{"id":2172,"date":"2009-09-03T18:40:24","date_gmt":"2009-09-03T21:40:24","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=2172"},"modified":"2009-09-03T18:40:24","modified_gmt":"2009-09-03T21:40:24","slug":"ficcao-interativa-muito-prazer-1","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/09\/03\/ficcao-interativa-muito-prazer-1\/","title":{"rendered":"Fic\u00e7\u00e3o Interativa, muito prazer"},"content":{"rendered":"
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Voc\u00ea entra numa p\u00e1gina para investigar uma das figuras mais interessantes do que pode se chamar de fic\u00e7\u00e3o interativa (existe isso?<\/em>).<\/p>\n Clica numa das que est\u00e3o relacionadas como obras.<\/p>\n De repente, aparece uma frase num fundo verde, seguida de outra. Height ranges the stones. Shapes hold. <\/em>Outras v\u00e3o surgindo sem aviso pr\u00e9vio, em intervalo de tempo de alguns segundos (o necess\u00e1rio para a leitura): Mists trail the basins.<\/em> stamp the cool \u2014<\/em>Layer commands the shape. <\/em>E assim v\u00e3o se colocando outras frases, abaixo umas das outras<\/p>\n Sucessivamente, num inc\u00f4modo automatismo que, ao fim de quase quinze minutos, parece terminar. A\u00ed est\u00e1 o poema Taroko Gorge<\/a>, e este quem escreve \u00e9 Nick Montfort<\/strong><\/a>, a tal figura das mais interessantes do que se pode chamar de fic\u00e7\u00e3o interativa.<\/p>\n Muito prazer.<\/p>\n **<\/p>\n Nick Montfort (foto acima<\/em>) tem jeit\u00e3o de professor de tecnologia, daqueles que passa mirabolantes equa\u00e7\u00f5es no quadro-negro para sua alunada resolver. Mas \u00e9 outra coisa: Associate Professor <\/em>de m\u00eddia digital do famoso MIT, (ou Massachusetts Institute of Technology<\/em><\/a>), alojado no Program in Writing and Humanistic Studies<\/em>, que s\u00f3 por sua p\u00e1gina futurista<\/a> j\u00e1 assusta.<\/p>\n De sua forma\u00e7\u00e3o em ci\u00eancia da computa\u00e7\u00e3o at\u00e9 hoje passaram-se 14 anos<\/a>. Tempo no qual ele resolveu ir para um lado algo distinto da maioria de seus colegas: a escrita interativa. Para isso, tratou de buscar as (in) forma\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias: fez p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o no pr\u00f3prio MIT com a tese “A Conversational Computer Character to Help Children Write Stories<\/em>” de um lado, e Mestrado em Escrita Criativa<\/a> na Univeridade de Boston de outro. Uniu tudo em sua tese, “Generating Narrative Variation in Interactive Fiction<\/em>“, defendida em 2007 no Departamento de Computa\u00e7\u00e3o & Ci\u00eancia da Informa\u00e7\u00e3o<\/a> da Unversidade da Pensilv\u00e2nia, no nordeste dos Estados Unidos.<\/p>\n Como professor do MIT desde setembro de 2007, agora tamb\u00e9m trata de ensinar um pouco daquilo que aprendeu. Dentre as mat\u00e9rias<\/a> que leciona est\u00e1 a de “Interactive and Non-Linear Narrative: Theory and Practice<\/em>“, que pelo seu programa<\/a> parece deveras interessante.<\/p>\n **<\/p>\n Como um estudioso e praticante da fic\u00e7\u00e3o interativa, Montfort desenvolveu uma boa quantidade de projetos interessantes. Um dos mais vistosos, digamos assim, \u00e9 o chamado “Implementation<\/a>“, desenvolvido em parceria com Scott Rettberg<\/a>, tamb\u00e9m um entendido do assunto.