{"id":3727,"date":"2011-08-30T14:14:08","date_gmt":"2011-08-30T14:14:08","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=3727"},"modified":"2023-01-24T09:23:55","modified_gmt":"2023-01-24T12:23:55","slug":"el-plagio-literario-de-kevin-perromat","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2011\/08\/30\/el-plagio-literario-de-kevin-perromat\/","title":{"rendered":"El Pl\u00e1gio Liter\u00e1rio de Kevin Perromat"},"content":{"rendered":"
Entre as buscas incessantes efetuadas na web e os links que pipocam a todo instante, eis que as vezes surgem alguns endere\u00e7os que nos transportam para lugares maravilhosos. Um desses lugares foi “El Pl\u00e1gio Liter\u00e1rio”. Trata-se de uma p\u00e1gina com um vasto material sobre as rela\u00e7\u00f5es entre a propriedade intelectual e a produ\u00e7\u00e3o art\u00edstica, com \u00eanfase nas c\u00f3pias descaradas da literatura hisp\u00e2nica. Em cada se\u00e7\u00e3o, encontra-se uma rica bibliografia aliada a um contexto hist\u00f3rico, sempre com algumas imagens. D\u00e1 pra passar umas boas horas l\u00e1<\/a> e ainda assim n\u00e3o ter visto tudo.<\/p>\n A p\u00e1gina traz um amplo (e p\u00f5e amplo nisso) panorama do questionamento a respeito da produ\u00e7\u00e3o da arte contempor\u00e2nea, o que exigiu tamb\u00e9m trazer uma defini\u00e7\u00e3o de pl\u00e1gio n\u00e3o somente jur\u00eddica, mas tamb\u00e9m uma revis\u00e3o hist\u00f3rica dos conceitos de pl\u00e1gio. Mais ou menos isso encontramos na se\u00e7\u00e3o “Que \u00e9s El Pl\u00e1gio?<\/a>“,\u00a0 em que constam defini\u00e7\u00f5es para pl\u00e1gio de dicion\u00e1rios espanhol, franc\u00eas e ingl\u00eas dizendo quase a mesma coisa:\u00a0 c\u00f3pia ou apresenta\u00e7\u00e3o de uma obra ou de uma ideia alheia como se fossem pr\u00f3prias. Mais ou menos porque n\u00e3o espere achar uma defini\u00e7\u00e3o definitiva, \u00fanica.<\/p>\n S\u00e3o apresentados diversos conceitos, alguns bem pobres – como os da lei espanhola e da conven\u00e7\u00e3o universal de Genebra de 1952 – e outros bem aprofundados, como os (claro) da Semi\u00f3tica<\/a>, com quatro ind\u00edcios que podem autenticar um pl\u00e1gio, e os da Cr\u00edtica Liter\u00e1ria<\/a>, com uma tabela classificat\u00f3ria dos tipos de c\u00f3pia liter\u00e1ria.<\/p>\n Escher, um plagiador?<\/p><\/div>\n A longu\u00edssima se\u00e7\u00e3o “Hist\u00f3ria do Pl\u00e1gio<\/a>“, al\u00e9m de portar muitos kilobytes de texto, \u00e9 ilustrada com (muitos) arquivos remetendo \u00e0 Antiguidade, ao per\u00edodo antes da imprensa, \u00e0 “Gal\u00e1xia de Gutemberg”, ao direito moderno e \u00e0s ultimas tend\u00eancias – em que o pl\u00e1gio tem “sido uma pe\u00e7a sempre presente no mecanismo de produ\u00e7\u00e3o art\u00edstica”, apesar de “seu peso relativo ter sido sempre escasso no discurso sobre a cria\u00e7\u00e3o art\u00edstica ou sobre o status do artista<\/em>“.<\/p>\n Igualmente interessante \u00e9 a Plagiadores Ilustres<\/a>, com uma lista de not\u00e1veis escritores hisp\u00e2nicos que praticaram ou foram acusados de plagiadores do mal. Aqui est\u00e3o baluartes como Miguel de Cervantes, Pablo Neruda e Gabriel Garc\u00eda Marquez, s\u00f3 pra ficar nos mais conhecidos.