{"id":2187,"date":"2009-09-05T15:57:34","date_gmt":"2009-09-05T15:57:34","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=2187"},"modified":"2009-09-05T15:57:34","modified_gmt":"2009-09-05T15:57:34","slug":"leia-o-tambem","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/09\/05\/leia-o-tambem\/","title":{"rendered":"Leia-o tamb\u00e9m"},"content":{"rendered":"

\"sergio<\/p>\n

S\u00e9rgio Amadeu<\/a> \u00e9 uma das figuras mais conhecidas no Brasil quando se trata de Cibercultura, Cultura Digital e ciberativismo, dentre in\u00fameros outros assuntos relacionados \u00e0 estes tr\u00eas (enormes) guarda-chuvas. De modo que n\u00e3o cabe aqui muita apresenta\u00e7\u00e3o<\/a> sobre ele. Eu o conheci pessoalmente por ocasi\u00e3o da Campus Party<\/a> deste ano, onde ele foi um dos organizadores, e quase sempre era encontrado liderando manifesta\u00e7\u00f5es e\/ou ou defendendo sua posi\u00e7\u00e3o em debates (como na foto que abre esta postagem) por uma\u00a0 internet livre.<\/p>\n

Recentemente, Amadeu ministrou\u00a0 uma aula na Escola de Comunica\u00e7\u00e3o da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO\/UFRJ<\/strong><\/a>), onde falou sobre a quebra do conceito de autoria e a \u201ccondi\u00e7\u00e3o hacker\u201d da sociedade contempor\u00e2nea. Dessa aula saiu a mat\u00e9ria “Homem Coletivo<\/a>“, no portal Ci\u00eancia Hoje, reproduzida tamb\u00e9m no portal do Instituto Humanitas Unisinos<\/a>.<\/p>\n

Saliento aqui alguns trechos, mas \u00e9 claro que a leitura completa da(s) mat\u00e9ria(s) \u00e9 bastante recomendada. Traz algumas boas ideias para se pensar enquanto este patri\u00f3tico feriad\u00e3o inicia:<\/p>\n

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Software<\/em> \u00e9 mais parecido com uma m\u00fasica do que com uma turbina de avi\u00e3o: n\u00e3o tem exist\u00eancia f\u00edsica, portanto \u00e9 imaterial e n\u00e3o \u00e9 escasso\u201d, diz o soci\u00f3logo. E completa: \u201cSe me roubam o celular, eu perco aquele celular para sempre. Se copiam um software<\/em> que inventei ou um CD que tenho, ambos se duplicam, mas aquilo continua sendo meu. \u00c9 o que chamamos de \u2018bens n\u00e3o rivais\u2019. Portanto, diferentemente do que muitos dizem, pirataria n\u00e3o \u00e9 crime.\u201d<\/em><\/p>\n

“O conceito de autoria foi totalmente modificado com a internet. Na cibercultura, a pr\u00e1tica \u00e9 recombinante, segue a tend\u00eancia do remix<\/em>. Tudo \u00e9 produzido coletivamente. No mundo p\u00f3s-internet, houve uma crise na propriedade\u201d<\/em>.<\/p>\n<\/blockquote>\n

Na mesma mat\u00e9ria que o IHU reproduz, h\u00e1 uma indica\u00e7\u00e3o para uma entrevista<\/a> dada por S\u00e9rgio Amadeu ao portal ainda em 2007. Nela, o soci\u00f3logo tamb\u00e9m diz coisas interessantes que merecem destaque aqui. Perguntado sobre o debate em torno da cultura livre e da amea\u00e7a da apropria\u00e7\u00e3o das artes e do conhecimento na era da informa\u00e7\u00e3o, saiu-se com essa resposta:<\/p>\n

