{"id":4636,"date":"2011-03-31T16:04:53","date_gmt":"2011-03-31T16:04:53","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=4636"},"modified":"2011-03-31T16:04:53","modified_gmt":"2011-03-31T16:04:53","slug":"a-historia-dos-telecentros-no-brasil-em-livro","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/03\/31\/a-historia-dos-telecentros-no-brasil-em-livro\/","title":{"rendered":"A hist\u00f3ria dos Telecentros no Brasil em livro"},"content":{"rendered":"
H\u00e1 poucos dias foi disponibilizado para download o livro Inclus\u00e3o Digital – Viv\u00eancias Brasileiras<\/strong>, do historiador paulista Maur\u00edcio Falavigna. A obra tinha sido lan\u00e7ada semana passada, dia 24 de mar\u00e7o, pelo autor durante sua palestra no XXI F\u00f3rum de Tecnologias da Informa\u00e7\u00e3o e Comunica\u00e7\u00e3o<\/a> (TIC). Esse tipo de F\u00f3rum ocorre mensalmente desde fevereiro de 2009 e \u00e9 organizado pela Empresa de Tecnologia e Informa\u00e7\u00f5es da Previd\u00eancia Social (Dataprev<\/a>), em Bras\u00edlia. Todas as edi\u00e7\u00f5es anterioes s\u00e3o disponibilizadas em cadernos de debate<\/a>. Na \u00faltima edi\u00e7\u00e3o, o evento trouxe as experi\u00eancias brasileiras e os desafios que est\u00e3o colocados \u00e0 inclus\u00e3o digital brasileira.<\/p>\n Falavigna n\u00e3o s\u00f3 escreveu sobre a inclus\u00e3o digital com foco nos telecentros do Brasil como tamb\u00e9m atuou no processo. Foi diretor-executivo do projeto de telecentros Sampa.org<\/a>, do Instituto de Pol\u00edticas P\u00fablicas Florestan Fernandes<\/a> em S\u00e3o Paulo de agosto de 2000 at\u00e9 2010. O projeto serviu de piloto para o que viria a ser a pol\u00edtica de implementa\u00e7\u00e3o dos Telecentros na cidade de S\u00e3o Paulo<\/a> e no resto do pa\u00eds. Atualmente, o autor \u00e9 coordenador do P\u00f3lo Regional Sul<\/a> do Telecentros.BR.<\/p>\n Em oito cap\u00edtulos, \u00e9 feito um balan\u00e7o desses dez anos dos esfor\u00e7os pela sempre necess\u00e1ria, e nunca maldita como alguns pensam, inclus\u00e3o digital<\/a>. Como ocorreu na virada do mil\u00eanio, o livro traz toda a evolu\u00e7\u00e3o dos esfor\u00e7os civis e governamentais pela democratiza\u00e7\u00e3o do acesso \u00e0 rede, que come\u00e7ou com os Telecentros brasileiros – ou infocentros – que s\u00e3o locais de acesso \u00e0 internet e de utiliza\u00e7\u00e3o de outros recursos de inform\u00e1tica. Abertos a uma comunidade local, os telecentros oferecem cursos e, principalmente, uso livre dos equipamentos por um tempo determinado, em geral com orientadores para poss\u00edveis aux\u00edlios ao usu\u00e1rio.<\/p>\n Leia um trecho das 250 p\u00e1ginas pra ter uma no\u00e7\u00e3o de como foi discutir as tecnologias da informa\u00e7\u00e3o, que come\u00e7avam a chegar, com quem mal tinha outros direitos b\u00e1sicos:<\/p>\n Educadores formais miravam as m\u00e1quinas e o futuro com desconfian\u00e7a, educadores populares olhavam mais as redes do que as m\u00e1quinas, aquelas desconhecidas… Planejadores e administradores de pol\u00edticas p\u00fablicas, entre outros, imaginavam a governan\u00e7a eletr\u00f4nica, a democracia eletr\u00f4nica, ouvidorias on-line, desburocratiza\u00e7\u00e3o e servi\u00e7os mais \u00e1geis, enquanto a sociedade civil verificava formas de ampliar a transpar\u00eancia administrativa. Mas a pergunta inevitavelmente surgia: para quem? Tudo era urgente e necess\u00e1rio, os movimentos sociais mais tradicionais pareciam necessitar de auto-reflex\u00e3o, moderniza\u00e7\u00e3o, readapta\u00e7\u00e3o.