{"id":3821,"date":"2010-11-09T08:48:30","date_gmt":"2010-11-09T08:48:30","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=3821"},"modified":"2010-11-09T08:48:30","modified_gmt":"2010-11-09T08:48:30","slug":"guia-para-o-forum-da-cultura-digital-2010-1","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2010\/11\/09\/guia-para-o-forum-da-cultura-digital-2010-1\/","title":{"rendered":"Guia para o F\u00f3rum da Cultura Digital 2010"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

\u00c0 esta altura – em que o blog “oficial”<\/a>, a hashtag<\/a> e mesmo o BaixaCultura<\/a> j\u00e1 andam inflando a divulga\u00e7\u00e3o – tu j\u00e1 deve estar sabendo muito bem que o F\u00f3rum da Cultura Digital Brasileira 2010 vai acontecer na pr\u00f3xima semana, de segunda a quarta, 15 a 17 de novembro, na Cinemateca (foto acima).<\/p>\n

J\u00e1 deve, inclusive, saber que na programa\u00e7\u00e3o vai ter tanta coisa que \u00e9 preciso que se fa\u00e7a um “Entenda a programa\u00e7\u00e3o<\/a>” para que ningu\u00e9m se perca entre os mais de 300 convidados a apresentar experi\u00eancias\/redes\/oficinas no evento e as diversas atividades paralelas que comp\u00f5e os pelo menos seis espa\u00e7os do F\u00f3rum.<\/p>\n

Se olhou com alguma aten\u00e7\u00e3o, j\u00e1 deve entender que um dos editores deste blog est\u00e1 algo envolvido com o F\u00f3rum, o que, para o olhar de alguns, o torne um pouco suspeito para falar do evento.<\/p>\n

Apesar disso, tu vai ler aqui que o F\u00f3rum da Cultura Digital 2010 – A Rede das Redes vai ser um evento fundamental para a cultura digital brasileira de hoje e dos pr\u00f3ximos anos.\u00a0Pelo menos a diversidade vai estar presente:\u00a0bolivianos, argentinos, colombianos, europeus, norte-americanos, amazonidas, cearenses, ga\u00fachos, uruguaios, africanos, espanh\u00f3is, finlandeses… O mundo, como disse ontem no twitter Rodrigo Savazoni<\/a>, um dos que est\u00e3o na linha de frente da organiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

*<\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

J\u00e1 que a programa\u00e7\u00e3o \u00e9 grande e o tempo cada vez mais curto, fazemos a partir de agora um esfor\u00e7o para compilar o que, na nossa nobre e nada isenta vis\u00e3o, vai de acontecer de melhor no F\u00f3rum. Come\u00e7amos neste primeiro post pelo que vem antes do come\u00e7o, ou seja, pelo\u00a0F\u00f3rum Internacional Geopol\u00edtica da Cultura e da Tecnologia<\/a>.<\/p>\n

Iniciativa do soci\u00f3logo Laymert Garcia dos Santos<\/a> (Unicamp) e de Gilberto Gil, o F\u00f3rum de Geopol\u00edtica acontece de\u00a0quinta feira (depois de amanh\u00e3, 11\/11) \u00e0 s\u00e1bado 13\/11, na mesma Cinemateca<\/a> que vai receber o outro f\u00f3rum a partir da pr\u00f3xima segunda. A programa\u00e7\u00e3o<\/a> conta com diversos pensadores do mundo inteiro, em especial dos chamados BRICS (sigla para Brasil, R\u00fassia, \u00cdndia, China e \u00c1frica do Sul), para pensar a rela\u00e7\u00e3o entre a tecnologia, a cultura e a geopol\u00edtica global.<\/p>\n

O evento todo vai ser transmitido em streaming pelo site. D\u00e1 pra destacar a participa\u00e7\u00e3o do membro da European Patent Office Konstantinos Karachalios<\/a>, o indiano Lawrence Liang<\/a> – que vai estar na mesa com o interessante nome de “H\u00e1 outras l\u00f3gicas al\u00e9m da estrat\u00e9gia ocidental de acelera\u00e7\u00e3o total econ\u00f4mica e tecnol\u00f3gica?”<\/em>, na sexta-feira, das 14h \u00e0s 17h30,\u00a0o l\u00edder ind\u00edgena do Peru Sa\u00fal Puerta Pe\u00f1ado, da Asociaci\u00f3n Inter\u00e9tica de desarollo de la selva peruana<\/a>, e em especial do antrop\u00f3logo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro<\/a>, que participar\u00e1 da mesa “Como se configuram hoje as estrat\u00e9gias de controle?”<\/em> no s\u00e1bado \u00e0 tarde, das 14h \u00e0s 17h30.<\/p>\n

Viveiros de Castro \u00e9 nome especial para entender o Brasil hoje e sempre, vide a excelente entrevista com ele que est\u00e1 no livro Cultura Digital<\/a>. Charla que<, por sinal, este blog n\u00e3o pode deixar de aproveitar a chance de citar tr\u00eas trechos lidos, relidos e sublinhados (no livro impresso):<\/p>\n

