![\"\"](\"https:\/\/baixacultura.org\/wp-content\/uploads\/2022\/03\/ideomanifes-655x489.jpg\")
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Enquanto o terceiro volume da cole\u00e7\u00e3o \u201cTecnopol\u00edtica<\/em>\u201d, coordenada pelo BaixaCultura e a Editora Monstro dos Mares, \u00e9 editado, vamos lembrar a quem ainda n\u00e3o sabe dos outros dois.<\/p>\n \u201cA Ideologia Californiana<\/em><\/strong>\u201d, de Richard Barbook e Andy Cameron, \u00e9 o primeiro lan\u00e7amento da \u201cTecnopol\u00edtica\u201d. Escrito em 1995, \u00e9 um ensaio que virou cl\u00e1ssico nos estudos sobre a internet e suas implica\u00e7\u00f5es pol\u00edticas, sociais e econ\u00f4micas; nele, \u201cBarbrook e Cameron definiam a tal ideologia como uma improv\u00e1vel mescla das atitudes bo\u00eamias e antiautorit\u00e1rias da contracultura da costa oeste dos EUA com o utopismo tecnol\u00f3gico e o liberalismo econ\u00f4mico. Dessa mistura hippie com yuppie nasceria o esp\u00edrito das empresas .com do Vale do Sil\u00edcio, que passaram a alimentar a ideia de que todos podem ser \u201chip and rich\u201d \u2013 para isso basta acreditar em seu trabalho e ter f\u00e9 que as novas tecnologias de informa\u00e7\u00e3o v\u00e3o emancipar o ser humano ampliando a liberdade de cada um e reduzir o poder do estado burocr\u00e1tico.\u201d<\/p>\n Dois trechos:<\/p>\n \u201cEm que seja por raz\u00f5es competitivas, todas as grandes economias industriais ser\u00e3o for\u00e7adas, mais cedo ou mais tarde, a conectar suas popula\u00e7\u00f5es para obter os ganhos de produtividade do trabalho digital. O que \u00e9 desconhecido \u00e9 o impacto social e cultural de permitir \u00e0s pessoas trocar quantidades quase ilimitadas de informa\u00e7\u00e3o em uma escala global. Acima de tudo, o advento da hiperm\u00eddia vai realizar as utopias da Nova Esquerda ou da Nova Direita? Como uma f\u00e9 h\u00edbrida, a Ideologia Californiana alegremente responde a esta charada acreditando nas duas vis\u00f5es ao mesmo tempo \u2013 e n\u00e3o criticando nenhuma delas\u201d<\/em><\/p>\n \u201cApesar do papel central desempenhado pela interven\u00e7\u00e3o p\u00fablica no desenvolvimento da hiperm\u00eddia, os ide\u00f3logos californianos predicam um serm\u00e3o anti-estatista de libertarianismo hi-tech: uma gororoba bizarra de anarquismo hippie e liberalismo econ\u00f4mico engrossada com montes de determinismo tecnol\u00f3gico. Em vez de compreender o capitalismo realmente existente, os gurus da Nova Esquerda e da Nova Direita preferem muito mais defender vers\u00f5es rivais de uma \u201cdemocracia jeffersoniana\u201d digital. Thomas Jefferson foi o homem que escreveu o inspirador chamado para a democracia e a liberdade na Declara\u00e7\u00e3o de Independ\u00eancia americana e \u2013 ao mesmo tempo \u2013 tinha como escravos cerca de 200 seres humanos\u201d.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n Os \u201cManifestos Cypherpunks<\/em><\/strong>\u201d \u00e9 a segunda publica\u00e7\u00e3o da cole\u00e7\u00e3o. \u00c9 uma colet\u00e2nea de textos escritos na \u00e9poca que a rede mundial dos computadores ainda engatinhava, entre o final dos anos 1980 at\u00e9 meados dos 1990, por pessoas que conheciam a fundo alguns aspectos dos aparatos t\u00e9cnicos que faziam funcionar a rede e queriam nos fazer ficar atentos a eles. Origin\u00e1rios de uma vertente da cultura hacker mais afeita a a\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, em contraponto a outra mais ligada ao liberalismo empreendedor das startups do Vale do Sil\u00edcio, os cypherpunks tem suas ideias ainda muito presente hoje, principalmente em cript\u00f3grafos, programadores, ativistas e qualquer pessoa que acredita que a principal maneira de manter a privacidade na era da informa\u00e7\u00e3o \u00e9 com uma criptografia forte.<\/p>\n Um trecho do “Manifesto CriptoAnarquista”<\/strong><\/em>, de Tim C. May, 1992:<\/p>\n “Assim como a tecnologia da impress\u00e3o alterou e reduziu o poder das guildas medievais e a estrutura do poder social, os protocolos criptogr\u00e1ficos tamb\u00e9m v\u00e3o alterar fundamentalmente a natureza das corpora\u00e7\u00f5es e as interfer\u00eancias do governo nas transa\u00e7\u00f5es econ\u00f4micas. Combinado com mercados de informa\u00e7\u00e3o emergentes, a criptoanarquia criar\u00e1 um mercado l\u00edquido, para todo e qualquer material que possa ser colocado em palavras e imagens. E assim, como uma inven\u00e7\u00e3o aparentemente insignificante como o arame farpado tornou poss\u00edvel o cercamento de vastas fazendas e territ\u00f3rios, alterando para sempre os conceitos de terra e direitos de propriedade na fronteira ocidental, tamb\u00e9m, a descoberta aparentemente menor de um ramo arcano da matem\u00e1tica se tornar\u00e1 o alicate que cortar\u00e1 o arame farpado em torno da propriedade intelectual\u201d.<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n E outro do \u201cManifesto Cypherpunk<\/strong><\/em>\u201d, de Eric Hughes, 1993, ambos presentes na edi\u00e7\u00e3o:<\/p>\n \u201cDevemos defender nossa pr\u00f3pria privacidade se esperamos ter qualquer uma. Temos de nos unir e criar sistemas que permitam transa\u00e7\u00f5es an\u00f4nimas. As pessoas t\u00eam defendido sua pr\u00f3pria privacidade por s\u00e9culos com sussurros, escurid\u00e3o, envelopes, portas fechadas, apertos de m\u00e3o secretos e mensageiros. As tecnologias do passado n\u00e3o permitiam a privacidade forte, mas as tecnologias eletr\u00f4nicas sim.\u201d<\/em><\/p>\n<\/blockquote>\n Os dois tem bastante rela\u00e7\u00e3o entre si e ajudam a entender muitas quest\u00f5es relacionadas a a internet que estamos vivendo hoje, como o poderio das\u00a0big techs<\/em>\u00a0em nossas vidas, a import\u00e2ncia da privacidade na rede e as formas de controle econ\u00f4mico do capitalismo hoje. Ambos est\u00e3o dispon\u00edveis para download no BaixaCultura e para compra no site da Monstro dos Mares.<\/p>\n Baixar\/compar “A Ideologia Californiana”<\/a> Enquanto o terceiro volume da cole\u00e7\u00e3o \u201cTecnopol\u00edtica\u201d, coordenada pelo BaixaCultura e a Editora Monstro dos Mares, \u00e9 editado, vamos lembrar a quem ainda n\u00e3o sabe dos outros dois. \u201cA Ideologia Californiana\u201d, de Richard Barbook e Andy Cameron, \u00e9 o primeiro lan\u00e7amento da \u201cTecnopol\u00edtica\u201d. 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