{"id":3777,"date":"2010-11-03T08:57:26","date_gmt":"2010-11-03T08:57:26","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=3777"},"modified":"2010-11-03T08:57:26","modified_gmt":"2010-11-03T08:57:26","slug":"pausa-para-laerte","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2010\/11\/03\/pausa-para-laerte\/","title":{"rendered":"Pausa para Laerte"},"content":{"rendered":"
Interrompemos a programa\u00e7\u00e3o normal do blog para um coment\u00e1rio especial sobre um assunto “da moda”.<\/p>\n
Semana passada saiu uma interessante entrevista do Laerte para o Ig Moda<\/a>, na qual ele fala sobre Crossdressing<\/a> \u2013 pr\u00e1tica que adotou desde o fim 2008, quando come\u00e7ou a fazer uma s\u00e9rie de tirinhas chamada Eu, Travesti<\/a>. \u00c9 f\u00e1cil pensar que ele virou gay (\u00e9 bissexual assumido j\u00e1 faz algum tempo) ou que ele est\u00e1 rid\u00edculo (algu\u00e9m de outra cultura pode dizer que me visto de maneira rid\u00edcula, e vice-versa), ou que ele est\u00e1 com a cara de uma tia, dar risada e acabou. Mas, al\u00e9m desses julgamentos prontos, se se prestar mais aten\u00e7\u00e3o, pode se ver uma boa reflex\u00e3o que ele est\u00e1 produzindo. Um conflito intelectual proporcionado n\u00e3o s\u00f3 em algumas pessoas, mas nele tamb\u00e9m.<\/p>\n .<\/p>\n Tendo j\u00e1 contribu\u00eddo bastante para a arte sequencial do Brasil, Laerte poderia se acomodar e continuar compondo qualquer besteira, da mesma maneira que in\u00fameros m\u00fasicos depois do auge fazem. Entretanto, n\u00e3o \u00e9 o que ocorre. Sua produ\u00e7\u00e3o \u00e9 cont\u00ednua dos anos 1970 at\u00e9 hoje. Ele acaba de lan\u00e7ar um livro novo, “Muchacha”, que pode ser lido na \u00edntegra em seu blog<\/a>, o Manual do Minotauro, onde publica quase todos os dias. E como consequ\u00eancia direta de sua incurs\u00e3o pelo guarda-roupa feminino, j\u00e1 foi criado um blog inteiro<\/a> s\u00f3 com incont\u00e1veis tirinhas sobre seu personagem crossdresser \u2013 Hugo\/Muriel, que Laerte j\u00e1 assumiu como sendo seu alter-ego. A partir dele e de si pr\u00f3prio, Laerte est\u00e1 mixando dois g\u00eaneros e materializando questionamentos que uma minoria gostaria de poder expressar, ou expressa e n\u00e3o tem repercuss\u00e3o. Parece buscar inspira\u00e7\u00e3o na complexidade que \u00e9 ser mulher, se afundando na lingerie<\/a> feito Arnaldo Baptista<\/a>, para tentar entender este universo oposto ao seu, enquanto usa sua notoriedade, talvez sem querer, para dar visibilidade \u00e0 liberdade.<\/p>\n .<\/p>\n<\/a><\/p>\n
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