\n

Outro dia, conversando com amigos, algu\u00e9m falava sobre como o capitalismo tinha mudado no mundo todo, sobre o sistema de controle da m\u00e3o-de-obra do capitalismo moderno, a precariza\u00e7\u00e3o, informaliza\u00e7\u00e3o etc. E a\u00ed algu\u00e9m lembrou que isso sempre existiu no Brasil. E eu fiquei pensando, sempre disseram que o Brasil era o pa\u00eds do futuro, iria ser o grande pa\u00eds do futuro. Coisa nenhuma, o futuro \u00e9 que virou Brasil.<\/strong> O Brasil n\u00e3o chegou ao futuro, foi o contr\u00e1rio. Para o bem ou para o mal, agora tudo \u00e9 Brasil. \u00a0(p.83)<\/em><\/p>\n

Qual \u00e9 o modelo t\u00edpico, a trajet\u00f3ria t\u00edpica do intelectual brasileiro (ou, ali\u00e1s, norte-americano tamb\u00e9m)? \u00c9 o menino de prov\u00edncia,nascido na cidade pequena, e que est\u00e1 o tempo todo sonhando com o Rio de Janeiro ou S\u00e3o Paulo. Esse modelo do sujeito que espera o suplemento dominical do jornal como se fosse a B\u00edblia, a h\u00f3stia, que encomenda livros da capital, meses a fio \u00e0 espera das not\u00edcias culturais da metr\u00f3pole. \u00c9ramos todos meninos do interior; inclusive os cariocas e paulistas \u2013 nossa metr\u00f3pole era estrangeira, apenas. Isso acabou. Hoje tudo est\u00e1 dado. Voc\u00ea descarrega livro, pega tudo.<\/strong> H\u00e1 uma democratiza\u00e7\u00e3o gigantesca, desde que voc\u00ea tenha um computador de banda larga, que no Brasil talvez se expanda com esse projeto do governo de pontos de inclus\u00e3o digital, quiosques digitais, que \u00e9 uma coisa interessante, treinar jovens de pequenas cidades do interior para operar internet. H\u00e1 esse problema da perda da diferen\u00e7a, da estandartiza\u00e7\u00e3o,mas \u00e9 aquela coisa: fica tudo igual, mas algumas diferen\u00e7as s\u00e3o potencializadas ao mesmo tempo em que outras se equalizam. (p.87)<\/em><\/p>\n

O Creative Commons est\u00e1 tentando consagrar do ponto de vista jur\u00eddico o processo de hibridiza\u00e7\u00e3o, a antropofagia, o saque positivo, osaque como instrumento de cria\u00e7\u00e3o. Est\u00e3o tentando fazer com que o saque e a d\u00e1diva possam se articular. Eu sampleio e dou, n\u00e3o \u00e9 \u201ceu sampleio e vendo, vou ficar rico\u201d, a ideia \u00e9 \u201csampleio, mas tamb\u00e9m dou\u201d, um processo em que saque e d\u00e1diva se tornam, de alguma maneira, mutuamente implicados um no outro. A cita\u00e7\u00e3o, que \u00e9 o dispositivo modernista por excel\u00eancia de cria\u00e7\u00e3o, \u00e9 na verdade o reconhecimento de que n\u00e3o h\u00e1 cria\u00e7\u00e3o absoluta, a cria\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 teol\u00f3gica, ex nihilo<\/a>, voc\u00ea sempre cria a partir de algo que j\u00e1 existe<\/strong>. Como a famosa frase do Chacrinha: \u201cNada se cria, tudo se copia\u201d. E como se sabe, nada se copia igualzinho, ao se copiar sempre se cria, quanto mais igual se quer fazer mais diferente acaba ficando<\/strong>: a \u201ccontribui\u00e7\u00e3o milion\u00e1ria de todos os erros\u201d<\/strong>, dizia Oswald de Andrade, darwinista infuso. Foi de tanto falar latim que os europeus acabaram falando portugu\u00eas, franc\u00eas, espanhol…(p.92)
\n<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

 <\/p>\n

**<\/p>\n

\"Poster<\/a><\/p>\n

Ao fim do F\u00f3rum de Geopol\u00edtica e no in\u00edcio do F\u00f3rum de Cultura Digital acontece “Futur\u00edvel”, show desde j\u00e1 hist\u00f3rico que contar\u00e1 com a participa\u00e7\u00e3o de Gilberto Gil<\/a>, Macaco Bong<\/a>, DJ Tudo<\/a>, a\u00a0Banda de Pife Princesa do\u00a0Agreste<\/a>, de Caruaru, acompanhado de proje\u00e7\u00f5es do\u00a0VJ Scan<\/a>. Tudo tamb\u00e9m transmitido via streaming, atrav\u00e9s do site oficial do show<\/a>.<\/p>\n

