{"id":13995,"date":"2009-10-09T17:13:36","date_gmt":"2009-10-09T17:13:36","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=2311"},"modified":"2009-10-09T17:13:36","modified_gmt":"2009-10-09T17:13:36","slug":"pierre-levy-e-a-busca-de-uma-linguagem-universal","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/10\/09\/pierre-levy-e-a-busca-de-uma-linguagem-universal\/","title":{"rendered":"Pierre Levy e a fic\u00e7\u00e3o (real) cient\u00edfica"},"content":{"rendered":"
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Falei da entrevista de Levy para a Folha<\/a> na \u00faltima postagem durante sua recente passagem pelo Brasil. Teve tamb\u00e9m uma para o G1<\/a>, bastante extensa, e que na verdade \u00e9 a transcri\u00e7\u00e3o daquela do v\u00eddeo, publicado no Globo Videos<\/a>. E outra ainda em julho no Websinder<\/a>, do Uol, bem curta, por e-mail. Dentre outros assuntos tratados nas entrevistas, Levy bate forte na tecla de que precisamos de uma grande revolu\u00e7\u00e3o epistemol\u00f3gica;\u00a0 os dados est\u00e3o no ciberespa\u00e7o, mas em uma quantidade absurda. Ent\u00e3o, o que necessitamos, diz o fil\u00f3sofo, \u00e9 automatizar a explora\u00e7\u00e3o desses dados, de modo que possamos tirar um melhor proveito deles e, deste modo, construir um conhecimento verdadeiramente coletivo<\/strong>, aberto aos mais diferentes pontos de vista.<\/p>\n Resolvi pescar algumas respostas do tunisiano das tr\u00eas entrevistas e reproduz\u00ed-las aqui abaixo, com alguns coment\u00e1rios e acr\u00e9scimos, tipo um remix:<\/p>\n Nep\u00f4 \u2013 No passado voc\u00ea publicou v\u00e1rios livros e alcan\u00e7ou um importante papel em todo o mundo como fil\u00f3sofo voltado para a compreens\u00e3o da \u00e1rea de tecnologia. Gostaria de saber se est\u00e1 trabalhando em um novo livro? E se sim, qual o tema?<\/strong><\/p>\n L\u00e9vy<\/strong> \u2013 Nos \u00faltimos sete anos, tenho trabalhado em tempo integral na concep\u00e7\u00e3o de uma linguagem artificial chamada IEML<\/a> que tem a capacidade expressiva de uma linguagem natural e a vantagem computacional de ser tamb\u00e9m uma linguagem de programa\u00e7\u00e3o. Meu primeiro objetivo \u00e9 resolver o problema da interoperabilidade sem\u00e2ntica, atrav\u00e9s da IEML, como linguagem de import\u00e2ncia central para tagueamento sem\u00e2ntico.<\/p>\n<\/blockquote>\n Da entrevista do G1, que explica melhor o funcionamento do novo projeto do Levy:<\/p>\n “Digamos que, no curto prazo, h\u00e1 um problema relativamente pequeno, chamado de problema da operabilidade sem\u00e2ntica<\/strong>. (..) Obviamente, hoje em dia, todos os documentos e todas as mensagens est\u00e3o ligadas entre si pela internet, no ciberespa\u00e7o. Ent\u00e3o h\u00e1 uma interconectividade f\u00edsica por conta da internet. Mas ainda h\u00e1 uma divis\u00e3o sem\u00e2ntica, uma fragmenta\u00e7\u00e3o entre esses documentos.