{"id":3893,"date":"2010-12-27T10:58:39","date_gmt":"2010-12-27T10:58:39","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=3893"},"modified":"2010-12-27T10:58:39","modified_gmt":"2010-12-27T10:58:39","slug":"mf-remix-encerra-o-ciclo-copy-right-2-0","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2010\/12\/27\/mf-remix-encerra-o-ciclo-copy-right-2-0\/","title":{"rendered":"M\/F Remix encerra o ciclo copy, right? 2.0"},"content":{"rendered":"

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No terceiro e \u00faltimo dia do Ciclo Copy, Right? 2.0, o BaixaCultura e o Macondo Cineclube<\/a>, ligado ao\u00a0Clube de Cinema Fora do Eixo<\/a>,\u00a0tem o prazer de apresentar “M\/F Remix”, fic\u00e7\u00e3o lan\u00e7ada (ou melhor, em tour<\/em> de lan\u00e7amento) neste ano\u00a0dirigida por\u00a0Jy-ah Min e\u00a0produzida por Jean-Pierre Gorin.<\/p>\n

A primeira coisa a dizer sobre “M\/F” \u00e9 que ele n\u00e3o tem nada a ver com os outros dois filmes do ciclo. Primeiro pelo (\u00f3bvio) fato de que ele \u00e9 uma fic\u00e7\u00e3o, e n\u00e3o um document\u00e1rio; n\u00e3o h\u00e1 aqui entrevistas nem discuss\u00f5es sobre a cultura livre, o remix e os direitos autorais, mas sim uma narrativa sobre o cotidiano tipicamente 2010 de um casal de estudantes universit\u00e1rios da Calif\u00f3rnia.<\/p>\n

Mas e porqu\u00ea ele est\u00e1 no ciclo, perguntariam aqueles que buscam crit\u00e9rios objetivos (ou quase) para algumas escolhas. Bueno, “M\/F” est\u00e1 porque, na nossa vis\u00e3o, ele \u00e9 um exemplar pr\u00e1tico<\/em> de todas aquelas discuss\u00f5es que est\u00e3o nos outros dois filmes do ciclo. \u00c9 como se fosse uma ilustra\u00e7\u00e3o de como o remix<\/em> pode ser aplicado no cinema.<\/p>\n

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Junto com a narrativa “convencional” (veja o filme e voc\u00ea entender\u00e1 as aspas) do casal da California h\u00e1 trechos selecionados do cl\u00e1ssico Masculino Feminino<\/a> (1966, cartaz acima), um Jean-Luc Godard do auge da\u00a0Nouvelle Vague<\/em>, a primeira – e mais palat\u00e1vel<\/a> – fase \u00a0do diretor franc\u00eas.<\/p>\n

Ambas as narrativas, a do filme de 1966 e a de M\/F Remix, dialogam constantemente. O casal da California de hoje discute a rela\u00e7\u00e3o complexa que os une, a de serem colegas de quarto, em tempos de Facebook, Iphone e Youtube conectando tudo, enquanto que Paul e Madeleine, o duo franc\u00eas, discute a vida, o amor e o sexo nos caf\u00e9s da Fran\u00e7a charmosa e pop dos anos 1960.<\/p>\n

Ambientes diferentes, tempos diferentes, mas que, colocados lado a lado e com a ajuda de outros elementos inseridos no filme pelo diretor Jy-ah Min,\u00a0constroem um outro tipo de discurso, que d\u00e1 luz sobre o entendimento e a viv\u00eancia nos dois per\u00edodos – que, afinal de contas, n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o diferentes quanto se imagina.<\/p>\n

“M\/F Remix” foi lan\u00e7ado em junho de 2010 e teve sua primeira exibi\u00e7\u00e3o internacional no Festival Fid de Marselha<\/a>, seguindo carreira (ainda em atividade) em outros festivais mundo afora.\u00a0Esta sess\u00e3o no Macondo Cineclube ser\u00e1 a 2\u00ba exibi\u00e7\u00e3o p\u00fablica do M\/F Remix no Brasil; a primeira foi no\u00a0F\u00f3rum da Cultura Digital 2010<\/a>, evento que aconteceu em novembro deste ano, em S\u00e3o Paulo, no qual Jean-Pierre Gorin – que, vale lembrar, foi parceiro de\u00a0Jean-Luc Godard nos anos 60 e 70, quando criaram juntos o experimental grupo\u00a0Dziga Vertov<\/a> –\u00a0palestrou e exibiu o filme.<\/p>\n

Veja o trailer:<\/p>\n

[youtube=http:\/\/www.youtube.com\/watch?v=CZcRV38uu14&feature=player_embedded]<\/p>\n

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*<\/p>\n

Falemos agora um poquito m\u00e1s sobre a ter\u00e7a-feira passada, 21\/12, quando foi exibido “RIP: A Remix Manifesto”, no ciclo. A primeira lembran\u00e7a da exibi\u00e7\u00e3o passada \u00e9 a do calor \u00a0– talvez ressaltada pelo clima que faz agora enquanto este texto est\u00e1 sendo escrito, ou talvez n\u00e3o. O Macondo Lugar, com um probleminha no ar condicionado, estava bastante abafado numa Santa Maria habitualmente calorenta. Su\u00e1vamos enquanto v\u00edamos o filme, mas ficamos felizes em constatar que esse abafume n\u00e3o foi suficiente para que as pessoas presentes arredassem o p\u00e9 antes da exibi\u00e7\u00e3o acabar.<\/p>\n

