{"id":3588,"date":"2010-09-16T12:18:43","date_gmt":"2010-09-16T12:18:43","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=3588"},"modified":"2010-09-16T12:18:43","modified_gmt":"2010-09-16T12:18:43","slug":"efemeride-remixada","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2010\/09\/16\/efemeride-remixada\/","title":{"rendered":"Efem\u00e9ride remixada"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a>.<\/p>\n

Ontem, dia 15 de setembro, o BaixaCultura completou dois anos.<\/p>\n

Quando completou seu primeiro ano, em 2009, fizemos at\u00e9 umas “Felicitaciones<\/a>“.<\/p>\n

Agora, com dois anos, melhor n\u00e3o. \u00c9 um pouco que nem namoro, onde a gente s\u00f3 comemora mesmo no primeiro ano.<\/p>\n

Como em 15 de setembro de 2009,\u00a0 novamente prometemos algumas mudan\u00e7as, editoriais e de layout. Dessa vez, elas j\u00e1 est\u00e3o em andamento.<\/p>\n

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Enquanto isso, saiu o e-book “Novos Jornalistas: para entender o jornalismo hoje<\/a>“, dispon\u00edvel aqui para download<\/a>. O livro \u00e9 uma colet\u00e2nea que\u00a0re\u00fane trinta e oito textos de profissionais da m\u00eddia brasileira (jornalistas e n\u00e3o jornalistas), que tratam de algumas novas habilidades que sup\u00f5em-se \u00fateis aos jornalistas “modernos”, depois de toda essa revolu\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica que j\u00e1 nem parece t\u00e3o revolu\u00e7\u00e3o de t\u00e3o embu\u00edda que est\u00e1 no nosso dia a dia.<\/p>\n

O e-book e o blog onde os textos foram postados inicialmente v\u00e3o ter uma vers\u00e3o em ingl\u00eas – ali\u00e1s, o blog em ingl\u00eas<\/a> j\u00e1 est\u00e1 com alguns textos, outros sendo traduzidos. Dos colaboradores, tem bastante gente interessante, como\u00a0Ana Brambilla<\/a>, Marcelo Costa<\/a>, Rodrigo Savazoni<\/a>, Jos\u00e9 Murilo Junior<\/a>, Sergio Vilas Boas<\/a>, Tiago Doria<\/a>, Andr\u00e9 Deak<\/a>, dentre outros. \u00a0Um dos textos da colet\u00e2nea foi escrito por n\u00f3s. Por conta disso, disponibilizamos ele aqui abaixo, com ligeiras modifica\u00e7\u00f5es para o da colet\u00e2nea. Disfrute, e se quiser mais baixe o e-book.<\/p>\n

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Jornalismo \u00e9 remix<\/strong><\/p>\n

A \u00a0recombina\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 nem nunca foi nenhuma novidade, mas sim uma pr\u00e1tica milenar que, agora, com a facilidade que a internet nos proporciona, tem sua a\u00e7\u00e3o potencializada aos montes. No jornalismo, ent\u00e3o, a recombina\u00e7\u00e3o \u00e9 parte insepar\u00e1vel de sua pr\u00e1tica desde sempre. Tanto nas t\u00e9cnicas empregadas quanto na dita produ\u00e7\u00e3o de seu conte\u00fado, o processo jornal\u00edstico se caracteriza por ser m\u00faltiplo e heterog\u00eaneo. Um sem n\u00famero de produ\u00e7\u00f5es, sejam elas grandes reportagens ou pequenas not\u00edcias, j\u00e1 foram feitas tendo como base estudos e pesquisas realizadas nos mais diversos campos do saber. Nada mais do que apresenta\u00e7\u00f5es de novas informa\u00e7\u00f5es, decorridas das transforma\u00e7\u00f5es naturais, reajustadas \u00e0s informa\u00e7\u00f5es previamente existentes. Recombina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Como diz Nilson Lage, professor aposentado da UFSC e das figuras que mais entendem de jornalismo nesse pa\u00eds, a pr\u00f3pria natureza do jornalismo requer recombina\u00e7\u00e3o. \u201cVejo o campo jornal\u00edstico como um campo pr\u00f3prio para a reutiliza\u00e7\u00e3o de conhecimentos de outros campos<\/em>. <\/em><\/strong>Ele toma das ci\u00eancias o que lhe conv\u00e9m<\/em>\u201d<\/strong>, <\/strong><\/em>disse o mestre<\/a> em seu twitter (que, por sinal, vale e muito a pena acompanhar<\/a>). O jornalismo, comumente um saber do imediato e do singular, n\u00e3o tem condi\u00e7\u00f5es de usar, de maneira aprofundada, o vasto e atemporal conhecimento das ci\u00eancias. O tempo em que ele \u00e9 praticado n\u00e3o permite essa extravag\u00e2ncia, por assim dizer, muito embora deva se buscar ao m\u00e1ximo esse objetivo sempre que for poss\u00edvel.<\/p>\n<\/blockquote>\n

