{"id":13704,"date":"2021-08-02T14:16:38","date_gmt":"2021-08-02T14:16:38","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=13704"},"modified":"2021-08-02T14:16:38","modified_gmt":"2021-08-02T14:16:38","slug":"manifestos-cypherpunks-criptografia-em-defesa-da-privacidade","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2021\/08\/02\/manifestos-cypherpunks-criptografia-em-defesa-da-privacidade\/","title":{"rendered":"Cole\u00e7\u00e3o Tecnopol\u00edtica (2): Manifestos Cypherpunks"},"content":{"rendered":"
<\/p>\n
Os \u201cManifestos Cypherpunks\u201d \u00e9 a segunda publica\u00e7\u00e3o da cole\u00e7\u00e3o \u201cTecnopol\u00edtica\u201d, coordenada pelo BaixaCultura e a Editora Monstro dos Mares. Depois do lan\u00e7amento de <\/span>\u201cA ideologia Californiana\u201d<\/span><\/a>, texto seminal da cr\u00edtica ao neoliberalismo tecnocr\u00e1tico do Vale do Sil\u00edcio feito em 1995 por Richard Barbrook e Andy Cameron, o segundo volume da cole\u00e7\u00e3o re\u00fane alguns dos primeiros alertas contra a vigil\u00e2ncia massiva na era da internet. S\u00e3o textos escritos na \u00e9poca que a rede mundial dos computadores ainda engatinhava, entre o final dos anos 1980 at\u00e9 meados dos 1990, por pessoas que conheciam a fundo alguns aspectos dos aparatos t\u00e9cnicos que faziam funcionar a rede e queriam nos fazer ficar atentos a eles.<\/span><\/p>\n Origin\u00e1rios de uma vertente da cultura hacker mais afeita a a\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, em contraponto a outra mais ligada ao liberalismo empreendedor das startups do Vale do Sil\u00edcio, os <\/span>cypherpunks<\/b> surgem nos anos 1990 dizendo que a \u00fanica maneira de manter a privacidade na era da informa\u00e7\u00e3o \u00e9 com uma criptografia forte. Mais de trinta anos depois de sua g\u00eanese, o ideal dos cypherpunks ainda \u00e9 presente sobre gera\u00e7\u00f5es de cript\u00f3grafos, programadores e ativistas, entre eles os reunidos em tornos das criptofestas em diversos lugares do mundo, entre elas a CryptoRave<\/a>, principal evento da \u00e1rea no Brasil.\u00a0<\/span><\/p>\n A publica\u00e7\u00e3o re\u00fane:<\/span> Como outros textos desse per\u00edodo de nascimento da internet, alguns trechos desses manifestos podem soar premonit\u00f3rios do que viria a ocorrer. A persegui\u00e7\u00e3o da criptografia pelo Estado, o que de fato ocorre neste 2021 no Brasil e em outros pa\u00edses, \u00e9 um exemplo que j\u00e1 consta no segundo texto desta colet\u00e2nea, \u201cO Manifesto Criptoanarquista\u201d (1993), de Timothy C. May, engenheiro el\u00e9trico que se tornou um dos mais reconhecidos cypherpunks assim que saiu da Intel, em 1986. \u201cO estado tentar\u00e1, \u00e9 claro, desacelerar ou deter a dissemina\u00e7\u00e3o dessas tecnologias, citando preocupa\u00e7\u00f5es com a seguran\u00e7a nacional, o uso da tecnologia por traficantes de drogas e sonegadores de impostos, e temores de desintegra\u00e7\u00e3o social. Muitas dessas preocupa\u00e7\u00f5es ser\u00e3o v\u00e1lidas; a criptoanarquia permitir\u00e1 que segredos nacionais sejam vendidos livremente e permitir\u00e1 que materiais il\u00edcitos e roubados sejam comercializados. V\u00e1rios elementos criminosos e estrangeiros ser\u00e3o usu\u00e1rios ativos da CriptoNet. Mas isso n\u00e3o vai parar a propaga\u00e7\u00e3o da criptoanarquia.