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S\u00e9rgio Amadeu \u2013<\/strong> A quest\u00e3o \u00e9 bastante complexa, mas n\u00f3s temos uma situa\u00e7\u00e3o em que a internet p\u00f4de avan\u00e7ar e recobrir o planeta exatamente porque toda a constru\u00e7\u00e3o dela \u00e9 baseada numa cultura de liberdade. V\u00e1rios pesquisadores, entre eles o Manuel Castells, descrevem que na forma\u00e7\u00e3o dessa grande rede das redes est\u00e1 presente, por exemplo, a cultura acad\u00eamica<\/strong> estadunidense, baseada na ci\u00eancia que parte do compartilhamento do conhecimento. Por outro lado, h\u00e1 na contracultura dos Estados Unidos o que chamamos de subcultura <\/strong><\/em>hacker<\/strong>, que tamb\u00e9m \u00e9 baseada na liberdade, na id\u00e9ia de que o que \u00e9 bom precisa ser compartilhado. Essas culturas acabaram sendo decisivas para a escrita dos principais protocolos de c\u00f3digos que comp\u00f5em a internet. Por isso, a internet \u00e9 uma grande rede que facilita o fluxo de informa\u00e7\u00f5es e \u00e9 algo que n\u00e3o est\u00e1 acabado, avan\u00e7ando, portanto, mediante reconfigura\u00e7\u00f5es e recombina\u00e7\u00f5es constantes. Os grandes grupos que se tornaram poderosos na economia industrial na \u00e1rea de entretenimento e telecomunica\u00e7\u00f5es, principalmente, est\u00e3o percebendo que a internet est\u00e1 criando v\u00e1rias dificuldades para os seus modelos de neg\u00f3cios, exatamente porque n\u00e3o permite apenas a liberdade dos conte\u00fados, mas tamb\u00e9m a liberdade de cria\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica<\/strong>. Ent\u00e3o, at\u00e9 1992 n\u00e3o existia <\/em>lobby ou o modo gr\u00e1fico da internet. Isso foi criado em cima dos protocolos anteriores. Ningu\u00e9m tem que pedir autoriza\u00e7\u00e3o para criar alguma tecnologia nova ou novas possibilidades de intera\u00e7\u00e3o. <\/em><\/p>\n

Essa liberdade de cria\u00e7\u00e3o incomoda os velhos grupos, as velhas institui\u00e7\u00f5es do mundo industrial, que est\u00e3o agora tendo que correr atr\u00e1s dessa cultura de liberdade, querendo implantar uma cultura da permiss\u00e3o, ou seja, querendo controlar a rede. Controlar n\u00e3o s\u00f3 os fluxos de informa\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m as possibilidades de cria\u00e7\u00e3o e de recria\u00e7\u00e3o, o que implica a pr\u00f3pria l\u00f3gica da internet. Eu diria que a internet \u00e9 uma obra inacabada, exatamente porque o terreno com que ela \u00e9 constru\u00edda \u00e9 o terreno da liberdade<\/strong>. N\u00f3s estamos enfrentando v\u00e1rios problemas para manter a liberdade. Nos Estados Unidos, agora foi constitu\u00eddo um movimento chamado Save the internet<\/a><\/strong> com o objetivo de tentar garantir que as operadoras n\u00e3o possam, a partir do controle que elas fazem da infra-estrutura de telecomunica\u00e7\u00f5es, controlar igualmente os pacotes, os formatos que podem e que n\u00e3o podem passar pela rede. Em paralelo a essa batalha que est\u00e1 acontecendo nos Estados Unidos, h\u00e1 tentativas de v\u00e1rios pa\u00edses de criar tecnologias de controle ou criar leis nacionais para controlar a rede. E muitas, como no caso do Brasil, dessas leis querem acabar com o anonimato na rede, por exemplo. O objetivo da lei \u00e9 exatamente implantar, dentro da internet, uma sociedade de controle absoluto, o que \u00e9 um absurdo, pois impede que as pessoas possam criar dupla e m\u00faltiplas identidades e vai impedir que elas tenham liberdade de navega\u00e7\u00e3o, facilitando simplesmente que os grandes grupos de pesquisa possam ter identificados os rastros digitais.<\/strong> Ou seja, est\u00e3o acontecendo v\u00e1rias batalhas, nas quais esses grupos do mundo industrial querem derrotar o que eu chamo de princ\u00edpios da cultura <\/em>hacker, os princ\u00edpios que at\u00e9 hoje garantem o funcionamento livre da internet<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

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**<\/p>\n

S\u00e9rgio Amadeu \u00e9 tamb\u00e9m professor da p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o da C\u00e1sper L\u00edbero<\/a>, em S\u00e3o Paulo. Neste segundo semestre, ele ministra a disciplina de Cibercultura e Comunica\u00e7\u00e3o em Rede<\/em>, e aqui <\/a>d\u00e1 para ver todo o programa da disciplina, com ementa, tema de cada aula\u00a0 e a bibliografia lida. \u00c9 uma refer\u00eancia importante para quem quer saber mais sobre o assunto.<\/p>\n

[Leonardo Foletto<\/strong>.]<\/p>\n

Cr\u00e9dito: 1<\/a>.
\n<\/address>\n


\n<\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/span><\/em><\/p>\n

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