{"id":2430,"date":"2009-12-14T14:15:31","date_gmt":"2009-12-14T14:15:31","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=2430"},"modified":"2009-12-14T14:15:31","modified_gmt":"2009-12-14T14:15:31","slug":"primeiro-dia-do-copy-right-e-algumas-pensatas-que-surgem","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/12\/14\/primeiro-dia-do-copy-right-e-algumas-pensatas-que-surgem\/","title":{"rendered":"Primeiro dia do “copy, right?” (e algumas pensatas que surgem)"},"content":{"rendered":"
.<\/p>\n
Com algum atraso,\u00a0 tenho que dizer, em primeiro lugar, que o primeiro dia do ciclo “copy, right?” foi bastante produtivo. A presen\u00e7a do p\u00fablico foi satisfat\u00f3ria; compareceram entre 30 e 40 pessoas, sendo que 25 assinaram a ata de presen\u00e7a. Como a foto acima indica, n\u00e3o foi um p\u00fablico para encher o audit\u00f3rio do Centro Cultural da Cesma<\/a>, mas dizem que a m\u00e9dia do Cineclube costuma ser\u00a0 nessa faixa de pessoas. A divulga\u00e7\u00e3o pela cidade foi abrangente, com direito a espa\u00e7o nos dois jornais principais, e-mails para listas diversas e cartazinhos espalhados (pessoalmente) por alguns cantos do centro da cidade – muito embora tudo tenha sido feito com pouca anteced\u00eancia.<\/p>\n Apresentado o ciclo, foi exibido “Good Copy, Bad Copy<\/em><\/a>“, de 59 minutos de dura\u00e7\u00e3o, seguido de alguns coment\u00e1rios meus e a abertura para o debate, como de praxe em cineclubes. A\u00ed foi minha grande surpresa; debateu-se de verdade. E n\u00e3o apenas sobre o filme, mas sobre diversas quest\u00f5es que comp\u00f5e o pano de fundo de Good Copy, Bad Copy<\/em>, da neutralidade da rede<\/a> at\u00e9 rea\u00e7\u00f5es desproporcionais contra a dita “pirataria” digital como o Hadopi franc\u00eas<\/a> e a Lei Azeredo; da democratiza\u00e7\u00e3o cultural, agora poss\u00edvel (ou ut\u00f3pica?), at\u00e9 as dificuldades (ou potencialidades?) de um m\u00fasico para sobreviver no variad\u00edssimo cen\u00e1rio musical planet\u00e1rio de hoje; da apropria\u00e7\u00e3o (nefasta, diga-se) dos termos comunismo e socialismo na tentativa de entender o sistema da internet at\u00e9 o incr\u00edvel modelo de neg\u00f3cio do tecnobrega do Par\u00e1, tema dos \u00faltimos 20 minutos do filme – provavelmente os vinte minutos que mais chamaram a aten\u00e7\u00e3o do p\u00fablico, um pouquinho a frente do exemplo da Ind\u00fastria de Cinema da Nig\u00e9ria (Nollywood), ambas criativas e orgulhosas formas de neg\u00f3cios\u00a0 oriundas da periferia mundial e \u00e0 margem da Grande e Poderosa Ind\u00fastria do Entretenimento.<\/p>\n .<\/p>\n [Para todos aqueles que quiserem saber mais sobre Nollywood, recomendo a reportagem “Cinema Noir<\/a>“, da Trip da janeiro deste ano. Da sacada do t\u00edtulo \u00e0 pauta criativa e antenada, passando pelo texto descolado (no bom sentido, veja bem) comum aos textos da revista, \u00e9 um baita exemplo de reportagem bem feita, daquelas que bons pares de sapato s\u00e3o mais importantes do que horas em telefone, pra ficar numa met\u00e1fora ao gosto de Tchekov<\/a>. Pros que querem saber mais sobre o tecnobrega do Par\u00e1, recomendo estarem presentes no terceiro dia (30\/12) do ciclo para assistir “<\/em>Brega S\/A”, ou lerem o bom Tecnobrega: o par\u00e1 reiventando o neg\u00f3cio da m\u00fasica<\/strong><\/a>, de Ronaldo Lemos e Oona Casto, dispon\u00edvel tamb\u00e9m em pdf<\/a>.<\/em>]<\/p>\n .<\/p>\n \n .