\u201d<\/span><\/p>\n Como em May, tamb\u00e9m no terceiro texto desta publica\u00e7\u00e3o, \u201cManifesto Cypherpunk\u201d (1993), de Eric Hughes, est\u00e1 presente um pensamento libert\u00e1rio, de desconfian\u00e7a em rela\u00e7\u00e3o ao Estado: \u201cN\u00e3o podemos esperar que governos, corpora\u00e7\u00f5es ou outras organiza\u00e7\u00f5es grandes e sem rosto nos concedam privacidade por benevol\u00eancia. \u00c9 para benef\u00edcio pr\u00f3prio que falam de n\u00f3s, e devemos esperar que eles v\u00e3o falar. Tentar impedir a sua fala \u00e9 lutar contra as realidades da informa\u00e7\u00e3o. A informa\u00e7\u00e3o n\u00e3o apenas quer liberdade, ela deseja ser livre\u201d, ecoando nesta \u00faltima frase o primeiro princ\u00edpio da \u00e9tica hacker. Matem\u00e1tico e programador, Hughes, assim como os outros dois autores dos textos aqui, s\u00e3o filhos da cultura hacker dos Estados Unidos que ajudou a originar a internet, desenvolveu e potencializou o software livre e buscou tornar mais aberto o processo de produ\u00e7\u00e3o das tecnologias para ajudar a deix\u00e1-las mais livres e aut\u00f4nomas. Com isso, mesmo que n\u00e3o fosse expl\u00edcita a inten\u00e7\u00e3o, acabaram por politizar as tecnologias – ainda que n\u00e3o a partir de um vi\u00e9s interseccional de g\u00eanero e ra\u00e7a, mas a partir de um ponto de vista branco e masculino, o que nos \u00faltimos anos tem trazido diversas discuss\u00f5es dentro do movimento hacker e do software livre e aberto.<\/span><\/p>\n A resposta \u00e0 vigil\u00e2ncia destes <\/span>Manifestos Cypherpunks<\/span><\/i> pode parecer at\u00e9 ing\u00eanua em 2021, segundo ano de pandemia do Novo Coronav\u00edrus, onde todos estamos mais necessitados de conex\u00e3o e troca de dados para sobrevivermos ao isolamento necess\u00e1rio para n\u00e3o contrair a covid19. Mas, como voc\u00ea poder\u00e1 ler no livro, as ideias presentes nos <\/span>Manifestos Cypherpunks<\/span><\/i> s\u00e3o, al\u00e9m de um alerta, um enfrentamento ao conformismo, que rejeita o \u201c\u00e9 melhor voc\u00ea se acostumar com o fim da privacidade\u201d e acredita que o espalhamento da informa\u00e7\u00e3o e do conhecimento sobre como funcionam os sistemas t\u00e9cnicos como a criptografia \u00e9 ainda necess\u00e1rio para a transforma\u00e7\u00e3o social. Tamb\u00e9m abordam a criptografia n\u00e3o apenas trazendo o uso de softwares como a grande solu\u00e7\u00e3o para a defesa da privacidade, mas com uma discuss\u00e3o que envolve quest\u00f5es filos\u00f3ficas sobre como podemos agir, o que queremos preservar no mundo e o que temos direito a esconder. Como diz Hughes no \u00faltimo manifesto dessa colet\u00e2nea, \u201cdevemos defender nossa pr\u00f3pria privacidade se esperamos ter qualquer uma\u201d.<\/span><\/p>\n Em parceria com a editora Monstro dos Mares, lan\u00e7amos<\/span> o financiamento coletivo do “Manifesto Cypherpunks\u201d no Catarse”<\/span><\/a>. Batemos nossa primeira meta em menos de 24h e nossas duas metas estendidas em 4 dias, com mais de 100 apoiadores diferentes. Percebemos que h\u00e1 mais gente interessada no tema e nesses textos do que imagin\u00e1vamos, ent\u00e3o nosso pr\u00f3ximo passo \u00e9 atingir a terceira meta estendida, para conseguirmos aumentar nossa primeira tiragem para 400 exemplares, garantir recursos iniciais para a pr\u00f3xima publica\u00e7\u00e3o da cole\u00e7\u00e3o Tecnopol\u00edtica, “Declara\u00e7\u00e3o de Independ\u00eancia do Ciberespa\u00e7o & outros textos\u201d, de John Perry Barlow, a ser lan\u00e7ada em janeiro de 2022, remunerar os envolvidos na publica\u00e7\u00e3o e fortalecer os financiamentos coletivos do BaixaCultura e da Monstro dos Mares.