablica de banda larga<\/em>“.<\/p>\n<\/blockquote>\n

O racioc\u00ednio impl\u00edcito da fala de Prado pode ser: se o Brasil j\u00e1 anda tomando a frente mundial em diversas frentes pr\u00f3-cultura livre e digital com uma banda larga de quando muito 1 mega (!) que temos – que nem a todos lugares chega, e quando chega ainda pode ser muito caro<\/a> – imagina quando se tiver um plano de acesso \u00e0 rede decente, barato e acess\u00edvel a (quase) todos, como j\u00e1 acontece em muitos lugares do mundo, como em Portugal<\/a>, e se quer implantar aqui atrav\u00e9s do Plano Nacional de Banda Larga<\/a>, ainda que com muitas\u00a0restri\u00e7\u00f5es\u00a0de velocidade<\/a>, locais e pre\u00e7os.<\/p>\n

N\u00e3o vamos entrar em mais detalhes aqui que \u00e9 para tu n\u00e3o deixar de querer o v\u00eddeo no final desse post. Independente de qualquer “tomada de partido” poss\u00edvel da narrativa, vale dizer que o curta\u00a0n\u00e3o se furta em mostrar as quest\u00f5es pol\u00edticas por tr\u00e1s da cultura digital, ainda mais salientes nesse momento de Trevas de Hollanda (e tamb\u00e9m nisso ele ajuda a ver como, de fato, estamos regredindo com o MinC 2011).<\/p>\n

Remixofagia \u00e9 um pequeno e necess\u00e1rio manifesto sobre a cultura digital brasileira, daqueles que convers\u00e1vamos serem importantes para o Brasil deixar de ser apenas case <\/em>dos docs dos outros e produzir a sua (uma?) vis\u00e3o sobre “essa coisa toda que t\u00e1 a\u00ed” que ora costumamos chamar de cultura digital, ora de cultura livre, ora ambas e outras coisas mais.<\/p>\n

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P.s: Vale lembrar que o v\u00eddeo est\u00e1 em Creative Commons licen\u00e7a – termos 3.0 n\u00e3o adaptada<\/a>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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