<\/p>\n O debate final teve opini\u00f5es t\u00e3o distintas quantos as idades dos debatedores, o que particularmente me agradou bastante, pois uma das ideias centrais do ciclo era justamente propor o debate sobre estes assuntos aqui por Santa Maria – e os filmes, nesse sentido, seriam propulsores dos questionamentos. Nas opini\u00f5es, pode-se notar que\u00a0 a esperan\u00e7a de que a rede venha a democratizar <\/em>a sociedade (e a\u00ed entram cultura, pol\u00edtica, gostos e possibilidades criativas) convive com a expectativa de que mais essa oportunidade venha a passar, especialmente por a\u00e7\u00e3o da poderosa m\u00e3o (invis\u00edvel?) do mercado, que n\u00e3o admite perder o que conquistou durante os \u00faltimos s\u00e9culos – e se inserem nesse guarda-chuva a\u00e7\u00f5es como as que visam combater a “pirataria” digital, algumas resultantes em leis que ferem frontalmente a dita neutralidade\u00a0 original da rede<\/a>. Apesar dos pesares, nota-se que a esperan\u00e7a continua sendo maior que a discren\u00e7a, o que me fez resgatar um c\u00e9tico otimismo, quase esquecido nos \u00faltimos meses perante a mar\u00e9 tortuosa de m\u00e1s not\u00edcias<\/a>.<\/p>\n Ao fim, o tempo de conversa\/debate\/discuss\u00e3o foi quase o mesmo que o da exibi\u00e7\u00e3o do filme, no que eu agrade\u00e7o muito \u00e0s pessoas que estiveram presentes na quarta-feira passada.<\/p>\n .<\/p>\n Dj DInho Tupinamb\u00e1 e sua trupe de f\u00e3s mirins nas ruas de Bel\u00e9m<\/p><\/div>\n **<\/p>\n Mais do que qualquer outra coisa, ver “Good Copy, Bad Copy<\/em>” novamente me fez querer pensar em mais e mais exemplos de alternativas \u00e0 margens da Ind\u00fastria. Casos como o do tecnobrega e o de Nollywood nos dizem muito, \u00e9 certo, e funcionam bem porque essencialmente s\u00e3o pensados (ou foram pensados, mesmo que sem se dar conta disso) a partir das particularidades de uma dada regi\u00e3o<\/strong>. Querer aplicar estes exemplos \u00e0 realidade do planeta inteiro, como A alternativa a ser seguida por todos, \u00e9 ind\u00edcio de fracasso; nestes relativ\u00edssimos tempos atuais, uma solu\u00e7\u00e3o nunca \u00e9 A solu\u00e7\u00e3o se nela n\u00e3o forem consideradas as particularidades do lugar de onde se est\u00e1 pensando<\/strong>. \u00c9 mais ou menos o que dizia Gil no final desse post<\/a>, quando perguntado por m\u00fasicos de uma banda paulista qual seria a sa\u00edda para ganhar dinheiro com sua m\u00fasica: \u201cO problema \u00e9 que voc\u00eas querem que apare\u00e7a outro modelo \u00fanico, que n\u00e3o vai exigir esfor\u00e7o algum e te traga o sono de volta, <\/em>dizia Gil, no que continuava ao afirmar que hoje \u00e9 exigido que venhamos a pensar um modelo pr\u00f3prio para a necessidade de cada um, a partir das caracter\u00edsticas da obra de cada um.<\/p>\n \u00c9 nesse sentido que busco exemplos, de todos os lugares do mundo, que contenham as mais distintas caracter\u00edsticas poss\u00edveis. \u00c9 a experi\u00eancia dessa diversidade de situa\u00e7\u00f5es combinadas com a necessidade real e pr\u00e1tica de um grupo de pessoas de um dado lugar que surgir\u00e3o novos modelos \u00e0 margens da dita Ind\u00fastria do Entretenimento. Quanto mais exemplos melhor, pois \u00e9 sinal de que estamos, de alguma forma, aceitando<\/em> a provoca\u00e7\u00e3o de Gil na busca de uma estrat\u00e9gia pr\u00f3pria e criativa de vivermos de nossa arte. Al\u00e9m do que muitos, milhares e milh\u00f5es de exemplos s\u00e3o um sinal efetivo da ru\u00edna da nefasta ind\u00fastria que sustenta artistas montados em suas luxuosas, moribundas e pregui\u00e7osas fortunas,\u00a0 o que, logicamente, \u00e9 danado de bom, n\u00e3o?<\/p>\n \n [Leonardo Foletto<\/strong>.]<\/p>\nCr\u00e9ditos fotos: Marcelo Cabala<\/a> e Marcelo De Franceschi<\/a>.<\/address>\n.<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" . . Com algum atraso,\u00a0 tenho que dizer, em primeiro lugar, que o primeiro dia do ciclo “copy, right?” foi bastante produtivo. A presen\u00e7a do p\u00fablico foi satisfat\u00f3ria; compareceram entre 30 e 40 pessoas, sendo que 25 assinaram a ata de presen\u00e7a. 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