{"id":1818,"date":"2009-04-26T17:25:38","date_gmt":"2009-04-26T17:25:38","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=1818"},"modified":"2009-04-26T17:25:38","modified_gmt":"2009-04-26T17:25:38","slug":"seminario-internacional-musica-movimento-a-ida-e-a-vinda","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/04\/26\/seminario-internacional-musica-movimento-a-ida-e-a-vinda\/","title":{"rendered":"Semin\u00e1rio M\u00fasica & Movimento: A ida e a vinda"},"content":{"rendered":"

S\u00e3o Paulo, sexta-feira, 06 da matina. Atravessei a noite adiantando uns trabalhos (ou tirando o atraso, nunca sei direito) e \u00e0s\u00a0seis me sinto como\u00a0a cidade que n\u00e3o quer\u00a0sair de debaixo do cobertor de neblina. Banho gelado & caf\u00e9 expresso, arrumo a mochila, imprimo alguns textos e desbravo a n\u00e9voa rumo ao aeroporto.<\/p>\n

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O voo atrasa e tenho tempo de ler tudo o que deveria ter lido e n\u00e3o li. A aeromo\u00e7a tem longos bra\u00e7os finos, muito bonitos sob as luvas brancas. Penso que estamos nos desviando do foco quando pensamos na cultura digital como a matriz das mudan\u00e7as na legisla\u00e7\u00e3o autoral, e que na verdade a internet apenas torna vis\u00edvel uma demanda muito mais profunda, que lhe \u00e9 anterior e lhe sobreviver\u00e1. Decolo.<\/p>\n

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N\u00e3o\u00a0me lembro de BH. Estive\u00a0em Minas\u00a0h\u00e1 uns bons 10 anos e\u00a0o \u00fanico\u00a0registro\u00a0que guardo \u00e9 uma sopa fenomenal que experimentei em Ouro Preto. Vai entender. Apesar disso, carrego comigo um grande carinho pela cidade. Porque gosto de Pato Fu e porque todas as mineiras que conheci ao longo da vida possuem pernas grossas.\u00a0Porque BH tem Ricardo Aleixo, Bruno Brum, Makely Ka, Ludmila Ribeiro, Leo Gon\u00e7alves — a turma da arrua\u00e7a!\u00a0Por causa da\u00a0impress\u00e3o que a cidade me d\u00e1 de possuir uma produ\u00e7\u00e3o cultural, mais do que intensa, inquieta.<\/p>\n

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Atravesso uma dist\u00e2ncia de quase 1h entre o aeroporto de Confins e o hotel, e todo aquele verde de todos aqueles campos e a sensa\u00e7\u00e3o de ar puro que para um maranhense\u00a0em Sampa\u00a0significa “respirar como antigamente” me d\u00e3o uma esp\u00e9cie muito gentil de felicidade.<\/p>\n

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Chego ao hotel. O recepcionista me pergunta de que banda eu sou. “Da outra banda da terra”, penso em responder. “N\u00e3o, eu vim pro semin\u00e1rio”, respondo. A reserva est\u00e1 no nome de “Reuben da Silva Costa” e isso causa algum problema. Normal. Acontece o tempo todo. No site do semin\u00e1rio<\/a>, por exemplo, eu sou “Reubem da Cunha Costa”. E o email que recebi com a confirma\u00e7\u00e3o do hor\u00e1rio do voo come\u00e7ava com um insuper\u00e1vel “Prezado Eduardo”.<\/p>\n

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Tomo um banho. Anoto alguma coisa, olho pela janela. Des\u00e7o. Encontro Ana Paula, simp\u00e1tica como todas as\u00a0meninas da produ\u00e7\u00e3o\u00a0do evento. Ela me d\u00e1 um guia tur\u00edstico de presente e conversamos um pouco. Tenho 2h at\u00e9 o in\u00edcio da primeira mesa e resolvo caminhar pela cidade.<\/p>\n

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Acredito que a alma de uma cidade esteja sempre em certas coisas, e o centro \u00e9 uma delas. \u00c9 no centro das cidades que \u00e9 poss\u00edvel concretamente testemunhar a briga entre a sobreviv\u00eancia das pessoas e a perman\u00eancia da Hist\u00f3ria, entre a exist\u00eancia mais banal e os registros monumentais da exist\u00eancia coletiva. O centro \u00e9 sempre decadente, e ao mesmo tempo conserva sempre uma verdade que n\u00e3o se encontra nos bairros ricos ou\u00a0nos shoppings. Me sinto muito \u00e0 vontade.<\/p>\n

