{"id":13591,"date":"2021-04-05T12:32:48","date_gmt":"2021-04-05T12:32:48","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=13591"},"modified":"2021-04-05T12:32:48","modified_gmt":"2021-04-05T12:32:48","slug":"baixacharla-ao-vivo-6-tecnodiversidade-yuk-hui","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2021\/04\/05\/baixacharla-ao-vivo-6-tecnodiversidade-yuk-hui\/","title":{"rendered":"BaixaCharla ao vivo #6: Tecnodiversidade, Yuk Hui"},"content":{"rendered":"
Retrato de Yuk Hui \/ Reprodu\u00e7\u00e3o<\/p><\/div>\n
A sexta BaixaCharla ao vivo, segunda de 2021, vai falar sobre “Tecnodiversidade”, primeira obra publicada no Brasil por Yuk Hui, fil\u00f3sofo da tecnologia, atualmente professor da Universidade da Cidade de Hong Kong. Lan\u00e7ada em 2020 pela Ubu<\/a>, o livro re\u00fane alguns dos principais textos recentes (de 2017 pra c\u00e1) em que Hui debate tecnologia, pol\u00edtica, filosofia, ecologia e intelig\u00eancia artificial com \u00eanfase no que ele chama de “cosmot\u00e9cnicas”, tecnologias desenvolvidas em contextos locais e particulares que poderiam conter sa\u00eddas para a atual crise ecol\u00f3gica, pol\u00edtica e social do planeta.<\/p>\n Formado em engenharia da computa\u00e7\u00e3o e em filosofia, em Hong Kong e Londres, com passagens em p\u00f3s-doutorados e como professor na Alemanha e na Fran\u00e7a, Hui \u00e9 um nome que tem sido lido e comentado no Brasil nos \u00faltimos anos, especialmente a partir de sua visita ao Brasil em 2019, para participar do semin\u00e1rio Artes, M\u00eddias e Tecnologia<\/a> na UFPB, em Jo\u00e3o Pessoa;\u00a0 de\u00a0 um evento do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS)<\/a>, no Rio de Janeiro, onde debateu com Ronaldo Lemos, diretor do ITS e autor do pref\u00e1cio da obra. Na capital fluminense, Hui fez a confer\u00eancia chamado “Depois do Org\u00e2nico” [dispon\u00edvel na \u00edntegra aqui<\/a>, em ingl\u00eas] e, a partir dela e do livro rec\u00e9m publicado, foi tema de um texto\u00a0 [“Estamos presos a um ‘tecnocentrismo<\/a>‘?”] e de uma entrevista [“Conceito de tecnologia deve ser pensado \u00e0 luz da diversidade<\/a>, diz fil\u00f3sofo chin\u00eas”] na Ilustr\u00edssima, da Folha de S. Paulo, ambos feitos por Ronaldo Lemos em 2021; e, antes disso, de um artigo publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos (IHU), chamado “Yuk Hui e a pergunta pela cosmot\u00e9cnica<\/a>“, de Fernando Wirtz, doutor em Filosofia pela Universidade de T\u00fcbingen (Alemanha), e de um v\u00eddeo do \u00f3timo canal Transe sobre “Por que Ler Yuk Hui<\/a>“, feito pelo fil\u00f3sofo ga\u00facho Moys\u00e9s Pinto Neto, ambos de setembro de 2020.<\/p>\n Em todos esses trabalhos, a pergunta de Hu sobre formas de pensar a tecnologia a partir de outros referenciais que n\u00e3o o ocidental de influ\u00eancia iluminista permanece como sua principal bandeira te\u00f3rica. Nas palavras de Lemos na Folha: “Enquanto n\u00f3s, no Ocidente, nos encantamos com o poder das pr\u00f3prias plataformas tecnol\u00f3gicas que criamos, enxergando-as a partir de ideias reducionistas, como o conceito de singularidade (grosso modo descrito como o momento em que as m\u00e1quinas adquirem intelig\u00eancia), Yuk Hui foi para um outro lugar. Abra\u00e7ou o conceito da tecnodiversidade, no qual destr\u00f3i a ideia da tecnologia como um fen\u00f4meno universal. Na sua vis\u00e3o, a forma como lidamos com ela \u00e9 limitante e obscurece nossa rela\u00e7\u00e3o com o \u201ccosmos\u201d e suas infinitas possibilidades<\/em>“.