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No final do 2023, publiquei um artigo chamado “Cria\u00e7\u00e3o e cultura livre na era da intelig\u00eancia artificial generativa<\/strong><\/a>” na revista acad\u00eamica Aurora, da PUC-SP, no Dossi\u00ea “Intelig\u00eancia Artificial: quest\u00f5es \u00e9ticas e est\u00e9ticas”[ parte 1<\/strong><\/a>; parte 2<\/strong><\/a>]. \u00c9 um primeiro texto mais filos\u00f3fico, em que fa\u00e7o uma revis\u00e3o de bibliografia (acad\u00eamica, mas tamb\u00e9m jornal\u00edstica) sobre implica\u00e7\u00f5es est\u00e9ticas e filos\u00f3ficas na cria\u00e7\u00e3o e na cultura a partir da populariza\u00e7\u00e3o de sistemas de Intelig\u00eancia Artificial (IA) generativa em 2023 como o ChatGPT. Parte do debate em torno do conhecimento e \u00a0da \u00a0cultura \u00a0livre \u00a0e \u00a0do \u00a0status \u00a0remix \u00a0da \u00a0cria\u00e7\u00e3o \u00a0com \u00a0a \u00a0ascens\u00e3o \u00a0das \u00a0tecnologias \u00a0digitais e da internet nos anos 2000 para, ent\u00e3o, problematizar consequ\u00eancias do uso massivo dos sistemas de IA generativas para a cria\u00e7\u00e3o art\u00edstica hoje.<\/p>\n Por fim, em tempos de disputa acirrada sobre direitos autorais nas IAs generativas, busco pontuar que a explora\u00e7\u00e3o privada do conhecimento n\u00e3o necessariamente precisa ser um motivo para restringir seu amplo acesso, mas disput\u00e1-lo enquanto um comum. Aponto tamb\u00e9m para a constru\u00e7\u00e3o de uma agenda para discutir a cria\u00e7\u00e3o em tempos h\u00edbridos, que busque afirmar as tecnologias a partir de sua caracter\u00edstica prot\u00e9tica, termo usado pelo Yuk Hui num texto lan\u00e7ado ano passado<\/a> (a imagem acima vem da vers\u00e3o em mandarim desse texto<\/a>), j\u00e1 que desde os prim\u00f3rdios da humanidade o acesso \u00e0 verdade sempre dependeu da inven\u00e7\u00e3o e do uso de instrumentos. Qual o tipo de criatividade que emana de um paradigma de abund\u00e2ncia de informa\u00e7\u00e3o, e n\u00e3o escassez? E qual seria um modelo jur\u00eddico que daria conta de substituir o paradigma da propriedade intelectual, baseado na escassez e na propriedade privada, por um mais baseado no amplo acesso? Nesse sentido, valeria entender a centralidade da c\u00f3pia no processo de aprendizado humano para, ent\u00e3o, compreender de que forma o ChatGPT e outras IAs generativas est\u00e3o a potencializar o modo remix de cria\u00e7\u00e3o. Se, de fato, geram pastiches a-hist\u00f3ricos que apenas repaginam o \u201cvelho\u201d e potencializam um \u201cmodo nostalgia\u201d que s\u00f3 consegue atentar ao presente e ao passado e n\u00e3o ao futuro. Ou se observamos isto porque n\u00e3o estamos acostumados a olhar a cria\u00e7\u00e3o sem o humano no centro e no comando do processo, o que remete novamente \u00e0 necessidade de buscar respostas para a pergunta de Simondon: qual o papel que o humano pode desempenhar quando ele deixa de ser o organizador da informa\u00e7\u00e3o?<\/p>\n