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Passo por acaso pelo Parque Municipal, onde \u00e0 noite rolam os shows (volto a eles adiante) e onde agora algu\u00e9m passa o som, acho que Patr\u00edcia Ahmaral. Um maluco me cutuca, chama minha aten\u00e7\u00e3o e aponta para o parque. Percebe que eu n\u00e3o entendo bulhufas e finalmente diz: “mais tarde eu vou tocar ali. Aparece l\u00e1!”. “– Claro!”, respondo, depois me lembro que \u00e9 Conex\u00e3o Vivo.<\/p>\n

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Acredito que\u00a0a\u00a0grande li\u00e7\u00e3o do evento (e a grande li\u00e7\u00e3o da m\u00fasica para os demais mercados culturais no Brasil) seja a capacidade de promover a conflu\u00eancia de quest\u00f5es referentes \u00e0 cria\u00e7\u00e3o musical e ao mesmo tempo ao contexto de produ\u00e7\u00e3o. De modo que al\u00e9m dos shows (quantos festivais do mesmo porte v\u00e3o al\u00e9m dos shows?), rolaram oficinas<\/a> voltadas para criadores\u00a0(como “Fisiologia da voz e intera\u00e7\u00e3o corpo voz<\/a>“, por exemplo)\u00a0e\u00a0outras de\u00a0interesse mais, digamos, geral, como\u00a0Divulga\u00e7\u00e3o de m\u00fasica<\/a>.\u00a0Isso\u00a0sem falar\u00a0dos semin\u00e1rios.<\/p>\n

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Eles acontecem\u00a0no audit\u00f3rio\u00a0do\u00a0Museu Inim\u00e1 de Paula<\/a>. Na primeira mesa da sexta-feira, A nova lei de direitos autorais brasileira e seus impactos no setor musical<\/strong>,\u00a0Marcos Souza (coordenador geral de Direito Autoral do MinC), Fernando Brant (compositor e presidente da UBC<\/a>), Gl\u00f3ria Braga (superintendente executiva do ECAD) e o cineasta (e presidente da Associa\u00e7\u00e3o Curta Minas) Guilherme Fi\u00faza na media\u00e7\u00e3o. Guilherme iniciou os trabalhos observando que “o audiovisual brasileiro n\u00e3o conseguiu acompanhar as mudan\u00e7as sofridas pelo mercado”, e que tinha muito a aprender com a m\u00fasica, o que nos remete ao par\u00e1grafo anterior e ao post passado.<\/p>\n

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A apresenta\u00e7\u00e3o\u00a0da proposta de\u00a0reforma da atual lei autoral brasileira (aquela que em apenas 10 anos se tornou fantasticamente obsoleta<\/a>) pelo representante do MinC congregou um bom p\u00fablico, e a mesa que deveria terminar \u00e0s 16h se extendeu at\u00e9 as 17h:30. A reforma merece um post separado, que vir\u00e1, mas por agora anoto o seguinte: me pareceu bastante evidente que as propostas de reforma se resumem \u00e0 corre\u00e7\u00e3o de coisas obsoletas (como a irrestrita criminaliza\u00e7\u00e3o das xerox, por exemplo, que transforma todo e qualquer estudante universit\u00e1rio em criminoso) e a um ajuste da lei \u00e0s pr\u00e1ticas culturais surgidas nos \u00faltimos anos. Quer dizer, s\u00e3o altera\u00e7\u00f5es n\u00e3o s\u00f3 leg\u00edtimas, como \u00f3bvias. Para minha surpresa, praticamente metade do audit\u00f3rio discorda.<\/p>\n

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No meio do papo, um sujeito simp\u00e1tico e barbudo senta na cadeira vazia ao meu lado. Reconhe\u00e7o-o: \u00e9 Makely Ka, grande compositor e poeta, de quem partiu o convite para que eu integrasse a mesa seguinte. Me apresento e conversamos um pouco, ele me mostra o terceiro n\u00famero da Revista de Autofagia<\/strong> e fico devidamente emocionado. Por v\u00e1rios motivos, motivos para outro post.<\/p>\n

