{"id":15553,"date":"2024-01-23T22:56:01","date_gmt":"2024-01-24T01:56:01","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=15553"},"modified":"2024-01-24T12:38:06","modified_gmt":"2024-01-24T15:38:06","slug":"cultura-digital-comeco-meio-comeco","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2024\/01\/23\/cultura-digital-comeco-meio-comeco\/","title":{"rendered":"Cultura Digital: come\u00e7o, meio, come\u00e7o"},"content":{"rendered":"
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No final de 2023, ap\u00f3s quase um ano de volta do Minist\u00e9rio da Cultura, uma articula\u00e7\u00e3o de pessoas, organiza\u00e7\u00f5es e coletivos com um hist\u00f3rico na Cultura Digital no saudoso per\u00edodo de Gilberto Gil e Juca Ferreira \u00e0 frente do minist\u00e9rio (entre 2003 e 2010) voltou a agitar a \u00e1rea. Depois de quatro anos sem MinC, e mais pelo menos outros quatro com uma discuss\u00e3o bastante enfraquecida (apesar das tentativas de Juca no MinC de Dilma entre 2015 e 2016), agora finalmente foi poss\u00edvel retomar o debate sobre cultura digital.<\/span><\/p>\n Depois de tanto tempo, muitos desafios novos existem, a come\u00e7ar pelo termo: o que \u00e9 cultura digital hoje? Acesso, inclus\u00e3o, participa\u00e7\u00e3o, ativismo, arte, pol\u00edtica, comunica\u00e7\u00e3o, documenta\u00e7\u00e3o, acervos, tudo isso misturado? Constru\u00e7\u00e3o de plataformas livres para produ\u00e7\u00e3o, circula\u00e7\u00e3o e preserva\u00e7\u00e3o da cultura brasileira, ou para participa\u00e7\u00e3o cidad\u00e3 nas inst\u00e2ncias p\u00fablicas nacionais, ou mesmo para streaming (<\/span>p\u00fablico?<\/a><\/strong>) de nossas obras culturais? Cria\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas verdadeiramente coletivas e colaborativas de valoriza\u00e7\u00e3o e preserva\u00e7\u00e3o da nossa rica diversidade cultural, com respeito e destacando nossa ancestralidade negra e ind\u00edgena? Cria\u00e7\u00e3o de planos de inclus\u00e3o digital que sejam guiados por uma <\/span>Soberania Digital<\/strong><\/span><\/a> que n\u00e3o ache que inclus\u00e3o \u00e9 dar acesso a poucas plataformas privadas de redes sociais ou submetidas<\/span> \u00e0 sat\u00e9lites de acesso produzidos por uma empresa de um magnata lun\u00e1tico?<\/a><\/strong>\u00a0 Se faz ainda sentido falar em cultura digital, como defini-la hoje, e por qu\u00ea? O que de fato queremos dizer hoje, e pro futuro, com cultura digital, para al\u00e9m dessa retomada do hist\u00f3rico brasileiro e da filia\u00e7\u00e3o dela ao MinC?<\/span><\/p>\n N\u00e3o \u00e9 preciso se estender muito em lembrar que a d\u00e9cada de 2010 foi o per\u00edodo de ascens\u00e3o das Big Techs como as grandes organizadoras do debate p\u00fablico mundial. S\u00e3o muitas consequ\u00eancias dessa mudan\u00e7a, especialmente para o que se chama (va) cultura digital (ou cibercultura, no meio acad\u00eamico). Entre elas: o enfraquecimento do movimento (e da op\u00e7\u00e3o) do software livre como uma alternativa mais justa e segura \u00e0s plataformas privadas guiadas pelo lucro com a venda dos dados;\u00a0 a potencializa\u00e7\u00e3o da desinforma\u00e7\u00e3o no universo digital como problema central na pol\u00edtica (e talvez na sociedade) contempor\u00e2nea; a vigil\u00e2ncia generalizada tirando cada vez a j\u00e1 pouca privacidade de todo o mundo; a depend\u00eancia dos artistas das grandes plataformas para produzirem, circularem e guardarem suas obras; apenas para citar quatro e n\u00e3o usar todo este espa\u00e7o para listar as transforma\u00e7\u00f5es na internet nesta \u00faltima d\u00e9cada.