<\/p>\n Essa fragmenta\u00e7\u00e3o da informa\u00e7\u00e3o existe, em primeiro lugar, por conta da exist\u00eancia natural de v\u00e1rias l\u00ednguas. Se algu\u00e9m escreve um blog em chin\u00eas, eu n\u00e3o consigo ler, voc\u00ea n\u00e3o consegue ler e os programas de tradu\u00e7\u00e3o autom\u00e1tica, como do Google, n\u00e3o s\u00e3o muito bons. Portanto, n\u00e3o h\u00e1 comunica\u00e7\u00e3o<\/strong>. Outro aspecto \u00e9 que temos sistemas diferentes de classifica\u00e7\u00e3o das informa\u00e7\u00f5es. Os computadores podem usar um sistema de classifica\u00e7\u00e3o, e se meu conte\u00fado \u00e9 organizado por um sistema diferente, as coisas come\u00e7am a ficar complicadas. E existem centenas de sistemas diferentes. Por exemplo, nas bibliotecas, voc\u00ea pode organizar os livros por disciplinas, por ano de publica\u00e7\u00e3o, por \u00e1rea geogr\u00e1fica de interesse, e por a\u00ed vai. Se em outra biblioteca a divis\u00e3o \u00e9 diferente, est\u00e1 feita a bagun\u00e7a.<\/p>\n Os cientistas da computa\u00e7\u00e3o criaram algo que \u00e9 bastante poderoso, usado pela famosa “internet sem\u00e2ntica”, que \u00e9 chamado de “ontologia”. A “ontologia” \u00e9 uma rede de conceitos na qual as rela\u00e7\u00f5es entre um conceito e qualquer outro da pr\u00f3pria “ontologia” \u00e9 bem definido. Portanto, os computadores s\u00e3o capazes de raciocinar automaticamente sobre os conceitos da ontologia<\/strong>. Por exemplo, voc\u00ea est\u00e1 lendo um documento e identifica que ele trata sobre os conceitos “x”, “y” e “z”. Se voc\u00ea expressar essas id\u00e9ias em uma ontologia, o computador \u00e9 capaz de identificar que este documento est\u00e1 ligado a outros, e te ajudar\u00e1 a filtrar, navegar e expandir seu acesso a conhecimentos correlatos.<\/p>\n O problema \u00e9 que h\u00e1 muitos sistemas diferentes de ontologias. Todo esse racioc\u00ednio automatizado, o uso de filtros e conex\u00f5es, geralmente \u00e9 restrito a uma \u00e1rea do conhecimento. E, \u00e0s vezes, voc\u00ea esbarra em uma situa\u00e7\u00e3o na qual em um mesmo dom\u00ednio de informa\u00e7\u00f5es h\u00e1 v\u00e1rias ontologias diferentes<\/strong>. Diferentes especialistas podem dividir as informa\u00e7\u00f5es de formas nem sempre compat\u00edveis. E, esse \u00e9 essencialmente o problema de operabilidade sem\u00e2ntica.<\/p>\n A linguagem que estou propondo pode ser traduzida para diferentes l\u00ednguas naturais, e pode expressar classifica\u00e7\u00f5es e ontologias de todas as \u00e1reas<\/strong>. Al\u00e9m disso, ela \u00e9 criada originalmente de uma maneira na qual os computadores podem fazer v\u00e1rias opera\u00e7\u00f5es utilizando esses termos. E n\u00e3o apenas opera\u00e7\u00f5es l\u00f3gicas, como racioc\u00ednio automatizado, mas tamb\u00e9m varia\u00e7\u00f5es, rota\u00e7\u00f5es, conex\u00f5es diferentes, como se uma express\u00e3o fosse um n\u00famero. Desta forma, \u00e9 poss\u00edvel fazer transforma\u00e7\u00f5es geom\u00e9tricas com as informa\u00e7\u00f5es em um espa\u00e7o sem\u00e2ntico. Essa \u00e9 a id\u00e9ia b\u00e1sica. (…) O que eu espero \u00e9 que, utilizando essa linguagem, sejamos capazes de fazer tradu\u00e7\u00f5es autom\u00e1ticas com muita facilidade. Ela funcionar\u00e1 como uma “chave” entre duas l\u00ednguas naturais, e vai facilitar a navega\u00e7\u00e3o e a filtragem de informa\u00e7\u00e3o, buscas e diversas opera\u00e7\u00f5es que poderiam ser feitas automaticamente<\/strong>. No final, ela vai aumentar a colabora\u00e7\u00e3o entre estudantes e pesquisadores de disciplinas, culturas e l\u00ednguas diferentes.