{"id":1804,"date":"2009-04-28T20:41:11","date_gmt":"2009-04-28T20:41:11","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=1804"},"modified":"2009-04-28T20:41:11","modified_gmt":"2009-04-28T20:41:11","slug":"os-caca-piratas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/04\/28\/os-caca-piratas\/","title":{"rendered":"Os ca\u00e7a-piratas"},"content":{"rendered":"

\"pirate-liberty\"<\/p>\n

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O BaixaCultura n\u00e3o tem reproduzido na \u00edntegra mat\u00e9rias jornal\u00edsticas, mais por costume do que por qualquer outro motivo. Normalmente, acrescentamos alguns t\u00f3picos, tiramos outros, colocamos mais uns links, tiramos outros, enfim, damos uma editada, por m\u00ednima que seja. \u00c9 o que costumamos fazer no Not\u00edcias do Front Baixacultural toda semana, por exemplo.<\/p>\n

Mas \u00e0s vezes somos dados\u00a0a abrir exce\u00e7\u00f5es, e aqui \u00e9 um caso, porque a mat\u00e9ria\u00a0reproduzida abaixo\u00a0\u00e9 perturbadora, incomoda e coloca uma ponta de raiva nos mais pac\u00edfico dos seres que\u00a0discutem a tal da “Cultura Livre”. \u00c9 o tipo de coisa que deve ser divulgada amplamente, n\u00e3o importando a forma, para que todos \u00a0saibam a que ponto chega o desespero<\/a> por $$ do ser humano.<\/p>\n

Trata-se de uma mat\u00e9ria\u00a0publicada na Folha Online, escrita pelo editor de inform\u00e1tica Di\u00f3genes Muniz<\/strong>. Fala de como funciona o esquadr\u00e3o Anti-Pirataria montado pela APCM e comandado pelo nosso velho conhecido Antonio Borges Filho<\/a>, Delegado aposentado da Pol\u00edcia Federal amante de Mercedes (!), que tem saudade dos tempos de pol\u00edcia,\u00a0quando podia prender muito mais do que hoje, como ponta-de-lan\u00e7a do Esquadr\u00e3o. Vou chamar aten\u00e7\u00e3o para alguns trechos, comentar algumas coisas e colocar alguns links em outros, mas o texto \u00e9 a \u00edntegra do que foi publicado na Folha Online<\/a>, na \u00faltima quarta-feira 22 de abril.<\/p>\n

Vamos\u00a0a ela:<\/p>\n

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Saiba como age o esquadr\u00e3o ca\u00e7a-pirata da internet brasileira<\/h1>\n<\/blockquote>\n
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Toda segunda-feira, \u00e0s 10h, um grupo com meia d\u00fazia de pessoas se encontra em uma sala do edif\u00edcio Triunfo, na regi\u00e3o da av. Paulista, [Localize o edif\u00edcio no mapinha aqui<\/a>]<\/em> para definir as metas de uma cruzada que parece estar cada vez mais longe de um desfecho vitorioso: o combate \u00e0 pirataria. Com caf\u00e9 e roscas \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o no centro de uma mesa retangular, come\u00e7a mais uma reuni\u00e3o da APCM<\/a> (Associa\u00e7\u00e3o Antipirataria de Cinema e M\u00fasica<\/em>), entidade que defende os interesses dos grandes est\u00fadios e gravadoras junto \u00e0s autoridades policiais e judiciais do pa\u00eds e que, por conta disso, tornou-se a maior vil\u00e3 da internet brasileira desde a modelo Daniella Cicarelli, respons\u00e1vel por tirar do ar o YouTube em 2007<\/a>.<\/p>\n