<\/span><\/p>\n Quem apoiar, al\u00e9m do livro, pode ganhar recompensas como um pendrive com Tails<\/a>, sistema operacional livre usado por Snowden no caso da NSA; o “A Ideologia Californiana<\/a>“, de Richard Barbrook e Andy Cameron, 1\u00ba da nossa cole\u00e7\u00e3o Tecnopol\u00edtica, texto seminal (1995) e muito atual de cr\u00edtica ao Neoliberalismo tecnocr\u00e1tico nascido no Vale do Sil\u00edcio; “A cultura \u00e9 livre: uma hist\u00f3ria da resist\u00eancia antipropriedade<\/a>“, que recupera e amplia a discuss\u00e3o em torno da propriedade intelectual atrav\u00e9s dos tempos, com foco na cultura livre potencializada a partir do compartilhamento na internet e em perspectivas n\u00e3o ocidentais sobre a ideia de propriedade intelectual; “Seguran\u00e7a Hol\u00edstica: um manual de estrat\u00e9gias para defensores de Direitos Humanos” publicado originalmente pelo coletivo Tactical Technology, traduzido em 2018 pelo coletivo anarcotecnol\u00f3gico Mar1sc0tron<\/a>.<\/span><\/p>\n No dia 26\/8, ocorre tamb\u00e9m a \u201cRetrospectiva e expectativa Cypherpunk<\/strong>\u201d. Leonardo Foletto, organizador de “Manifestos Cypherpunks”, conversa com Andr\u00e9 Ramiro, pesquisador em criptografia e um dos fundadores do IP.Rec<\/a>, autor do posf\u00e1cio da edi\u00e7\u00e3o. A proposta \u00e9 conversar um pouco sobre os tr\u00eas manifestos presentes no livro, seu contexto de produ\u00e7\u00e3o e sua atualidade para 2021. A conversa ocorre no canal do Youtube do BaixaCultura, \u00e0s 19h,\u00a0 dentro do #criptoagosto<\/a>, uma s\u00e9rie de eventos, debates e atividades para falar da import\u00e2ncia da criptografia, organizado pela Coaliz\u00e3o Direitos na Rede<\/a>.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Os \u201cManifestos Cypherpunks\u201d \u00e9 a segunda publica\u00e7\u00e3o da cole\u00e7\u00e3o \u201cTecnopol\u00edtica\u201d, coordenada pelo BaixaCultura e a Editora Monstro dos Mares. 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\n<\/span>_ Introdu\u00e7\u00e3o \u201c<\/span>Criptografia em Defesa da privacidade<\/b>\u201d, que contextualiza a produ\u00e7\u00e3o dos textos, escrito por Leonardo Foletto, organizador da publica\u00e7\u00e3o, editor do BaixaCultura, jornalista e pesquisador ;<\/span>
\n<\/span>_ \u201c<\/span>Por que eu escrevi o PGP<\/b>\u201d, de Philip R. Zimmermann (1991);
\n<\/span>_ \u201c<\/span>Manifesto Criptoanarquista\u201d<\/b>, de Timothy C. May (1993);
\n<\/span>_ \u201c<\/span>Manifesto Cypherpunk\u201d<\/b>, de Erick Hughes (1993), <\/span>
\n<\/span>Todos traduzidos do ingl\u00eas pelo coletivo <\/span>Cypherpunks<\/span><\/a> e revisado por Victor Wolfenb\u00fcttel;<\/span>
\n<\/span>_ Posf\u00e1cio \u201c<\/span>Retrospectiva e expectativa Cypherpunk<\/b>\u201d, escrito pelo pesquisador em criptografia e um dos fundadores do IP.Rec, Andr\u00e9 Ramiro, que recupera o hist\u00f3rico e a import\u00e2ncia da discuss\u00e3o da criptografia para 2021;
\n<\/span>_ Anexo, chamado \u201c<\/span>Cripto-Gloss\u00e1rio<\/b>\u201d, escrito por Timothy C. May e Eric Hughes em 1992, documento hist\u00f3rico sobre os termos utilizados nos estudos e na pr\u00e1tica da criptografia.<\/span><\/p>\n<\/p>\n
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