<\/p>\n<\/blockquote>\n A bela Ottawa onde h\u00e1 sete anos Levy pesquisa a IEML<\/p><\/div>\n FOLHA – Quais os principais problemas no caminho da cibercultura?<\/strong><\/p>\n L\u00c9VY<\/strong> – Eu vejo dois principais problemas. Primeiro, a parte f\u00edsica da interconex\u00e3o digital j\u00e1 est\u00e1 pronta ou estar\u00e1 em breve. Mas a interconex\u00e3o sem\u00e2ntica ainda \u00e9 um grande problema: pessoas falam diferentes l\u00ednguas, sistemas de classifica\u00e7\u00e3o diferentes e possuem distintas experi\u00eancias disciplinares e culturais. Eu acredito que precisamos uma metal\u00edngua comput\u00e1vel universal, que ir\u00e1 nos ajudar a traduzir, procurar, analisar e sintetizar informa\u00e7\u00e3o de forma colaborativa e aberta. O segundo problema \u00e9 a evolu\u00e7\u00e3o de todo sistema de m\u00eddia, pol\u00edtico e educacional. Se as pessoas continuarem a se prender \u00e0 velha forma est\u00e1tica e centralizada de comunica\u00e7\u00e3o (isso inclui estruturas legais) algumas transforma\u00e7\u00f5es ser\u00e3o muito dolorosas.<\/p>\n<\/blockquote>\n FOLHA – As tentativas de restringir a liberdade na internet ter\u00e3o \u00eaxito?<\/strong><\/p>\n L\u00c9VY<\/strong> – Eu n\u00e3o acredito que controles e restri\u00e7\u00f5es ir\u00e3o ter \u00eaxito. H\u00e1 um movimento bem mais forte em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 interconex\u00e3o al\u00e9m de todas as fronteiras, liberdade de cria\u00e7\u00e3o de comunidades e aumento das faculdades cognitivas coletivas e pessoais. A intelig\u00eancia coletiva livre <\/strong>\u00e9 a real plataforma do desenvolvimento humano e da prosperidade econ\u00f4mica, ent\u00e3o todos possuem interesse em sua expans\u00e3o irrestrita.<\/p>\n<\/blockquote>\n [Par\u00eantese: Pierre Levy tem um livro que se chama “As tecnologias da intelig\u00eancia”, editado no Brasil em 1993 e dispon\u00edvel no Google Books<\/a>. Nele, desenvolve a ideia de “intelig\u00eancia coletiva”, que de modo muito sucinto poderia se dizer que \u00e9 um princ\u00edpio onde as intelig\u00eancias individuais s\u00e3o somadas e compartilhadas por toda a sociedade, potencializadas com o advento de novas tecnologias de comunica\u00e7\u00e3o. Esta intelig\u00eancia coletiva possibilita a partilha da mem\u00f3ria, da percep\u00e7\u00e3o, da imagina\u00e7\u00e3o, o que resulta na aprendizagem e troca de conhecimentos coletiva. Para melhor entendimento da quest\u00e3o favor ler o dito livro.]<\/em><\/p>\n \n <\/p>\n G1 – O senhor afirma que o que estamos vivendo hoje em dia \u00e9 uma revolu\u00e7\u00e3o maior do que a que se seguiu \u00e0 inven\u00e7\u00e3o da prensa tipogr\u00e1fica, e que estamos passando por um salto na produ\u00e7\u00e3o e divulga\u00e7\u00e3o de conhecimento. Do ponto de vista da intelig\u00eancia coletiva, o que fazem sistemas de organiza\u00e7\u00e3o de conte\u00fado como o Google j\u00e1 n\u00e3o \u00e9 suficiente para organizar nossas ideias? <\/strong><\/p>\n L\u00e9vy – <\/strong>Na verdade, s\u00e3o coisas