{"id":4359,"date":"2011-06-16T16:09:23","date_gmt":"2011-06-16T16:09:23","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=4359"},"modified":"2011-06-16T16:09:23","modified_gmt":"2011-06-16T16:09:23","slug":"saudacoes-membros-da-otan-nos-somos-anonymous","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/06\/16\/saudacoes-membros-da-otan-nos-somos-anonymous\/","title":{"rendered":"Sauda\u00e7\u00f5es, membros da OTAN. N\u00f3s somos Anonymous."},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

E o Anonymous ataca novamente. O bravo e misterioso grupo de hackers-ativistas mandou, no dia\u00a05 de junho, um sinal para a cada vez mais famigerada Organiza\u00e7\u00e3o do Tratado do Atl\u00e2ntico Norte (OTAN<\/a>) em forma de uma\u00a0carta aberta<\/a>\u00a0–\u00a0de mesmo t\u00edtulo deste post –\u00a0dirigida aos 28 pa\u00edses membros da organiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Foi uma (das) resposta(s) a um rascunho de relat\u00f3rio publicado pela OTAN no come\u00e7o do m\u00eas que citava o terr\u00edvel Anonymous<\/a> como um grupo que possa conter poss\u00edveis “terroristas”.<\/p>\n

No documento de nome “Informa\u00e7\u00e3o e Seguran\u00e7a Nacional<\/a>“, o relator geral do Reino Unido, Lord Jopling, diz que “not everything carried out under the ‘transparency label<\/em>‘ is necessarily good for the government and its people<\/em>” – nem tudo realizado sob a “etiqueta da transpar\u00eancia” \u00e9 necessariamente bom para o governo e seu povo, em tradu\u00e7\u00e3o ligeira.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, o documento classifica o hacktivismo como uma ciber amea\u00e7a contra estados e, em particular, \u00e0 OTAN. Destaca o Anonymous como o mais proeminente desses grupos, descrevendo sua ascens\u00e3o em f\u00f3runs de imagens e seu apoio ao Wikileaks<\/a>.<\/p>\n

[youtube http:\/\/www.youtube.com\/watch?v=WpwVfl3m32w&w=480&h=390]<\/p>\n

Uma carta do Anonymous, em 9 de dezembro de 2010<\/em><\/p>\n

Mas os motivos cruciais geradores do texto foram dois: a invas\u00e3o dos servidores da empresa de tecnologia de seguran\u00e7a HBGary em fevereiro; e os t\u00edpicos ataques de nega\u00e7\u00e3o de servi\u00e7o (DDoS<\/a>) ao site da C\u00e2mara de Com\u00e9rcio dos EUA<\/a> em maio.<\/p>\n

A primeira a\u00e7\u00e3o foi um contra-ataque \u00e0 empresa<\/a> que ajudava o FBI a identificar membros do grupo. O segundo ato foi uma consequencia do apoio da C\u00e2mara ao projeto PROTECT IP Act<\/a>, que permitiria ao Departamento de Justi\u00e7a estadunidense for\u00e7ar mecanismos de buscas a bloquearem sites que infringissem o Copyright.<\/p>\n

As investidas do Anonymous a sites de empresas, governos, pol\u00edticos ou pol\u00edcias em defesa da privacidade para os cidad\u00e3os e de leis de “propriedade intelectual” mais brandas est\u00e3o resultando na ca\u00e7a de seus membros. \u00c9 o que tem acontecido no Reino Unido<\/a>, na Espanha<\/a> e mais recentemente na Turquia<\/a>, que busca instalar um sistema com filtros<\/a> para o acesso \u00e0 internet.<\/p>\n

Mas \u00e9 claro que n\u00e3o se desmembra assim t\u00e3o facilmente uma rede sigilosa e descentralizada, sem l\u00edderes aparentes\u00a0ou n\u00famero determinado de integrantes, como o Anonymous. A batalha vai longe, pode escrever.<\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