Funcion\u00e1rios dos setores de comunica\u00e7\u00e3o, “den\u00fancias”, jur\u00eddico, financeiro, operacional e seguran\u00e7a on-line debatem a pauta do m\u00eas sob a sabatina do diretor-executivo, Antonio Borges Filho. Os t\u00f3picos s\u00e3o expostos rapidamente. Em 15 minutos, tudo j\u00e1 foi discutido: distribui\u00e7\u00e3o de material de treinamento para pol\u00edcia, destrui\u00e7\u00e3o de m\u00eddias piratas, divulga\u00e7\u00e3o de apreens\u00f5es para a imprensa, contatos com delegacias, cerco \u00e0s jukebox ilegais e o fim da comunidade “Discografias”, do Orkut.<\/p>\n

“[Mar\u00e7o] foi um m\u00eas bastante produtivo”, avalia o analista de seguran\u00e7a da informa\u00e7\u00e3o Bruno Tarelov, respons\u00e1vel pelo combate \u00e0 pirataria on-line na entidade. Borges Filho, um delegado da Pol\u00edcia Federal aposentado, 58 anos, sotaque de Juiz de Fora (MG), concorda com o subordinado. Diz estar de bom humor e arrisca uma piada: “Sabe como est\u00e3o chamando a APCM agora? Associa\u00e7\u00e3o dos Parasitas do Cinema e da M\u00fasica<\/strong>.” Todos riem.<\/p>\n

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\"caca3\"<\/p>\n<\/blockquote>\n

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“\u00c9 bom”, retoma Borges, “isso mostra que estamos fazendo nosso trabalho direito. Estamos conseguindo incomodar bastante gente<\/strong>“. No primeiro trimestre deste ano, a APCM incomodou mais de 1 milh\u00e3o de pessoas ap\u00f3s a comunidade “Discografias”, a maior do Orkut para troca de m\u00fasicas, sair do ar. Em fevereiro, outros milhares se revoltaram com o fechamento de sites que distribu\u00edam legendas de filmes e s\u00e9ries na rede. Em resposta, surgiram na web um abaixo-assinado <\/a>(27 mil ades\u00f5es), um f\u00f3rum denominado “Odeio a APCM<\/a>” (15 mil integrantes) e um filhote da comunidade abatida (“Discografias – O Retorno<\/a>!”, com cerca de 180 mil membros).<\/p>\n<\/blockquote>\n

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A reuni\u00e3o termina, as risadas continuam. O alvo agora \u00e9 um protesto virtual ocorrido em 1\u00ba de abril, no qual internautas trocaram de forma simult\u00e2nea as fotos de seus perfis no Orkut pelo s\u00edmbolo da associa\u00e7\u00e3o – marcado por uma tarja vermelha [como na imagem abaixo]<\/em><\/p>\n

. \"apcm-copy9\"<\/p>\n

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Fora da sala, cinco p\u00f4steres enfeitam as paredes do QG da associa\u00e7\u00e3o: NXZero, Ivete Sangalo, Cl\u00e1udia Leitte e Metallica. O quinto cartaz n\u00e3o mostra uma banda. “SEQUESTRO – Comprando DVD pirata voc\u00ea financia o crime organizado”, l\u00ea-se, num quadro em que um garoto loiro \u00e9 arrastado pelos bra\u00e7os para dentro de um parque escuro.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Precisamos deste cartaz para colocar em nossa cole\u00e7\u00e3o de cartazes<\/a> sobre “pirataria”<\/em>]<\/p>\n

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APCM, Rota, Deic<\/strong><\/p>\n

A “Discografias” parou de funcionar em mar\u00e7o deste ano<\/a>. Sem sair do anonimato, os respons\u00e1veis pelo gerenciamento da comunidade alegaram terem sido amea\u00e7ados pela APCM –que nega ter feito “amea\u00e7as”, embora confirme notifica\u00e7\u00f5es di\u00e1rias ao Google acerca do conte\u00fado do f\u00f3rum<\/strong>. Em fevereiro, o \u00f3rg\u00e3o pediu (e conseguiu, junto a um datacenter) a retirada do ar dos sites Legendas.TV, legendando.com.br e insubs.com<\/a>, todos respons\u00e1veis por disponibilizar tradu\u00e7\u00f5es de seriados estrangeiros para o p\u00fablico brasileiro. Em abril, foi a vez do SeriesBR<\/a> rodar -a p\u00e1gina fornecia downloads de seriados.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[O e-mail mandado pela APCM ao datacenter do Legendas TV<\/a> \u00e9 uma boa amostra do funcionamento\u00a0 “atropelativo” da entidade<\/em>]<\/p>\n

