{"id":13669,"date":"2021-05-31T14:03:20","date_gmt":"2021-05-31T14:03:20","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=13669"},"modified":"2021-05-31T14:03:20","modified_gmt":"2021-05-31T14:03:20","slug":"para-reativar-a-biblioteca-do-comum","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2021\/05\/31\/para-reativar-a-biblioteca-do-comum\/","title":{"rendered":"Para reativar a Biblioteca do Comum"},"content":{"rendered":"
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Biblioteca Zhongshuge, em Chongqing<\/p><\/div>\n

Criada em 2017 das jun\u00e7\u00f5es dos acervos online do Intersaber e do BaixaCultura, a Biblioteca do Comum<\/a> \u00e9 uma biblioteca digital tem\u00e1tica e de livre acesso dedicada \u00e0 divulga\u00e7\u00e3o de obras intelectuais, autores e assuntos transdisciplinares, voltados \u00e0 educa\u00e7\u00e3o cient\u00edfica cidad\u00e3 e ao fomento da imagina\u00e7\u00e3o social para o enfrentamento e supera\u00e7\u00e3o das crises de nosso tempo. Reativamos ela para estes tempos de pandemia com um acervo enorme e de livre acesso (para download tamb\u00e9m) porque acreditamos que o conhecimento \u00e9 um bem comum que, sendo abundante, nunca se esgota pelo uso, mas ao contr\u00e1rio: se multiplica quanto mais compartilhado \u00e9. Mensalmente teremos novos livros e conte\u00fados sobre eles nas redes.<\/em><\/p>\n

As bibliotecas constituem os primeiros centros de informa\u00e7\u00e3o das sociedades humanas. Desde os tabletes de argila at\u00e9 a atual era digital, elas v\u00eam se adaptando continuamente aos novos meios para cumprir seu mandato de preservar e fornecer acesso \u00e0 informa\u00e7\u00e3o e ao conhecimento. O meio digital oferece uma acessibilidade impens\u00e1vel ao livro impresso, sobretudo com a rede mundial de computadores, permitindo o interc\u00e2mbio instant\u00e2neo ou quase instant\u00e2neo desse bem cultural em escala mundial. Neste contexto, o livro digital provocou uma reestrutura\u00e7\u00e3o do consumo e do mercado de livros. As bibliotecas digitais dispensam a visita presencial nas bibliotecas f\u00edsicas de modo que estas tamb\u00e9m tiveram que readaptar sua fun\u00e7\u00e3o para al\u00e9m do armazenamento e disponibiliza\u00e7\u00e3o de livros, propiciando acesso \u00e0 internet e m\u00faltiplos encontros culturais.<\/span><\/p>\n

Durante esse per\u00edodo de pandemia, tamb\u00e9m marcado no Brasil pela crise econ\u00f4mica e infla\u00e7\u00e3o que encarece o ainda mais o livro, e o distanciamento social que imp\u00f4s o fechamento e restri\u00e7\u00f5es de bibliotecas e livrarias f\u00edsicas, o acesso ao livro, no entanto, nunca foi t\u00e3o facilitado pela multiplica\u00e7\u00e3o de bibliotecas e livrarias online e tendo em vista a amplia\u00e7\u00e3o do grau de conectividade das pessoas.<\/span><\/p>\n

Os dados do mercado editorial brasileiro levantados pela <\/span>pesquisa<\/span><\/a> do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) mostram a resili\u00eancia do h\u00e1bito de leitura no pa\u00eds, apesar da queda de 6% das vendas do setor em 2020, em rela\u00e7\u00e3o a 2019. A pesquisa revela que ao mesmo tempo em que as livrarias f\u00edsicas apresentaram uma queda nas vendas na ordem de 32%, as livrarias exclusivamente virtuais ampliaram sua participa\u00e7\u00e3o em 84% no mesmo per\u00edodo. Como afirmou o presidente da C\u00e2mara Brasileira do Livro (CBL), <\/span>Vitor Tavares<\/span><\/a>, muitos brasileiros encontraram por meio da leitura uma maneira de enfrentar esse per\u00edodo dif\u00edcil e explorar o mundo. J\u00e1 o ano de 2021, ainda inserido no contexto pand\u00eamico, vem apresentando um cen\u00e1rio mais feliz ao mercado livreiro. O <\/span>4\u00ba painel SNEL\/Nielsen<\/span><\/a> aponta um salto expressivo em rela\u00e7\u00e3o a 2020. At\u00e9 aqui, o crescimento em volume foi de 131,27%, o que, segundo a an\u00e1lise, se d\u00e1 em raz\u00e3o tanto da reabertura do com\u00e9rcio quanto dos esfor\u00e7os comerciais do segmento para enfrentar a crise, como um maior investimento em canais de venda online.<\/span><\/p>\n

A Biblioteca do Comum se inscreve neste cen\u00e1rio incerto tendo como objetivo a amplia\u00e7\u00e3o do alcance \u00e0s obras liter\u00e1rias livres das restri\u00e7\u00f5es de direitos autorais, pelo copyleft, e daquelas que j\u00e1 est\u00e3o fora dos cat\u00e1logos das editoras e por isso s\u00e3o dif\u00edceis de encontrar.\u00a0<\/span><\/p>\n