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As posi\u00e7\u00f5es no debate s\u00e3o muit\u00edssimo bem definidas. H\u00e1 os que prop\u00f5em mudan\u00e7as na legisla\u00e7\u00e3o autoral (e que, no caso dos artistas, j\u00e1 trabalham concretamente com mecanismos alternativos), os que repudiam completamente qualquer tipo de mudan\u00e7a e os que ficam simplesmente assustados diante daquilo que n\u00e3o entendem. As posi\u00e7\u00f5es atravessam\u00a0os dois debates, e o resultado \u00e9 sempre o mesmo: \u00e2nimos exaltados e uma infinita indisposi\u00e7\u00e3o para se deixar convencer — a maioria dos antagonistas presentes j\u00e1 discutiu tudo aquilo antes, j\u00e1 chegaram no debate armados at\u00e9 os dentes.\u00a0E eu no meio,\u00a0achando tudo muito divertido e saud\u00e1vel.<\/p>\n

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Ao meu lado na\u00a0segunda mesa, Um balan\u00e7o sobre a licen\u00e7a Creative Commons<\/strong>, estavam S\u00e9rgio Branco (professor da FGV e representante do Creative Commons) e o advogado Hidelbrando Pontes. Como o Fernando Brant da primeira mesa (mas muito mais articulado), Hidelbrando \u00e9 um senhor muito simp\u00e1tico, mas bastante raivoso ao atacar o Creative Commons. N\u00e3o lhe tiro a raz\u00e3o.<\/p>\n

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Embora discorde dos argumentos dos senhores (que est\u00e3o — sobretudo Fernando Brant — preocupados com o dinheiro que v\u00e3o perder fora da ind\u00fastria tradicional, ou conservam a vis\u00e3o rom\u00e2ntica de que no mercado musical “aparece quem tem talento”, como se o mercado fosse regido por leis est\u00e9ticas, e n\u00e3o econ\u00f4micas, e como se a realidade n\u00e3o mostrasse que boa parte dos milion\u00e1rios da m\u00fasica n\u00e3o \u00e9 exatamente gente boa de som), preciso dizer que n\u00e3o tiro a raz\u00e3o das pessoas que desconfiam do Creative Commons. Trata-se de um organismo privado com pretens\u00f5es jur\u00eddicas, de uma licen\u00e7a autoral com pretens\u00f5es de modelo de gest\u00e3o de neg\u00f3cios, e essas imbrica\u00e7\u00f5es n\u00e3o est\u00e3o claras nem foram muito bem esclarecidas por S\u00e9rgio Branco — um sujeito t\u00e3o t\u00edmido\u00a0quanto simp\u00e1tico, de fala extremamente did\u00e1tica, mas que no fim das contas foi bombardeado com perguntas do tipo “quem financia o CC?”, ou “afinal, quem financia o CC?”, ou ainda “responda logo, QUEM FINANCIA O CC?”, e n\u00e3o foi t\u00e3o incisivo em suas respostas quanto as pessoas foram em suas perguntas.<\/p>\n

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No entanto, repito aqui o que disse em minha fala de abertura: as licen\u00e7as Creative Commons t\u00eam recebido um n\u00famero cada vez maior de ades\u00f5es, e isto fala, mais do que sobre o sucesso do projeto, sobre uma demanda social por qualquer coisa que n\u00e3o seja o maldito copyright<\/strong>. E n\u00e3o apenas por parte dos artistas. Se existe, por um lado, um puta desequil\u00edbrio nas rela\u00e7\u00f5es entre artistas e intermedi\u00e1rios, tamb\u00e9m \u00e9 problem\u00e1tica a rela\u00e7\u00e3o entre ind\u00fastria e p\u00fablico — n\u00e3o conhe\u00e7o nenhum ouvinte de m\u00fasica que queira salvar a pele das gravadoras, para dar um exemplo simples. Isto n\u00e3o pode ser ignorado, e as cr\u00edticas ao CC n\u00e3o podem ignorar o avan\u00e7o que a presen\u00e7a da licen\u00e7a no Brasil representa. Quaisquer que sejam os problemas do CC, eles n\u00e3o podem nos cegar aos problemas ainda maiores do copyright. Dito isto, compartilho algumas frases emblem\u00e1ticas que anotei durante aquela tarde.<\/p>\n

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“O Creative Commons \u00e9 a anarquia!” (Gl\u00f3ria Braga, fugindo do assunto da sua mesa e mostrando que n\u00e3o faz ideia do que est\u00e1 falando.)<\/p>\n

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“A rede \u00e9 an\u00e1rquica, e os internautas s\u00e3o megal\u00f4manos que acreditam que ir\u00e3o reproduzir as rela\u00e7\u00f5es sociais na rede” (Hidelbrando Pontes, ignorando que ele mesmo \u00e9, provavelmente, um internauta, e que n\u00e3o h\u00e1 mais nenhum tipo de rela\u00e7\u00e3o social que n\u00e3o seja mediada pela tecnologia.)<\/p>\n

