{"id":304,"date":"2008-10-26T13:54:11","date_gmt":"2008-10-26T13:54:11","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=304"},"modified":"2008-10-26T13:54:11","modified_gmt":"2008-10-26T13:54:11","slug":"de-e-livros-e-livros","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2008\/10\/26\/de-e-livros-e-livros\/","title":{"rendered":"De e-livros e livros"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/a><\/p>\n

\u00c9 vis\u00edvel, a\u00a0livre distribui\u00e7\u00e3o e consumo de literatura na rede ainda n\u00e3o alcan\u00e7ou\u00a0a mesma din\u00e2mica\u00a0que o tr\u00e1fego de arquivos de som e v\u00eddeo, e o que talvez \u00e0 primeira vista possa n\u00e3o passar de um reflexo da fr\u00e1gil educa\u00e7\u00e3o brazuca possui pra mim uma causa mais imediata e ao mesmo tempo de mais f\u00e1cil rem\u00e9dio: o formato<\/strong>.<\/p>\n

[Abro em meu computador a pasta de ib\u00faks e reparo na profus\u00e3o de peixes fora d’\u00e1gua, livros que s\u00e3o apenas isso, livros, m\u00eddias da\u00a0idade da imprensa perdidas no espa\u00e7o da tela, e\u00a0n\u00e3o tenho paci\u00eancia pro inc\u00f4modo de lidar com aquelas p\u00e1ginas e volto a este texto.]<\/p>\n

H\u00e1 por um lado e evidentemente iniciativas como o Dossi\u00ea Deleuze<\/a>, das quais\u00a0n\u00e3o se poderia mesmo\u00a0cobrar coisal\u00e9m dos scans das obras [repara que est\u00e3o l\u00e1 inclusive\u00a0os livros\u00a0caprichados da editora 34, gloriosamente gr\u00e1tis], e \u00e9 o caso\u00a0na verdade\u00a0de tirar o chap\u00e9u para a disposi\u00e7\u00e3o\u00a0de se catalogar e disponibilizar um acervo pirata t\u00e3o variado e cuidadoso.\u00a0<\/p>\n

Mas para mim o dossi\u00ea consegue funcionar apenas como espa\u00e7o de refer\u00eancia, nunca de leitura integral, e a iniciativa assim\u00a0me\u00a0diz algo\u00a0sobre\u00a0o problema\u00a0do formato, e\u00a0me diz\u00a0que o problema\u00a0reside em\u00a0etapas anteriores\u00a0ao consumo\u00a0das obras,\u00a0reside\u00a0na\u00a0produ\u00e7\u00e3o e\u00a0na distribui\u00e7\u00e3o,\u00a0os pontos do processo onde se encontram autores e editores. A escassa leitura de livros na rede fala portanto da indisposi\u00e7\u00e3o dos autores\u00a0de escreverem para<\/strong> esse\u00a0espa\u00e7o [e, ah,\u00a0abandonarem as prateleiras e a longo prazo as tra\u00e7as], ou do desinteresse das editoras em explorarem esse tipo de produto.<\/p>\n

Entre os escritores as excess\u00f5es, e entre as excess\u00f5es gostaria de destacar o poeta Marcelo Sahea<\/a>, que estreou em 2001\u00a0com o\u00a0e-livro ‘ejs<\/strong> [15 mil downloads em 1 ano, esgotado]. \u00c0 estr\u00e9ia se seguiu carne viva<\/strong>, e-livro que depois virou livro e, esgotado, voltou ao formato original\u00a0[download aqui<\/a>], e de onde o poema visual que abre este texto foi tirado.\u00a0Na sequ\u00eancia\u00a0veio leve <\/strong>(2006), em livro, que Marcelo pretende jogar na rede assim que esgotar.<\/p>\n