Trata-se de uma biblioteca de humanidades digital e tem\u00e1tica, isto \u00e9, focada em materiais voltados \u00e0 pesquisa acad\u00eamica e \u00e0 educa\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, n\u00e3o apenas da ci\u00eancia ocidental, mas de uma multiplicidade de cosmovis\u00f5es, por meio de assuntos que debatem os problemas contempor\u00e2neos e prezam pelo fortalecimento dos bens comuns, da diversidade cultural e ecol\u00f3gica.<\/span><\/p>\n

Para realizar seu objetivo de mediar o contato entre livros e leitores, a Biblioteca do Comum quer incidir positivamente na problem\u00e1tica conjuntura em que nos encontramos. Mesmo com toda a vantagem da acessibilidade que a internet oferece aos bens culturais, como o livro, este meio est\u00e1 longe de ser o para\u00edso id\u00edlico do conhecimento que muitos otimistas da tecnologia previram anos atr\u00e1s. A internet n\u00e3o distingue entre o verdadeiro e o falso, o importante e o trivial, o duradouro e o ef\u00eamero. Para os desavisados, cada fonte que aparece na tela tem o mesmo peso e credibilidade que todas as outras. Desse modo, enfrentamos graves problemas pol\u00edticos da desinforma\u00e7\u00e3o planejada que provoca\u00a0 descren\u00e7a na ci\u00eancia. Uma descren\u00e7a que vem custando caro \u00e0 coletividade nestes tempos de vacina\u00e7\u00e3o. As informa\u00e7\u00f5es postadas na rede se misturam com assuntos diferentes e se perdem num am\u00e1lgama ca\u00f3tico que os internautas digerem diariamente. Nesse sentido, as experi\u00eancias de bibliotecas digitais e divulga\u00e7\u00e3o cient\u00edfica para serem efetivas devem ser realizadas com certos m\u00e9todos e cuidados.<\/span><\/p>\n

Assim, o trabalho da Biblioteca do Comum, al\u00e9m da curadoria de seu conte\u00fado que visa coletar o que tem de mais relevante em cada assunto, tamb\u00e9m envolve um compartilhamento contextualizado. Consideramos importante munir os leitores de informa\u00e7\u00f5es sobre os\/as autores, o contexto sociopol\u00edtico e cultural em que a obra ou o pensamento foi produzido, sua influ\u00eancia. Para tanto, a Biblioteca do Comum conta com recursos de cole\u00e7\u00f5es e exposi\u00e7\u00f5es.<\/span><\/p>\n

Ao facilitar o acesso ao livro digital, n\u00e3o estamos desestimulando a aquisi\u00e7\u00e3o do livro impresso, pelo contr\u00e1rio. O livro digital n\u00e3o substitui a beleza e o conforto da leitura do livro impresso. A sensa\u00e7\u00e3o de tocar as p\u00e1ginas, sentir o cheiro do papel, tanto do livro novo quanto do velho, apreciar os detalhes da lombada e da contracapa ou decorar as estantes s\u00e3o experi\u00eancias que o livro digital n\u00e3o pode proporcionar. Mesmo com acesso ao digital, o livro impresso continua a ser o preferido entre os leitores. Por isso, ao contribuir com a forma\u00e7\u00e3o de \u00e1vidos leitores, estamos atuando em sinergia com o mercado de livros impresso.<\/span><\/p>\n

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Por fim, um problema que nos aflige neste momento \u00e9 a amea\u00e7a da taxa\u00e7\u00e3o dos livros no Brasil pela proposta de reforma tribut\u00e1ria do governo Bolsonaro. Este mesmo governo que zerou impostos sobre a importa\u00e7\u00e3o de armas de fogo quer tributar em 12% os livros, o que na pr\u00e1tica poder\u00e1 provocar um aumento na casa dos 20% no pre\u00e7o do livro, que \u00e9 um bem isento de impostos desde a Constitui\u00e7\u00e3o Federal de 1946. Em 2003, foi institu\u00edda a Pol\u00edtica Nacional do Livro com o objetivo de garantir acesso e uso do livro a todos os cidad\u00e3os. Em 2021, o ministro da economia Paulo Guedes afirmou que este \u00e9 um produto de elite que poder\u00e1 pagar a diferen\u00e7a.<\/span><\/p>\n

A Biblioteca do Comum defende o acesso universal ao conhecimento, por isso nos somamos \u00e0 campanha <\/span>#Defendaolivro: diga n\u00e3o \u00e0 taxa\u00e7\u00e3o de livros<\/span><\/a>, lan\u00e7ada pela Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Editores e Produtores de Conte\u00fado e Tecnologia Educacional (Abrelivros), a CBL e o SNEL, em conjunto com outras entidades ligadas ao mercado editorial.<\/span><\/p>\n

Leia o <\/span>manifesto<\/span><\/a> e assine a <\/span>peti\u00e7\u00e3o<\/span><\/a>.<\/span><\/p>\n

[Luis Eduardo Tavares e Leonardo Foletto<\/strong>]<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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