<\/p>\n [Ali\u00e1s, a acusa\u00e7\u00e3o de Garcia Marquez ter plagiado outro autor rendeu um efeito curioso. Em 2002, na II Feria Internacional do Livro da Guatemala<\/a>, o escritor colombiano Fernando Vallejo reafirmou que o coronel Aureliano Buend\u00eda, que fabricava peixinhos de ouro em “Cem Anos de Solid\u00e3o”, era c\u00f3pia de um personagem de Honor\u00e9 de Balzac, da novela “B\u00fasqueda del infinito”, que buscava fabricar um diamante. Tais acusa\u00e7\u00f5es serviram de mote para o I Concurso de Pl\u00e1gio Criativo<\/a> de Cem Anos de Solid\u00e3o, promovido pela Escola de Escritores em 2003<\/a>.]<\/p>\n O Copyleft, edi\u00e7\u00f5es piratas (t\u00e3o prol\u00edficas no Per<\/a>u<\/a>, lar do Nobel 2010 Mario Vargas Llosa<\/a>), os autores coletivos (como o Wu Ming<\/a>), os fandoms<\/a> (que merecem um post nosso pra j\u00e1), e o mais radical copyFight \u00e9 falado na parte “F\u00e9nomenos Conexos y Desaf\u00edos<\/a>“. Embora n\u00e3o pare\u00e7a muito diferente do copyleft, o copyFight se assemelha mais a um anticopyright, cujos defensores “arguyen razones humanitarias, y se\u00f1alan evidencias objetivas que, en su opini\u00f3n, muestran una evoluci\u00f3n irrevocable hacia una (re)utilizaci\u00f3n no limitada ni jerarquizadas de las obras intelectuales, entre ellas las art\u00edstica<\/em>s”.<\/p>\n “El Pl\u00e1gio” tamb\u00e9m conta com os j\u00e1 cl\u00e1ssicos geradores de pl\u00e1gio, al\u00e9m de links a outros sites que que tratam do assunto. Na se\u00e7\u00e3o Plagioteca<\/a> h\u00e1 links para o LORQVIANA – um gerador de poesias com versos do poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca<\/a> -, o “navegador po\u00e9tico” Badosa.com<\/a> e, inclusive, para um site\u00a0 focado na ideia de fazer experimentos po\u00e9ticos com tradutores autom\u00e1ticos<\/a>, passando a escrita para o ingl\u00eas e depois para a l\u00edngua original. Boas indica\u00e7\u00f5es constam ainda em Enlaces<\/a>.<\/p>\n Outra se\u00e7\u00e3o imperd\u00edvel \u00e9 a com cita\u00e7\u00f5es de escritores<\/a> que se referem ao pl\u00e1gio. Uma das melhores \u00e9 a do argentino Ernesto Sabato<\/a>, falecido esse ano, presente no livro “O escritor e seus fantasmas”:<\/p>\n “Qu\u00ea, querem uma originalidade absoluta? N\u00e3o existe. Nem em arte nem em nada. Tudo se constr\u00f3i sobre o anterior, e em nada humano \u00e9 poss\u00edvel encontrar pureza. Os deuses gregos tamb\u00e9m eram h\u00edbridos e estavam “infectados” por religi\u00f5es orientais ou eg\u00edpcias. Tamb\u00e9m Faulkner prov\u00e9m de Joyce, de Huxley, de Balzac, de Dostoievski. H\u00e1 p\u00e1ginas em “O som e a f\u00faria” que parecem plagiadas de Ulisses. H\u00e1 um fragmento de “O Moinho de Flos” em que uma mulher experimentava um chap\u00e9u diante de um espelho: \u00e9 Proust. Quer dizer, o germe de Proust. Todo o resto \u00e9 desenvolvimento. Desenvolvimento genial, quase canceroso, mas mesmo assim desenvolvimento<\/em>.”<\/p>\n<\/blockquote>\n Prof. Dr. Kevin Perromat, o curador de El Pl\u00e1gio.<\/p><\/div>\n J\u00e1 deu pra notar que esse po\u00e7o de conte\u00fado \u00e9 resultado de uma pesquisa minuciosa sobre o tema. Todo o material foi reunido pelo professor espanhol Kevin Perromat August\u00edn (foto acima), doutor pela Universidade Paris Sorbonne Paris-IV, com uma ajuda do especialista em lingu\u00edstica computacional \u00d3scar Garc\u00eda Marchena e da tradutora Cristina Quintana D\u00e9niz.