{"id":1986,"date":"2009-06-09T00:54:22","date_gmt":"2009-06-09T00:54:22","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=1986"},"modified":"2009-06-09T00:54:22","modified_gmt":"2009-06-09T00:54:22","slug":"baixacultura-no-rs-um-relato","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/06\/09\/baixacultura-no-rs-um-relato\/","title":{"rendered":"BaixaCultura no RS: um relato"},"content":{"rendered":"

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\"vista

vista interna do pr\u00e9dio da cesma<\/p><\/div>\n

Dizem alguns que quanto mais pr\u00f3ximo do evento presenciado melhor \u00e9 o relato sobre o mesmo evento. O pouco tempo para a digest\u00e3o daquilo que se v\u00ea edita naturalmente o que de melhor deve ser dito; saem os excessos contextualizadores e narrativos e sobra a primeira impress\u00e3o, limpinha,\u00a0 sem reedi\u00e7\u00f5es, pedindo para sair e fixar-se em seja qual for o suporte.<\/em><\/p>\n

Dizia Borges que a mem\u00f3ria \u00e9 inventiva, e por medo de uma poss\u00edvel iniciativa ficcionista <\/em>por demais da minha mem\u00f3ria \u00e9 que pensei em relatar o Semin\u00e1rio Estadual para a Auto-Sustentatabilidade Cineclubista <\/strong>o quanto antes poss\u00edvel, o que significava escrever um post aqui pro BC na mesma sexta-feira que aconteceu o evento ou talvez no dia seguinte. Mas s\u00f3 hoje, segunda, foi poss\u00edvel escrever, ent\u00e3o desculpe poss\u00edveis invencionices e bora l\u00e1.<\/em><\/p>\n

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O semin\u00e1rio come\u00e7ou j\u00e1 pela manh\u00e3, com um debate sobre distribui\u00e7\u00e3o de conte\u00fado para cineclubes. Quem falou foi Lu\u00eds Alberto Cassol<\/strong>, figura das mais conhecidas na cidade e que, dentre outras fun\u00e7\u00f5es, \u00e9 Vice-presidente do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e editor do blog Filmes de Junho<\/a>, e Eduardo Ades<\/strong>, representante carioca da Associa\u00e7\u00e3o Cultural Tela Brasilis<\/a>.<\/p>\n

\u00c0 tarde participei da mesa que teve o nome oficial de “Direito Autoral & Constitui\u00e7\u00e3o de Redes”. Gilvan Dockhorn e Ant\u00f4nio Martins<\/strong> falaram cada um por mais ou menos quarenta minutos, que eu deveria ter cronometrado, j\u00e1 que nesse momento era a minha fun\u00e7\u00e3o. Ambos s\u00e3o \u00f3timos oradores, sabem como se expressar muito bem com palavras, como sabiamente comentou depois do evento Paulo Henrique Teixeira<\/strong>, assessor da Cesma e que, junto com Francelle Cocco<\/strong>, me convidou para o evento.<\/p>\n

Gilvan, que al\u00e9m de cineclubista \u00e9 professor de hist\u00f3ria, tratou de fazer primeiramente um balan\u00e7o da hist\u00f3ria do copyright<\/em> e do direito autoral, parecido com que Edson fez aqui<\/a> no BC. Fez depois a necess\u00e1ria distin\u00e7\u00e3o entre bens culturais e mercadorias: ao baixar uma m\u00fasica sem o consentimento do detentor do direito autoral da mesma, est\u00e1 se obtendo um bem cultural, e n\u00e3o uma mercadoria que possui um “dono”\u00a0 a lucrar com esta. Como na pr\u00f3pria constitui\u00e7\u00e3o brasileira<\/a> se fala em “garantir a todos os acesso \u00e0 cultura”, nada mais normal que a internet possibilite, com os downloads e tudo o mais, justamente o acesso \u00e0 cultura para toda a popula\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

(N\u00e3o \u00e9 t\u00e3o simples essa discuss\u00e3o, mas em outro momento que n\u00e3o aqui cabe complexific\u00e1-la)<\/em><\/p>\n

Depois, passou para relacion\u00e1-los com os cineclubes, dizendo que tem muita coisa sendo produzida no Brasil, mas h\u00e1 dificuldades de distribui\u00e7\u00e3o desses produtos,\u00a0 que da\u00ed a import\u00e2ncia dos cineclubes e de uma forma\u00e7\u00e3o de profissionais cineclubistas.<\/p>\n