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O jornalismo toma das ci\u00eancias aquilo que lhe \u00e9 poss\u00edvel aplicar no tempo em que \u00e9 feito. E esse poss\u00edvel \u00e9 nada mais que uma pequen\u00edssima parcela da filosofia aqui, uma outra da ling\u00fc\u00edstica ali, um tantinho da l\u00f3gica, outro tento de hist\u00f3ria e uma parcelinha de geografia (outras \u00e1reas podem ser utilizadas, a depender do assunto tratado; essas s\u00e3o as mais comuns). \u00c9 do \u201cremix\u201d dos pr\u00e9vios conhecimentos dessas \u00e1reas combinados com a mat\u00e9ria-prima da qual vive o jornalista \u2013 a informa\u00e7\u00e3o da atualidade – que vai ser produzido aquilo que sempre costumamos chamar de jornalismo.<\/p>\n

A constante interpreta\u00e7\u00e3o e atualiza\u00e7\u00e3o da informa\u00e7\u00e3o j\u00e1 existente, e agora digitalmente mais acess\u00edvel, tem se intensificado em frequ\u00eancia, e ao mesmo tempo em desafio. \u00c9 o que comentam outros pesquisadores e profissionais do jornalismo, como, por exemplo, Marcelo Trasel<\/a>, que aponta como um dos desafios do jornalismo de hoje o de “atualizar dados em mat\u00e9rias antigas, <\/em>que ficam dispon\u00edveis via buscadores<\/em><\/a>\u201d.<\/p>\n

Com todas as reportagens, not\u00edcias e opini\u00f5es poss\u00edveis dispon\u00edveis na internet, a maior dificuldade do(s) jornalismo(s) existente(s) parece ser a de tornar este emaranhado de informa\u00e7\u00e3o e opini\u00e3o em algo singular. Algo que seja ao mesmo tempo atrativo ao leitor e importante para a sociedade. Que seja novidade, mas que tamb\u00e9m n\u00e3o se restrinja s\u00f3 em ser a mais-nova-informa\u00e7\u00e3o-da-\u00faltima-hora, e sim que traga um m\u00ednimo necess\u00e1rio de aprofundamento. O que, por sua vez, evitaria o afogamento na hipernovidade desprovida de qualquer sentido, um dos males t\u00e3o ordin\u00e1rios hoje em nosso cotidiano recheado de links e esvaziado de significado.<\/p>\n

Uma das formas que o jornalismo tem para usar a seu favor nestes tempos ultramodernos \u00e9, justamente, a recombina\u00e7\u00e3o. Se existe tanta coisa assim para nos informar e nos deixar perdido, ent\u00e3o que aproveitemos esse contexto \u00edmpar na hist\u00f3ria para o cruzamento enlouquecido de informa\u00e7\u00f5es. Que com isso se busque significados que v\u00e3o al\u00e9m da superf\u00edcie e que se rompa as amarras da \u00faltima novidade para propor uma liga\u00e7\u00e3o firme com a vida presente de cada um.<\/p>\n

Para o jornalismo, a recombina\u00e7\u00e3o vale n\u00e3o s\u00f3 para a busca de informa\u00e7\u00e3o exclusiva, ainda e por muito tempo s\u00f3 obtida atrav\u00e9s de fontes confi\u00e1veis, mas tamb\u00e9m para o cruzamento da informa\u00e7\u00e3o que todo mundo tem com as mais variadas poss\u00edveis bases de dados. \u00c9 claro que para isso acontecer um monte de outras coisas devem aparecer (forma\u00e7\u00e3o adequada para o tratamento com bases de dados, informa\u00e7\u00f5es p\u00fablicas mais dispon\u00edveis e abertas a todos, iniciativas e financiamento para um trabalho jornal\u00edstico independente) e desaparecer (o preconceito de muitos com o maravilhoso mundo da inform\u00e1tica, o comodismo das reda\u00e7\u00f5es tomadas pelos crit\u00e9rios mercantis de noticiabilidade, a condi\u00e7\u00e3o de ass\u00e9dio moral tomada como praxe em muitas reda\u00e7\u00f5es).<\/p>\n

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Com tudo isso acontecendo (ou n\u00e3o), quem sabe n\u00e3o passamos a pensar na id\u00e9ia que o escritor William Gibson trouxe no texto “Confiss\u00f5es de um Plagiador”, que republicamos alguns meses atr\u00e1s<\/a>: A grava\u00e7\u00e3o, e n\u00e3o o remix, \u00e9 a anomalia hoje<\/strong>. O remix \u00e9 a verdadeira natureza do digital<\/strong>. Em outras palavras: \u00e9 a ess\u00eancia da comunica\u00e7\u00e3o dos nossos tempos. Nos arriscamos a dizer que o remix seria t\u00e3o \u201cnatureza\u201d do digital que nem mais haveria de existir uma distin\u00e7\u00e3o entre o pr\u00f3prio registro (objeto) e a recombina\u00e7\u00e3o (um processo). Tudo seria (e n\u00e3o \u00e9?) recombina\u00e7\u00e3o.<\/p>\n<\/blockquote>\n

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Cr\u00e9ditos das imagens: [1]<\/a>, [2]<\/a>
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