<\/em><\/p>\n Descendo aos estratos mais terrenos e pessoais das conviv\u00eancias, muitos dos atores sociais acima descritos tinham dificuldade de explicar em que estavam trabalhando para seus amigos e familiares \u2013 \u201cah, inclus\u00e3o digital, Internet para todos etc<\/strong>.\u201d E as respostas n\u00e3o tardavam, pareciam engatilhadas: \u201cmas l\u00e1 no Cap\u00e3o Redondo, l\u00e1 no Santa Marta, l\u00e1 na Restinga? Se faltam escolas, postos de sa\u00fade, lazer, saneamento, transporte e tudo o mais?\u201d<\/strong><\/em>. <\/strong>\u00c9, era sempre por l\u00e1 mesmo. Onde faltava tudo<\/strong>.<\/em><\/p>\n E para quem ia trilhando desde cedo aqueles caminhos de barro, era impressionante perceber como todas as demandas e debates iam confluindo naturalmente: cidadania e tecnologia, moradia e Internet, lazer e conhecimento, espa\u00e7os de aprendizagem e espa\u00e7os pol\u00edticos. Perceb\u00edamos que as mudan\u00e7as trazidas pelas novas tecnologias traziam em seu cerne discuss\u00f5es fundamentais sobre a inser\u00e7\u00e3o do cidad\u00e3o brasileiro na Sociedade do Conhecimento.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n Espa\u00e7os similares aos de S\u00e3o Paulo surgiram no mesmo ano, 2001, em Porto Alegre (RS), Bel\u00e9m (PA), Salvador (BA), Belo Horizonte (BH), Bras\u00edlia (DF). A partir da organiza\u00e7\u00e3o deles, ocorreram anualmente em cada cidade as nove Oficinas para Inclus\u00e3o Digital<\/a> – f\u00f3runs de debates reunindo pessoas e institui\u00e7\u00f5es que contribu\u00edam para o acesso a inform\u00e1tica. Ap\u00f3s algumas edi\u00e7\u00f5es do evento, \u00e9 oficializado o programa federal Telecentros.Br<\/a> em 2009, tornando obrigat\u00f3rio o uso de softwares livres nas unidades, e o Plano Nacional de Banda Larga<\/a> em meados de 2010, com objetivo de popularizar a internet r\u00e1pida.<\/p>\n Tamb\u00e9m \u00e9 relatado o processo de implanta\u00e7\u00e3o dos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRCs<\/a>), em 2006, que s\u00e3o unidades que reciclam equipamentos descartados e os doam a entidades, escolas e telecentros; culminando com a constru\u00e7\u00e3o do Observat\u00f3rio Nacional de Inclus\u00e3o Digital (Onid<\/a>) – projeto do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnol\u00f3gicos (IPSO<\/a>) junto com Minist\u00e9rio do Planejamento – que mapeia, acompanha e avalia as a\u00e7\u00f5es de inclus\u00e3o digital.<\/p>\n Claro que pra surgir esse monte de institui\u00e7\u00f5es muita gente teve que se puxar e fazer muita coisa. E \u00e9 a\u00ed que entre os textos hist\u00f3ricos – e as vezes at\u00e9 pessoais – de Falavigna est\u00e3o intercalados entrevistas, fotos e depoimentos de agentes que fizeram parte dos telecentros. De acordo com o autor, “em dezembro de 2010, 8083 telecentros espalhados pelo Brasil figuram no Mapa do Observat\u00f3rio. O Sudeste \u00e9 a regi\u00e3o com mais manchas de unidades, detendo 44% dos telecentros brasileiros, seguido pela regi\u00e3o Nordeste que aparece com 25%. O Sul possui 14%, o Centro-Oeste 10% e a regi\u00e3o Norte figura com 7% dos centros de Inclus\u00e3o Digital.”<\/p>\n A riqueza do material do livro se d\u00e1 por, dentre outras coisas, mostrar uma luta que \u00e9 muito mais por inclus\u00e3o social do que propriamente digital, ao permitir que a popula\u00e7\u00e3o que n\u00e3o pode pagar por um computador ou por internet tenha acesso \u00e0s informa\u00e7\u00f5es da rede. Se tu quiser saber minuciosamente como foi e est\u00e1 sendo esse grande processo, acessa o livro a\u00ed embaixo, que estar\u00e1 na nossa Biblioteca a partir de hoje.<\/p>\n [scribd id=73749199 key=key-ji80d8f36we2ktxc3i8 mode=list]<\/p>\n<\/a><\/p>\n
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