<\/span><\/p>\n O primeiro grande encontro para discutir os novos rumos da cultura digital brasileira hoje \u00e9 a 1\u00aa Confer\u00eancia Tem\u00e1tica da Cultura Digital<\/strong><\/a>, realizada de forma online nos dias 24, 25 e 26 de janeiro no site Plantaformas.org com transmiss\u00e3o pela TV Tain\u00e3 (tv.taina.net.br). O encontro \u00e9 parte das atividades preparat\u00f3rias da 4\u00aa Confer\u00eancia\u00a0 Nacional de Cultura e tem como objetivo pr\u00e1tico sistematizar um debate acerca da Cultura Digital para compor o Caderno da 4\u00aa Confer\u00eancia Nacional de Cultura, a ser realizada ainda neste 2024, e eleger tr\u00eas propostas para serem apresentadas na plen\u00e1ria da confer\u00eancia nacional. As propostas mais votadas nesta plen\u00e1ria integrar\u00e3o o Plano Nacional de Cultura.\u00a0<\/span><\/p>\n O objetivo simb\u00f3lico, intelectual e astral, se podemos dizer assim, j\u00e1 est\u00e1 dito: retomada. A constru\u00e7\u00e3o da programa\u00e7\u00e3o foi toda colaborativa a partir de propostas e vota\u00e7\u00f5es mediadas pela <\/span>Plantaformas<\/strong><\/span><\/a>, criada pela Casa Preta Amaz\u00f4nia em software livre a partir do <\/span>Decidim<\/a><\/strong>,<\/strong> usada para participa\u00e7\u00e3o cidad\u00e3 em diversos lugares do mundo. O tempo de constru\u00e7\u00e3o das propostas, escasso – entre final de dezembro de 2023 e meados de janeiro de 2024\u00a0 -, foi criticado por muitas pessoas e coletivos. A justificativa tem rela\u00e7\u00e3o com o tempo da(s) pol\u00edtica(s): ele s\u00f3 foi feito r\u00e1pido assim devido a necessidade (e o desejo) de participar da Confer\u00eancia Nacional de Cultura em 2024 e a dificuldade de rearticula\u00e7\u00e3o, entre sociedade civil e Governo, que levou boa parte de 2023. O evento foi puxado pelo que se est\u00e1 chamando de Rede da Cultura Digital Brasileira – este grupo de pessoas, coletivos e organiza\u00e7\u00f5es que t\u00eam voltado a debater o tema desde 2023, como comentei no in\u00edcio, com a coordena\u00e7\u00e3o do Laborat\u00f3rio de Cultura Digital da Universidade Federal do Paran\u00e1 (UFPR) e apoio de diversas organiza\u00e7\u00f5es e coletivos (<\/span>que podem ser vistos aqui<\/strong><\/span><\/a>).<\/span><\/p>\n O tema central da confer\u00eancia, proposto pela Rede de Produtoras Colaborativas, \u00e9 <\/span>PermaCultura Digital: Come\u00e7o, meio e come\u00e7o<\/b>, <\/span>tema apresentado na Plantaformas<\/a><\/strong> pela Rede de Produtoras Colaborativas<\/a><\/strong> e que ser\u00e1 o da mesa de abertura, com a participa\u00e7\u00e3o de mestres e mestras do Conselho Ancestral e representantes do Comit\u1ebd de Governan\u00e7a Colaborativa da Rede da Cultura Digital. \u201cA PermaCultura \u00e9 a sistematiza\u00e7\u00e3o de saberes ancestrais para a perman\u00eancia de todas as formas de vida na Terra. Entendemos que esse conhecimento, como proposta \u00e9tica e metaf\u00f3rica para essa nova onda da Cultura Digital tem uma grande pot\u00eancia\u201d, explica Fabs Balvedi, integrante da Rede. J\u00e1 o \u201ccome\u00e7o, meio e come\u00e7o\u201d, aspas do <\/span>mestre quilombola Nego Bispo, chega para somar ao movimento a \u00eanfase <\/span>contracolonial e a ancestral que rege a Cultura Digital, nessa conflu\u00eancia entre <\/span>tradi\u00e7\u00f5es e transgress\u00f5es que as tecnologias digitais podem promover. <\/span><\/p>\n<\/p>\n