<\/p>\n O pesquisador defendeu sua tese<\/a> de mais de 700 p\u00e1ginas nomeada “El plagio en las literaturas hisp\u00e1nicas: historia, teor\u00eda y pr\u00e1ctrica<\/em>” em 13 de novembro\u00a0de 2010. Outras produ\u00e7\u00f5es acad\u00eamicas<\/a> dele podem ser baixadas no site. Conversamos brevemente com Kevin via e-mail e o resultado est\u00e1 aqui abaixo, acompanhado de sua bela tese de douturado.<\/p>\n Quem sabe algu\u00e9m n\u00e3o (re)aproveita o material e investiga o pl\u00e1gio nos campos da m\u00fasica, do audiovisual, e\/ou de outras artes ?\u00a0 E se por um acaso algu\u00e9m j\u00e1 esteja fazendo isso, nos avise pois teremos o maior prazer em conhecer e divulgar.<\/p>\n Desde quando come\u00e7ou a se interessar por pl\u00e1gio?<\/strong><\/p>\n Me intereso en el plagio desde hace bastante tiempo, aproximadamente desde que estudiaba en la Univesidad de Sevilla, hace unos diez a\u00f1os. Como muchos amantes de la literatura, a veces tambi\u00e9n escribo y me sorprend\u00eda repetir cosas (fragmentos, ideas, frases…) de autores que no hab\u00eda le\u00eddo, incluso literalmente. Esto me llev\u00f3 a preguntarme c\u00f3mo era posible; \u00bfexistir\u00eda un inconsciente colectivo literario que preformar\u00eda nuestros textos?, \u00bfser\u00edan simplemente los l\u00edmites del lenguaje literario? En otras palabras, \u00bfcu\u00e1l es la parte del individuo y de la sociedad en la creaci\u00f3n literaria? Mi investigaci\u00f3n ha sido un intento de responder a estas preguntas.<\/p>\n Quando come\u00e7ou o desenvolvimento do site?<\/strong><\/p>\n Cuando empec\u00e9 a investigar, Internet y las nuevas tecnolog\u00edas de transmisi\u00f3n del conocimiento no estaban muy desarrolladas. S\u00f3lo tuve acceso muy tard\u00edamente a trabajos e ideas que me hubieran sido de una enorme utilidad. Adem\u00e1s, hab\u00eda una gran cantidad de informaci\u00f3n digamos “interesada” sobre la cuesti\u00f3n que arrojaba mucha confusi\u00f3n. Por estas razones, decid\u00ed publicar lo m\u00e1s posible a medida que avanzaba en mis investigaciones, para poder compartir lo que descubr\u00eda e intentar sistematizar la informaci\u00f3n de la que disponemos. Durante estos a\u00f1os, las reacciones de los internautas me han sido muy provechosas.<\/p>\n Como foi fazer o\u00a0 doutorado? Ha sido una labor de investigaci\u00f3n muy compleja y larga, puesto que me ocupo de unos 3 milenios de historia de la Literatura en varias lenguas. Para dar una idea del trabajo realizado, simplemente dir\u00e9 que hay m\u00e1s de 500 referencias bibliogr\u00e1ficas. Me llev\u00f3 unos siete a\u00f1os de investigaci\u00f3n y cuatro a\u00f1os de redacci\u00f3n que culminaron en un trabajo de unas setecientas cincuenta p\u00e1ginas.<\/p>\n Como voc\u00ea v\u00ea a criminaliza\u00e7\u00e3o do pl\u00e1gio atualmente?