A discuss\u00e3o p\u00f3s-filme rendeu bons papos, salientados pelos fatos recentes \u00e0 \u00e9poca (e tamb\u00e9m \u00e0 hoje tamb\u00e9m) da escolha do nome da nova<\/a> Ministra da Cultura do Brasil, Ana de Hollanda (foto abaixo), e da bizarra a\u00e7\u00e3o da “Opera\u00e7\u00e3o Hollywood” em Santa Maria<\/a>.<\/p>\n

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A primeira entrou quando o assunto foi os direitos autorais e o temor de uma “reca\u00edda” da reforma encabe\u00e7ada pelo MinC<\/a>, haja vista a impress\u00e3o (inicial, \u00e9 verdade) de que a futura ministra \u00e9 uma amiga do atraso e da manuten\u00e7\u00e3o das inadequadas leis atuais de direito autoral brasileira. Impress\u00e3o essa que se deu basicamente por coisas como a estranha e saliente presen\u00e7a do s\u00edmbolo do “copyright” no site oficial<\/a> de Ana (que tamb\u00e9m \u00e9 cantora), a sua perigosa amizade com Fernando Brant e Ronaldo Bastos<\/a>, figuras que pregam o conservadorismo pr\u00f3-status quo do direito autoral, e declara\u00e7\u00f5es como a de que “\u00e9 preciso rever tudo”, dizendo coisas como<\/a>:<\/p>\n

Temos de trabalhar dentro da legisla\u00e7\u00e3o. O Brasil \u00e9 signat\u00e1rio de conven\u00e7\u00f5es internacionais e n\u00e3o pode ser uma coisa radical, de uma hora para outra. Essa flexibiliza\u00e7\u00e3o, de uma certa forma, j\u00e1 existe. Voc\u00ea pode autorizar ceder sua m\u00fasica, e isso a lei j\u00e1 permite<\/em>.”<\/p>\n

Apesar do medo, ficou das conversas a expectativa e a torcida de que essas primeiras impress\u00f5es sejam s\u00f3 isso mesmo, primeiras (e erradas) impress\u00f5es. Se n\u00e3o forem… bueno, ent\u00e3o prepare-se para a batalha.<\/p>\n

Esse debate sobre o MinC, que \u00e0 primeira vista pode parecer deslocado do contexto do filme, foi suscitado por conta de um dos trechos da parte final de RIP, que fala do Brasil quase como uma utopia da recombina\u00e7\u00e3o, uma Eldorado do remix onde o creative commons e outras iniciativas pr\u00f3-flexibiliza\u00e7\u00e3o dos direitos autorais tem lugar cativo e privilegiado. A justificativa dada para isso \u00e9 interessante (embora j\u00e1 conhecida por n\u00f3s): a origem do brasileiro \u00e9 remix <\/em>total, um am\u00e1lgama de diversas ra\u00e7as (Al\u00f4 antrop\u00f3logos, existe isso de ra\u00e7a mesmo?) e gentes das mais diferentes origens que por aqui se acharam e se criaram.<\/p>\n

Dessa natureza remixada do brasileiro estaria sua maior propens\u00e3o para compreender a recombina\u00e7\u00e3o e tudo o que nela se encaixa, da flexibiliza\u00e7\u00e3o do direito autoral (via creative commons e reforma da lei proposta pelo MinC) \u00e0 imers\u00e3o da cultura digital na cultura popular (via Pontos e Pont\u00f5es de Cultura), passando ainda pela cria\u00e7\u00e3o de ritmos novos francamente pr\u00f3-remix, como o funk carioca e o tecnobrega paraense.<\/p>\n

Sem entrar em mais delongas, d\u00e1 pra dizer que essa discuss\u00e3o \u00e9 bastante interessante e continuar\u00e1 permeando os nossos textos (como j\u00e1 aconteceu recentemente, nessa cita\u00e7\u00e3o das falas<\/a> de Eduardo Viveiros de Castro), porque \u00e9 o t\u00edpico caso de (aparente) conversa de boteco que pode explicar O Mundo – e que, portanto, merece nossa aten\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Para finalizar este j\u00e1 longo post, temos de dizer:\u00a0Rip est\u00e1\u00a0dispon\u00edvel para download<\/a> no esquema “pague quanto quiser”, modelo popularizado com o Radiohead e seu\u00a0In Rainbows<\/a> (que, veja s\u00f3, foi lan\u00e7ado no long\u00ednquo 10 de outubro de 2007). O arquivo est\u00e1 em diversos formatos, mas sem legendas. Se tu \u00e9 como a maioria um pouco mais acomodado e quer tudo prontinho, o blog Laranja Psicod\u00e9lica\u00a0disponibiliza o filme j\u00e1 com legendas<\/a> (em portugu\u00eas) no mesmo arquivo, em DVD Rip, cinco partes no Megaupload. Quer mais uma op\u00e7\u00e3o? tem\u00a0todo o filme no Youtube<\/a>, em 9 partes, tamb\u00e9m j\u00e1 legendado.<\/p>\n

***<\/p>\n

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Retomando o servi\u00e7o da 3\u00b0 sess\u00e3o do ciclo:
\n\u201cM\/F Remix\u201d<\/strong> \u2013 Ciclo Copy, right? 2.0
\nDire\u00e7\u00e3o: Jy-ah Min \u00a0(2010, 137min)<\/em>
\n 28\/12, Ter\u00e7a-Feira, 20h

\nMacondo Lugar<\/a>, 643, Centro, Santa Maria-RS<\/em><\/p>\n

**<\/em><\/p>\n

Atualiza\u00e7\u00e3o 17\/01<\/strong>:<\/p>\n

O M\/F Remix est\u00e1 dispon\u00edvel para download em torrent. Clique aqui para baixar o arquivo torrent, e aqui<\/a> para pegar a legenda em portugu\u00eas.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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