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\"Antonio,

Antonio, yo e Gilvan<\/p><\/div>\n

Ant\u00f4nio Martins, que trabalhava at\u00e9 ano passado como editor da vers\u00e3o web do Le Monde Diplomatique<\/em><\/a> e tamb\u00e9m faz parte do blog Trezentos<\/a>, falou logo depois de Gilvan. Com calma e didatismo, tratou de resumir a quest\u00e3o do novo paradigma cultural\/social\/intelectual\/econ\u00f4mico que a internet est\u00e1 possiblitando.<\/p>\n

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“A cultura e a comunica\u00e7\u00e3o de massa s\u00e3o paradigmas associados \u00e0 modernidade e est\u00e3o em crise, assim como est\u00e3o em crise tamb\u00e9m as formas pol\u00edticas de representa\u00e7\u00e3o”.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Martins fala que a web possibilita uma troca (e uma circula\u00e7\u00e3o) de produtos culturais nunca antes vista. Da inven\u00e7\u00e3o da imprensa no s\u00e9culo XIV aos meios de comunica\u00e7\u00e3o em massa do s\u00e9culo XX,\u00a0 boa parte (para n\u00e3o dizer TODA) dos bens culturais que tinhamos acesso eram aqueles que\u00a0 eram selecionados<\/em> pelos que tinham o controle das formas de\u00a0 produ\u00e7\u00e3o e distribui\u00e7\u00e3o desses bens – em suma, de quem detinha o $$. Na medida que, com a internet, tudo isso barateia, e, portanto, passa a poder ser produzido e distribu\u00eddo por qualquer um, n\u00f3s podemos selecionar<\/em> \u00e0quela cultura que vamor ter acesso. As propor\u00e7\u00f5es dessa TREMENDA mudan\u00e7a ainda est\u00e3o sendo sentidas – e, tamb\u00e9m, tentando ser entendidas, o que ainda n\u00e3o se concretizou e nem se sabe quando vai se concretizar.<\/p>\n

Como jornalista que \u00e9, Ant\u00f4nio tamb\u00e9m falou de sua profiss\u00e3o. Disse que \u00e9 preciso pol\u00edticas p\u00fablicas, como Internet banda larga para todos, para que a popula\u00e7\u00e3o possa ter condi\u00e7\u00f5es de ve\u00edcular a sua vers\u00e3o dos fatos e, desta forma, criar alternativas \u00e0 m\u00eddia tradicional. Uma ideia interessante apontada seria a de remunerar, com recursos p\u00fablicos, as\u00a0 pessoas que est\u00e3o produzindo comunica\u00e7\u00e3o n\u00e3o mercantilizada – ou que n\u00e3o \u00e9 produzida em largu\u00edssima escala. Editais de concursos para rede de blogs, cria\u00e7\u00e3o de programas de forma\u00e7\u00e3o, oficinas, pr\u00eamios, est\u00edmulos a forma\u00e7\u00e3o de redes de blogs sobre difus\u00e3o do cinema, dentre outras, s\u00e3o ideias que Martins acredita que possam mudar este sistema mercantil dos bens culturais.<\/p>\n

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\"Entrada

Entrada da cesma<\/p><\/div>\n

Para encerrar o debate, foi dado chance \u00e0s perguntas. Que de in\u00edcio n\u00e3o vieram, talvez por acanhamento da plat\u00e9ia. Mas com a interven\u00e7\u00e3o do j\u00e1 citado Cassol, foi dada novamente \u00e0 palavra aos participantes – e a\u00ed me inclu\u00edram para falar, pois algu\u00e9m na plat\u00e9ia (que agora n\u00e3o lembro) falou que “o mediador podia falar um pouco do Baixacultura, que \u00e9 uma iniciativa bastante interessante no que diz respeito \u00e0 estes temas<\/em>“.\u00a0 Foi bom de ouvir a lembran\u00e7a ao nosso trabalho. Mas ent\u00e3o tive de falar, com nada preparado, uma torrente de pensamentos n\u00e3o conclusos sobre cultura livre, direito autoral, cibercultura, jornalismo… mostraram at\u00e9 mesmo o blog no tel\u00e3o, o que foi legal.<\/p>\n

