{"id":13965,"date":"2008-12-04T15:50:04","date_gmt":"2008-12-04T15:50:04","guid":{"rendered":"http:\/\/baixacultura.wordpress.com\/?p=726"},"modified":"2008-12-04T15:50:04","modified_gmt":"2008-12-04T15:50:04","slug":"faulkner-hipertextual","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2008\/12\/04\/faulkner-hipertextual\/","title":{"rendered":"Faulkner hipertextual"},"content":{"rendered":"
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Come\u00e7ou do \u00f3bvio: queria ler O Som e a F\u00faria (ou The Sound and the Fury<\/a>), 3\u00ba romance de William Faulkner<\/a>, um dos grandes da Literatura Americana do s\u00e9culo XX. A iniciativa veio por dois motivos principais: de tanto ouvir Faulkner ser citado por muito dos escritores que mais li na vida at\u00e9 hoje, especialmente Juan Carlos Onetti<\/strong> e Julio Cort\u00e1zar;<\/strong> e por ler este trecho da entrevista de Cormac McCarthy<\/a> \u00e0 Rolling Stone Latino Am\u00e9rica, em fevereiro de 2008, capa com o Radiohead:<\/p>\n “Faulkner sol\u00eda decir que comenz\u00f3 El Sonido y La Furia con una \u00fanica imagen de una chica en un \u00e1rbol mirando a atrav\u00e9s de una ventana el funeral de su abuela, y otra chica mirando los h\u00famedos arm\u00e1rios donde se hab\u00edan estado jugando. S\u00f3lo era esa imagen, que problablemente proven\u00eda de su inf\u00e2ncia. Uno piensa en esa imagen. Sale El Sonido y La Furia inevitablemente de esa imagen? Bueno, yo creio que no”.<\/em><\/p>\n Da\u00ed a procurar o livro foi um pequeno passo, que logo se tornou em uma tremenda busca, dada a dificuldade de achar o livro nas bibliotecas (da UFSC e da UFSM e em algumas p\u00fablicas), livrarias (Saraiva, Cultura, Cesma, e outras menores) e mesmo em livrarias virtuais. Na internet, resolvi ent\u00e3o procurar pela vers\u00e3o original, em ingl\u00eas, e como quarta op\u00e7\u00e3o da busca<\/a>, apareceu esta baita edi\u00e7\u00e3o<\/a> em hipertexto do livro, que reproduzo a capa aqui abaixo.<\/p>\n .<\/p>\n Edi\u00e7\u00e3o em hipertexto n\u00e3o \u00e9 nem parecido com aqueles PDF’s que baixamos. E esta \u00e9 extremamente bem cuidada: tem uma introdu\u00e7\u00e3o geral – explicando o porqu\u00ea do livro ser especialmente\u00a0 interessante para uma leitura hipertextual -,\u00a0 um guia de leitura para cada um das quatro partes principais da obra e, o supra-sumo desta edi\u00e7\u00e3o, uma s\u00e9rie de links (localizados \u00e0 direita do texto principal) que tornam a leitura hipertextual completamente diferente de um outro tipo de leitura. Trata-se de quatro t\u00f3picos contendo ensaios cr\u00edticos, intertextos (com outras obras, sejam de Faulkner ou de outros escritores), gr\u00e1ficos com estat\u00edsticas sobre os mais variados dados acerca do livro e links para outras p\u00e1ginas sobre Faulkner.<\/p>\n (O detalhe \u00e9 que todo esse cabedal de informa\u00e7\u00f5es pode ser acessado ENQUANTO tu l\u00ea o livro, o texto principal no centro da p\u00e1gina e o complemento numa janelinha \u00e0 direita, como a imagem abaixo indica)<\/p>\n .<\/p>\n N\u00e3o h\u00e1 d\u00favida que se trata de outro tipo de experi\u00eancia de leitura; podemos ler, em uma mesma tela, ao mesmo tempo, o livro e a sua obra cr\u00edtica, o livro e um gr\u00e1fico da cronologia dos acontecimentos do livro, o livro e refer\u00eancias pessoais da vida de Faulkner enquanto escrevia o livro. \u00c9 poss\u00edvel, inclusive, alterar a estrutura da obra, onde a sequ\u00eancia original (n\u00e3o-cronol\u00f3gica) dos cap\u00edtulos pode passar a ser cronol\u00f3gica.<\/p>\n As possibilidades de leitura que esta vers\u00e3o hipertextual d\u00e1 s\u00e3o tantas que muitos v\u00e3o achar que elas alteram e at\u00e9 estragam a aprecia\u00e7\u00e3o da obra – na medida em que os hipertextos “guiam” nossa imagina\u00e7\u00e3o por diversos caminhos, ela n\u00e3o trabalha tanto quanto se estiv\u00e9ssemos lendo a vers\u00e3o original impressa do livro, onde os vazios s\u00e3o preenchidos, para bem ou para mal, \u00fanica e exclusivamente por nossa capacidade de imaginar e fazer refer\u00eancias.<\/p>\n Acontece que n\u00e3o \u00e9 pelo motivo de que ainda n\u00e3o estamos acostumados a ler literatura desta forma que devemos deixar de tentar<\/em> entender como que essa nova leitura vai se dar. Existe muita gente por a\u00ed buscando entender isso, e outros tantos fazendo literatura assim – e mais outros tantos fazendo um misto de jornalismo e literatura sobre <\/em>isso, como meu caro amigo Augusto Paim neste blog aqui<\/a>.<\/p>\n Mas eu confesso: ainda n\u00e3o me acostumei. Tanto que finalmente comprei uma edi\u00e7\u00e3o\u00a0 – bonita\u00e7a e um tanto cara, essa a\u00ed acima da Cosaic & Naify<\/a> – de O Som e a F\u00faria, em portugu\u00eas, e \u00e9 nela que leio e a cada p\u00e1gina me embasbaco com o impressionante talento de Faulkner em construir a hist\u00f3ria dos Compson e de Yoknapatawpha County<\/a> atrav\u00e9s de tantas vozes diferentes, usando t\u00e3o absurdamente bem o fluxo de consci\u00eancia<\/a>, e me pondo tantas d\u00favidas que, desde j\u00e1, tentam se disfar\u00e7ar de admira\u00e7\u00e3o para que s\u00f3 assim consigam se esconder atr\u00e1s da absurda racionalidade que busca respostas para tudo, inclusive e principalmente pra aquilo que n\u00e3o deveria querer saber.<\/p>\n \n [Leonardo Foletto<\/strong>]<\/p>\n \n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" . 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