O texto da OTAN ainda conta um pouco sobre as origens do coletivo, que come\u00e7ou nos f\u00f3runs de imagens 4chan<\/a> e 711chan<\/a>,\u00a0onde as postagens podem ser feitas de forma totalmente an\u00f4nima. Segundo uma grande mat\u00e9ria do El Pa\u00eds<\/a>, eles s\u00f3 come\u00e7aram a ser mais organizados a partir do site Why We Protest<\/a>.<\/p>\n

Uma das primeiras a\u00e7\u00f5es ocorreu em 2008, quando o foco dos “ataques” se deu sobre a Igreja da Cientologia. O motivo: a iniciativa da Igreja em remover um v\u00eddeo com uma entrevista de Tom Cruise<\/a>, sob alega\u00e7\u00e3o de viola\u00e7\u00e3o de copyright. \u00a0Como\u00a0disse o grupo<\/a>, “While the video itself was not enough to spark interest, the untamed aggression of the Church of Scientology to remove it did<\/em>” – “enquanto o v\u00eddeo em si n\u00e3o foi suficiente para despertar interesse, a agress\u00e3o selvagem da Igreja da Cientologia em remov\u00ea-lo foi”, em tradu\u00e7\u00e3o tosca.<\/p>\n

[Nesse quesito, vale olhar\u00a0a se\u00e7\u00e3o de\u00a0liberdade de informa\u00e7\u00e3o<\/a>\u00a0do site “Why We Protest”<\/em>.]<\/p>\n

Como o relat\u00f3rio da OTAN tinha afirma\u00e7\u00f5es anti-democr\u00e1ticas que v\u00e3o de encontro a filosofia aberta do Anonymous, o grupo redigiu o texto no estilo do personagem que lhe empreta “rosto”: V, do filme V de Vin\u00e7an\u00e7a<\/a> – baseado numa<\/a> hist\u00f3ria em quadrinhos, inspirada na vida do soldado Guy Fawkes<\/a>, uma esp\u00e9cie de Tiradentes ingl\u00eas.<\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

A mensagem, traduzida pelo caderno Link, se assemelha muito ao empolgante discurso<\/a> do longa de 2006, e funciona quase como outros “editorais” do grupo – a carta endere\u00e7ada \u00e0 Mark Zuckerberg<\/a>\u00a0do Facebook, aos usu\u00e1rios da Internet<\/a>\u00a0e\u00a0aos cidad\u00e3os do mundo<\/a>, dentre outras.<\/p>\n

Leia, reproduza, reflita, discuta.<\/p>\n

\n

\u201cEm uma recente publica\u00e7\u00e3o, voc\u00eas destacaram o Anonymous como amea\u00e7a ao \u2018governo e ao povo\u2019. Voc\u00eas tamb\u00e9m alegaram que sigilo \u00e9 \u2018um mal necess\u00e1rio\u2019 e que transpar\u00eancia nem sempre \u00e9 o caminho certo a seguir.<\/em><\/p>\n

O Anonymous gostaria de lembr\u00e1-los que o governo e o povo s\u00e3o, ao contr\u00e1rio do que dizem os supostos fundamentos da \u2018democracia\u2019, entidades distintas com objetivos e desejos conflitantes, \u00e0s vezes. A posi\u00e7\u00e3o do Anonymous \u00e9 a de que, quando h\u00e1 um conflito de interesses entre o governo e as pessoas, \u00e9 a vontade do povo que deve prevalecer. A \u00fanica amea\u00e7a que a transpar\u00eancia oferece aos governos \u00e9 a amea\u00e7a da capacidade de os governos agirem de uma forma que as pessoas discordariam<\/strong>, sem ter que arcar com as consequ\u00eancias democr\u00e1ticas e a responsabiliza\u00e7\u00e3o por tal comportamento<\/strong>.<\/em><\/p>\n