\u00a0 O projeto consiste, basicamente, de um romance sobre psychological warfare, American imperialism, sex, terror, identity, and the idea of place<\/em>, nas palavras dos dois criadores. A diferen\u00e7a fica a cargo da forma:\u00a0 Implementations<\/em> \u00e9 um romance picotado e colado\u00a0 nos mais diferentes lugares<\/a> do planeta, como<\/p>\n No trem de Cambridge para Londres, na Inglaterra<\/p><\/div>\n Ou num<\/p>\n Muro grafitado de Edinburgo, na Esc\u00f3cia<\/p><\/div>\n ou ainda num<\/p>\n Poste de uma rua em Nova York<\/p><\/div>\n Em entrevista ao Estad\u00e3o<\/a>, Monfort explica que o projeto consistiu de textos, impressos em etiquetas adesivas em superf\u00edcies expostas ao p\u00fablico do mundo inteiro:<\/p>\n Ele foi ”publicado” como uma arte em adesivo, mas decidimos colocar nas nossas etiquetas arte verbal, fragmentos de um romance. Quer\u00edamos que as pessoas se sentissem intrigadas e provocadas pela experi\u00eancia da leitura, mesmo que vissem apenas um adesivo. Mas esper\u00e1vamos que algumas pessoas encontrassem outras, na rua ou na internet, na qual agora temos mais de 1.600 fotos gra\u00e7as a muitos participantes an\u00f4nimos.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n \u00c9 uma inusitada mistura de arte conceitual\/digital\/interativa com interven\u00e7\u00e3o c\u00eanica, fic\u00e7\u00e3o seriada, marketing de guerrilha e outros r\u00f3tulos explicativos que voc\u00ea quiser relacionar a seu bel prazer.<\/p>\n **<\/p>\n Outro dos projetos interessantes (curiosos tamb\u00e9m seria uma palavra boa<\/em>) do escritor-professor do MIT \u00e9 o “2002: a Palindrome Story<\/em><\/a>” – Pal\u00edndromo<\/a>, como se sabe, \u00e9 aquela frase\/palavra\/sequ\u00eancia de unidades que conserva o mesmo significado lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. O projeto de Monfort, realizado desta vez fez em parceria com o tamb\u00e9m escritor William Gillespie<\/a>, consistiu de uma narrativa inteira palindromizada<\/em> (se \u00e9 que existe essa palavra), com exatos 2002 caracteres. Lendo do come\u00e7o para o fim, na sequ\u00eancia que aprendemos a ler desde nin\u00f5s<\/em>,\u00a0 ou do fim para o come\u00e7o, na sequ\u00eancia contr\u00e1ria, a narrativa \u00e9 absolutamente igual – uma hist\u00f3ria um tanto herm\u00e9tica de Bob, um her\u00f3i amalucado e fascinado por databases (?). <\/em><\/p>\n Absurdo de entender? Imposs\u00edvel de fazer? N\u00e3o com uma ajudinha do programa de computador Deep Speed<\/a>, que d\u00e1 uma senhora m\u00e3o na hora de verificar cada um dos pal\u00edndromos e que, por sinal, foi utilizado pelos autores. D\u00ea uma olhada abaixo para ver como 2002<\/em> se apresenta. D\u00e1 para ler o texto na \u00edntegra em formato de p\u00e1gina web<\/a>, ou ainda em vers\u00e3o impressa e ilustrada<\/a> – neste caso, tem de pagar.<\/p>\n \n **<\/p>\n Se lembra do Taroko Gorg<\/em>e, o poema que abriu esta postagem?<\/p>\n Eu esqueci de mencionar uma coisa \u00e0 respeito: ele n\u00e3o dura quase quinze minutos, mas sim o tempo em que a sua janela estiver aberta. Durante toda a produ\u00e7\u00e3o desse post a janela permanceu aberta, o que quer dizer que durante duas horas ele continuou gerando frases e mais frases, abaixo uma das outras, num fundo verde, ininterruptamente.<\/p>\n Como isso?<\/p>\n Atrav\u00e9s de um gerador de poesia em javascript, escrito originalmente como um programa em linguagem Python<\/a> 1k.<\/p>\n [Leonardo Foletto<\/strong>.]<\/p>\n Cr\u00e9ditos: 1<\/a>, 2-3-4<\/a>.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" . 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