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“J\u00e1 pensou a loucura que vai virar?” (N\u00e3o lembro o nome do rapaz que disse isso, mas ele estava na plat\u00e9ia e era estudante de direito. O contexto \u00e9 o seguinte: ele estava preocupado com a figura da “obra derivada” que algumas licen\u00e7as CC permitem. Quer dizer que eu libero a minha obra pras pessoas remixarem, por exemplo. \u00c9 curioso que o cara tenha se apresentado como pesquisador no papo r\u00e1pido que batemos depois do debate, e que n\u00e3o tenha passado pela sua pesquisa que, a rigor, toda obra \u00e9 derivada, e antes que uma licen\u00e7a viesse regular este fato j\u00e1 havia o fato, o processo cultural e sua legitimidade).<\/p>\n

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Para al\u00e9m dos posicionamentos, \u00e9 preciso dizer que nenhum dos presentes tinha a inten\u00e7\u00e3o de esgotar o debate, e que todos concordavam num ponto: \u00e9 fundamental que ele seja tratado assim, de maneira aberta, pela sociedade. Cito como exemplo o Hidelbrando, que ao longo da discuss\u00e3o n\u00e3o disse absolutamente nada com que eu pudesse concordar, mas que estava visivelmente feliz de podermos todos pensar estas quest\u00f5es publicamente.<\/p>\n

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Por falar nisso, justi\u00e7a seja feita. Fernando Brant \u00e9 outro sujeito com quem n\u00e3o d\u00e1 pra concordar, com o dem\u00e9rito adicional de que o figura \u00e9 uma grande caricatura de si mesmo e est\u00e1 longe de ser um bom expositor de qualquer coisa. No entanto, \u00e9 preciso pontuar que ele tem uma filha linda com quem tive o privil\u00e9gio de levar um longo papo \u00e0 noite, durante o qual ela fez um coment\u00e1rio bastante esclarecedor. Fernando faz parte de uma gera\u00e7\u00e3o que foi sistematicamente roubada pela ind\u00fastria (e que tamb\u00e9m ganhou grana, claro), e\u00a0em cuja pauta estava bem presente\u00a0o estabelecimento de uma legisla\u00e7\u00e3o\/fiscaliza\u00e7\u00e3o. “Quando se fala em mudan\u00e7a na lei autoral, a leitura que ele faz \u00e9 de que est\u00e3o mexendo em algo que a gera\u00e7\u00e3o dele lutou para conquistar”, me diz a menina de nariz altivo, sotaque musical\u00a0e lindas unhas vermelhas. \u00c9 evidente que isso n\u00e3o \u00e9 motivo para n\u00e3o atac\u00e1-lo em suas posi\u00e7\u00f5es no m\u00ednimo desinformadas, mas considero uma esp\u00e9cie de lealdade entre antagonistas reconhecer a legitimidade do seu ponto de vista.<\/p>\n

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Findo o debate (os trabalhos deveriam terminar \u00e0s 18h, se prolongaram at\u00e9 as 19h e s\u00f3 terminaram porque o museu precisava fechar), continua a conversa. Comento com S\u00e9rgio Branco que no fim das contas, antes da lei, antes da tecnologia, esbarramos todos num problema muito mais profundo e duradouro: a mentalidade das pessoas. Na porta do museu, sou abordado pelo Hidelbrando, que diz que sou um “garoto muito inteligente”, e que n\u00e3o devo cair no papo do Creative Commons. Digo-lhe que minha posi\u00e7\u00e3o \u00e9 mais radical que a do CC, que\u00a0para mim n\u00e3o passa de\u00a0um punhado de empres\u00e1rios interessados em re-aprender a ganhar dinheiro no contexto digital. N\u00e3o sei at\u00e9 que ponto isso o deixou satisfeito. Bato o mesmo papo com a Ana Paula, enquanto ela me ajuda a colocar a complicada pulseira que me dar\u00e1 acesso aos shows.<\/p>\n

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Muitos dos presentes desceram juntos at\u00e9 o Parque Municipal. Entre eles, o pr\u00f3prio Makely (de quem me perdi e que fui reencontrar apenas no final do evento) e\u00a0o mestre Israel do Vale<\/a>, que atacaria de DJ nas pr\u00f3ximas horas. Conhe\u00e7o uma turma da assessoria, a Simone com suas elegantes meias vermelhas e a vontade de voltar ao Maranh\u00e3o, o Fabr\u00edcio, seu amigo Vladimir (figura!), suas respectivas esposas e a Isabel, filha do Fernando.<\/p>\n