<\/p>\n Jairo Malta \/ Folha de S. Paulo<\/p><\/div>\n Nas do artigo de Fernando no IHU, “Yuk Hui \u00e9 um jovem pesquisador que oferece uma vis\u00e3o renovada da rela\u00e7\u00e3o entre tecnologia e cultura, uma rela\u00e7\u00e3o que ele resume mediante a no\u00e7\u00e3o de ‘cosmot\u00e9cnica<\/em>‘”, j\u00e1 comentada aqui. Para isso, a forma\u00e7\u00e3o internacional do chin\u00eas nascido em Hong Kong\u00a0 \u00e9 importante: por um lado, o p\u00f3s-estruturalismo franc\u00eas<\/a> e a filosofia t\u00e9cnica de Gilbert Simondon e Bernard Stiegler; por outro lado, o idealismo alem\u00e3o<\/a> e de Heidegger<\/a>. A estes autores relativamente conhecidos no pensamento ocidental Hui soma correntes mais recentes que tentam pensar em problemas globais atuais a partir de outros lugares e referenciais, caso dos autores identificados ao chamado \u201cgiro ontol\u00f3gico<\/strong>\u201d na antropologia, como Descola, Latour e o brasileiro Eduardo Viveiros de Castro.<\/p>\n A ideia por tr\u00e1s tr\u00e1s deste giro ontol\u00f3gico (e tamb\u00e9m epistemol\u00f3gico) consiste n\u00e3o somente no fato evidente de que os valores variam de cultura a cultura, mas de que o repert\u00f3rio conceitual se encontra atravessado pela pergunta pelo ser das coisas. Interpretar o que pensa um povo sobre determinada \u201ccoisa\u201d implica uma categoria pr\u00e9via de \u201ccoisa\u201d j\u00e1 dada<\/strong>. Assim, explica Fernando no IHU, “\u00e9 preciso se mover um passo para tr\u00e1s para perguntar o que s\u00e3o as coisas”. Viveiros de Castro, por exemplo, postula, em vez de um multiculturalismo, um multinaturalismo; em vez da ideia de que a natureza \u00e9 uma e o que variam s\u00e3o as perspectivas culturais das pessoas, inverte a pergunta: podem existir muitas naturezas?<\/p>\n Seguindo um tanto nessa linha, Hui defende, a partir da perspectiva da Tecnodiversidade e do conceito de cosmot\u00e9cnicas, que \u00e9 poss\u00edvel tanto pensar em um pluralismo ontol\u00f3gico – ou seja, diferentes formas de ver e pensar o mundo – quanto um pluralismo tecnol\u00f3gico<\/b>. Para Hui, conforme se entenda o papel das coisas e dos objetos, obteremos tamb\u00e9m um conceito distinto de tecnologia. Por isso \u00e9 que vai buscar na hist\u00f3ria e na filosofia chinesa elementos para entender como o pensamento do extremo-oriente trata a quest\u00e3o da \u201ctecnologia\u201d, em especial em sua obra \u201cThe Question Concerning Technology in China: An Essay in Cosmotechnics<\/a>\u201d, (2016), que dialoga j\u00e1 no t\u00edtulo com quem talvez tenha ido mais fundo ao pensar em uma filosofia da t\u00e9cnica no Ocidente – Martin Heidegger em \u201cA quest\u00e3o da t\u00e9cnica\u201d (1949\/1954)\u201d.<\/p>\n Para debater sobre e a partir de Yuk Hui e discutir os textos presentes em \u201cTecnodiversidade\u201d, Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, conversa com Pedro Telles da Silveira<\/a>, que atualmente realiza est\u00e1gio de p\u00f3s-doutoramento FAPESP na Unicamp. Autor de dois livros e diversos artigos na \u00e1rea de hist\u00f3ria (entre eles, “O cego e o coxo: historiografia, erudi\u00e7\u00e3o e ret\u00f3rica no Brasil do s\u00e9culo XVIII<\/a>“), Pedro tem um trabalho situado na interse\u00e7\u00e3o entre conhecimento hist\u00f3rico, novas m\u00eddias e tecnologias digitais, como sua conta no Medium<\/a> mostra. Ele tamb\u00e9m \u00e9 um dos coordenadores, desde julho de 2020, do GTec<\/a>, Grupo de Estudos em Filosofia e Hist\u00f3ria da T\u00e9cnica, sediado junto \u00e0 Associa\u00e7\u00e3o de Pesquisas e Pr\u00e1ticas em Humanidades, de Porto Alegre, grupo parceiro do BaixaCultura desde 2019, quando l\u00e1 realizamos (ainda de maneira presencial) o curso Tecnopol\u00edtica e Contracultura Digital<\/a>.<\/p>\n A conversa vai ser realizada na quinta-feira, 8 de abril, \u00e0s 19h, <\/b>no canal do Youtube do BaixaCultura<\/a>,<\/b> onde as outras charlas est\u00e3o dispon\u00edveis. Nas pr\u00f3ximas semanas ela tamb\u00e9m vira podcast, que pode ser escutado aqui e nas principais plataformas de streaming. UPDATE: Aqui voc\u00ea pode escutar em \u00e1udio e v\u00eddeo aqui abaixo, al\u00e9m de sua plataforma de streaming favorita.<\/p>\n
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