{"id":14899,"date":"2022-09-15T15:00:11","date_gmt":"2022-09-15T18:00:11","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=14899"},"modified":"2022-09-21T19:01:11","modified_gmt":"2022-09-21T22:01:11","slug":"14-anos-de-baixacultura","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2022\/09\/15\/14-anos-de-baixacultura\/","title":{"rendered":"14 anos de BaixaCultura"},"content":{"rendered":"

Acredita se quiser: setembro de 2022 \u00e9 o m\u00eas em que completamos 14 (!) anos<\/h4>\n

Em 15 de setembro de 2008, o post que inaugurava esse espa\u00e7o<\/a> usava o document\u00e1rio \u201cGood Copy, Bad Copy\u201d para fazer uma esp\u00e9cie de manifesto do que pens\u00e1vamos sobre toda a quest\u00e3o da livre circula\u00e7\u00e3o de cultura na rede. Um trecho:<\/p>\n

Os argumentos falaciosos [da Ind\u00fastria Cultural que criminaliza o download] mascaram o problema do acesso com a histeria em torno da viola\u00e7\u00e3o de direitos e do lucro indevido, sem nenhuma vergonha do anacronismo ademais antidemocr\u00e1tico (afinal, o acesso \u00e0 cultura diz muito da qualidade de uma democracia) do tratamento dispensado a quest\u00f5es como a da c\u00f3pia livre ou o sampler, essa t\u00e9cnica j\u00e1 secular.<\/p>\n

Secular, pois \u00e9. Praticada na literatura desde Lautr\u00e8amont e, d\u00e9cadas depois, adotada por surrealistas, situacionistas, e uma p\u00e1 de outros doidos defensores de que numa sociedade entupida de informa\u00e7\u00e3o, a utiliza\u00e7\u00e3o de materiais pr\u00e9-existentes pode ser bem mais subversiva do que produzir a partir dum vago princ\u00edpio de originalidade.<\/p>\n

Depois vieram dub, rap, hip hop, os soundsystems, respostas da periferia (econ\u00f4mica, mas tamb\u00e9m geogr\u00e1fica) ao car\u00e1ter unidirecional da cultura pop. Respostas mais e mais amea\u00e7adoras para a ind\u00fastria \u00e0 medida que a tecnologia digital se torna largamente acess\u00edvel para qualquer um que queira produzir e compartilhar cultura. Nesse ponto, n\u00e3o apenas os modos de produ\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m os de distribui\u00e7\u00e3o e consumo de produtos culturais necessitam de revis\u00e3o.<\/p>\n

A l\u00f3gica industrial da cultura [a l\u00f3gica cultural dominante ao longo do s\u00e9culo 20] se baseia num esquema feroz de controle autoral (o copyright), mais ou menos feroz a depender do volume de grana envolvido [no Brasil, pelo menos, os contratos de edi\u00e7\u00e3o de livro s\u00e3o bastante flex\u00edveis se comparados aos acordos abusivos da ind\u00fastria fonogr\u00e1fica]. Quando a tecnologia digital torna imposs\u00edvel esse controle, e aos lucros cada vez menores da ind\u00fastria se equipara uma produ\u00e7\u00e3o cultural descentralizada, diversificada e auto-gerenciada; quando a rea\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria \u00e9 uma dispendiosa campanha \u201ccontra a pirataria\u201d por vezes redundando em leis ignorantes, \u00e9 a\u00ed que o toque dado por Ronaldo Lemos em seu depoimento ao filme serve como uma luva: a sociedade \u00e9 a grande concorrente da ind\u00fastria.<\/p><\/blockquote>\n

De l\u00e1 pra c\u00e1, tudo mudou na internet. Quase desnecess\u00e1rio dizer, mas gostamos da repeti\u00e7\u00e3o: \u201cNavegar na internet\u201d, uma frase t\u00e3o comum na \u00e9poca quanto a famigerada express\u00e3o \u201cinternauta\u201d, era o h\u00e1bito cotidiano de entrar em um site e, dele, pular para outro, e outro, e outro, at\u00e9 se perder, horas depois, em uma p\u00e1gina em que n\u00e3o se sabia bem como se havia entrado. Flan\u00eaur digital<\/em> era outra express\u00e3o utilizada para identificar esse caminhante sem rumo pela rede, que se perdia nas esquinas dos blogs como um andarilho pelas ruas das grandes cidades.<\/p>\n

As plataformas digitais, e o Facebook em especial, mudaram esse movimento; trouxe a cidade inteira para o caminhante andar sem sair do lugar. Uma cidade constru\u00edda por uma (ou poucas) empresa privada que, em cada movimento feito pelo seus habitantes, produz um dado, o qual, recombinado a outros milhares, torna-se extremamente rent\u00e1vel, preciso, invasor, gerando o que atualmente se define como \u201ccapitalismo de vigil\u00e2ncia\u201d, o modo de viver e ganhar dinheiro predominante na internet hoje – e o resto \u00e9 hist\u00f3ria (parcialmente documentada aqui, ali\u00e1s).<\/p>\n

Para celebrar essa efem\u00e9ride, estamos lan\u00e7ando este site novo. A proposta foi atualizar o visual, que desde 2012 era o mesmo, e facilitar o acesso ao que produzimos. O trabalho, que mod\u00e9stia a parte achamos lindo, ficou a cargo do designer Gustavo Alencar. Ainda estamos fazendo ajustes e logo teremos novidades (A VOLTA DO BLOGROLL!<\/a>). Se tiver alguma sugest\u00e3o, cr\u00edtica ou coment\u00e1rio s\u00f3 deixar aqui, falar no info@baixacultura.org<\/a> e onde mais voc\u00ea quiser.<\/p>\n

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