{"id":13972,"date":"2009-01-09T13:46:18","date_gmt":"2009-01-09T13:46:18","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=1008"},"modified":"2009-01-09T13:46:18","modified_gmt":"2009-01-09T13:46:18","slug":"literatura-google-earth","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/01\/09\/literatura-google-earth\/","title":{"rendered":"Literatura Google Earth"},"content":{"rendered":"

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\"wetellstories2\"<\/p>\n

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De vez em quando me deparo com algumas coisas na web que n\u00e3o consigo entender bem. Na maioria destas ocasi\u00f5es, a minha perplexidade \u00e9 um t\u00edpico alarme de que algo novo<\/em> est\u00e1 diante de mim: algo que at\u00e9 j\u00e1 tinha ouvido falar, mas n\u00e3o acreditei que fosse poss\u00edvel ver da maneira que me \u00e9 mostrado, ou ent\u00e3o algo que at\u00e9 mesmo j\u00e1 tinha visto, mas n\u00e3o havia tido o tempo necess\u00e1rio de compreender o grande lance <\/em>por tr\u00e1s da id\u00e9ia da coisa.\u00a0 O meu exemplo preferido para estes casos incr\u00edveis de perplexidade, que nem \u00e9 t\u00e3o novo mas enfim, \u00e9 o Google Earth. Pra mim, \u00e9 a ferramenta mais magn\u00edfica que o Google j\u00e1 criou, muito embora ele nem tenha criado, mas potencializado em escala global algo que j\u00e1 existia secretamente nas melhores ag\u00eancias secretas estatais.<\/p>\n

Ver todo planeta por meio do Google Earth \u00e9 uma experi\u00eancia\u00a0 t\u00e3o inacredit\u00e1vel que, tenho alguma certeza disso, ningu\u00e9m ainda sabe mensurar o quanto isso vai ser um paradigma para a nossa exist\u00eancia. Pode at\u00e9 parecer entusiasmo exagerado, t\u00edpico daqueles senhores que viram depois de velho a cria\u00e7\u00e3o da internet, mas n\u00e3o consigo deixar de pensar em outra coisa quando vejo as possibilidades de inova\u00e7\u00e3o que o Google Earth potencializa.<\/p>\n

Quer um exemplo? Aqui est\u00e1, ent\u00e3o. Nem \u00e9 l\u00e1 muito revolucion\u00e1rio, mas \u00e9 como a ponta de um iceberg, para ficar numa met\u00e1fora que todo mundo entende\u00a0 – se eles j\u00e1 conseguem fazer isso brincando, o que n\u00e3o far\u00e3o daqui h\u00e1 alguns anos?<\/em><\/p>\n

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\"wetellstories\"<\/p>\n

O\u00a0 site \u00e9 We Tell Stories<\/a>. Resumidamente, pode-se dizer que ele \u00e9 uma s\u00e9rie de seis hist\u00f3rias escritas por seis autores diferentes, cada uma usando mais ou menos alguma ferramenta da web. A que quero falar aqui \u00e9 a primeira<\/a>, contada em tags no Google Earth, por onde acompanhamos o movimento dos personagens nos locais por onde eles passam. H\u00e1 a possibilidade de ver material adicional \u00e0 hist\u00f3ria, como fotos dos locais por onde vamos seguindo os personagens. O conte\u00fado extra vai aparecendo na medida em que a hist\u00f3ria se desenvolve, ajudando a contextualizar tudo.<\/p>\n

O nome desse primeiro livro – ou jogo virtual, ou as duas coisas ou ainda uma outra coisa que n\u00e3o sabemos ainda o que vai ser –\u00a0 \u00e9 “21 Steps<\/em>“, escrita pelo brit\u00e2nico Charles Cumming<\/a>. A hist\u00f3ria \u00e9 inspirado num cl\u00e1ssico thriller de Jon Buchan, The 39 Steps<\/a>, que trata do aventureiro Richard Hannay, que retorna da \u00c1frica do Sul para Londres e est\u00e1 entendiado com sua\u00a0 pacata vida na capital brit\u00e2nica. At\u00e9 que, como todo bom trhiller, um assassinato acontece e tudo se modifica.<\/p>\n

Podemos acompanhar a movimenta\u00e7\u00e3o de Richard por Londres. Paramos para tomar um caf\u00e9 com ele; vemos o que ele est\u00e1 pensando enquanto toma seu caf\u00e9. Lemos atrav\u00e9s das tags, como num livro, o que est\u00e1 acontencendo naquele local. Quando Richard resolve atravessar a rua e checar alguma coisa na British Library, seguimos ele. Lemos a descri\u00e7\u00e3o do ambiente enquanto vemos, de cima, o p\u00e1tio da British Library. Notamos que ele resolveu subir as escadas correndo e acompanhamos seu movimento como um rastro azul; um marcador vermelho p\u00e1ra e mostra que ele resolve parar no segundo andar e verificar um computador. Na pr\u00f3pria tag onde est\u00e1 a hist\u00f3ria vemos que a tela do computador est\u00e1 com uma estranha mensagem: “DO NOT BE LATE<\/em>“. E assim Richard resolve investigar, e assim a hist\u00f3ria continua por mais uma dezena de cap\u00edtulos.<\/p>\n

\"we-tell-stories-763998\"<\/p>\n

(em vers\u00e3o Google Maps)<\/address>\n
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O projeto do We Tell Stories \u00e9 idealizado pela Penguin Books<\/a>, aquela mesma dos pockets baratos em ingl\u00eas que encontramos em algumas livrarias brasileiras. Foi lan\u00e7ado em mar\u00e7o do ano passado e teve alguma repercuss\u00e3o em blogs estrangeiros e nacionais, mas n\u00e3o muita. A id\u00e9ia da coisa, pelo que entendi, \u00e9 divulgar os livros cl\u00e1ssicos por meio dessas vers\u00f5es digitais. Tudo pensado para cativar o novo p\u00fablico leitor que nasceu junto com a internet – e com isso ganhar dinheiro.<\/p>\n

Outros livros que foram recontados para a web foram cl\u00e1ssicos do porte de “Fairy Tales<\/a>“, de Hans Cristian Anderson e “Hard Times<\/a>“, de Charles Dickens. Nenhum de forma t\u00e3o inovadora quanto “The 39 Steps”, \u00e9 verdade. Mas parece uma id\u00e9ia interessante s\u00f3 o fato de uma editora tradicional se propor a criar formas alternativas de cativar novos leitores.<\/p>\n

\u00c9 inevit\u00e1vel imaginar como seriam iniciativas parecidas com essa aqui no Brasil. Acompanharmos os movimentos de Bentinho e Capit\u00fa no Rio de Janeiro do final do s\u00e9culo XIX\u00a0 em “Dom Casmurro<\/a>” , por exemplo; a saga de Baleia e cia no sert\u00e3o nordestino de “Vidas Secas”, incluindo at\u00e9 mesmo cenas do cl\u00e1ssico filme hom\u00f4nimo<\/a> de N\u00e9lson Pereira dos Santos; seguir o caminho das viagens de “O Louco do Cati”<\/a>, do ga\u00facho Dyon\u00e9lio Machado, o on the road <\/em>brasileiro; ali\u00e1s, que tal acompanhar Kerouac e Dean Moriarty em suas perambula\u00e7\u00f5es pelos EUA e M\u00e9xico no On the Road<\/a> original?<\/p>\n

[Leonardo Foletto<\/strong>]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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