diferentes. Mas h\u00e1 uma semelhan\u00e7a importante: o que algoritmo de organiza\u00e7\u00e3o do Google faz, o famoso “Pagerank”, \u00e9 levar em conta a intelig\u00eancia coletiva. Ele decide que um conte\u00fado \u00e9 mais importante se tiver mais links levando a esse conte\u00fado, principalmente vindos de p\u00e1ginas igualmente relevantes, com mais links que levam a essa refer\u00eancia. (…)<\/p>\n Tamb\u00e9m estou tentando fazer isso. Mas de uma forma diferente. O algoritmo do Google \u00e9 baseado principalmente em estat\u00edsticas. Portanto, \u00e9 uma an\u00e1lise quantitativa.<\/p>\n<\/blockquote>\n [Acredito que todos tenham uma ideia de como funciona o sistema de Page Rank<\/a> do Google. Mas vamos l\u00e1: O Google mant\u00e9m uma lista de bilh\u00f5es de p\u00e1ginas em ordem de import\u00e2ncia; cada p\u00e1gina tem sua import\u00e2ncia na Internet como um todo. Essa import\u00e2ncia se d\u00e1 pelo n\u00famero de votos que uma p\u00e1gina recebe. Um voto \u00e9 um\u00a0 <\/em>link em qualquer lugar da Internet para aquela p\u00e1gina. Votos de p\u00e1ginas mais importantes valem mais do que votos de p\u00e1ginas menos importantes, e quanto mais votos de p\u00e1ginas importantes mais import\u00e2ncia essa p\u00e1gina ganha no ranking do Google. Isso significa que mais facilmente ela \u00e9 encontrada pelos buscadores, o que, por sua vez, coloca ela mais facilmente nos primeiros lugares quando uma determinada busca \u00e9 realizada. A figura abaixo explica este o que acabei de explicar de maneira mais simples e engra\u00e7adinha.]<\/em><\/p>\n Eu n\u00e3o sou contra uma computa\u00e7\u00e3o quantitativa, \u00e9 claro, mas o que eu quero fazer \u00e9 uma computa\u00e7\u00e3o quantitativa em um espa\u00e7o qualitativo. Talvez eu esteja enganado, e isso nunca aconte\u00e7a, mas eu creio que se a humanidade realmente quer viver uma fase de crescimento do conhecimento – e, como voc\u00ea apontou, a grande revolu\u00e7\u00e3o nas ci\u00eancias naturais na Europa ocorreu ap\u00f3s a inven\u00e7\u00e3o da prensa. N\u00e3o foi a \u00fanica causa, \u00e9 claro, mas foi a base.<\/p>\n E eu estou convencido de que haver\u00e1, na pr\u00f3xima gera\u00e7\u00e3o, uma nova revolu\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, mas n\u00e3o nas ci\u00eancias naturais, mas nas ci\u00eancias humanas. Hoje em dia, todos os dados sobre o comportamento humano podem ser reunidos no ciberespa\u00e7o, o \u00fanico problema \u00e9 que ainda n\u00e3o temos a capacidade de explorar essas informa\u00e7\u00f5es. E se n\u00e3o tivermos um sistema coordenado no espa\u00e7o sem\u00e2ntico, o espa\u00e7o dos significados, n\u00e3o seremos capazes de viver essa revolu\u00e7\u00e3o.<\/p>\n<\/blockquote>\n G1 – Como a indexa\u00e7\u00e3o da intelig\u00eancia coletiva pode mudar a maneira que lidamos com o conhecimento? Portanto, o que precisamos \u00e9 de uma metalinguagem, que possa ser completamente manipul\u00e1vel por sistemas autom\u00e1ticos e, ao mesmo tempo, possa ser usada para expressar qualquer tipo de ideia, ponto de vista ou teoria<\/strong>. Se ela limitar a express\u00e3o de uma teoria, ou de uma interpreta\u00e7\u00e3o, n\u00e3o serve. Pelo contr\u00e1rio: ela deve ajudar a aumentar a diversidade de pontos de vista. Talvez n\u00e3o seja a l\u00edngua que eu criei que ser\u00e1 a base dessa revolu\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, mas haver\u00e1 algo nesses moldes. E eu acredito que devemos iniciar em breve as primeiras tentativas.