<\/strong><\/p>\n Ante todo es necesario se\u00f1alar que desde una perspectiva estrictamente art\u00edstica o literaria el “plagio” no es m\u00e1s que un sin\u00f3nimo de “intertextualidad”, “parodia” u “homenaje”. Y, a pesar de las apariencias, tampoco es un concepto jur\u00eddico, donde lo correcto es hablar de “violaci\u00f3n del copyright”, “falsificaci\u00f3n” o “pirater\u00eda”. Lo que entendemos como “plagio” en la mayor\u00eda de las ocasiones es una “falsa autor\u00eda”. Ahora bien, desde las vanguardias del siglo pasado, el arte ya no es la expresi\u00f3n “aut\u00e9ntica y original” del artista. Warhol o Duchamp no entran dentro de estas categor\u00edas y en su d\u00eda fueron criticados tambi\u00e9n como falsos autores. Tachar de “plagio” una obra es como un espectador que contempla un cuadro de Arte Moderno y decide que es una estafa, porque no corresponde a sus prejuicios sobre lo que debe ser una obra de arte. En cualquier caso, las acusaciones y la criminalizaci\u00f3n del plagio obedecen siempre (siempre, insisto) a intereses particulares, con frecuencia corporativos.<\/p>\n Quais s\u00e3o os planos para agora, depois do doutorado? En la actualidad estoy trabajando en una versi\u00f3n reducida de la tesis con miras a una publicaci\u00f3n impresa. Tambi\u00e9n me intereso a algunas de las v\u00edas que quedaron abiertas durante la investigaci\u00f3n. Tradicionalmente las acusaciones de plagio han sido utilizadas para controlar la producci\u00f3n y difusi\u00f3n art\u00edstica y literaria; colectivos como las mujeres, minor\u00edas raciales, religiosas, herejes, y rivales ideol\u00f3gicos han sido el objetivo privilegiado; me parece extremadamente interesante analizar como los c\u00e1nones se han construido hist\u00f3ricamente a partir de los anti-modelos, los autores y artistas “deficitarios”, Por otro lado, el Plagiarismo, entendido como movimiento y propuesta apropiacionista extrema es de una especial relevancia en la era de la ciberliteratura y del arte digital. Estas son las dos principales v\u00edas de mi trabajo para el futuro.<\/p>\n<\/blockquote>\n [scribd id=73751189 key=key-j3467xb898meequfc3j mode=list]<\/p>\n Cr\u00e9dito das imagens: 1<\/a>, 2<\/a>.<\/p>\n [Marcelo De Franceschi]<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Entre as buscas incessantes efetuadas na web e os links que pipocam a todo instante, eis que as vezes surgem alguns endere\u00e7os que nos transportam para lugares maravilhosos. Um desses lugares foi “El Pl\u00e1gio Liter\u00e1rio”. Trata-se de uma p\u00e1gina com um vasto material sobre as rela\u00e7\u00f5es entre a propriedade intelectual e a produ\u00e7\u00e3o art\u00edstica, com […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":7946,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[488,126],"tags":[216,944,945,946,947,948,949,384,950,951,952,953,954,955,956,957,958,959,960,961,962,963,181,964,965,966,436,967,968,969,970,253,228,971,972,973,974,975,182],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3727"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3727"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3727\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":15148,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3727\/revisions\/15148"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3727"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3727"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3727"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=3727"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}<\/a><\/p>\n
<\/a>
\n
<\/a>
\n
\n<\/strong><\/p>\n
\n<\/strong><\/p>\n