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Na semana em que a APCM derrubou os sites de legendas, no come\u00e7o de fevereiro, a pr\u00f3pria p\u00e1gina da associa\u00e7\u00e3o virou um flanco dessa batalha, sendo invadida (“Viva os downloads!” comemoravam os hackers na home-page) e tirada do ar logo em seguida. Tr\u00eas dias depois, o endere\u00e7o APCM.org.br atingia 4,5 mil visitas em apenas 24 horas –a m\u00e9dia mensal era de 2,5 mil.<\/p>\n<\/blockquote>\n

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Ap\u00f3s esse epis\u00f3dio, a empresa destacou uma pessoa para cuidar especificamente da seguran\u00e7a de seu site. “Est\u00e1 bem mais refor\u00e7ado. Com monitoramento mais constante, vai ser dif\u00edcil sua derrubada”, desafia Borges<\/strong>.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Algu\u00e9m duvida de que haver\u00e1 uma nova invas\u00e3o, mesmo com este refor\u00e7o?<\/em>]<\/p>\n

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Com a reclama\u00e7\u00e3o dos funcion\u00e1rios de que suas caixas de e-mail est\u00e3o entupidas com recados de protesto, o \u00f3rg\u00e3o tamb\u00e9m planeja mudar seus dom\u00ednios de correios eletr\u00f4nicos, o que j\u00e1 aconteceu com o telefone da entidade. Mesmo sem divulg\u00e1-lo, receberam liga\u00e7\u00f5es enfurecidas.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[O telefone que recebeu as tais liga\u00e7\u00f5es foi o (11) 3061-1990 e o e- mail anti-piracy@apcm.org.br. Acredito que n\u00e3o estejam mais em atividade, mas quem quiser testar sinta-se \u00e0 vontade<\/em>]<\/em><\/p>\n

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Com aparato concentrado principalmente em S\u00e3o Paulo, mas atua\u00e7\u00e3o em todo territ\u00f3rio nacional, a APCM possui 30 funcion\u00e1rios<\/strong>. Entre seus agentes est\u00e3o ex-policiais da Rota<\/a> (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e do Deic<\/a> (Departamento de Investiga\u00e7\u00f5es sobre Crime Organizado). Eles s\u00e3o respons\u00e1veis pelo servi\u00e7o de intelig\u00eancia, ou seja, procuram nas ruas e na web casos de viola\u00e7\u00e3o aos direitos autorais. Ao todo, s\u00e3o quatro agentes em S\u00e3o Paulo; outros Estados t\u00eam um cada (Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Santa Catarina e Minas Gerais).<\/p>\n

Al\u00e9m do trabalho de investiga\u00e7\u00e3o, a associa\u00e7\u00e3o recebe den\u00fancias, ajuda a pol\u00edcia nas apreens\u00f5es e acompanha processos para saber se os infratores foram condenados. D\u00e3o a isso o nome de “suporte log\u00edstico”.<\/p>\n

Quando necess\u00e1rio, s\u00e3o convocados “free-lancers” para manobras bra\u00e7ais (jogar CDs e DVDs dentro de sacolas na hora do “rapa”, por exemplo). A entidade fornece toda a infraestrutura necess\u00e1ria para a pol\u00edcia chegar aos supostos piratas. H\u00e1, por exemplo, um galp\u00e3o mantido pela entidade na Grande SP de 3.500 m\u00b2 com 20 milh\u00f5es de CDs e DVDs piratas. A APCM \u00e9 fiel deposit\u00e1ria de toda a muamba, deixando-a \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o da Justi\u00e7a.<\/p>\n