Descontando algum ran\u00e7o poss\u00edvel com o instrumental da Macaco Bong, provavelmente hoje uma das bandas que mais faz show no Brasil, o show vale pela promessa de reedi\u00e7\u00e3o do repert\u00f3rio da fase mais roqueira de Gil, circa Expresso 2222<\/a>, quando era acompanhado por ent\u00e3o m\u00fasicos de rock como Lanny Gordin (Baixo e Guitarra), Bruce Henry (Baixo), Antonio Perna (Piano e Selesta) e Tutty Moreno (Bateria e Percuss\u00e3o)\u2013 lan\u00e7ando-os em experimentos com o forr\u00f3, reggae, funk, samba e outros g\u00eaneros, segundo nos diz o release <\/a>da apresenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

[Inclusive, “Futur\u00edvel”, o nome do show, \u00e9\u00a0t\u00edtulo de uma can\u00e7\u00e3o sua de 1969<\/a>, que juntava as palavras \u201cfuturo poss\u00edvel\u201d e j\u00e1 sinalizava a sua constante tematiza\u00e7\u00e3o da tecnologia, exemplificada tamb\u00e9m em “Pela Internet<\/a>“, provavelmente a primeira m\u00fasica brasileira a falar de internet no pa\u00eds, composta em 1996, apenas UM ano do in\u00edcio da internet comercial no Brasil]<\/p>\n

A expectativa \u00e9 que, com Futur\u00edvel, Gil possa levantar voo de vez naquilo que vem se ensaiando devagar nos seus \u00faltimos discos e torne a ser um artista relevante para as novas gera\u00e7\u00f5es, colocando sua antena pop calejada de hist\u00f3ria para captar o presente e unir com aquilo que de melhor ele j\u00e1 fez (e sabe fazer) em outros tempos, de modo parecido ao que Caetano<\/a> conseguiu fazer nos \u00faltimos discos, C\u00ea e Zii e Zie.<\/p>\n

**<\/p>\n

Nossa ideia era fazer tamb\u00e9m um guia detalhado das diversas programa\u00e7\u00f5es<\/a> do F\u00f3rum da Cultura Digital 2010, mas o tempo n\u00e3o deixou que isso fosse feito decentemente, al\u00e9m do fato que o blog do evento<\/a> j\u00e1 d\u00e1 conta de guiar o participante do F\u00f3rum e informar aquele que vai acompanhar o evento de casa, via streaming (para esses, alerta-se que n\u00e3o s\u00e3o todos os espa\u00e7os que ser\u00e3o transmitidos, mas sim dois: Semin\u00e1rio Internacional e Experi\u00eancias da Cultura Digital).<\/p>\n

A\u00ed v\u00e3o tr\u00eas indica\u00e7\u00f5es esparsas de coisas a se notar no F\u00f3rum:<\/p>\n

_ \u00a0Experi\u00eancias da Cultura Digital<\/a>, na Sala Petrobr\u00e1s (capacidade de cerca de 110 lugares), um grande mosaico de experi\u00eancias relacionadas \u00e0 cultura digital.\u00a0O grande barato desse espa\u00e7o \u00e9 a diversidade e a troca de ideias\/contatos\/etc que se dar\u00e3o a partir das apresenta\u00e7\u00f5es. Provavelmente, ser\u00e1 o espa\u00e7o mais din\u00e2mico do F\u00f3rum, e quem sabe o mais caloroso, ainda que n\u00e3o t\u00e3o badalado quanto outros;<\/p>\n

_ A mesa de abertura (14h, 15\/11) do Semin\u00e1rio Internacional<\/a>, por sua import\u00e2ncia hist\u00f3rica: “Cultura Digital oito anos depois, dez anos a frente<\/strong>“, que retoma um dos primeiros encontros que Gilberto Gil e John Perry Barlow tiveram, no M\u00eddia T\u00e1tica 2003<\/a>, para fazer um balan\u00e7o evolutivo da cultura digital e pensar ideias para os pr\u00f3ximos anos;<\/p>\n

_ No mesmo Semin\u00e1rio Internacional, a mesa que encerra a programa\u00e7\u00e3o de segunda-feira (19h), Perspectivas Criativas da Cultura Digital<\/strong> , com Vincent Moon (La Blogotheque) e HD Mabuse (C.E.S.A.R). Vale olhar antes o La Blogotheque<\/a>, p\u00e1gina em que Vincent Moon despeja seus v\u00eddeos amalucados feitos em todos os cantos do mundo;<\/p>\n

No mais, fica a dica de circular bastante pelo evento, conhecer as pessoas, puxar umas conversas nos caf\u00e9s e levar pessoas interessantes aos botecos das redondezas, porque dizem que \u00e9 assim que as coisas funcionam.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u00c0 esta altura – em que o blog “oficial”, a hashtag e mesmo o BaixaCultura j\u00e1 andam inflando a divulga\u00e7\u00e3o – tu j\u00e1 deve estar sabendo muito bem que o F\u00f3rum da Cultura Digital Brasileira 2010 vai acontecer na pr\u00f3xima semana, de segunda a quarta, 15 a 17 de novembro, na Cinemateca (foto acima). J\u00e1 […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":7562,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[88,122,87],"tags":[462,207,147,434,463,464,327,465],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3821"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3821"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3821\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3821"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3821"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3821"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=3821"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}