[Mas baixa l\u00e1 o carne viva<\/strong> antes de continuarmos. \u00c9 que talvez o livro ganhe uma reedi\u00e7\u00e3o e saia do ar, e s\u00f3 volte quando novamente esgotado. “A id\u00e9ia \u00e9 deix\u00e1-lo acess\u00edvel. Se n\u00e3o tem no mercado, tu baixa. Se tem, compra e me ajuda”, palavra do autor.]<\/p>\n

O livro de Sahea tu l\u00ea assim que baixa, e at\u00e9 o fim. O formato das p\u00e1ginas \u00e9 ideal [elas abrem inteiras na tela<\/strong>] e a metragem do livro, adequad\u00edssima. S\u00f3 a tua pregui\u00e7a pode te impedir de l\u00ea-lo inteiro, de uma vez.\u00a0Tamb\u00e9m a\u00a0imagina\u00e7\u00e3o veloz e altamente visual do poeta transformam a obra num produto perfeito, a come\u00e7ar de que sei que\u00a0Marcelo n\u00e3o se ofender\u00e1 com a palavra produto. Visual<\/em> \u00e9\u00a0mesmo uma boa palavra para o livro, objeto pensado para a visibilidade, prazer dos olhos.<\/p>\n

Como tamb\u00e9m o s\u00e3o, no caso das editoras,\u00a0os\u00a0discos-para-ler\u00a0da Mojo Books<\/a>.\u00a0O ponto de partida da\u00a0editora [100% virtual] \u00e9 a pergunta: se um disco fosse um livro, que hist\u00f3ria contaria? E independente da resposta a pergunta aponta para duas caracter\u00edsticas de que todo o seu cat\u00e1logo se beneficiar\u00e1: a popularidade\u00a0da can\u00e7\u00e3o\u00a0e, ele novamente, o formato,\u00a0nesse caso de cd.<\/p>\n

Funciona assim: tu te cadastra pra baixar os livros [os singles, ou comix] e pra enviar material tamb\u00e9m. Nesse caso, escolhe um disco [ou m\u00fasica, para escrever um single] e segue as orienta\u00e7\u00f5es [as obras n\u00e3o devem fazer qualquer refer\u00eancia direta aos discos e\u00a0devem obedecer a um limite espec\u00edfico de caracteres, por exemplo].<\/p>\n

\"\"<\/a><\/p>\n

Embora\u00a0o trabalho da\u00a0editora\u00a0seja uma excelente li\u00e7\u00e3o sobre livros virtuais, \u00e9 preciso dizer que frequentemente a qualidade dos produtos deixa a desejar.\u00a0O\u00a0ponto de partida sendo\u00a0a m\u00fasica,\u00a0ocorre o curioso efeito de por vezes os trabalhos enviados serem realizados por f\u00e3s das bandas, n\u00e3o por escritores. Por ouvintes afetuosos, mas sem grandes preocupa\u00e7\u00f5es ou envolvimentos com a linguagem. Ainda assim, h\u00e1 experi\u00eancias a serem conferidas, como a do\u00a0graaaaande Gast\u00e3o Moreira<\/a> [VJ do tempo em que a MTV tinha m\u00fasica no M, depois piloto do Musikaos na TV Cultura] e da escritora Andr\u00e9a del Fuego<\/a>\u00a0[de quem li Engano Seu<\/em> e gostei].<\/p>\n

E banda boa tem um monte tamb\u00e9m!<\/p>\n

[Reuben da Cunha Rocha.<\/strong>]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

\u00c9 vis\u00edvel, a\u00a0livre distribui\u00e7\u00e3o e consumo de literatura na rede ainda n\u00e3o alcan\u00e7ou\u00a0a mesma din\u00e2mica\u00a0que o tr\u00e1fego de arquivos de som e v\u00eddeo, e o que talvez \u00e0 primeira vista possa n\u00e3o passar de um reflexo da fr\u00e1gil educa\u00e7\u00e3o brazuca possui pra mim uma causa mais imediata e ao mesmo tempo de mais f\u00e1cil rem\u00e9dio: […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[88,122,139],"tags":[155,145],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/304"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=304"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/304\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=304"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=304"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=304"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=304"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}