\"caca2\"<\/p>\n

A ajuda tamb\u00e9m pode ocorrer em menor escala. \u00c9 famosa nos corredores da associa\u00e7\u00e3o a hist\u00f3ria –confirmada pelo pr\u00f3prio diretor-executivo– de uma delegacia que n\u00e3o tinha sequer tinta na impressora para produzir um Boletim de Ocorr\u00eancia sobre uma viola\u00e7\u00e3o de direitos autorais. A APCM resolveu o caso fornecendo o cartucho para a impressora da pol\u00edcia.<\/p>\n

A parte mais impopular da associa\u00e7\u00e3o, de enfrentamento na internet, conta com seis funcion\u00e1rios. Al\u00e9m do coordenador, <\/strong>Bruno Tarelov, s\u00e3o cinco jovens (todos entre 20 e 30 anos) vindos das \u00e1reas de ci\u00eancia da computa\u00e7\u00e3o ou sistema de informa\u00e7\u00f5es.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Bruno Tarelov costumava atender no e-mail que tinha na APCM, btarelov@apcm.org.br, mas n\u00e3o deve mais fazer isso hoje.]
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\u00c0 primeira vista (camisetas, jeans, t\u00eanis, cabelos espetados), \u00e9 mais f\u00e1cil supor serem moderadores da “Discografias” do que legalistas da ind\u00fastria do entretenimento. Eles rastreiam links que abrigam material para download sem o devido pagamento de direitos autorais<\/strong>.<\/p>\n

A busca pode ser feita de forma automatizada ou “no bra\u00e7o”, entrando em cada blog, comunidade ou f\u00f3rum dedicado a entretenimento. O programa utilizado para derrubar esses links \u00e9 o Robo<\/strong> (assim mesmo, sem acento), produzido pela empresa dinamarquesa Kapow. Segundo o site oficial<\/a>, a companhia fornece servi\u00e7o de captura de informa\u00e7\u00e3o agregada, “tanto p\u00fablica quanto privada”.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Opa, pera\u00ed: como assim tanto p\u00fablica quanto privada? At\u00e9 parece que tudo \u00e9 a mesma coisa.<\/em>]<\/p>\n

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O software promove uma varredura, destacando o que a APCM quer encontrar (no caso, links que levem ao download de m\u00fasicas e filmes). Seu verdadeiro trunfo \u00e9 descobrir at\u00e9 mesmo os conte\u00fados escondidos em cyberlockers (arm\u00e1rios virtuais como o Rapidshare, em que \u00e9 poss\u00edvel armazenar volumes enormes de arquivos para downloads).<\/p>\n

Saudades<\/strong><\/p>\n

Adoro carros Mercedes, mas, quando vejo um modelo desses na rua, n\u00e3o posso pegar para mim. N\u00e3o tenho dinheiro para compr\u00e1-lo<\/strong>. Agora, qual \u00e9 a diferen\u00e7a entre pegar para si um bem material e um bem imaterial?”, questiona o diretor-executivo da APCM, Antonio Borges Filho . [o homem da foto abaixo]<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n

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\"caca1\"<\/p>\n

\u00c9 esse exemplo que Dr. Borges, como \u00e9 chamado pelos funcion\u00e1rios, escolhe para come\u00e7ar sua conversa no fim da visita da reportagem \u00e0 APCM. Sua sala \u00e9 adornada com refer\u00eancias policiais, como bon\u00e9s do FBI (pol\u00edcia federal norte-americana), da DEA (Drug Enforcement Administration, a ag\u00eancia antidrogas dos EUA) e do DPF (Departamento da Pol\u00edcia Federal). Um isqueiro cromado, no formato de rev\u00f3lver, enfeita a prateleira ao lado da porta.<\/p>\n