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Pegamos o finalzinho do show da Soat\u00e1 (DF), que foi o bastante pra me fazer anotar o nome da banda para futuro download. Mas confesso que perdi os dois shows seguintes (En\u00e9as Xavier+Fl\u00e1vio Venturini e Patr\u00edcia Ahmaral+Vander Lee), durante os quais preferi conversar com o grupo de mineiros que me adotou. Uma turma que me deixou a melhor impress\u00e3o poss\u00edvel da cidade: bem-informada e receptiva, daquelas com quem se bate um bom papo e se sai amigo de inf\u00e2ncia.<\/p>\n

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Os shows de Pedro Moraes e Curumin eu vi.<\/p>\n

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N\u00e3o conhecia Pedro Moraes. Descubro que ele est\u00e1 com o segundo disco no forno, a sair pelo s\u00ealo do Israel e do Kuru (Maur\u00edlio Kuru Lima, idealizador do evento, com quem n\u00e3o tive oportunidade de conversar mas de quem ganhei um receptivo abra\u00e7o de boas-vindas). Um puta show bacana, viu? O Moska participou e eu gosto do Moska, mas nem liguei, liguei mesmo foi pra presen\u00e7a de palco e pra voz de Pedro, que ainda preciso baixar. Curumin fechou a noite deixando todo mundo pra cima, com muito samba, Clementina de Jesus, Bob\u00a0Marley, malandragem, e criminosos samplers.<\/p>\n

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Por volta da 1h da matina Curumin dizia tchau, minhas companhias mineiras\u00a0diziam tchau\u00a0(todo mundo tinha que trampar no dia seguinte), e eu perguntava pro Israel qual era a sequ\u00eancia. O mestre Isra, al\u00e9m de um grande exemplo de jornalismo bem-feito\u00a0e \u00e9tico (Israel do Vale \u00e9 um homem com um ideal, sabe como \u00e9 isso?), \u00e9 um sujeito ex\u00edmio na arte de n\u00e3o-dormir e de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Al\u00e9m disso, morou uns seis anos (seis anos?) em BH. Melhor guia, imposs\u00edvel.<\/p>\n

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Ent\u00e3o est\u00e1vamos l\u00e1, eu, Israel, Makely e a Gabi, uma atriz mineira que conheci na \u00faltima hora, prolongando o papo e deixando o Parque Municipal depois de todo mundo. Como n\u00e3o deu pro Makely atravessar a noite conosco, tive que amea\u00e7\u00e1-lo prometendo voltar\u00a0a BH na primeira oportunidade que tiver. Se tudo der certo, no lan\u00e7amento da Autofagia.<\/p>\n

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Deixamos ele em casa e seguimos para o Bol\u00e3o<\/strong>, at\u00e9 onde entendi um dos dois lugares 24h da cidade. Comida e bebida de primeira, um engra\u00e7ad\u00edssimo aviso “N\u00e3o servimos pessoas sem camisa” na parede, e\u00a0nenhum sinal de que algu\u00e9m ali iria embora antes do sol nascer. Uma conversa boa como o dia inteiro, da qual s\u00f3 aceitamos sair por esgotamento f\u00edsico. \u00c0s 5h30 os dois me deixam na porta do hotel. Odeio despedida, e o lado cruel de ter amigos por todo o Brasil \u00e9 a condi\u00e7\u00e3o de viver permanentemente com saudade. O voo \u00e9 \u00e0s 8h e acho que n\u00e3o vale a pena dormir. Quando sento na poltrona do avi\u00e3o, percebo que s\u00e3o mais de 24h no ar. Ainda assim foi um dia curto.<\/p>\n

[Reuben da Cunha Rocha.<\/strong>]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

S\u00e3o Paulo, sexta-feira, 06 da matina. Atravessei a noite adiantando uns trabalhos (ou tirando o atraso, nunca sei direito) e \u00e0s\u00a0seis me sinto como\u00a0a cidade que n\u00e3o quer\u00a0sair de debaixo do cobertor de neblina. Banho gelado & caf\u00e9 expresso, arrumo a mochila, imprimo alguns textos e desbravo a n\u00e9voa rumo ao aeroporto. * O voo […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[88,122],"tags":[269,263,165,163,264],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1818"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=1818"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/1818\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=1818"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=1818"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=1818"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=1818"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}