<\/p>\n<\/blockquote>\n **<\/p>\n Participante do Arte.Mov de 2008, em Belo Horizonte<\/p><\/div>\n Alguns podem at\u00e9 achar que Levy est\u00e1 “viajando” em acreditar que e poss\u00edvel botar uma m\u00ednima ordem no caos informativo que \u00e9 a web atrav\u00e9s da cria\u00e7\u00e3o de uma linguagem que seja uma “chave” entre duas l\u00ednguas naturais, como o pr\u00f3prio diz. Mas se formos analisar a situa\u00e7\u00e3o com nosso olhar de c\u00e9ticos calejados em fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, faz sentido e muito.<\/p>\n Lembro bem da \u00e9poca em que pela primeira vez tive acesso as teorias de Levy, ainda na faculdade, por volta de 2004, \u00e9poca pr\u00e9 web 2 ou 3 ou 4.0, onde as redes sociais n\u00e3o eram t\u00e3o fortes como hoje, e os blogs estavam nos seus primeiros anos de seu “boom” ao redor do planeta. Nesta \u00e9poca, que parece que faz mais de vinte anos mas \u00e9 somente h\u00e1 cinco anos atr\u00e1s, ler Levy era, pra mim, como ler fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica: um monte de hist\u00f3rias profundamente filos\u00f3ficas sobre um futuro nada palp\u00e1vel e muito ut\u00f3pico. Minha rala experi\u00eancia (de tudo) na \u00e9poca potencializava ainda mais essa sensa\u00e7\u00e3o de “ihhh, que viagem<\/em>“, compartilhada pela maioria dos meus colegas. Ach\u00e1vamos Levy mais um daqueles te\u00f3ricos “experientes” que se espantavam com o que para n\u00f3s era banal e muito real e nada tinha de revolucion\u00e1rio. N\u00e3o contente em se espantar, pens\u00e1vamos n\u00f3s, ele ainda queria viajar em cima, criar teorias sobre essa viagem e nos fazer acreditar que isso poderia ser real!<\/p>\n Mas n\u00e3o \u00e9 que nem cinco anos depois tudo parece fazer mais sentido?<\/p>\n .<\/p>\n [Leonardo Foletto<\/strong>.]<\/p>\nCr\u00e9ditos imagens: 1<\/a>, 2<\/a>, 3<\/a>, 4<\/a>.<\/address>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" . Falei da entrevista de Levy para a Folha na \u00faltima postagem durante sua recente passagem pelo Brasil. Teve tamb\u00e9m uma para o G1, bastante extensa, e que na verdade \u00e9 a transcri\u00e7\u00e3o daquela do v\u00eddeo, publicado no Globo Videos. E outra ainda em julho no Websinder, do Uol, bem curta, por e-mail. 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\nL\u00e9vy –<\/strong> Precisamos de uma grande revolu\u00e7\u00e3o epistemol\u00f3gica. Os dados est\u00e3o l\u00e1, mas em uma quantidade absurda. Portanto, n\u00e3o temos como explor\u00e1-los manualmente, lendo tudo, por exemplo. Precisamos, portanto, automatizar a explora\u00e7\u00e3o desses dados<\/strong>. Mas se, por exemplo, os dados est\u00e3o escritos em 300 l\u00ednguas diferentes, e est\u00e3o indexadas em 250 metodologias diferentes, essa automatiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o vai funcionar.<\/p>\n