Ele prossegue discursando sobre sua marca de autom\u00f3veis favorita. “Na verdade, j\u00e1 tive um Mercedes 94.” Acende um cigarro. “Mas me dava muito trabalho aquele carro.”<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Imaginaram a cena? Dr. Borges, com seu bon\u00e9 do FBI, fumando um cigarrito, em sua sala com quadros de Academias de Pol\u00edcia da vida, dizendo que “tive um Mercedes, mas dava muito trabalho aquele carro”.]<\/em><\/p>\n

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Borges participou da maior apreens\u00e3o de coca\u00edna da hist\u00f3ria da PF, realizada em junho de 1994, em Tocantins. Foram sete toneladas de coca pura. Advogado, bacharel em Ci\u00eancias Cont\u00e1beis, gosta de assistir a filmes policias e de suspense. “N\u00e3o quero que voc\u00ea coloque isso [da apreens\u00e3o de coca\u00edna]. Podem achar que quero me prevalecer do fato de ter feito parte da PF<\/strong>, que \u00e9 algo que nunca fiz.”<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Capaz Doutor Borges, o senhor, t\u00e3o correto que \u00e9, jamais vai se prevalecer do fato de ter feito parte da PF. Ningu\u00e9m t\u00e1 pensando nisso, ok?]<\/em><\/p>\n

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O delegado aposentado trabalhou por duas d\u00e9cadas na PF. Est\u00e1 desde 2006 no combate \u00e0 viola\u00e7\u00e3o dos direitos autorais, quando come\u00e7ou a prestar servi\u00e7os para a extinta Apdif (Associa\u00e7\u00e3o Protetora dos Direitos Intelectuais Fonogr\u00e1ficos).<\/p>\n

Para falar sobre os temas espinhosos que cercam sua fun\u00e7\u00e3o, o diretor-executivo da APCM prefere met\u00e1foras. Critica, por exemplo, a contumaz desobedi\u00eancia \u00e0s regras nos aeroportos, onde os passageiros desrespeitam o aviso de n\u00e3o ligar o celular no avi\u00e3o (“\u00e9 como se pedissem para todos ligarem ao mesmo tempo!”).<\/p>\n

As pessoas n\u00e3o t\u00eam essa conscientiza\u00e7\u00e3o de respeito \u00e0s normas. \u00c0s vezes, \u00e9 preciso a repress\u00e3o para que a coletividade entenda que tem de respeitar<\/strong>“, explica. Quando o assunto \u00e9 o pre\u00e7o dos bens culturais ao consumidor final, diz que “adoraria que tudo fosse gr\u00e1tis”. “Mas, infelizmente, n\u00e3o \u00e9 assim que funciona<\/strong>.”<\/p>\n

No fim da conversa, Borges diz acreditar “na causa” da APCM. “Tenho um cunhado que, quando me mostra esses filmes a\u00ed [piratas], eu j\u00e1 falo: ‘se voc\u00ea n\u00e3o tirar isso a\u00ed de dentro eu vou ter que apagar'”, relata.<\/p>\n<\/blockquote>\n

[Al\u00f4 cunhad\u00e3o, cuidado com o Doutor. Se voc\u00ea quiser ripar um cdzinho teu pro PC, te cuida que at\u00e9 isso ele vai querer, hein]<\/em><\/p>\n

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Questionado sobre o que \u00e9 mais dif\u00edcil –trabalhar na APCM ou na PF–, abre um sorriso e responde na mesma velocidade com que um tira saca a arma do coldre: “A APCM \u00e9 mais dif\u00edcil.” Sua voz ganha um tom nost\u00e1lgico: “Tenho saudades da pol\u00edcia. Tenho saudades de prender”.<\/strong><\/p>\n<\/blockquote>\n

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[Leonardo Foletto<\/strong>.]<\/p>\n

Cr\u00e9ditos imagens: Beatriz Toledo\/Folha Imagem e arte Folha de S\u00e3o Paulo<\/a>
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