Seu pr\u00f3prio relat\u00f3rio cita um perfeito exemplo disso, o ataque do Anonymous \u00e0 HBGary (empresa de tecnologia ligada ao governo norte-americano). Se a HBGary estava agindo em nome da seguran\u00e7a ou do ganho militar \u00e9 irrelevante \u2013 suas a\u00e7\u00f5es foram ilegais e moralmente repreens\u00edveis. O Anonymous n\u00e3o aceita que o governo e\/ou \u00a0os militares tenham o direito de estar acima da lei e de usar o falso clich\u00ea da \u2018seguran\u00e7a nacional\u2019 para justificar atividades ilegais e enganosas.<\/strong> Se o governo deve quebrar as leis, ele deve tamb\u00e9m estar disposto a aceitar as consequ\u00eancias democr\u00e1ticas disso nas urnas. N\u00f3s n\u00e3o aceitamos o atual status quo em que um governo pode contar uma hist\u00f3ria para o povo e outra em particular. Desonestidade e sigilo comprometem completamente o conceito de auto govern<\/strong>o. Como as pessoas podem julgar em quem votar se elas n\u00e3o estiverem completamente conscientes de quais pol\u00edticas os pol\u00edticos est\u00e3o realmente seguindo?<\/strong><\/em><\/p>\n

Quando um governo \u00e9 eleito, ele se diz \u2018representante\u2019 da na\u00e7\u00e3o que governa. Isso significa, essencialmente, que as a\u00e7\u00f5es de um governo n\u00e3o s\u00e3o as a\u00e7\u00f5es das pessoas do governo, mas que s\u00e3o a\u00e7\u00f5es tomadas em nome de cada cidad\u00e3o daquele pa\u00eds<\/strong>. \u00c9 inaceit\u00e1vel uma situa\u00e7\u00e3o em que as pessoas est\u00e3o, em muitos casos, totalmente n\u00e3o cientes do que est\u00e1 sendo dito e feito em seu nome \u2013 por tr\u00e1s de portas fechadas.<\/em><\/p>\n

Anonymous e Wikileaks s\u00e3o entidades distintas. As a\u00e7\u00f5es do Anonymous n\u00e3o tiveram ajuda\u00a0nem foram requisitadas pelo WikiLeaks. No entanto, Anonymous e WikiLeaks compartilham um atributo comum: eles n\u00e3o s\u00e3o uma amea\u00e7a a organiza\u00e7\u00e3o alguma \u2013 a menos que tal organiza\u00e7\u00e3o esteja fazendo alguma coisa errada e tentando fugir dela.<\/em><\/p>\n

N\u00f3s n\u00e3o desejamos amea\u00e7ar o jeito de viver de ningu\u00e9m. N\u00f3s n\u00e3o desejamos ditar nada a ningu\u00e9m. N\u00f3s n\u00e3o desejamos aterrorizar qualquer na\u00e7\u00e3o.<\/em><\/p>\n

N\u00f3s apenas queremos tirar o poder investido e d\u00e1-lo de volta ao povo \u2013 que, em uma democracia, nunca deveria ter perdido isso, em primeiro lugar.<\/em><\/p>\n

O governo faz a lei. Isso n\u00e3o d\u00e1 a eles o direito de viol\u00e1-las. Se o governo n\u00e3o estava fazendo nada clandestinamente ou ilegal, n\u00e3o haveria nada \u2018embara\u00e7oso\u2019 sobre as revela\u00e7\u00f5es do WikiLeaks<\/strong>, nem deveria haver um esc\u00e2ndalo vindo da HBGary. Os esc\u00e2ndalos resultantes n\u00e3o foram um resultado das revela\u00e7\u00f5es do Anonymous ou \u00a0do WikiLeaks, eles foram um resultado do conte\u00fado dessas revela\u00e7\u00f5es. E a responsabilidade pelo conte\u00fado deve recair somente na porta dos pol\u00edticos que, como qualquer entidade corrupta, ingenuinamente acreditam que est\u00e3o acima da lei e que n\u00e3o seriam pegos.<\/em><\/p>\n

Muitos coment\u00e1rios do governo e das empresas est\u00e3o sendo dedicados a \u201ccomo eles podem evitar tais vazamentos no futuro\u201d. Tais recomenda\u00e7\u00f5es v\u00e3o desde melhorar a seguran\u00e7a, at\u00e9 baixar os n\u00edveis de autoriza\u00e7\u00e3o de acesso a informa\u00e7\u00f5es;\u00a0desde de penas mais duras para os denunciantes, at\u00e9 a censura \u00e0 imprensa.<\/em><\/p>\n