Pelo menos a minha fala serviu (um pouco) de est\u00edmulo a plat\u00e9ia, que a\u00ed resolveu fazer perguntas aos participantes da mesa, que responderam at\u00e9 quase 17h, quando o coffe-break se tornou mais estimulante do que qualquer outro ponto para se discutir.<\/p>\n

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\"Free-Culture\"<\/p>\n

Tinha pensado em, ao final do debate, indicar dois livros que poderiam ser usados para quem quisesse entender um pouco mais dos assuntos discutidos. Pensei e at\u00e9 escrevi, mas acabei esquecendo. Ent\u00e3o a\u00ed vai: o primeiro \u00e9 Al\u00e9m das Redes de Colabora\u00e7\u00e3o<\/strong>, organizado por Nelson de Luca Pretto<\/a> e S\u00e9rgio Amadeu<\/a> e editado pela UFBA (e que est\u00e1 dispon\u00edvel em PDF<\/a>). O livro conta com textos de muita gente importante no mundo da cibercultura, das artes e do cinema,\u00a0 e \u00e9 fruto de um semin\u00e1rio com o mesmo nome realizado em Porto Alegre, em 2007. A apresenta\u00e7\u00e3o, a cargo do cineasta ga\u00facho Jorge Furtado, d\u00e1 o tom da coisa:<\/p>\n

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\u201cAo mesmo tempo que devora, digere e recria o telefone, o cinema, a televis\u00e3o, os correios, o r\u00e1dio e a ind\u00fastria fonogr\u00e1fica, a internet se aproxima do sonho de Borges de uma biblioteca infinita, onde o saber humano est\u00e1 dispon\u00edvel ao alcance de um toque. O que fazer com t\u00e3o imenso poder \u00e9 a pergunta que definir\u00e1 o nosso futuro. Esse livro \u00e9 uma boa contribui\u00e7\u00e3o para o debate\u201d.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

Outro livro que ia indicar \u00e9 o Cultura Livre<\/strong>, do Lawrence Lessig<\/strong>, que tamb\u00e9m t\u00e1 dispon\u00edvel em PDF<\/a> – se quiser ler no original, tem em ingl\u00eas tamb\u00e9m<\/a>. Cultura Livre \u00e9 um dos mais indispens\u00e1veis livros para entender o que significa a tal da cultura livre, e Lessig<\/a> \u00e9 um dos que melhor fala (por ser simples sem ser simpl\u00f3rio) sobre o assunto.<\/p>\n

Outra sugest\u00e3o, a\u00ed mais no \u00e2mbito da academia e da cibercultura, \u00e9 o blog de Andr\u00e9 Lemos<\/a>, dos mais destacados pesquisadores brasileiros da \u00e1rea, professor associado na UFBA. Em especial, destaco esse texto<\/a> sobre Cibercultura Remix, apresentado no Semin\u00e1rio Sentidos e Processos, realizado no espa\u00e7o do Ita\u00fa Cultural em agosto de 2005.<\/p>\n

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Agrade\u00e7o \u00e0 Silvana, que fez um post<\/a> bem informativo sobre o evento e “me lembrou” de algumas falas dos debatedores. As aspas que usei dos entrevistados foram tiradas do blog dela<\/a>, que \u00e9 uma \u00f3tima refer\u00eancia para acompanhar o que anda acontencendo em Santa Maria. \u00c9 dela tamb\u00e9m a\u00a0 \u00fanica foto do evento desse post. Agrade\u00e7o tamb\u00e9m a Francelle pelo convite para participar do semin\u00e1rio e por quebrar um galho tremendo depois do debate.<\/p>\n

[Leonardo Foletto<\/strong>.]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

. Dizem alguns que quanto mais pr\u00f3ximo do evento presenciado melhor \u00e9 o relato sobre o mesmo evento. O pouco tempo para a digest\u00e3o daquilo que se v\u00ea edita naturalmente o que de melhor deve ser dito; saem os excessos contextualizadores e narrativos e sobra a primeira impress\u00e3o, limpinha,\u00a0 sem reedi\u00e7\u00f5es, pedindo para sair e […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":8226,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[122,90,87],"tags":[286,292,146,147,163,137,288],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-content\/uploads\/2012\/07\/cesma321-1.jpg","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1986"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1986"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1986\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media\/8226"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1986"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1986"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1986"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=1986"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}