{"id":13896,"date":"2022-01-29T14:30:20","date_gmt":"2022-01-29T14:30:20","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=13896"},"modified":"2022-01-29T14:30:20","modified_gmt":"2022-01-29T14:30:20","slug":"estamos-lendo-1-asfixia-franco-berardi","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2022\/01\/29\/estamos-lendo-1-asfixia-franco-berardi\/","title":{"rendered":"Estamos lendo (1): Asfixia, Franco Berardi"},"content":{"rendered":"
<\/p>\n
J\u00e1 faz mais de ano que alternamos a leitura de \u201cAsfixia: Capitalismo Financeiro e a Insurrei\u00e7\u00e3o da Linguagem<\/u><\/a><\/strong>\u201d com outros livros de Bifo (\u201cDepois do Futuro<\/strong>\u201d, que comentamos nessa\u00a0BaixaCharla #3<\/a>, ainda em 2019; e \u201cExtremo: Cr\u00f4nicas da psicodefla\u00e7\u00e3o<\/strong>\u201d, todos publicados pela Ubu no Brasil). \u201cAsfixia\u201d \u00e9 o mais denso e cheio de \u201cfood for thinking<\/em>\u201d – tamb\u00e9m por isso ainda n\u00e3o terminamos. Trata-se de dois textos: em\u00a0Insurrei\u00e7\u00e3o<\/em><\/strong>, escrito em 2011, o italiano de Bolonha realiza uma esp\u00e9cie de manifesto para tempos prec\u00e1rios, um chamado para a a\u00e7\u00e3o diante da crise catastr\u00f3fica que o capitalismo financeiro imp\u00f5e a todos. Para Berardi, a sociedade ou pode seguir as prescri\u00e7\u00f5es e \u201cresgates\u201d exigidos pelos setores econ\u00f4mico e financeiro \u00e0s custas da felicidade p\u00fablica, da cultura e do bem comum; ou pode arriscar formular uma alternativa.<\/p>\n N\u00e3o est\u00e1 claro qual seria a alternativa, mas a pista de Bifo passa pela reconstitui\u00e7\u00e3o do corpo er\u00f3tico e social pelo intelecto geral (p.112).<\/p>\n O principal instrumento para essa reconstru\u00e7\u00e3o seria a poesia, esse \u201cexcesso de linguagem\u201d que ativa a nossa sensibilidade – a capacidade do ser humano de interpretar signos que n\u00e3o s\u00e3o, nem podem ser, verbalizados\u201d. A poesia (usada como met\u00e1fora) poderia corroer a l\u00f3gica do automatismo tecnofinanceiro dos algoritmos, que tem eliminado a ambiguidade das rela\u00e7\u00f5es humanas.<\/p>\n \u201cA sensibilidade, a capacidade de entender o que n\u00e3o pode ser verbalizado, tem sido uma das v\u00edtimas da precariza\u00e7\u00e3o e da fractaliza\u00e7\u00e3o do tempo. Para que possamos reativ\u00e1-la, a arte, a terapia e a a\u00e7\u00e3o pol\u00edtica ter\u00e3o que unir for\u00e7as\u201d (p.113).<\/p>\n \u201cA premissa do dogmatismo neoliberal \u00e9 a redu\u00e7\u00e3o da vida social \u00e0s conclus\u00f5es matem\u00e1ticas de algoritmos financeiros. O que \u00e9 bom para as finan\u00e7as tamb\u00e9m deve ser bom para a sociedade, e se a sociedade n\u00e3o aceitar essa identifica\u00e7\u00e3o e essa submiss\u00e3o, ent\u00e3o \u00e9 porque ela \u00e9 incompetente e precisa ser reformatada por alguma autoridade t\u00e9cnica\u201d. p. 31<\/p>\n<\/blockquote>\n Na segunda parte,\u00a0Respira\u00e7\u00e3o – Caos e Poesia<\/em><\/strong>, escrito em 2018, ele retoma a met\u00e1fora da poesia como rota de fuga contra os fluxos que paralisam o corpo social. \u201cComo podemos lidar com a falta de ar que a abstra\u00e7\u00e3o produziu na hist\u00f3ria da humanidade? Como podemos nos desvencilhar do cad\u00e1ver do capitalismo financeirizado?\u201d. Para ele, a resposta, novamente, pode estar na pot\u00eancia infinita de uma linguagem n\u00e3o coagida pelos limites do significado ou, em outras palavras, na poesia como inven\u00e7\u00e3o coletiva.<\/p>\n\n