Nossa mensagem \u00e9 simples: n\u00e3o mintam para o povo e voc\u00eas n\u00e3o ter\u00e3o que se preocupar sobre suas mentiras serem expostas. N\u00e3o fa\u00e7am acordos corruptos que voc\u00eas n\u00e3o ter\u00e3o que se preocupar sobre sua corrup\u00e7\u00e3o sendo desnudada. N\u00e3o violem as regras e voc\u00eas n\u00e3o ter\u00e3o que se preocupar com os apuros que enfrentar\u00e3o por causa disso.<\/em><\/strong><\/p>\n

N\u00e3o tentem consertar suas duas caras escondendo uma delas. Em vez disso, tentem ter s\u00f3 um rosto \u2013 um honesto, aberto e democr\u00e1tico.<\/em><\/p>\n

Voc\u00eas sabem que voc\u00eas n\u00e3o nos temem porque somos uma amea\u00e7a para a sociedade. Voc\u00eas nos temem porque n\u00f3s somos uma amea\u00e7a \u00e0 hierarquia estabelecida<\/strong>. O Anonymous vem provando nos \u00faltimos que uma hierarquia n\u00e3o \u00e9 necess\u00e1ria para se atingir o progresso \u2013 talvez o que voc\u00eas realmente temam em n\u00f3s seja a percep\u00e7\u00e3o de sua pr\u00f3pria irrelev\u00e2ncia em uma era em que a depend\u00eancia em voc\u00eas foi superada. Seu verdadeiro terror n\u00e3o est\u00e1 em um coletivo de ativistas, mas no fato de que voc\u00eas e tudo aquilo que voc\u00eas defendem, pelas mudan\u00e7as e pelo avan\u00e7o da tecnologia, s\u00e3o, agora, necessidades excedentes<\/strong>.<\/em><\/p>\n

Finalmente, n\u00e3o cometam o erro de desafiar o Anonymous. N\u00e3o cometam o erro de acreditar que voc\u00eas podem cortar a cabe\u00e7a de uma cobra decapitada. Se voc\u00ea corta uma cabe\u00e7a da Hidra, dez outras cabe\u00e7as ir\u00e3o crescer em seu lugar. Se voc\u00ea cortar um Anon, dez outros ir\u00e3o se juntar a n\u00f3s por\u00a0pura raiva de voc\u00eas atropelarem quem se coloca contra voc\u00eas<\/strong>.<\/em><\/p>\n

Sua \u00fanica chance de enfrentar o movimento que une todos n\u00f3s \u00e9 aceit\u00e1-lo. Esse n\u00e3o \u00e9 mais o seu mundo. \u00c9 nosso mundo \u2013 o mundo do povo.<\/em><\/p>\n

Somos o Anonymous.<\/em><\/p>\n

Somos uma legi\u00e3o.<\/em><\/p>\n

N\u00e3o perdoamos.<\/em><\/p>\n

N\u00e3o esquecemos.<\/em><\/p>\n

Esperem por n\u00f3s\u2026\u201d<\/em><\/p>\n

\n<\/blockquote>\n

Cr\u00e9dito das Imagens: 1<\/a>, video<\/a>, 2<\/a>, 3<\/a>.<\/p>\n

[Marcelo De Franceschi]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

E o Anonymous ataca novamente. O bravo e misterioso grupo de hackers-ativistas mandou, no dia\u00a05 de junho, um sinal para a cada vez mais famigerada Organiza\u00e7\u00e3o do Tratado do Atl\u00e2ntico Norte (OTAN) em forma de uma\u00a0carta aberta\u00a0–\u00a0de mesmo t\u00edtulo deste post –\u00a0dirigida aos 28 pa\u00edses membros da organiza\u00e7\u00e3o. Foi uma (das) resposta(s) a um rascunho […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":8013,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[161,122,91],"tags":[503,650,321,556,199,651,147,652,191,653,654,655,656,657,658,171,659,660,661,144,662,663,570,169],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4359"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=4359"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/4359\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=4359"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=4359"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=4359"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=4359"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}